Coisas de Estocolmo
Nestes dias, contarei aqui algumas das histórias ouvidas e aprendidas na viagem feita a convite do governo da Suécia, semana passada.

Hammarby consegue reduzir em 25% o consumo de água
Erik Freudenthal tem cabelos grisalhos e curtos (arriscaria dizer que usa máquina três, apesar de o especialista no assunto ser meu colega de rádio, o Barbeiro). A combinação com a camisa rosa desconcertada, calça jeans azul e sapatênis preto lhe dá um ar mais jovem do que os 60 anos que tem. A boa impressão deve ser efeito, também, do trabalho que realiza com entusiasmo e simpatia no centro de informações do bairro de Hammarby.
No área sul de Estocolmo, antes dos anos 90, havia indústrias que contaminaram o solo e uma região portuária em torno do lago que leva o nome que batizou o bairro. Foi lá que os organizadores da candidatura da cidade aos Jogos Olímpicos de 2004 imaginaram construir a vila que receberia atletas de todas as delegações. Queriam conquistar os olhos dos conselheiros do Comitê Olímpico Internacional e desenharam projeto que tinha como base o respeito ao meio ambiente.
A frustração pela disputa perdida para Atenas não levou a interrupção das idéias – ao contrário do que aconteceu em São Paulo quando derrotada pela concorrência interna do Rio de Janeiro. E o desenho se transformou em um conjunto de prédios cercado por água, muita área verde e tecnologia ambiental. Estrutura que integra cerca de 9 mil moradores acostumados a receberem a visita de estrangeiros curiosos, como eu e o grupo de jornalistas que estiveram por lá semana passada. Foram mais de 10 mil desde que inaugurada.
Recebidos por Erik, fomos levados até o topo do prédio da central de informações para vermos a plantação que cobre todos os telhados, e coleta a água da chuva para um encanamento que permitirá o abastecimento de cada um dos apartamentos. Água aquecida por sistema de coletor solar.
Lá de cima, pode-se ver os canais a céu aberto que tornam o solo mais permeável, aumentando a capacidade de reaproveitamento da água. Nosso anfitrião, que nos convida a experimentar o sabor de algumas das espécies plantadas no telhado (tarefa que preferi deixar para a turma menos cética), explica que a redução do impacto negativo ao meio ambiente iniciou-se na escolha do material para construção. Opção que aumentou de 2 a 4% o custo total da obra, valor recuperado com a economia no consumo de água e energia, por exemplo.

Telhado verde é solução para captar água da chuva
Antes de chegar a sala de conferência passei pelo banheiro – afinal, ninguém é de ferro. Um adesivo agradece pela energia que você ajuda a produzir em Hammarby. Em outro um recado de gosto duvidoso: “From toilet till omelet”. São para lembrar que os dejetos produzidos pelos moradores e visitantes vão ser transformados em biogás na estação que fica muito próximo dali.
Calcula-se que uma pessoa solteira é capaz de produzir dejetos e resíduos orgânicos suficientes para garantir as refeições preparadas no fogão durante o mês.
O material que gera biogás também é proveniente dos coletores espalhados para atender a população, em um sistema de avançada tecnologia, sobre o qual falaremos nos próximos dias.
Sorridente, Erik apresenta a maquete que se encontra no andar térreo do centro de informações: vocês estão aqui, comeram neste lugar, passaram por estas avenidas, as áreas verdes são estas outras. Indicações que interrompo para perguntar onde está o apartamento dele. Não está, ainda, responde rápido. Será na próxima área que começa a ser construída seguindo o mesmo padrão de todo o bairro. Por enquanto, ele mora a uma distância que lhe permite chegar de bicicleta, todos os dias.
Aliás, o deslocamento dentro do bairro em 75% das oportunidades é feito a pé, de bicicleta ou com transporte público. Opções que não substituem o uso do carro quando o trajeto vai pouco além das fronteiras de Hammarby. Segundo Erik, o uso do automóvel para ir ao trabalho foi reduzido em 10%, muito longe dos 50% imaginados no início do projeto. Para este dado que frustrou a minha expectativa, o futuro morador da área tem uma resposta que deve servir de motivo para reflexão de todos nós: preguiça.
Caro Jornalista Mílton Jung,
Gostei da idéia! Vamos cozinhar nosso feijão com “PUM” (flatulência)!
E já que é um ciclo, o feijão gera “PUM”, acabamos economizando ainda mais matéria-prima!
Deveríamos copiar também o modelo de aproveitamento do telhado deles! Já pensou quantas safras já deseperdiçamos por não cultivamos esses latifúndios suspensos na Babilônica São Paulo?
E a água então! Coletada como faziam os antigos Incas em Machu Pichu! Se ao menos a enviássemos às nossas represas periféricas…
Esperamos que um dia essas boas idéias possam ser largamente empregadas em nossa São Paulo!
Um Abraço!
Milton,
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Milton,
Bom dia! Que bom que voltou com um cenário belíssimo, até parece o Brasil… rs.
Nossa Milton, Suécia é tão pequena !!seria como um bairro grande de São Paulo? ou ABC? será que poderíamos tentar fazer como eles nestas questões de sustentabilidade?
S.Paulo, é o lugar onde tem mais empresas suécas depois da Suécia !! não é incrível ??
Bj. Rô