Por Carlos Santiago
Ouvinte-internauta
Ouça este texto sonorizado pelo Cláudio Antonio no Jornal da CBN
Certa vez, meados de 1995, embarquei num ônibus que saía da Vila Mariana e percorria toda avenida Paulista e Doutor Arnaldo, seguindo pela Sumaré, que era meu destino. A viagem era para ser tranquila, sem transtorno. No entanto, quando o ônibus chegou ao Paraíso, o trânsito parou. O trânsito em São Paulo sempre para quando a gente precisa andar. E ficou alguns minutos sem sequer se mover. Eu que já estava com pressa para chegar ao compromisso marcado – a gente está sempre com pressa em São Paulo – não suportei aquela ansiedade. Logo percebi que estávamos em frente à estação Paraíso e tive uma ideia brilhante. Pago a passagem, peço para descer aqui mesmo, corro para o Metrô, embarco no trem e vou até a Estação Clínicas, desembarco, volto à Paulista, e pego o ônibus que vai para o Sumaré que esta mais à frente. Driblo o congestionamento e chega a tempo na reunião. Jogada de gênio. Rapidamente pus o plano em ação, desci do ônibus, entrei na estação do Metrô, peguei o trem, desci do trem e em poucos minutos estava na Clínicas. Logo cheguei no ponto a espera do próximo ônibus. Porém, com o passar do tempo percebi que havia sido muito otimista com relação a quantidade de ônibus disponíveis na linha. Imagine qual não foi a surpresa do motorista, do cobrador e de alguns passageiros, que me reconheceram, assim que entrei no mesmo ônibus pela segunda vez, em meia hora. Todos me olhavam com um enorme ponto de interrogação, sem entender minha estratégia. Eu mesmo não pude conter o riso diante do ridículo da situação, pois além de pagar três passagens em vez de uma, cheguei atrasado do mesmo jeito. Fora o mico paulistano.
Carlos Santiago é personagem do Conte Sua História de São Paulo. Envie um texto para milton@cbn.com.br e vamos juntos comemorar os 459 anos de São Paulo.