A mágica da validação

Dra. Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Criado pelo Dall-E

Precisar ser visto, considerado, acolhido – sim, a palavra é ‘precisar’, porque isso é uma biológica necessidade humana.

Especialmente quando não estamos nos sentindo bem – tristes, ansiosos, com raiva, perceber que a outra pessoa está notando nosso sofrimento e se sensibilizando com nossa situação nos dá uma sensação de segurança e respeito. E essa é a base para que possamos voltar ao nosso equilíbrio emocional e mental e encontrar forças para levantar e seguir em frente.

O cenário contrário faz um estrago – perceber que o outro não nota nossa dor, não leva em consideração “nosso lado na história”, gera revolta, preocupação, um incômodo intenso. Fugir dali, se esconder, partir pra cima e brigar, falar poucas e boas… tudo isso passa pela cabeça quando uma pessoa se sente invalidada. Em resumo, a invalidação é uma arma que causa profundos machucados e gera reações muito ruins nas pessoas.

Com esta dualidade exposta, te convido a refletir: você já foi invalidado? Se sim, como se sentiu? Uma outra reflexão, essa mais desafiadora: você já invalidou alguém? Já reparou se é uma pessoa que faz isso com outras… se é raro ou frequente…?

A mágica da validação é a essência do entendimento entre as pessoas, da solução de problemas, da sensação de segurança e bem-estar. A mágica da validação sustenta a ajuda mútua entre os seres humanos e, vamos combinar… ajuda mútua facilita tudo!

Vamos começar a treinar essa mágica? Pessoas validantes servem de porto-seguro e de exemplo para outras – é um clássico “ganha-ganha”!

Vamos validar e, assim, fluir e viver mais leve!


A Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve a convite do Blog do Mílton Jung.

O poder de um passo

Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Imagem criada no Dall-E

“Um passo…”

… pode mudar tudo.

Te assusta? Te incentiva? Como isso ressoa em você?

“Um passo pode mudar tudo.”

Se esse ‘tudo’ for bom – se o lugar onde você está agora te agrada muito – essa frase gera muito medo: de perder algo precioso e não encontrar nada que seja melhor que isso que já se tem.

Se esse ‘tudo’ for ruim – se o lugar onde você está é frio ou doloroso – essa frase gera esperança: de conquistar uma experiência de mais luz, colorido, satisfação!

A angústia de dar um passo é a angústia da decisão – nossa, como é desafiador. A mente fica num vai e vem: “E se der errado? E se eu sentir falta de tal coisa? Se eu perder tal pessoa? Mas eu quero tanto conseguir aquilo… vai que dá?! Mas… e se não der?!”

Decisão – um passo, dois passos, caminhar… é assim que a vida acontece, não é?! Existe vida sem movimento? Existem novos acontecimentos, novas oportunidades, novas sensações e conquistas… sem dar um passo, sem sair do lugar onde se está?!

Água estagnada apodrece, corpo parado adoece, vida sem movimento… é vida morta.

Assusta, incentiva… e dá medo e dá desejo…

“Um passo pode mudar tudo.”

Te desejo passos, mudanças.

Te desejo vida viva!

A Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve a convite do Blog do Mílton Jung.

Uma hora a gente cai

Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Foto de Josh Hild

Mal chegamos no mundo, já temos uma queda: a casa quentinha no útero da mãe dá lugar a um espaço barulhento, meio quente e meio frio, cheio de luz que irrita olhos que antes não precisavam fazer o esforço de ver…

Tudo parece fluir bem, mas uma hora a gente cai. Uma discussão no casamento, um problema no trabalho, uma dívida financeira… Um exame médico que dá um resultado suspeito, um acontecimento não planejado que muda o rumo do futuro…

Cair é inevitável.

Não, não quer dizer que temos que gostar. Aliás, ninguém “tem que” nada.

Essa constatação serve pra nos trazer pra realidade da vida e, a partir dela, decidir como viver.

O que fazer com os momentos de queda?

Dá pra chorar, gritar, se esconder.

Dá pra tirar um tempo pra pensar.

Dá pra fechar os olhos e se imaginar mudando de planeta.

Só quero que se lembre que não está sozinho.

Só quero que, nessas horas, olhe para os lados e perceba: mais cedo ou mais tarde, você verá todos que conhece caírem (e, por aí, quem você não conhece também estará indo ao chão).

Só quero que você sinta que, apesar das quedas, há momentos em que estamos em pé, caminhando, podendo apreciar o vento fresco no rosto, a luz do Sol, as belezas do mundo.

É… uma hora a gente cai.

E, ainda bem, outras horas a gente está em pé e podendo saborear momentos felizes.

Te desejo esperança na sua capacidade de se erguer, de se reerguer e de seguir em frente!

A Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve a convite do Blog do Mílton Jung.

O crime contra a autoestima

Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Foto de luna visceral

Você comete esse crime?

Vou fazer.

Vou falar.

Vou resolver.

Não fiz.

Não falei.

Não resolvi.

A preguiça e a inércia venceram.

É mesmo difícil de resistir. Descansar é mais fácil, não arriscar é mais “seguro”, evitar o conflito dá menos medo.

Mas um padrão de desânimo com a vida e de desconfiança em si mesmo contamina por completo quando isso vira a regra dos seus dias – prometer e não cumprir.

Quando você promete algo a si mesmo e não cumpre, está executando um crime – o assassinato da sua autoestima.

O seu compromisso não é de obedecer às outras pessoas – é de honrar a si mesmo; você é seu próprio chefe e, se fizer o que precisa ser feito, o lucro é seu!

Ter a disciplina de ao menos tentar concluir suas metas e seus objetivos é o que construirá seu sentimento de que você é capaz e confiável, uma pessoa digna de admiração.

Escolha se tratar com o respeito que deseja que os outros te tratem.

Não mate seu amor próprio.

Faça, fale, resolva.

Alimente e fortaleça, todos os dias, em cada tarefa realizada, o orgulho de ser quem você é.

Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve a convite do Blog do Mílton Jung.

A vida acontece é na realidade

Por Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Foto de Mariana Montrazi

Como conhecer alguém?

Alguém pergunta: quem é você?

A resposta habitual: nome, profissão, idade…

Pronto – conhecemos alguém. Conhecemos?

O que é conhecer uma pessoa? Como sabemos quem, realmente, ela é?

Cada um de nós tem conceitos sobre si mesmo – “Sou atencioso”; “Sou irritado”; “Gosto de rotina”; “Trânsito me tira do sério”; “Sou um amigo leal”… Ao longo da vida, vamos formando ideias sobre como somos e, dessa forma, nos apresentamos para as pessoas, falamos de nós mesmo para elas.

E entre falar e agir… você vê diferenças?

Posso falar que sou atencioso, mas na rotina, esquecer dos compromissos ou não lembrar de perguntar como meu familiar está. Posso dizer que sou irritado, mas ter bastante paciência com uma situação difícil no trabalho que vem acontecendo há anos…

Na verdade, conhecemos um ser humano (inclusive, nós mesmos) quando ele age. É observando cada atitude diária – nas relações com as pessoas (as fáceis e as difíceis), nas situações de conflito e de imprevisto, nos momentos de alegria e de dor – que a essência se manifesta.

Palavras são leves, soltas, manipuláveis…

Comportamentos são concretos, visíveis, fatos da realidade.

Portanto, para conhecer alguém, precisamos observar. Em silêncio, repare. Perceba as atitudes, a forma como reage às consequências de suas atitudes, as escolhas que faz perante os desafios da vida.

E observe por um tempo. Para conhecer, é necessário olhar atento, paciência e perseverança na observação.

Não se iluda nem se engane com palavras, rótulos e conceitos. Queira, verdadeiramente, conhecer – a si mesmo e aos outros.

Nós lidamos com pessoas reais. Precisamos saber com quem estamos lidando.

E você? Sabe quem é você? Sabe quem são as pessoas à sua volta?

Observe. Conheça. Saia da ilusão.

A vida acontece é na realidade.

A Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve a convite do Blog do Mílton Jung

A insuportável intensidade

Por Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Ilutração criada por Dall-E

Muita alegria, muita energia, muito prazer.

Muita tristeza, muita raiva, muita dor.

Tudo que é intenso… machuca.

O cérebro não suporta o “muito” por longos períodos ou com muita frequência.

Independentemente se o sentimento é positivo ou negativo, o “muito” cansa os neurônios, mata sinapses, fadiga o cérebro.

Comece a treinar a satisfação na temperança.

Moderação, tendência ao equilíbrio…

Percebeu os excessos?

Pondere. Puxe de volta para o centro e encontre a alegria de estar na sobriedade e no desapego.

Quem comanda é você. Não são as emoções que te dominam – é você que decide como agir.

Mostre quem manda. Ponha ordem na casa. Eduque seu cérebro como se educa uma criança que não tem limites, que vive tudo no “muito”.

Qual a recompensa?

Felicidade. Aquela sensação duradoura de um bem-estar que ninguém te rouba…

A intensidade é insuportável – não se sustenta.

Queira a felicidade.

E a felicidade mora na serenidade.

A Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve a convite do Blog do Mílton Jung

A prepotência humana

Por Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Ilustração produzida pelo Dall-E 2

Queremos comer açúcar e não inflamar nosso corpo nem engordar.

Queremos usar celular o tempo todo e não ter ansiedade.

Queremos estimular o cérebro até tarde da noite e dormir bem.

Esses são só alguns exemplos da nossa prepotência enquanto espécie humana.

Nós nos julgamos muito inteligentes, espertos, tecnológicos, avançados… e ficamos brigando com quem manda – a natureza.

Epidemias, catástrofes naturais, a parte sombria do ser humano que leva a ofensas, fome, guerras… isso tudo prova que quem manda não somos nós – “os grandes pensadores”, “a espécie especial”.

Temos sim algum poder de escolha das nossas atitudes; no entanto, a lei de causa e efeito é certeira e nos obrigará a sentir e viver as consequências de cada ato realizado.

E, para além do que nossa razão é capaz de compreender, existem fatores que não têm “explicação”, são “injustos”, mas ocorrem mesmo assim.

Então, perante essa clara realidade…

Até quando?

Até quando vamos nos desencaixar do que a natureza desenhou pra gente, insistir em fazer coisas fora do adequado e esperar um resultado “nada menos que perfeito”?

Coerência. Falta muito, pra nós, humanos dos tempos de hoje (talvez tenha faltado desde sempre). Não há colheita boa sem plantio de boas sementes, sem cuidado no cultivo, sem obedecer às leis universais.

Eu faço essa reflexão aqui dentro de mim e me pego nessa prepotência diversas vezes – faço um esforço (já que não é nada natural nem prazeroso) pra me corrigir.

Te convido a trabalhar a coerência, se encaixar no fluxo da natureza, agir de acordo com os resultados que deseja obter… Te convido a ser verdadeiramente esperto e estratégico ao caminhar pela vida e, assim, ser verdadeiramente dono de si e feliz.

A Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreva a convite do Blog do Mílton Jung

Com que cara?

Por Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Foto de Darya Sannikova

Com que cara você vai dizer para o seu chefe que está insatisfeito com sua falta de autonomia e que pode fazer diferente e melhor?

Com que cara você vai contar para seu parceiro ou parceira que não gosta quando ele/ela faz silêncio e não te conta o que está acontecendo?

Com que cara você vai assumir para todo mundo que quer mudar não só de emprego, mas desistir de tudo e recomeçar em outra carreira?

O que dirão sobre você? Pensarão que você é ingrato, só reclama, está louco!?!

Olhe no espelho.

Você tem rugas, manchas na pele… tem seu olhar carregado de dores, angústias e histórias.

Essa é sua cara.

É com ela que você tomará as atitudes que precisa pra fazer sua vida melhorar.

É com ela que você vai descobrir o que quer e falar o que tiver que falar pra fazer acontecer.

Porque é você quem acorda e dorme com seus sofrimentos e suas batalhas. É você quem sente os medos e a tristeza de estar vivendo uma situação que te incomoda. É você quem não pode fugir disso tudo, porque isso tudo te pertence.

Então, vai com a sua cara, assume suas vontades e fala, faz, movimenta.

Os outros podem criticar ou não entender.

Deixa eles com o mundo deles.

Cuida de você.

E, então, já imagina aqui comigo:

Com que cara você irá comemorar seu sucesso e suas conquistas?

(Saboreie!)

Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia.

O peso do que não existe

Por Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Carregar o que não é verdadeiro… pesa.

Dizer que adora rock, quando se gosta é de pop.

Usar roupas coladas no corpo, quando se gosta é de moletom.

Comer salmão, quando se gosta é de frango frito e linguiça calabresa.

O que não existe é chato de manter – as aparências podem até reluzir, mas são ocas e pesadas, te deixam vazio e te inundam de angústia… Nunca está bom o suficiente!

O que não é seu, mas você se propõe a carregar e expor na sua vitrine, te rouba horas e dias preciosos de vida. É tanta preocupação e esforço para manter… que cansa. Vida chata. Quando isso vai acabar mesmo?

Pode acabar agora.

Olha aí dentro e me diz: o que realmente é seu?

Quais ideias você que pensou? Quais gostos foi você que descobriu que tem? Quais sonhos e ambições fazem seu coração se encher de alegria?

Pronto – isso existe. Tudo isso é seu e, portanto, é mais leve. Não existe esforço em construir e manter – existe entusiasmo, persistência, coragem… verdade pura que te move para frente e pra cima!

Esquece o que não existe, para de carregar peso que não é seu.

Para de carregar o peso da aparência.

Viva o que, realmente, existe em você – viva feliz e leve.

Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve este artigo a convite do jornalista Mílton Jung.

Fora-da-Lei

Dra. Nina Ferreira

@psiquiatrialeve

Photo by Andre Furtado on Pexels.com

Quer conhecer o verdadeiro caminho da sua felicidade?

Seja Fora-da-Lei. Corra das Leis Sociais.

“Tem que tirar carteira de motorista aos 18”;

“Tem que ter casa própria”;

“Tem que casar e viajar de lua de mel”;

“Tem que ter o primeiro filho antes dos 30, e engatar o segundo logo – porque não é bom ter um filho só”;

“Tem que subir de cargo na empresa”;

“Tem que juntar dinheiro pra aposentadoria”;

“Tem que viajar 1 vez por ano porque isso é curtir a vida”…

Nossa, quanta lei, quanta regra! Quando isso acaba???

A resposta é: nunca.

A sociedade humana adora criar ideias do que é certo e errado e todo mundo se sente pressionado a seguir porque… “Vai que me criticam? O que vão falar de mim? E se todo mundo me odiar e me abandonar?”

Entre na onda das Leis Sociais e pronto – sua felicidade acabou.

Tem como ser feliz fazendo coisas que você nem sabe se gosta nem sabe se vai conseguir e se sente pressionado o tempo todo pra fazer? Quem consegue ser feliz assim?

Seja Fora-da-Lei.

Dirija carros ou não; compre uma casa ou não; tenha filhos ou não…

Antes de fazer qualquer coisa, pare e pense: “Por que vou fazer isso? O que vou ganhar? Vale a pena o esforço, a dedicação, o tempo de vida?”

Quebre as Leis Sociais.

Crie suas próprias Leis.

Eu, do alto do poder sobre minha própria vida, determino que minhas Leis são: … (preencha como quiser, como gostar, como fizer sentido pra você – use sua liberdade)”

Seja Fora-da-Lei.

Seja Dentro-das-Suas-Leis.

Seja, verdadeiramente, você;

seja, verdadeiramente, feliz

Dra. Nina Ferreira (@psiquiatrialeve) é médica psiquiatra, especialista em terapia do esquema, neurociências e neuropsicologia. Escreve este artigo a convite do jornalista Mílton Jung