Inspeção veicular: Mais uma promessa não cumprida

Os mais de seis milhões de veículos da cidade de São Paulo serão obrigados a passar por inspeção com o objetivo de combater a poluição do ar, em 2009. A promessa feita durante a campanha eleitoral pelo então candidato Gilberto Kassab tinha como objetivo mostrar a preocupação da administração dele com a qualidade de vida do cidadão paulistano. Usou o argumento em entrevista ao CBN São Paulo quando foi questionado pelo fato de o programa estar atendendo apenas os carros movidos a diesel. Repetiu a afirmação em várias sabatinas que participou.

Pouco mais de um mês após reeleito, Kassab decide cortar em quase 60% o número de carros que teriam de passar pela inspeção, em 2009. Ficarão de fora todos os veículos movidos a gasolina, álcool e gás fabricados antes de 2003 – a propósito, os que usam tecnologias mais antigas e, portanto, com maior potencial de poluição.

A justificativa da prefeitura para que a promessa de campanha fique adiada para 2010 é a dificuldade de ampliação dos centros de atendimento previstos no programa. Apenas 16 dos 33 necessários estarão concluídos até o ano que vem. A baixa adesão dos proprietários de veículos a diesel, no primeiro ano de implantação da inspeção veicular, também foi levada em consideração, disse o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge.

Nesta segunda-feira, vamos falar sobre esta decisão da prefeitura de São Paulo e as suas consequências na cidade. Um dos fatos que chamam a atenção é o critério de incluir no programa os carros mais modernos em detrimento dos maiores poluidores. Outra questão interessante é saber qual a responsabilidade da empresa contratada pela prefeitura para prestar este serviço ao não entregar os centros de inspeção previstos em contrato.

O jornal Folha de São Paulo, nesse domingo, lembrou que com o adiamento a prefeitura economizará em torno de 55% dos R$ 317 mi que pretendia investir na inspeção, já que o município é que arcará com o custo de R$ 52,73 por carro que passar nos centros de atendimento. Um corte que provavelmente ajudará na tarefa de contenção de despesas anunciada pelo prefeito ao mesmo jornal (leia AQUI) para adaptar o Orçamento a provável queda de arrecadação provocada pela crise na economia internacional.

A prefeitura poderia incluir neste cálculo o custo dos cofres públicos com a morte de 12 a 14 pessoas por dia devido a poluição no ar, cuja maior parte é causada pelos veículos. Talvez a conta não foi assim tão favorável aos cofres públicos.

A propósito: o corte no Orçamento de mais de R$ 1,9 milhão também vai na contra-mão do que prometeu o prefeito Gilberto Kassab durante a eleição. Ele garantiu que não haveria necessidade de revisão da proposta que havia sido encaminhada à Câmara Municipal pois esta já levava em consideração os efeitos da crise.

2 comentários sobre “Inspeção veicular: Mais uma promessa não cumprida

  1. Economiza na inspeção e gasta com saúde.
    Por isso os hospitais e postos permanecem cheios nesta época do ano.
    Se o secretário ou o Prefeito tivessem filhos com problemas respiratórios causados por alergias a poluição talvez entendessem a extensão do problema.

    São Paulo continua não contribuindo para a diminuição da poluição.

  2. Na entrevista concedida a você pelo responsável pela Controlar, eu entendi que a razão do corte aos veículos anteriores a 2003 é a seguinte:
    Os níveis de poluentes permitidos até 2003 eram muito elevados, e portanto, a quantidade de veículos reprovados seria muito pequena, ao passo que nos veículos posteriores a 2003, qualquer alteração ou falta de manutenção adequada pode ser causa de reprovação.

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