Avalanche Tricolor: O chamado futebol na TV

torcida no telhado

Nóia 1 x 5 Grêmio

Novo Hamburgo – Gaúcho

O estádio é novo e o time da casa, o Novo Hamburgo, investiu pouco mais de R$ 5 milhões. Disseram na televisão que vão gastar mais R$ 2 milhões. Não no gramado que já estaria pronto. Pronto mesmo. Grama rala, buraco a atrapalhar as jogadas, a impedir que o atacante de um chute certeiro, que faz o goleiro saltar com a sensação de que a bola sofrerá um desvio a qualquer momento.

Quando a televisão mostrou o banco dos reservas, me lembrei daqueles usados nos tempos do basquete jogado na pracinha. De madeira, comprido, sem encosto, desconfortável, dando ainda mais vontade de ouvir o técnico tocar seu ombro e dizer: “entra lá !”.

As arquibancadas são poucas, baixas. Diria desconfortáveis, mas não estava lá para verificar e  já usei este adjetivo no parágrafo acima. A posição para as câmeras de TV também não ajuda. Quando os jogadores correm na lateral do campo, diante das cabines de imprensa e onde, imagino, fiquem os sócios do time da casa, eles se confundem com o alambrado e os torcedores. O futebol fica em segundo plano.

Quando apareceram torcedores em pé ou sentados em suas bicicletas a beira de um barranco ao redor do estádio, lembrei de algumas imagens que estão no Museu do Futebol, em São Paulo. São registros do início do século passado quando os trabalhadores não tinham direito a entrar no estádio, reservado a elite brasileira. Mas estamos no século 21 e na última semana autoridades da Fifa visitaram Porto Alegre e mais capitais para escolher quais serão sede dos jogos da Copa do Mundo.

Hilário foi ver a turma que subiu no telhado ou ficou na escada dependurado para ver a partida pelo Campeonato Gaúcho sem precisar pagar, conforme foto reproduzida da televisão.

Pior mesmo foi comigo. Estava no sofá, com ventilador ligado, tomando sorvete devido ao calor na tarde deste domingo, em São Paulo, e obrigado a assistir à mais uma goleada do Imortal Tricolor no Campeonato Gaúcho através do péssimo serviço pay-per-view oferecido aos torcedores. Oferecido, não. Comprado.

A imagem é ruim, sem definição, incomparavelmente pior do que a que assistimos na TV aberta quando a transmissão é pela Globo, no Rio ou em São Paulo. A arte com a escalação dos times parece desfocada (não, minha TV é nova, tela plana, de plasma).

Há repetição desnecessária de lances, quando não erradas. Fizeram questão que eu revisse um lance na lateral no qual Souza se desvencilhou do marcador mas jogou a bola pela lateral. Emocionante. Se enganaram até mesmo no melhor ângulo para mostrar a placa eletrônica com o tempo extra de jogo. Aliás, por que precisam mostrar esta placa se a informação já está nos caracteres embaixo do cronômetro digital da tela e é reproduzida pelo locutor.

Da narração prefiro me calar. Já estive nesta posição por dois anos na Rede TV!. Sem contar que o narrador da partida deste domingo é meu ex-colega. Um dia reservarei espaço para falar das muitas implicâncias que tenho em relação aos narradores de futebol de televisão. Não será desta vez. Mas gostaria apenas que todos, todos mesmo, abandonassem de vez o diabo da expressão “chamado”.

Hoje, por exemplo, o Grêmio fez o chamado placar elástico, um dos gols foi marcado no chamado penâlti e se defendeu com o chamado zagueiro definitivo. Menos mal que com tudo isso, o Grêmio é o chamado líder do Campeonato Gaúcho e eu continuo a chamá-lo de Imortal Tricolor.

Obs: ‘Nóia” é o apelido do chamado Novo Hamburgo

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