Por Extrema, moradores fiscalizam vereadores

 

A cidade de Extrema, mineira por natureza e vizinha 100 km da capital paulista, assiste ao surgimento de um movimento cidadão que deveria ser reproduzido em outros municípios brasileiros. Um grupo de moradores incomodado com o tom da conversa da prefeitura e dos vereadores em relação ao Plano Diretor, resolveu “invadir” a Câmara Municipal e, em especial, as audiências públicas.

No fim do ano passado, criaram o GAP (Grupo de Acompanhamento Parlamentar) inspirados no Movimento Voto Consciente que atua em São Paulo.

‘Não basta apenas votar. Para termos uma política transparente e sadia, é preciso acompanhar, fiscalizar, propor e mesmo ajudar nossos vereadores, deputados e senadores, representantes legítimos da sociedade, a melhor desempenhar seu papel” – diz o texto de ‘fundação’ do Gap que pode ser lido no Blog mantido pelo grupo.

Com o Gap Extrema, os moradores passaram a ter ideia mais apurada sobre os interesses que moviam os vereadores no debate em torno do Plano Diretor. As discussões das audiências públicas são divulgadas no blog e as tentativas para evitar a interferência do cidadão nos destinos da cidade são denunciadas.

Lá é possível saber que, enquanto se debatia a forma de ocupação urbana e rural do município, a prefeitura enviou para a Câmara projeto de lei complementar criando mais duas zonas industriais. E os vereadores disseram amém a intenção do Executivo. Esqueceram de discutir com o cidadão.

O GAP não esquece.

3 comentários sobre “Por Extrema, moradores fiscalizam vereadores

  1. Milton,

    Em Extrema, não há divulgação nenhuma sobre o GAP e seu Blog. Conheço as pessoas, mas a resistência dos jornais é enorme, sejam de oposição ou de situação.

    O GAP parece que fere interesses de ambos os lados, com sua veia crítica e sua busca pela transparência e pela participação da comunidade nos processos legislativos…

    De passagem, vale lembrar que a Câmara fica em bairro distante do centro e não há transporte para quem deseja conferir a fala dos edis nas sessões de segunda-feira à noite! Bem ao estilo… Distrito Federal… Longe de tudo mas perto do Poder!

  2. Finalmente conheci Extrema nesse feriado de 07/09/2010, uma cidade encantadora, como a maioria das cidades daquela região e com um bom "Q" paulista junto a sua mineirice que só nós faz sentir ainda mais em casa.
    Gostaria de tê-la conhecido antes, pois há alguns anos meus tios moram lá e há muito passo ao lado de Extrema quando em viagem à BH – embora seja paulistano, tenho os dois pés em Minas, uai…
    Bem, fiquei extremamente feliz ao saber desse movimento popular intitulado GAP, que se inicia na cidade mineira. Nessa minha breve visita à cidade pude perceber o quanto a cidade deseja realizar sua expansão urbana, com inúmeros pontos industriais e residenciais por meio de loteamentos em áreas que até pouco tempo eram consideradas rurais (se ainda não o forem), mas pelo visto a população não está sendo consultada como deveria.
    Sem dúvida nenhuma, essa pode ser uma expansão legítima e necessária à cidade, mas de forma alguma pode ser realizada sem um debate e acompanhamento de todos os munícipes, tanto da área rural, que é muito grande, quanto da área urbana, e o GAP, nessa iniciativa, pode ajudar aos cidadãos realizarem o papel fundamental à cidadania.
    Um detalhe, conheci o rio da cidade e suas quedas, onde se pratica esportes como o Rafting, um lugar naturalmente belo no meio da cidade e que sempre esteve ali gratuitamente, infelizmente começa a entrar num estado maior de poluição, o que se percebe pelo início do mau cheiro e aparente diminuição da oxigenação da água.
    Será que esperarão matar o rio para só então terem tratamento de esgoto na cidade? Será que toda essa perspectiva de crescimento da cidade, com medidas de estímulos e eventuais renúncias fiscais, necessita de poluição de um bem tão rico como a água, a qual nunca foi apenas ornamentação, mas o bem mais rico de qualquer lugar e claramente daquela região, inclusive muito próxima ao Circuito das Águas?
    Será que a população de Extrema concorda que sua mão-de-obra, seu direito-dever de arrecadação, seus recursos naturais, sua qualidade de vida, dentre outros, sejam explorados pela especulação imobilíária industrial e residencial e o pelo poder econômico, sem antes uma discussão com os cidadãos sobre qual será a contrapartida?
    Situações como essas já se repetiram por inúmeros lugares causando estragos maiores que benefícios. Contudo, muitas das vezes que os cidadãos participaram da formulação de leis e medidas estratégicas para o desenvolvimento econômico de alguma região, o que se viu foi a sustentabilidade junto com a economia, pois deixa-se de pensar no benefício de poucos e a curto prazo, para o benefício de todos e de forma duradoura.
    GAP, meus parabéns e estejam firmes e perseverantes, pois o trabalho é árduo, mas gratificante.
    Leandro Lacerda

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