Avalanche Tricolor: Reféns de nossas façanhas

Santos 0 x 0 Grêmio
Brasileiro – Vila Belmiro (SP)

Mal terminado o jogo, ouvi do comentarista de plantão que se o Grêmio quisesse a vaga da Libertadores precisaria jogar mais do que na noite deste sábado. Fui navegar e leio na capa do Terra que o “Grêmio só empata com o Santos”.

Foram motivadoras as afirmações. Consagradoras, também.

O adversário era o time sensação do ano, atuando em casa e disposto a tirar o Grêmio da Libertadores como confessou o seu técnico interino. Por mais de uma hora de partida teve um jogador a mais em campo – o goleador do Brasileiro havia sido expulso -, um pênalti corretamente marcado a seu favor e um árbitro que usou medidas diferentes para punir e, assim, agradar os da casa.

Este cenário nāo amedrontou o Grêmio que teve de redescobrir a maneira de chegar ao ataque sem o seu artilheiro, seja pelos gols que faz seja pela movimentação e atenção que exige do adversário, principalmente. Com a bola no chão, de pé em pé, algo difícil de se fazer quando há maioria do lado de lá, se aproximou do gol santista, fez o goleiro contrário se esforçar para impedir nossa vitória e jogou como se 11 vestissem sua camisa.

Lá atrás, o incrível VÍtor haveria de marcar o seu gol ao repetir contra o Santos o que fez em todo este campeonato. Ele terminará a competição com feito inédito, pois defenderá mais pênaltis do que levou.

Foram nove no Brasileiro. Como é fácil marcar pênalti contra nós, talvez seja pela admiração que os árbitros tenham de assistir ao Vítor defendendo-os. Os atacantes só tiveram sucesso em três deles.

Nosso goleiro muda a ordem natural dos fatos com este desempenho. Que ninguém mais diga que o pênalti é o martírio dos goleiros. Pênalti contra Vítor é o pesadelo dos atacantes.

Apesar de tudo isso, os críticos ainda tiveram coragem de dizer que seria preciso mais, que fizeram pouco. Mal acostumados que estão com nossos feitos, provavelmente. Parecem considerar normal que o Grêmio atue com um jogador a menos – e o seu gioleador, pois devem se lembrar que já fomos campeões com apenas sete. Parecem acreditar que pênaltis são para serem defendidos, afinal é o que Vítor mais faz.

Talvez tenham razão mesmo. Foi assim que forjamos nossa imortalidade, na intempérie, contra o destino traçado pelo adversário, tenha ele uma camisa diferente ou um apito na boca.

Somos reféns da nossa própria história. E todos estāo sempre a espera de um grande façanha.

Nós também.

Um comentário sobre “Avalanche Tricolor: Reféns de nossas façanhas

  1. Nem vou fazer comentário sobre Santos x Grêmio. Estamos acostumados a lidar com adversidades. O que escreveste é irretocável. Prefiro contar-te da gargalhada que dei,provocada por esta frase do teu texto: ”
    Como é fácil marcar pênalti contra nós, talvez seja pela admiração que os árbitros tenham de assistir ao Vítor defendendo-os. Os atacantes só tiveram sucesso em três deles”. RaRaRa.

Deixe um comentário