Veículos que poluem o ar poluem os ouvidos

 

Por Prof. Rodolfo Politano.
Ouvinte-internauta do CBN SP

Gostaria de alertá-lo sobre alguns pontos  importantes ligados aos efeitos da exposição tanto continuada quanto  intermitente aos níveis de ruídos que estamos submetidos nas vias mais  movimentadas da nossa cidade. E sobre quais são os principais  responsáveis pelo fato da cidade ainda ser tão barulhenta.

Lecionei mais de 10 anos a disciplina de conforto acústico e pretendo fortalecer as linhas de pesquisa em novas tecnologias para a redução  da emissão de ruídos em equipamentos e veículos. O que motiva a continuar na área que denomino “Controle das Radiações  Mecânicas” – porque as ondas sonoras nada mais são do que isso -tanto em seus malefícios, quanto seus benefícios quando usada para o conforto e entretenimento.

O Dr. Luis Fernado Correia apresentou uma brilhante matéria sobre os efeitos dos ruídos no Sistema Cardiovascular no dia 18/10 (ouça aqui). O relato apresentado por si só já é alarmante. Acrescento ainda os efeitos  documentados na literatura científica sobre o sistema digestivo, sobre a saúde emocional – lembrando que o estresse não provoca apenas efeitos cardíacos mas também a todas as doenças que possuem uma componente psicossomática, sobre a capacidade de concentração, e sobre o sistema respiratório. E claro – a perda da capacidade auditiva. Ou seja – a poluição sonora carrega tantos malefícios quanto a poluição do ar. Com  uma agravante – os geradores de poluição sonora estão nas vias públicas mas também nos interiores de estabelecimentos, de fábricas, de nossa casa. Isso quando não usamos um gerador de poluição sonora dentro de nosso ouvido – os famosos “iPods”.

Bem… o problema é grave e totalmente ignorado pelas autoridades e pela opinião pública.

E voltando à questão da inspeção veícular, venho aqui fazer um alerta que vale tanto para a sonora como a emissão gasosa dos veículos. Fiz um levantamento preliminar onde, em algumas vias movimentadas, foram feitas medidas de emissão em dB e contados os veículos, por categoria, que ultrapassam os limites estabelecidos pela legislação e encontrei uma coincidência preocupante. Sem falar em números absolutos  – mas que a observação de qualquer cidadão pode comprovar – os veículos mais ruidosos são aqueles movidos a diesel – ou seja, os que mais poluem o ar. A grande maioria dos veículos a diesel que circulam pela cidade é ônibus. Aí entra o conjunto de coincidências – primeiro, são veículos que deveriam ser fiscalizados pela Prefeitura independentemente de qualquer inspeção veicular – já que prestam um serviço publico.

Olha que coincidência: os veículos em piores condições de operação – e portanto de conforto para os passageiros – são os mais poluidores, tanto no ar quanto sonoros. Os veículos mais modernos – e mais confortáveis para os passageiros – possuem um nível de emissão sonora aceitável.

Com os caminhões a correlação entre a poluição sonora e do ar é a mesma. Uma das explicações mais óbvias (mas ignorada pelas autoridades) é a de que as condições do veículo e principalmente do motor – determinam seu comportamento mecânico – que determina a sua emissão.

Grande parte da emissão sonora do motor diesel sai pelo escapamento. Portanto se o escapamento possue um sistema de filtragem – que ocorre nos veículos “de passeio” – este colabora para a redução da emissão de ruído. O correto, para o ruído, é que o motor seja isolado do meio de maneira otimizada.

Depois dos veículos a diesel, as motos – principalmente aquelas cujo escapamento foi indevidamente alterado – são as que mais apresentam uma contagem de “irregularidade sonora”. E novamente – motos adulteradas apresentam tanto um nível de poluição sonora inaceitável – como o produto de sua combustão é mais tóxico do que a dos veículos automotores.

Para constatar minhas observações, quando estiver em uma via movimentada (e não estiver dirigindo), faça como as autoridades – feche os olhos. Preste a atenção nos veículos que mais ferem os seus ouvidos. Nos sons mais “irritantes”. Estes ruídos são absorvidos pelo seu corpo e pela sua mente. E depois as pessoas se surpreendem com o comportamento dos motoristas. Com o nível de estresse e de doenças ligadas … a viver em São Paulo.

4 comentários sobre “Veículos que poluem o ar poluem os ouvidos

  1. Além da poluição sonora gerada pelos escapamentos dos veiculos que circulam pela cidade de São Paulo, as autoridades deveriam voltar suas atenções a automoveis equipados com poderosos equipamentos de som.
    Notoriamente vemos e ouvimos motoristas que adoram aparecer com som em seus possantes no volume máximo, para completar com enormes e possantes sub ofer ensurdecedores.
    Isso acontece ainda durante as madrugadas, em frente oficinas mecanicas, em frente a bares, festas.
    Na periferia esse tipo de conduta é praxe, como numa disputa quem tem o melhor som e mais potente.

  2. Prezado Milton,
    a respeito do assunto inspeçao veicular gostaria de questionar o seguinte:
    Após tanto tempo de inspeção por que observamos tantos veículos caindo aos pedaços, sem placas, “impassáveis” em qualquer inspeção andando livremente nas ruas?

    Sobre os veículos barulhentos a pegunta é: os ônibus estão sujeitos às mesmas regras que os outros veículos. Pergunto porque os ônibus paulistanos são os mais barulhentos do mundo.

    Grato pela atenção

    ACMascaro

  3. Além de barulhentos, excesso de fumaça ainda tem atualmente a tal da luz branca que muitos motoristas usam irregulamente e que se não me engano chama-se Xenon. Tem carro que a luz étão forte que quando vem de frente, embaraça a vista. O pior é que não há fiscalização nem para fumaça, barulho e essa tal de luz xenon. Cada um usa ao seu bel prazer. A Lei de inspeção Veicular deveria ser em todo território nacional. Do contrario, vc tá com seu carro que passou na inspeção veicular e ao lado um caminhão soltando fumaça preta na sua cara que veio de uma cidade que fica a uns 3.000 km de distante de Sampa e onde a inspeção veicular não existe. Ou todos os Estados entram nessa de inspeção Veicular ou continuaremos respirando fumaça preta e carro barulhento atrapalhando a vida de todos.

  4. Bom dia,
    Sou usuário das sacolinhas plásticas, pois são realmente práticas para serem utilizadas no lixo domestico, pois caso contrário teria que desembolsar uma grana a mais para comprar os sacos de plásticos pretos. Agora me desculpe pela sinceridade, quem inventou essa aí de jornal não tem a mínima noção de limpar uma casa, pois o sumo, ou líquido de as sujeira com certeza rasgaria facilmente, quanto aos que tem dinheiro para comprar sacolas para ir ao mercado pergunto, como fazem com o lixo, compram aqueles pretos, que tb são plásticos, deve ter empregada para ficar reciclando o lixo de suas casas?! A dona de casa da classe média pra baixo, que trabalha o dia inteiro e não tem empregada, passa no mercado depois do trabalho, corre para fazer a janta e já usa a sacolinha para jogar o lixo que produziu. Vamos deixar um pouco a visão burguesa e linda de ecologia e ver que milhões de pessoas não tem condições, ou não são lhes dada, para ter a educação que poucos ficam divulgando as vezes com interesse unicamente de reduzir custos das redes varejistas, pois trabalhei durante anos nessas companhias e posso lhe dizer que as intenções são mais sobre o bolso deles do que pelo meio ambiente, assim como o controlar que está causando sérias dificuldades aos pobre da periferia e enchendo os bolsos da prefeitura e dos conveniados, pois os coitados estão gastando o que não tem para fazer motores e ninguém os avisa de que não vão passar mesmo assim. Visão de um cidadão da periferia, o que está faltando na nossa mídia imparcial.

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