Avalanche Tricolor: vaga adiada para a Arena

Operário-PR 0x0 Grêmio

Copa do Brasil – Germano Krüger, Ponta Grossa/PR

Galdino tenta mais um ataque em foto de Dido/GrêmioFBPA

Em jogo de futebol escasso, as palavras escasseiam, também. Pouco se tem a dizer de uma partida em que o placar ficou em zero a zero. E a perfomance foi apenas a suficiente para deixar a decisão da vaga para a  Arena, em 22 de maio. 

Nesta estreia de Copa do Brasil, que tanto gostamos, assistimos a raros rompantes de futebol. Um tentativa aqui, outra acolá. De gol desperdiçado quase nada a lamentar. Talvez naquele ataque ao fim do primeiro tempo em que Diego Costa serviu Cristaldo dentro da área. De resto, pouca inspiração.

A boa da noite foi ver o esforço de Galdino pela direita. Mesmo que contestado, jogou acima do esperado. Já havia demonstrado sua utilidade no esquema gremista na vitória pela Libertadores. Hoje, foi além. Aproveitou o espaço que tinha, fez boas jogadas, driblou e tentou tabelar com seus companheiros. 

Os torcedores gostaríamos de sair de Ponta Grossa com a vitória tranquilizadora, sem dúvida. Especialmente aqueles que tiveram de pagar R$ 350,00 para assistir ao jogo no estádio. Mas a impressão que ficou é que havia um contentamento do time em fazer um jogo seguro e ciente de que a decisão da vaga à próxima fase da Copa será mesmo diante da torcida, na Arena.

Avalanche Tricolor: árbitro erra e sempre contra o nosso time

Bahia 1×0 Grêmio

Brasileiro, Fonte Nova, Salvador/BA

Imagem reproduzida da Sportv

O árbitro erra. E erra sempre contra nosso time. Se erra para os outros, com certeza erra mais contra nós. E quanto mais meu time perde, mais erros comete. O cara ou a cara que escolheu essa profissão sabe a que veio. É bode expiatório. É meu culpado preferido. É do jogo, mesmo que nada disso esteja previsto lá na regra 5 das leis do futebol.

Com o tempo, o árbitro deixou de errar sozinho. Se no início tinha dois auxiliares para cometer suas barbaridades, agora tem um quarto árbitro fora do campo com direito a dar pitacos pelo radinho e mais um monte de quase-árbitros sentados na salinha do VAR, sempre prontos para anular os gols do meu time ou flagrar irregularidades que jamais admitirei dos meus jogadores.

O árbitro escalado para a partida de sábado à noite, em Salvador, na Bahia, Bráulio da Silva Machado, foi mais um a cumprir com perfeição o papel de algoz. Soubemos que, ontem, ainda contou com ajuda extraordinária.  E o fez de maneira sórdida, perspicaz. Porque não errou o lance fatal, o pênalti que definiria o placar, naquela cena explícita que a imagem da televisão registra e escancara para todos os torcedores – disso também já fomos vítimas na partida de estreia do Campeonato Brasileiro. Foi no varejo. No lance menor. Ali no meio de campo. Na escapada do contra-ataque. Na inversão de valores. 

Ao longo da partida, deixou passar faltas claras, sinalizou outras inexistentes. Puniu com o rigor da lei os que se atreveram a identificar seus erros. “Não tá gostando? Amarelo”; “Achou ruim? Vermelho!”! Sim, o árbitro tem o monopólio do erro no campo do futebol. Só ele detém o poder de errar e não ser punido. E punir. De desequilibrar o resultado da partida e voltar para a casa com o dever cumprido (e blindado pelos escudos de aço da polícia).

O Grêmio marcou mal, atacou mal, escalou-se mal, especialmente no primeiro tempo, e quando ajustou seus males não teve tranquilidade para fazer o placar a seu favor. Estava nervoso porque, você caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche, sabe bem: juiz ruim gera insegurança, e se transforma em campo fértil para a tensão, que desestabiliza e cega os jogadores, o treinador e os torcedores. 

Árbitro ruim tem esse poder, também: nos torna incapazes de enxergarmos nossos erros pontuais e defeitos que se repetem desde o ano passado quando perdemos o Brasileiro, graças aos pontos desperdiçados nas partidas fora de casa. Até daria para ter sido campeão, mas naquele jogo contra o Corinthians, na casa do adversário, o árbitro entendeu que o jogador, dentro da área, com o braço aberto e para o alto, estava fazendo um movimento natural. 

Só nos resta protestar, sair de campo, abandonar o banco de reservas e pedir para que a CBF passe a escalar árbitros bons nas nossas partidas. Apesar de que árbitro que é se preza, bom ou ruim, erra. E erra sempre contra o nosso time. 

Avalanche Tricolor: vi, vivi e venci a Batalha de La Plata

Estudiantes 0x1 Grêmio

Libertadores – estádio  Jorge Luis Hirschi, La Plata ARG

Nathan comemora “vitória impossível” em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Nathan Fernandes e Gustavo Nunes talvez nunca entenderão o que protagonizaram na noite de hoje, em La Plata. A escapada em alta velocidade, no contra-ataque, o talento com que conduziram a bola, a despeito da marcação impiedosa dos adversários, e a maneira como estufaram a rede têm um simbolismo que nenhum deles alcançará. 

O Grêmio sofria com a expulsão de Villasanti. Já havia assistido a perda de seu capitão, Geromel, com lesão no ombro. Assistia à pressão do time da casa, empurrado pela torcida local. O torcedor vislumbrava o pior dos cenários. O risco da desclassificação prematura da competição se apresentava. Aos 31 minutos do segundo tempo, em um lance único e certeiro, os dois garotos que haviam entrado em seguida da expulsão, encarnaram a imortalidade que nos caracteriza.

Nenhum deles era nascido quando nós torcedores havíamos sofrido a dor de uma partida que ficou conhecida por Batalha de La Plata, em 1983. Até hoje, pensamos como foi possível cedermos o empate depois de estarmos vencendo por 3 a 1 e com quatro jogadores a mais em campo. Sim, sabemos das agressões em campo e no intervalo da partida e até das ameaças de morte. Mas foi um sofrimento apenas superado porque nos amadureceu para conquistar a primeira Libertadores de nossa história e nos levar ao Mundial, naquele ano. Nos despedirmos da Libertadores no mesmo palco daquela Batalha seria injusto para nossa história. 

Marchesín, João Pedro, Geromel, Rodrigo Ely, Kannemann, Fabio, Pepê, Villasanti, Cristaldo, Dodi, Galdino, Soteldo, JP Galvão, Gustavo Martini e, claro, Nathan Fernandes e Gustavo Nunes incorporaram a alma daquele Grêmio que começava a escrever sua Imortalidade no futebol sul-americano. Que nos fez ser respeitado onde desembarcamos nesse continente. Quando tudo parecia impossível, nos mantiveram vivos e venceram uma partida que pode reescrever nossa história nesta edição da Libertadores.

E eu, vi, vivi e venci esta Batalha de La Plata. Obrigado, Grêmio!

Avalanche Tricolor: foi bem bom!

Grêmio 1×0 Cuiabá

Brasileiro – Arena do Grêmio, Porto Alegre/RS

Villasanti domina o meio de campo, em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Duas vitórias, três gols a favor e nenhum sofrido. A passagem por Porto Alegre foi positiva para o Grêmio. E para mim, também. Na quarta-feira, estava por aqui mas compromissos profissionais me impediram de ir até a Arena. Contentei-me em assistir à vitória na tela do celular. E o futebol jogado contra o Atlético do Paraná foi bem bom, como costumam dizer meus conterrâneos da capital.

Por raras que são as oportunidades de estar em Porto Alegre quando o Grêmio joga em casa, nesse sábado não faltaria de jeito nenhum à Arena. A despeito de o time escalado ser uma espécie de “misto quente”, como chamamos quando as equipes mesclam titulares e reservas, o que me importava era a chance que o calendário do campeonato me oferecia para vivenciar, mais uma vez, a experiência de estar na arquibancada.

Gritar e cantar em coro com toda a torcida, praguejar o lance distorcido e criticar a sinalização ou a omissão do árbitro é uma sensação incrível. Resgato minha infância, relembro da adolescência, das vivências e sofrências dos tempos em que morei em Porto Alegre e frequentava o Olímpico Monumental, bem ao lado da minha casa. 

A vizinhança com o velho estádio é ainda mais provocadora de emoções. Desde uma certa melancolia com os resquícios daquele monumento, atualmente depredado, até a alegria pelas memórias que deixei por lá. A caminho da nova arena, dou uma piscadela em direção ao Olímpico, em agradecimento por ter sido tão importante nessa linda relação de amor.

Com tantas memórias atiçadas, ao chegar na Arena, para assistir à partida contra o Cuiabá, é impossível não se sensibilizar. Mesmo que o time não repetisse o desempenho do meio da semana, é maravilhoso ouvir a torcida empurrando seus jogadores ao ataque, na batida dos tambores da banda.

Em campo, apesar de a ausência de titulares, foi importante perceber como alguns jogadores evoluem e outros confirmam nossa admiração. Na lateral direita, por exemplo, João Paulo amadureceu e se estabilizou na posição. É protagonista em campo. 

No meio, Villasanti e Cristaldo são imprescindíveis. O paraguaio comanda o time e preenche todos os espaços do campo com precisão no desarme e ótima distribuição da bola. O argentino não para de fazer gols. Foi dele o que nos deu a vitória nesse sábado. Uma menção honrosa para Du Queiroz que talvez tenha feito sua melhor partida desde que chegou ao Grêmio.

No ataque, Gustavo Nunes, mesmo jogando invertido, é atrevido com a bola e refinado no drible. Enquanto Soteldo demonstra que está recuperando o desempenho que havia nos impressionado nas rodadas iniciais do Campeonato Gaúcho, antes de sofrer uma lesão grave. O baixinho chama o jogo para si, encara a marcação e é valente para suportar os defensores mais violentos. 

Verdade que sofremos além do que deveríamos, considerando que abrimos o placar ainda no primeiro tempo e estarmos diante de um adversário que até aqui não venceu nenhuma partida. Mas os três pontos conquistados foram mais do que suficientes, nessa sequência dura e até decisiva de partidas que estamos tendo nas duas competições que disputamos no momento.

Como disse no início deste texto e ratifico, o saldo foi bastante positivo nessa passagem do Grêmio por Porto Alegre. O meu, também. E não apenas por ter conseguido assistir ao meu time. Também, por estar com a família querida que vive por aqui; por ter tido sucesso nas atividades que estavam programadas; e pela satisfação de saber que amigos, colegas e pessoas que considero muito reconhecem o valor da jornada profissional que iniciei há 40 anos, nesta cidade. 

Avalanche Tricolor: vergonha!

Vasco 2×1 Grêmio

Brasileiro – São Januário, Rio de Janeiro (RJ)  

Pênalti! Não para o árbitro. Foto: reprodução da TV Globo

“É uma vergonha. é muito ruim. Tivemos uma palestra com a arbitragem falando da regra e na primeira rodada acontece isso. Uma vergonha”

Mathías Villasanti

Com a braçadeira amarela de capitão no braço esquerdo, ao lado do campo, minutos depois de encerrado o primeiro tempo, Mathías Villasanti, em seu portunhol, recorreu a palavra que estava presa na garganta do torcedor gremista.

Vergonha!

Era esse o sentimento em relação a atuação do time até aquele momento. Totalmente dominado. Havia espaço no meio de campo. Marcação frouxa na frente da área. E perdendo sempre o rebote, por onde saíram mais dois gols de nossos adversários. O mesmo havia ocorrido no meio da semana, na Libertadores.

A renúncia ao jogo também era evidente no setor ofensivo. Somente trocamos passes depois do duplo revés que havíamos tido. Mesmo assim, não havia intensidade na troca de bola e, com isso, pouco chegávamos na área ao menos para ameaçar o gol adversário. Os dribles eram lentos facilitando a marcação. As bolas lançadas em direção a área geralmente não tinha destino certo.

Vergonha!

A despeito de tudo isso que incomoda o torcedor, afinal fomos acostumados a assistir a um time competitivo, e sabemos que estes jogadores que aí estão têm total capacidade de nos oferecer esse futebol que demandamos, haveria uma vergonha ainda maior sendo forjada em campo. 

Aos 42 minutos do primeiro tempo, dentro da área, Diego Costa tentou dominar e deixou a bola escapar em direção ao gol. Seu marcador travou a bola entre o braço direito e o corpo, antes de despachá-la para frente. O árbitro Flávio Rodriguez de Souza estava de frente para o lance e não assinalou o pênalti. O VAR lhe deu a oportunidade de corrigir o erro. Mesmo assistindo à jogada com detalhe na tela, persistiu. 

Diante do novo procedimento em que o árbitro é obrigado a explicar sua decisão nos lances em que é chamado pelo VAR, a emenda ficou pior que o soneto. Disse em voz alta que foi acidental, portanto não houve a intencionalidade do jogador em impedir a trajetória da bola Meu Deus! A maior parte dos pênaltis assinalados no futebol não é cometida porque o marcador tem a intenção: é imprudência, incompetência, desleixo, falta de jeito, é acidental! A intenção do jogador não estava em julgamento. Estava, sim, o movimento que fez dentro da área. 

Vergonha!

O prejuízo ao não assinalar o pênalti claro foi ainda maior porque percebemos que o Grêmio encontraria poder de reação no segundo tempo, mesmo voltando a campo sem seu principal artilheiro, Diego Costa. Sob o comando de Villasanti, acuou o adversário. Variou as jogadas. Driblou e trocou passes com mais velocidade e precisão. A entrada de Gustavo Nunes e Nathan Fernandes tornou o time mais perigoso no ataque. E, aos 22 do segundo tempo, chegou ao gol depois de um escanteio curto, com participação de Cristaldo e Cuiabano, que encontrou Gustavo Martins dentro da pequena área.

A derrota gremista não se traduz no erro crasso do árbitro. Erramos muito na partida de estreia do Campeonato Brasileiro. Será preciso consertar as falhas que tendemos a repetir jogo após jogo e refinar nosso potencial ofensivo para recuperar os pontos perdidos. A melhor notícia: os dois próximos jogos serão na Arena do Grêmio.

Em tempo: “ahim, mas você não falou do pênalti para o Vasco!”. Não falei mesmo, até porque aqui falo do Grêmio. Foi lance no segundo tempo que só reforça: uma vergonha!.

Avalanche Tricolor: acredite se quiser!

Grêmio 0x2 Huachipato

Libertadores — Arena do Grêmio, Porto Alegre (RS)

O primeiro lance em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

A primeira bola do jogo explodindo no poste e, no rebote, estufando a rede pelo lado de fora dava a entender que seria uma noite vitoriosa. De um time disposto a amassar o adversário, impor sua superioridade e prevalecer o fator local. Ledo engano.

Fomos ludibriados por aquele momento. Pois mesmo que outras bolas encontrassem o travessão e a que chegasse às redes tivesse sido anulada pelo árbitro, o que assistimos foi um desempenho abaixo da crítica em que sequer a sorte foi capaz de jogar ao nosso lado.

Os supersticiosos lembrarão do fato de o time chileno ter sido o primeiro estrangeiro a nos vencer na Arena, em 2013. Como se isso se tornasse uma verdade para o resto de nossos dias.  E contra a  qual não haveria o que fazer. Apenas aceitar.

Não aceitamos! Nem jamais aceitaremos! E por intolerantes que somos ao que o destino tenta nos impor é que precisamos estar prontos para reagir diante do improvável. 

Nosso próximo compromisso se transformará em mais uma Batalha de La Plata. Vencer será obrigatório. E com a vitória, iniciaremos uma virada histórica nessa Libertadores. 

É no que acredito! É no que me resta acreditar!

Avalanche Tricolor: uma carta ao guri do Hepta de 68

Grêmio 3×1 Juventude

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre/RS

João Severiano entrega o troféu do Hepta a Geromel Foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Meu Guri,

Vivi emoções que poucos vivenciaram, neste sábado. Comemorar o Heptacampeonato gaúcho é coisa rara de se sentir. Tu ainda eras guri de calça curta lá em Porto Alegre, tinhas cinco anos, quando ganhamos nosso primeiro Hepta. Vivias na Saldanha, pertinho do Olímpico. Não existia a perimetral nem a praça do Papa. Tu sujarias teus sapatos ortopédicos de pó e lama para passar pelo beco entre nossa casa e o estádio.

Escrevo para ti porque quando o sábado amanheceu pensava comigo aqui em São Paulo se ainda havia lembranças na sua memória daquele 1968 em que o Grêmio empatara com o mesmo adversário de agora para conquistar o título inédito. Remoí o pensamento e vasculhei o coração sem encontrar nada por lá.

Curioso é que na volta ao tempo, consegui retroagir minhas lembranças sobre ti apenas até o ano seguinte ao Hepta. E a gente sabe o motivo. Não posso dizer que só nós dois sabemos porque, desculpe-me, já confidenciei aquela história para os caros e cada vez mais raros viventes desta Avalanche. Foi quando fomos forjados gremistas pela mão disciplinadora do pai, após uma brincadeira ingrata de um dos primos que usurpou da sua ingenuidade e o induziu a tremular a bandeirinha encarnada e cantarolar uma música que não tinhas ideia do que significava — e tu pensando que era só uma homenagem ao (nosso) papai que era maior.

Alguns anos antes de morrer, o pai até disse que se arrependia daquele gesto mais ríspido. Sabendo que é nas derrotas que aprendemos, eu o agradeci em teu nome. Foi lição para a vida! Se hoje me emociono com o título conquistado da forma como me emociono tem muito a ver com aquele passado, em 1969, um ano após o Hepta inédito. 

Dos anos anteriores, porém, o vazio é preenchido pelas muitas histórias que o pai contava e pelos jogadores que ele fazia questão de te apresentar nos anos seguintes, quando a presença no estádio passou a ser  frequente. Cruzavas pelo Áureo e o pai lembrava: “foi Hepta!”. Encontravas o Altemir: “o lateral do Hepta”. Alcindo? “Goleador do Hepta”. Joãozinho, que ele fazia questão de chamar com nome e sobrenome: “esse é o João Severiano, tu tinhas que ver o que jogava  essa rapaz do Hepta!”. 

Bah, guri! E não é que o João Severiano estava em campo neste sábado?!? Que homenagem linda que o Grêmio fez ao tê-lo na cerimônia de entrega do troféu deste segundo Hepta que conquistamos na história. Chorei emocionado porque tu me fizeste lembrar de todas aquelas referências que o pai fazia desses jogadores que vestiram nossa camisa. Para coisa ficar ainda mais sentimental, Joãozinho passou a taça às mãos de Geromel. 

E aí, me dá licença guri: a partir daqui as lembranças são todas minhas.

Por amadurecido que estou, assisti à trajetória do Hepta, desde o campeonato de 2018. E essa memória levarei para sempre comigo até o dia de partir. O privilégio de ver Geromel e Kannemann erguendo cada um dos oito troféus gaúchos é incrível. Como espero aquele beijo duplo que virou clássico de nossas conquistas. Por estarem em campo desde o primeiro título da série, são o símbolo maior desse Hepta. 

Injustiça não citar outros tantos que estiveram com a gente nesses tempos recentes de vitórias. E para não esquecer nenhum deles, os torno redivivos na imagem de Luan, dos maiores craques que vestiram nossa camisa. Sem contar que seremos únicos neste Brasil todo a lembrar que na caminhada do Hepta tivemos Luiz Suárez a fazer gols decisivos.

Do time atual, além da dupla Geromel e Kannemann, há Villasanti, volante incontestável e incansável na arte de desarmar e de armar nossos ataques. Tem Cristaldo, com um talento que passa despercebido por muitos e se expressa de forma contundente no instante decisivo da jogada; tem Gustavo Nunes e Pavón com dribles que desconsertam a marcação; e tem Diego Costa, nosso Alcindo dos tempos modernos. 

Tem tanta outra gente que mereceria ser lembrada nestes sete anos de hegemonia, mas quero mesmo é focar na lembrança que tenho de ti, meu guri. Para te agradecer pelo que fostes e passastes naqueles anos iniciais de nossas vidas. Graças a ti sou o que sou hoje. E te agradeço, oferecendo a memória eterna deste Hepta de 2024!

Com carinho e saudades,

Mílton Jung, o ex-guri

Avalanche Tricolor: antes do Tetra, foco no Hepta!

The Strongest 2×0 Grêmio

Libertadores – Estádio Hernando Siles, La Paz, Bolívia

Foto Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Era de se esperar pouco, considerando as condições que nos propusemos. Jogar a mais de 3 mil e 600 metros de altura por si só é complicado e poucos chegaram lá no alto e saíram com os três pontos – o que não significa que não seríamos mais um entre esses poucos se estivéssemos com time completo e mobilizado.

“Condenados” a disputar mais uma final de estadual quando deveríamos estar com as energias voltadas a Libertadores, fomos às alturas com time descaracterizado e sem sintonia. 

Desta vez, é injusto culpar o treinador pela decisão. Alguém se atreveria a correr o risco de expor os titulares ao cansaço, desgaste físico e até lesões estando a um passo do Heptacampeonato Gaúcho? Talvez quem goste de palpitar do conforto de seu sofá (calma, eu também sou palpiteiro de sofá).

Àqueles que estão no comando da equipe cabe a responsabilidade de equilibrar o elenco diante dos compromissos assumidos. E avaliar o impacto que esse esforço de jogar duas partidas decisivas no Brasil e mais um desafio de Libertadores na extrema altura pode ter nos atletas, não apenas para esses jogos mas para o restante temporada. 

Já perdemos jogadores importantes no início deste ano e não podemos nos dar ao luxo de deixá-los fora das demais partidas que vem pela frente. Lembrando que depois do Gaúcho, além da Libertadores, tem Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil.

A despeito disso tudo, e da baixa expectativa, a impressão que ficou é que o time desajustado de ontem à noite, poderia ter tido mais sorte. Surgiram algumas chances para empatar a partida, o que seria lucro. Porém, a defesa mal posicionada, o meio de campo pouco articulado e o ataque sem precisão nos puniram e impediram de somar ao menos um ponto nesta estreia. Recuperar-se nas próximas rodadas será fundamental para reduzir os riscos de não avançar na Libertadores, o que seria um desastre. Antes, porém, de pensar no Tetra vamos focar no Hepta!

Avalanche Tricolor: isso é bom demais!

Juventude 0x0 Grêmio

Gaúcho – estádio Alfredo Jaconi, Caxias do Sul/RS

Diego Costa em destaque na foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Foi ruim, mas foi bom. 

Foi ruim tecnicamente o jogo que assistimos na tarde deste sábado, em Caxias. 

Foi bom sair de lá com um empate quase sem sofrência e saber que a decisão agora é em casa, diante da nossa gente, repetindo aqui expressão usada por Soteldo assim que deixara o gramado.

Foi ruim a troca de passes, especialmente no primeiro tempo. No segundo, parecia haver um pouco mais de espaço, mesmo assim os caminhos até a área estavam congestionados e não soubemos aproveitar bem as poucas oportunidades. 

Foi boa a marcação gremista desde a saída de bola do adversário, a forma aguerrida imposta pelos nossos jogadores no meio de campo, e a presença de Caíque nas vezes que fomos ameaçados. 

Foi ruim não contar com Geromel na zaga que é, sem nenhuma dúvida, o melhor companheiro para Kannemann que o Grêmio ainda tem no plantel. Seria excelente vê-lo de volta na final em Porto Alegre, seja pela marca histórica que os dois juntos podem alcançar seja porque é neles que a torcida confia. 

Foi bom ver que Soteldo está de volta, mesmo que apenas em condições de entrar no segundo tempo. O atacante venezuelano, nesse momento, é ótima alternativa para colocar fogo na partida, sem que precisemos abrir mão da impetuosidade de Gustavo Martins, que pode ser deslocado para o lado direito, se necessário.

O que não tem nada de ruim, ao contrário, só coisa boa e a comemorar é que torcemos para um time que na próxima semana além de estrear em sua vigésima-terceira Copa Libertadores ainda pode conquistar o seu sétimo título estadual consecutivo. E isso é bom demais!

Avalanche Tricolor: só o Grêmio para fazer minha Porto Alegre!

Grêmio 3×2 Caxias

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre/RS

Foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Se haveria uma noite para voltar à minha Porto Alegre a noite seria a de hoje. Que maravilha de noite seria esta ao lado dos amigos que lá deixei. 

Inspirado na poesia de Mário Quintana, poeta querido da minha cidade, andaria pelas ruas encantadas que nem em sonhos sonhei. E pelas ruas que passaria, cantaria em voz alta a alegria de amar o time que sempre amei!

Na festa de 252 anos da minha cidade, comemoraria com todos os torcedores a vitória do nosso Grêmio, que mesmo tendo conquistado o mundo, jamais esquecerá que nasceu porto-alegrense.

Orgulhoso de sua origem, nossa camisa tricolor ostentou, na partida de hoje, lugares que já visitei: a Catedral onde pelo Grêmio rezei, a Goethe em que títulos comemorei e o Olímpico, que jamais esquecerei. 

Aproveitaria-me da luz de uma lua minguante que nesta noite de festa se espraia pelas esquinas esquisitas a destacar tanta nuança de paredes — e lá vem os Quintanares a me animar. Olharia “o mapa da cidade como  quem examinasse a anatomia de um corpo …” e sairia a procura de outros gremistas para comemorar. 

Encontraria Diego, Franco, Mathias, Walter e o guri Gustavo e com um abraço forte compartilharia meu orgulho de ser gremista, de torcer por este time, o único time desta cidade capaz de fazer de Porto um lugar realmente Alegre, nesta noite de aniversário.