Avalanche Tricolor: isso é bom demais!

Juventude 0x0 Grêmio

Gaúcho – estádio Alfredo Jaconi, Caxias do Sul/RS

Diego Costa em destaque na foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Foi ruim, mas foi bom. 

Foi ruim tecnicamente o jogo que assistimos na tarde deste sábado, em Caxias. 

Foi bom sair de lá com um empate quase sem sofrência e saber que a decisão agora é em casa, diante da nossa gente, repetindo aqui expressão usada por Soteldo assim que deixara o gramado.

Foi ruim a troca de passes, especialmente no primeiro tempo. No segundo, parecia haver um pouco mais de espaço, mesmo assim os caminhos até a área estavam congestionados e não soubemos aproveitar bem as poucas oportunidades. 

Foi boa a marcação gremista desde a saída de bola do adversário, a forma aguerrida imposta pelos nossos jogadores no meio de campo, e a presença de Caíque nas vezes que fomos ameaçados. 

Foi ruim não contar com Geromel na zaga que é, sem nenhuma dúvida, o melhor companheiro para Kannemann que o Grêmio ainda tem no plantel. Seria excelente vê-lo de volta na final em Porto Alegre, seja pela marca histórica que os dois juntos podem alcançar seja porque é neles que a torcida confia. 

Foi bom ver que Soteldo está de volta, mesmo que apenas em condições de entrar no segundo tempo. O atacante venezuelano, nesse momento, é ótima alternativa para colocar fogo na partida, sem que precisemos abrir mão da impetuosidade de Gustavo Martins, que pode ser deslocado para o lado direito, se necessário.

O que não tem nada de ruim, ao contrário, só coisa boa e a comemorar é que torcemos para um time que na próxima semana além de estrear em sua vigésima-terceira Copa Libertadores ainda pode conquistar o seu sétimo título estadual consecutivo. E isso é bom demais!

Avalanche Tricolor: só o Grêmio para fazer minha Porto Alegre!

Grêmio 3×2 Caxias

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre/RS

Foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Se haveria uma noite para voltar à minha Porto Alegre a noite seria a de hoje. Que maravilha de noite seria esta ao lado dos amigos que lá deixei. 

Inspirado na poesia de Mário Quintana, poeta querido da minha cidade, andaria pelas ruas encantadas que nem em sonhos sonhei. E pelas ruas que passaria, cantaria em voz alta a alegria de amar o time que sempre amei!

Na festa de 252 anos da minha cidade, comemoraria com todos os torcedores a vitória do nosso Grêmio, que mesmo tendo conquistado o mundo, jamais esquecerá que nasceu porto-alegrense.

Orgulhoso de sua origem, nossa camisa tricolor ostentou, na partida de hoje, lugares que já visitei: a Catedral onde pelo Grêmio rezei, a Goethe em que títulos comemorei e o Olímpico, que jamais esquecerei. 

Aproveitaria-me da luz de uma lua minguante que nesta noite de festa se espraia pelas esquinas esquisitas a destacar tanta nuança de paredes — e lá vem os Quintanares a me animar. Olharia “o mapa da cidade como  quem examinasse a anatomia de um corpo …” e sairia a procura de outros gremistas para comemorar. 

Encontraria Diego, Franco, Mathias, Walter e o guri Gustavo e com um abraço forte compartilharia meu orgulho de ser gremista, de torcer por este time, o único time desta cidade capaz de fazer de Porto um lugar realmente Alegre, nesta noite de aniversário.

Avalanche Tricolor: lição de casa feita!

Grêmio 2×0 Brasil Pel

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre RS

Cristaldo comeora o gol em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

O Grêmio termina o domingo com a lição de casa feita. No jogo de hoje, evitar riscos, não tomar gol de preferência e mostrar evolução do meio para frente eram os objetivos da equipe que está sendo construída ao longo da competição.

A retranca esperada e armada pelo adversário foi sendo avariada aos poucos e  com toques de bola de um lado para o outro. Às vezes com insistência de mais por um lado e se esquecendo que o time pode trabalhar bem pelos dois, especialmente com as escalações de Pavón, na direita, e Gustavo Martins, na esquerda. 

Do lado direito o entrosamento de João Pedro, lateral que tem melhorado bastante a cada partida, era maior com Pavón, do que no esquerdo, em que um comedido Mayek, assumindo a posição de titular com a lesão de Reinaldo, servia bem menos a Gustavo Martins. 

Curiosamente, foi deste lado direito e dos pés de Mayek que surgiu o passe para o gol aos 45 minutos do primeiro tempo. Nessa altura, o time já percebia que precisava variar mais a bola e jogar com velocidade no passe para quebrar a marcação. 

Franco Cristaldo recebeu desmarcado na entrada da área. Os zagueiros estavam mais preocupados com Diego Costa. O argentino, puxou para o lado direito e bateu com categoria para fazer o seu terceiro gol na temporada, o 14º com a camisa do Grêmio. Cristaldo é discreto, há quem reclame do desempenho dele, mas os números são claros:  é goleador e garçom, como já havia mostrado no ano passado.

No segundo tempo, o Grêmio melhorou ainda mais, foi seguro nas poucas tentativas de ataque do adversário e começou a empilhar jogadas por todos as partes do campo. 

O segundo gol chegou aos 23 minutos premiando o bom entrosamento de Pavón e João Pedro, e o esforço de Diego Costa. Nosso centroavante brigou com o zagueiro, venceu a dividida, chutou uma e precisou chutar a segunda vez para estufar a rede. Sua comemoração sinalizou ao torcedor que ele está “esfomeado”, não quer perder a oportunidade de mostrar porque fez a fama pelos clubes que passou. Duas partidas, dois gols. E que venham muito mais!

O Grêmio poderia ter feito mais, desperdiçou algumas jogadas e foi preciosista em outras. O placar poderia ter sido mais elástico, mas o desempenho do time mostra melhoras e soluções em relação a outros jogos do campeonato. Ainda há peças para serem mais bem encaixadas, um aproveitamento melhor nas tabelas de Diego Costa e seus colegas que entram na área, e demonstrar consistência no setor defensivo, que começa na marcação lá no campo do adversário. 

O importante é que a lição de casa está feita! Agora é começar a semana com o foco na semifinal do Campeonato Gaúcho que será em duas partidas.

Avalanche Tricolor: obrigado pela graça alcançada!

Grêmio 4×1 Guarany Bagé

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre/RS

Geromel recebe o abraço pelo gol marcado em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Pavón, duas vezes, Geromel, de cabeça, e Diego Costa, na cobrança de falta. Duvido que eu pudesse ter pedido algo mais a Deus, nesta tarde de sábado, na partida disputada em Porto Alegre. Que se entenda o verbo poder conjugado no pretérito imperfeito do subjuntivo: o caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche sabe que não costumo demandar coisas mundanas ao Chefe Superior.  A Ele cabem as grandes causas humanitárias, os pedidos de súplica e a salvação eterna. O futebol tem seus deuses próprios – assim mesmo, com letra minúscula – que evocamos quando a coisa se complica para o nosso lado. 

Diante desse fato e do cuidado com as divindades é que nada solicitei para a partida de hoje. Desejava intimamente apenas um pouco de alívio após as últimas frustrações sofridas em campo. Aquele sinal positivo que me fará olhar com mais entusiasmo a temporada de 2024. Na última partida na Arena, quando também goleamos nosso adversário, pelo Campeonato Gaúcho, o sinal veio na forma de esperança, especialmente pela estreia dos reforços recém-chegados. 

Hoje, assistir a Diego Costa marcar um gol na estreia seria um consolo diante da perda mais sentida por todos nós na última temporada com a saída de Luis Suárez. Não que eu acredite que alguém que vista aquela camisa 9 será suficiente para substituí-lo. Mas já que investimos em um centroavante experiente que ele deixe sua marca logo de cara. E vibrei muito com o fato de o gol ter saído em uma cobrança de falta — e que cobrança!?! Sinto falta (ops, sem trocadilho) desse recurso no Grêmio. A última vez que havíamos marcado assim havia sido exatamente com Luisito, no Gre-nal de outubro do ano passado.

Na Avalanche em que exaltei os sinais de esperança vindos do campo, em 17 de fevereiro, também tinha registrado a felicidade de ver o estreante Christian Pavón que entrou no segundo tempo, deu duas assistências para gol e assinalou o seu primeiro com a camisa do Grêmio. Hoje, o atacante argentino mostrou talento mais um vez. Marcou o primeiro gol, aos seis minutos de partida, consolidou a vitória com o terceiro gol do Grêmio, já no segundo tempo, e deu mais uma assistência para gol. Pavón desponta como a mais produtiva contratação feita nesta temporada seja pelos gols seja pelo dinamismo que oferece ao lado direito do time.

E ainda teve o gol de Geromel! 

Bem, aí você vai me desculpar. Depois de dez anos assistindo-o com a camisa do Grêmio, ainda não tenho maturidade para equilibrar minha paixão por esse cara. A jornada que ele está concluindo no Grêmio é incrível! Histórica! Poucos jogadores que vestiram nossa camisa foram tão marcantes quanto ele. Mesmo diante das dificuldades físicas da última temporada e após ter tido a dignidade de oferecer o que havia de melhor na campanha da Segunda Divisão, Geromel segue imponente com a braçadeira de capitão. Hoje, Geromito apareceu dentro da área adversária para, de cabeça, colocar o Grêmio na frente do placar, no início do segundo tempo. 

Se o Camarada Lá de Cima ou os deuses do futebol forem realmente justos darão a Geromel, nesse último ano como nosso zagueiro, todas as alegrias que fez por merecer. Seja nos salvando lá atrás nos momentos cruciais, seja se impondo diante dos atacantes adversários, seja, mesmo que de vez em quando, marcando gols para nos dar o prazer de vê-lo correndo de braços abertos para a torcida. Mais do que isso, só desejaria mesmo estar ali no gramado a espera desse abraço! 

Avalanche Tricolor: Gre-nal sem VAR é várzea!

Inter 3×2 Grêmio

Gaúcho – Beira Rio, Porto Alegre/RS

Foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

O caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche já leu textos em que descrevi cenários que encontramos nos jogos do campeonato gaúcho. Arquibancadas precárias e torcedores amontoados na laje de casas vizinhas para assistir aos jogos. Vestiários em que mal cabem o elenco completo durante a preleção dos treinadores. E gramados esburacados e impróprios para futebol. 

Hoje, acrescentamos mais um elemento nesta várzea: um clássico da dimensão do Gre-nal sem o recurso do VAR. Responsabilidade daqueles que no início da competição aceitaram essa regra esdrúxula e ultrapassada. Aos desavisados, a explicação: os clubes que disputaram a competição decidiram que não haveria o recurso eletrônico em nenhum jogo da primeira fase por uma questão financeira. 

Soube-se que no meio da semana, os dirigentes da dupla Gre-nal teriam aceitado pagar a empresa responsável pelo VAR, chegaram a depositar o dinheiro na conta, mas enquanto os funcionários se deslocavam para Porto Alegre foram informados que o recurso não teria sido autorizado. Até agora não entendi se isso se deu porque não houve unanimidade entre as demais equipes, o que era uma exigência do regulamento. 

O fato é que em um estádio de Copa do Mundo, com a presença das duas maiores torcidas do Rio Grande do Sul, a do Grêmio e a do Inter (necessariamente nesta ordem), com equipes que fazem investimentos milionários e capacitadas a oferecer um futebol de qualidade, fomos obrigados a assistir a um jogo em que não cabia revisão às decisões de campo do árbitro que, como se sabe cada vez mais, é limitado na sua atuação – e aqui não estou sequer entrando no mérito da qualificação deste que apitou a partida, pois é considerado um dos melhores que temos no país. Uma várzea!

A despeito disso, ao Grêmio cabe entender o que motivou a derrota deste início de noite, em Porto Alegre, e, principalmente, coloca-lá na devida dimensão. Primeiro, identificar seus pontos positivos e enaltecer a impetuosidade de Gustavo Nunes que, não podemos esquecer, tem apenas 18 anos e joga como gente grande. Depois, ajustar a marcação em uma faixa do gramado em que saíram os dois gols e o pênalti fatídico. E, finalmente, conscientizar-se de que esse resultado significa praticamente nada na missão maior que é ser heptacampeão desta várzea!

Avalanche Tricolor: a esperança entrou em campo!

Grêmio 6×2 Santa Cruz

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre/RS

Du Queiroz e Pavón comemoram em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Veio do banco o ânimo que o torcedor do Grêmio buscava para ter esperanças de uma boa temporada em 2024. Faltando três rodadas para o final da fase de classificação, mesmo sem ter corrido nenhum risco e estar disputando a ponta da competição desde o início, havia um burburinho que expressava a desconfiança com o elenco. 

Mal acostumados com a excepcional contratação de Luis Suarez, no ano passado, os gremistas sinalizávamos decepção com os poucos reforços que haviam chegado; sem contar a frustração com a lesão de Soteldo, que despontava como o grande destaque no início da temporada.

Antes de fechar a janela de contratação, porém, a direção trouxe Diego Costa, Du Queiroz e Cristian Pavón – os três com status para serem titulares. Se o primeiro ficou no camarote, enquanto recupera a forma física, os dois últimos já estavam à disposição do time e assistiram do banco o primeiro tempo instável da equipe. 

Após dois gols marcados rapidamente, pelos pés de Gustavo Nunes (que baita guri, hein!) e Cristaldo, o time cedeu o empate e revelou a fragilidade no esquema defensivo. O muxoxo do torcedor aumentou assim que os jogadores deixaram o gramado no intervalo. 

Na volta do vestiário, Pavón e Du Queiroz estavam escalados. E, em campo, demonstraram um entusiasmo que contagiou os colegas e a torcida. 

O atacante argentino infernizou o jogo pelo lado direito com dribles, velocidade, passes qualificados e disposição na marcação. Enquanto isso, o meio campista recém-chegado da Rússia se aproximou de Pavón, tabelou, distribuiu bem a bola de um lado e de outro, apareceu dentro da área, criou chances de gol e desarmou quando foi exigido.

Pavón saiu de campo aplaudido por todos após marcar o gol que colocou o Grêmio à frente do placar e dar duas assistências para consolidar a goleada, que nos eleva à liderança parcial do campeonato, com melhor ataque e melhor saldo de gols. 

Na entrevista, ao fim da partida, o argentino disse estar feliz com a estreia. Felicidade esta compartilhada por todos nós torcedores que estávamos apenas a espera de algum sinal para voltar a acreditar no potencial do Grêmio. Os sinais foram vistos hoje à tarde na Arena! 

Avalanche Tricolor: o que ganhamos nesta Quarta-feira de Cinzas?

Ypiranga 0x0 Grêmio

Gaúcho – Colosso da Lagoa, Erechim/RS

Gustavo Nunes em foto de Guilherme Testa/GREMIO FBPA

Quero ganhar sempre! Na vida e no futebol. Quero ganhar até no toss — como chamávamos antigamente o sorteio que acontece antes de a partida se iniciar para escolher “bola” ou “campo”. Jogar com o que houver de melhor disponível, portanto, será sempre minha opção. O fato, porém, é que minha única responsabilidade em relação ao clube pelo qual torço é de torcer, torcer e torcer. E torcer para ganhar! 

Quem precisa administrar o clube, gerenciar o elenco, planejar a temporada e selecionar prioridades não pode pensar como um torcedor. Sua responsabilidade é muito maior. Extrapola o resultado de uma partida de futebol. Tem de pensar a longo prazo. Fazer escolhas e identificar prioridades. 

Diante disso, não condeno a decisão do Grêmio e seus gestores para a partida da noite desta quarta-feira, em Erechim, cidade que fica há cerca de 370 quilômetros de Porto Alegre. De ônibus, uma viagem com mais de cinco horas de duração. Um desgaste físico que não condiz com a prioridade do resultado na oitava rodada do Campeonato Gaúcho. 

Considerando o que nos interessa em 2024 e o próprio regulamento da competição que disputamos, que classifica os oito primeiros colocados de 12 participantes à fase seguinte, manter o time principal retomando o fôlego e treinando por mais tempo, em Porto Alegre, faz todo o sentido. 

Ao torcedor que quer ver seus principais jogadores em campo e vencer sempre e a todo custo, resta ter paciência. Esperar os momentos decisivos para cobrar desempenho mais apurado, esforço redobrado e resultados condizentes com a história do clube. 

Foi, assim, com complacência que assisti à disputa desta Quarta-feira de Cinzas, no Colosso da Lagoa. E, apesar de mais um empate, que nos mantém na segunda colocação do campeonato e invictos a sete jogos, saí da partida com a expectativa de que a “maquininha” de fabricar ponteiros esquerdos segue ativa pelos lados de Humaitá. Depois de Pedro Rocha, Everton, Pepê e Ferreirinha, fomos apresentados a Gustavo Nunes. 

O atacante tem apenas 18 anos, nasceu no litoral paulista, e chegou no clube em 2021. Foi destaque no ano seguinte na campanha de finalista do Grêmio no Campeonato Brasileiro Sub-17. Em 2023, conquistou o Campeonato Gaúcho Sub-20. Fez sucesso na Copa São Paulo de futebol júnior, em 2024, com três gols e duas assistências em seis partidas disputadas. 

No jogo passado, partiu dos pés dele a assistência para o gol de empate do Grêmio. Hoje, só deu Gustavo Nunes: encarou a marcação forte, demonstrou habilidade no trato da bola e se impôs aos adversários com velocidade. Mais não fez porque estava cercado de colegas que estão aquém do seu futebol, sem contar a nítida falta de entrosamento.

Saímos de Erechim com apenas um ponto a mais na tabela de classificação, e a esperança de que ganhamos mais um atacante. E eu quero ganhar sempre! 

Avalanche Tricolor: entre o tedioso jogo e a glória literária

Grêmio 1×1 São Luiz

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre/RS

Na iminência de mais uma Avalanche Tricolor, me vi diante de um dilema peculiar: dedicar minha atenção ao Grêmio que se desdobrava na televisão ou ao que repousava, imortalizado, sobre a mesa do meu escritório. O jogo mal-jogado, nesta tarde de sábado de Carnaval, fez inclinar minha balança de forma inesperada., infelizmente. Preferia ter tido uma escolha mais acirrada, daquelas que surgem sob o signo da incerteza, que exigem reflexão e, muitas vezes, nos proporcionam soluções criativas. 

A falta de criatividade no campo e o tedioso futebol de um time que parecia derreter no calor de 34 graus de Porto Alegre, desfez qualquer hesitação: o Grêmio eternizado em minha mesa revela-se superior. É um Grêmio de glórias, repleto de conquistas, batalhador e vencedor! Um time que supera limites, transcende a lógica e faz história. É um Grêmio que sofre! Em alguns momentos também é sofrível. Mas que, mesmo assim, merece a devoção de seus torcedores fervorosos e eloquentes.

Na minha mesa estão dois livros que merecem ser lidos pelos gremistas de todos os rincões. Os não-gremistas podem se atrever também, pois estarão diante de capítulos importantes da história do futebol brasileiro. Talvez fiquem com inveja, especialmente se tiverem oportunidade de ler “120 anos de glória”, livro comemorativo escrito por Léo Gerchmann. Um convite à reflexão sobre futebol, arte e Brasil se apresenta em “Onde o Grêmio estiver”, de João Campos Lima.

Minha sugestão é que você os compre agora, os dois. Desfrute da boa escrita de meus colegas de profissão e de torcida: Léo e João são jornalistas e gremistas apaixonados. Refletem essas duas baitas qualidades nos textos que me encantam neste feriado de Carnaval. Uma delícia de leitura que suaviza a amargura de um jogo tão insípido quanto o presenciado.

Em “120 anos de glória”, coube a Léo Gerchmann esbanjar o talento de um camisa 10, essencialmente ausente nos gramados atuais, para tecer de forma épica a história do Grêmio, tendo os 40 anos do título mundial como inspiração. O caminho que escolheu para nos entregar essa obra literária, ao escrever de forma não linear e entrelaçando fatos e paixões, é daqueles que só os craques da caneta são capazes. Faz um livro-arte com ilustrações de momentos incríveis e outros pouco conhecidos, imagens antigas e históricas, e textos que nos ajudam a explicar o amor que temos pelo clube. Léo transcende as quatro linhas utilizando esta chance singular para reiterar seu maior engajamento em favor do Grêmio: a confirmação da pluralidade do Clube de Todos. Uma luta que hoje se expressou na camisa 0 de Villasanti, em alusão à campanha “Zero Assédio”, focada na prevenção da violência contra as mulheres.

Em “Onde o Grêmio estiver”, João Campos Lima vestiu a camisa 5, que representa a coragem, a garra, o futebol sem medo, capaz de superar qualquer adversidade, protagonizado por Vitor Hugo, China, Dinho e Luis Carlos Goiano. Destemido, aceitou o desafio imposto por amigos de WhatsApp e arquibancada e se transformou em cronista do Grêmio na série B. Não a da Batalha dos Aflitos, que ele assistiu na casa de um vizinho quando era guri de calças curtas. A de 2022, sem graça nem glamour. De jogos duros de roer, time limitado, técnicos trocados e futebol claudicante. Tarefa árdua esta assumida pelo autor. Ao fim e ao cabo, sua audácia nos premiou com textos que, ao lado do desempenho do Grêmio em campo e nos bastidores, costuram fatos que marcaram o cotidiano de todos os brasileiros, destaques da arte e da cultura, e, sim, um paralelo muito bem traçado com a histórica jornada de 2005. Inclusive com coincidências que não reproduzo aqui para atiçar sua curiosidade.

Num e noutro livro, encontraremos as diversas nuances do nosso Grêmio, algumas históricas e outras apenas passageiras. Todas escritas com paixão, apuro e criatividade — qualidades que estiveram ausentes do Grêmio que se apresentou na minha televisão, neste sábado.  

Avalanche Tricolor: de pé em pé e evoluindo

Grêmio 2×0 Novo Hamburgo

Gaúcho – Arena do Grêmio, Porto Alegre/RS

Comemoração do primeiro gol em foto de Lucas Uebel/Grêmio FBPA

De pé em pé e com paciência até as redes. Foi essa a estratégia do Grêmio para somar mais uma vitória na sua jornada recém-iniciada de 2024. Se no primeiro tempo, a bola teimosamente negou-se a entrar, no segundo, toques de talento e trocas de passes bem feitas forjaram o resultado, na Arena.

Desde o início do jogo percebeu-se um Grêmio mais à vontade no gramado, apesar da desconfiança que ainda existe por parte do torcedor.  Havia uma dinâmica diferente na movimentação dos jogadores se compararmos com as partidas anteriores. A bola rodava com mais velocidade a despeito da retranca montada pelo adversário.

Boa parte da evolução passa pelos pés de Pepê que já havia se destacado nos jogos anteriores desta temporada. Hoje, foi sua melhor atuação, jogando um pouco mais à frente, conduzindo a bola colada no pé, driblando a forte marcação, distribuindo o jogo, aparecendo para facilitar a vida dos companheiros e arriscando bons chutes de fora da área.

Foi André Henrique quem conseguiu furar o bloqueio com um belíssimo gol, logo no início do segundo tempo. Recebeu passe de João Pedro dentro da área. Puxou com a esquerda e de três dedos bateu com a direita, tirando do alcance do goleiro. Golaço!

A vitória se realizou com a cobrança de pênalti de JP Galvão e a demonstração de apoio de todo o grupo de jogadores ao atacante que tem a cruel tarefa de ocupar o espaço de Luis Suarez. O lance da penalidade já havia sido mérito dele que serviu a bola para Nathan Fernandes entrar na área, por trás dos marcadores, e sofrer a falta (queira o santo protetor de todos os jogadores que a lesão sentida por Nathan seja leve). JP, vaiado até mesmo antes de a partida começar, saiu de campo sob o aplauso do torcedor. 

O Grêmio termina mais uma rodada do Campeonato Gaúcho na certeza da liderança, engata sua quinta vitória consecutiva, marcou dez gols e tomou apenas três. Sem querer iludir o caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche, entendo que o futebol jogado nesta terça-feira à noite deu sinais de melhoras. Melhor assim!

Avalanche Tricolor: estávamos precisando de boas notícias

Avenida 0x1 Grêmio

Gaúcho – Estádio dos Eucaliptos, Santa Cruz/RS

Nathan Fernandes no caminho do gol em foto de Everton Silveira | Grêmio FBPA

Começamos a partida desta noite de sábado em busca de boas notícias. Havia uma certa agonia do torcedor na arquibancada – e no meu sofá de casa, também. Primeiro porque entramos em campo precisando de um bom resultado para manter a liderança da competição, perdida parcialmente no meio da tarde. 

Pior ainda era saber que iríamos ao jogo sem o principal jogador neste começo de temporada. Soteldo, recém-chegado e já admirado pelo torcedor, foi o primeiro grande revés do ano. Não bastava a falta de notícias sobre reforços para posições essenciais, ainda tivemos de amargar essa perda, por grave lesão, por ao menos todo Campeonato Gaúcho.

O paradoxo é que diante do que assistimos em Santa Cruz, o alento surgiu exatamente na posição do baixinho. 

Nathan Fernandes que vem sendo aproveitado aos poucos saiu como titular e pelo lado esquerdo. Depois de algumas tentativas de ataque frustradas, tivemos a parada técnica devido ao forte calor. E Nathan parece ter entendido o recado que veio da resenha ao lado do gramado. Na primeira bola que lhe chegou, foi vertical, usou da velocidade para escapar da marcação e do talento para conduzir a bola. Bateu de fora da área e longe do alcance do goleiro. Marcou o primeiro gol dele no Gaúcho e o segundo como profissional do Grêmio. 

No segundo tempo, Nathan foi substituído por Lucas Besozzi, o garoto argentino que chegou no ano passado e teve seu potencial limitado pela timidez. Desta vez, porém, atreveu-se a driblar. Atrevimento recompensando. Fez ótimas jogadas, deixou o marcador para trás em todas suas tentativas, driblou com categoria, meteu a bola no meio das pernas do adversário, cruzou para seus companheiros e protagonizou um chute que só não teve nota 10 porque o goleiro fez excelente intervenção. 

Nathan Fernandes, às vésperas de completar 19 anos, e Lucas Besozzi, recém completados 21, foram as duas boas notícias do Grêmio. Suficientes para nos manter como líderes do Campeonato Gaúcho.