É proibido brincar na USP. E a pena aos atrevidos, a exclusão.
Foi o que aconteceu com o físico Everton Zanella e sua participação na rede social Stoa, espaço virtual criado pela Coordenadoria de Tecnologia da Informação da USP, “para promover oportunidades de discussão e debate”. O ex-aluno de 28 anos acreditou na proposta e imaginou que bom humor e liberdade de expressão fossem marcas da internet.
No dia 1º de abril postou a notícia com o título “Governo avalia planos de privatização da USP em reunião com reitora”. Usou de recurso comum inclusive em grandes veículos de comunicação para marcar o Dia da Mentira. A reitoria da USP ameaçou processar o pessoal do CTI, responsável pelo Stoa. Exigiu pedido de desculpas, o que foi feito. Pelo próprio Everton (leia aqui).
Alguns dias depois, um post publicado no blog de Everton, no Stoa, em 2008, foi base de reportagem do UOL Educação. Ele havia promovido, na época, um bolão virtual para premiar quem acertasse a data de início da greve na universidade. “É uma forma de criticar mantendo o humor”, disse à repórter Simone Harnik.
A conta de Everton foi excluída do Stoa, do qual era um dos principais colaboradores, e todo o material postado por ele, apagado.
Deletado mas não esquecido. O serviço chegou ficar fora do ar sob a justificativa de estar “em manutenção” quando o correto teria sido dizer “em avaliação”. O acesso já é possível, o entusiasmo não é o mesmo pelo que se percebe nos comentários gerados a partir da expulsão de Everton Zanella.
Tom, como se identifica na rede, era um dos incentivadores do Stoa e dos mais atuantes. Foi quem desenvolveu o wikisite do Adote um Vereador. E com sua experiência em sites colaborativos nos ajudou a dar base para o projeto que congrega informações na internet.
Conheci o trabalho e o entusiasmo dele antes de ser apresentado pessoalmente. Aliás, isto ocorreu apenas em janeiro, durante minha palestra na Campus Party 2009, na qual Everton explicou o funcionamento do wikisite.
De todo o episódio, faço uma ressalva ao comportamento dele: desnecessário o pedido de desculpas. O fez em respeito aos organizadores do Stoa, mas não precisava.
Ao brincar com o Dia da Mentira ou ironizar a intranquilidade que havia dentro da USP, estava no seu direito. Verdade que se expôs como todos que arriscam ao assumirem atitudes publicamente. Poderia ter sido criticado pelos demais participantes, teria de se justificar, contrapor ou concordar, talvez.
O episódio é um exemplo de que se os softwares que permitem a criação de espaços como o Stoa são livres e de códigos abertos, as mentes ainda não o são.
Em tempo 1: provocado por pergunta de ouvinte-internauta enviada ao CBN SP, explico que Everton é ex-aluno da USP e, portanto, não foi expulso da universidade, mas do Stoa, serviço aberto a comunidade uspiana que inclui aqueles que lá se formaram.
Em tempo 2: acesse a reportagem “Rede Stoa não atende ideia de plataforma virtual livre” publicada no Jornal do Campus e sugerida pelo ouvinte-internauta Renato Rostá
Sou suspeito para dar minha opinião e não me importo em opinar sobre isso.
Conheci o Tom no 1º Encontro do Adote um Vereador, somos integrantes do mesmo projeto e trabalhamos voluntariamente em prol da cidade de São Paulo e da cidadania.
Ele é um cara inteligente, amigo, participativo, coerente e graças à Deus tem senso de humor.
Como já discutimos aqui mesmo no blog em outras oportunidades o politicamente correto neste caso virou regra sem exceção e quer sufocar uma mente brilhante.
Me formei na FUNDECTO que fica dentro do Campus da USP, precisamente na Facudade de Odontologia e sei muito bem e não tenho medo de dizer que lá dentro a cartilha é muito rigorosa. Não quero enveredar por esse caminho pois tem gente mais competente para avaliar se é certo ou errado a administração do Campus.
Daí afastar o Tom por uma brincadeira que qualquer cidadão gosta de fazer e ri muito quando cai nela.
Qual o prejuízo que a brincadeira trouxe?
Alguém foi prejudicado?
Faça me o favor, vocês não são os donos da verdade, são verdadeiros intelectualóides arrogantes e prepotentes e não entendem nada de DEMOCRACIA.
Melhor vocês respeitarem a liberdade individual de cada um, porque senão amanhã vocês vão provar do próprio veneno.
Cláudio Vieira.
ESTOU MUITO INDIGNADO ,OFENDIDO,INSULTADO COM A APRESENTAÇAO DO PROGAMA (ZORRA TOTAL) DESTESABADO,DEVO ESCLARECER QUE A ENFERMAGEM É UMA PROFISÃO DE PROFISSIONAIS (GENTE QUE CUIDA DE GENTE DOENTE)E NAO UMA FANTASIA SEXUAL COMO FOI APRESENTADO NO PROGAMA,
FOI UM TAPA NA CARA DE UMA CATEGORIA,UM PRESENTE DA SEMANA DE ENFERMAGEM OFERECIDO PELA GLOGO
SOU ENFERMEIRO,PRESIDENTE DA COMISSAO DE ETICA DO PS LAPA.
Infelizmente, nem sempre o discurso de modernidade apresentado para a sociedade por boa parte das instituições é refletido na prática e na forma com que tratam aqueles que as compõem. Episódio infeliz, mas que não chega a surpreender.
Bom dia à equipe CBN.
Milton: da forma como você relata este incidente entre a USP e o aluno Everton, só posso constatar que é uma caracteristica da pedagogia praticada no Brasil, tomar todos as medidas antes de melhorar a educação e o diálogo.
Dão bolsas, facilitam provas, dão cotas para negros e por último confinam o individuo no manicomio ou cadeia, que são depósitos.
Será que passa pela mente dos dirigentes da USP, todos Drs.: Vamos diálogar?
E se a população resolvesse expulsar todos os políticos corruptos, a burocracia, e se eu resolvesse explusar um professor da sala porque acho que ele brinca com meu tempo?
Toda brincadeira tem um pouco de verdade! O Tom era sátiro e o que aconteceu com ele é uma grande mensagem,
que diz: Não brinque comigo, mocinho, ou será ajoelhado no milho.
Olá, Milton. Peço para que, por favor, leia e divulgue a matéria sobre o assunto que foi publicada no último Jornal do Campus da USP. Segue link: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2009/05/rede-stoa-nao-atende-ideia-de-plataforma-virtual-livre/
Prova de que mediocridade grassa até no topo da hierarquia universitária paulista. Impor respeito é fácil, conquistar e se dar ao respeito é outra história.
Seria curioso saber que tipo de lembrança ela conserva dos anos 1970 e 1980 a contar pela atitude no episódio.
Ao abordar o tema da hipocrisia, em um outro blog aqui da CBN, procurei deixar claro que enquanto somos nós, cidadãos, hipócritas, pode que sejamos considerados somente fúteis. Entretanto hipocrisia institucional e’ muito grave! Quantas mentiras nos são atiradas a diário em propaganda político partidária? E quantas vezes somos levados a pagar dobrado por serviços que já sabemos nunca nos será prestado? Acontece que pagamos, e fazemos piada das mentiras que nos dizem! Político mentiroso virou uma espécie de instituição neste país. Que tipo de atentado seria, o senado cogitar o emprego de regras e censura para a atuação da imprensa? Entretanto,se em uma rede como o Stoa isto pode acontecer qual o argumento contra, por assim dizer, autoridades que querem trazer de volta a vergonha da censura? E para as que mentem? Contra políticos que sem nenhum pudor vociferam ignorar a opinião publica?
Minha opinião, leiga, e de alguém pouco entendido de questões maiores que trabalhar, pagar as proprias contas e tentar viver com dignidade neste país:
“Estamos vivendo outra vez, tempos de exceção! Acordemos já!!” Ninguém tem mais o direito de dizer que não sabia, que não viu! Hoje entregamos um, logo será outro, e mais outro e então muitos! Quantos de nós acredita que poderá protestar quando estive sozinho?
O que ainda não se sabe é de onde veio a ordem de punir o Tom, ou quem disse ao administrador do Stoa “alguma coisa tem que ser feita com esse cidadão”. Na reportagem do Jornal do Campus, o prof. Marques, chefe do CTI, se responsabiliza por tudo e é enfático ao dizer que “quando alguém cita a Reitoria, que não estava envolvida no caso, isso é inverdade”, enquanto o prof. Ewout ter Haar, quem toma conta da rede, afirmou várias vezes que a Reitoria entrou em contato com o prof. Marques orientando-o a tomar providências com relação ao caso. Ou seja, o prof. Marques manifestou-se duas vezes e de formas contraditórias com relação a punição (arbitrária) sentenciada a Tom. Esperamos que alguém nos mostre se existe ou não desencontro de informação.
De uma forma ou de outra, a ação do CTI não seguiu qualquer carta ou legislação para julgar os textos de Tom e puni-lo.