Convencionou-se não se divulgar notícias de suicídio no jornalismo, regra que poucas vezes está escrita em algum manual – no da CBN está, e com ressalvas – mas é seguida à risca em praticamente todas as redações. Alega-se que a informação tende a incentivar as pessoas a repetirem o ato tresloucado, mas prefiro o argumento de que o fato somente tem sentido em ser noticiado se for, realmente, notícia, ou seja, estiver dentro daquele critério subjetivo do que é notícia. Imagino, porém, que não serei condenado por nenhum colega se dedicar este post a um tipo de suicídio que ainda me parece ser novidade – um dos requisitos para ser notícia – e está longe de causar alguma desgraça eterna na vida de alguém: o Facebookcídio.
Fui surpreendido com o recado de uma amiga muito próxima de que ela pretendia “se matar” na Facebook. Pretendia, não, ela havia se matado, desaparecido, deletado seu nome da rede social que tem, calcula-se, cerca de 800 milhões de usuários na face da terra. Ligado ao nome dela deveria haver umas mil pessoas, poucas realmente amigas e conhecidas, um dos argumentos que usou para sumir do mapa do Facebook. Nem sei como se consegue fazer isto, aliás sei usar pouco esta rede criada por Mark Zuckerberg, confesso que prefiro o Twitter de Jack Dorsey e seus amigos. Sei, porém, que a ação fatal desta minha amiga já me passou pela cabeça algumas vezes, não apenas em relação ao Face – para os íntimos – mas com todas as redes sociais nas quais estou registrado, inclusive deste e dos demais blogs para os quais escrevo como contratado ou convidado. Fico imaginando quanto tempo mais teria para conversar com os amigos próximos. Ou ler mais livros durante o ano, que apesar de muitos poderiam ser bem mais. Ou assistir aos filmes recém-lançados, tenho uma lista a minha espera. Ou pesquisar com mais profundidade os temas que trato no cotidiano do jornalismo. Ou, simplesmente, não fazer nada, descansar e deixar o tempo ir embora até retomar a hora do meu expediente na rádio CBN, afinal de contas esta é a minha prioridade profissional.
Há cerca de sete meses não me deletei, apenas me despluguei no período de férias em uma experiência interessante, porém temporária. Sabia que retornaria em breve e seguiria em frente com meus relacionamentos virtuais e nossas conversas diárias. É preciso muito desprendimento para cometer o facebookcídio, o tweetcídio, o blogcídio e todos os demais suicídios digitais possíveis. Não sou capaz sequer de apagar o nome de amigos e conhecidos que morreram, tenho a impressão de que ao fazer isto estarei destruindo o que resta de nossa relação. Uma bobagem, sem dúvida, pois da vida o que levamos dos mortos são suas histórias e memórias, estas devemos guardar com carinho no coração. Minha amiga não teve nenhum receio, largou a rede e se diz feliz por não precisar responder a todas as mensagens que chegam, explicar sua ausência ou suas decisões e pensamentos. Acredita que reforçar os lanços com os amigos de verdade (aqui para ser referir aos da vida real) lhe trará maior satisfação. Não sei quantos casos como esses ocorrem no mundo e no Brasil, mas imagino serem poucos. A vaidade exacerbada pela hiperexposição que a rede nos oferece nos deixa muito mais próximos de um suicídio de fato do que da morte virtual.
Caro Milton
Concordo com você quanto ao tempo que nos toma as redes socias , até a bem pouco tempo eu não estava em nenhuma e nos meus intervalos lia um bom livro.
O que estou tentando fazer é diminuir meu tempo dedicado as redes .
O Face me ajudou a encontrar amigos de muitos anos e a divulgar notícias rapidamente , adoro as belas fotos e “dar uma espiadinha ” no que os amigos colocam.
Na minha opinião , pessoas que se destacam como você ficam sabendo dos admiradores que possuem mais facilmente , mas , esta relação de admiração , identificação e carinho vai nas vibrações do pensamento muito mais duradouras e estáveis.
Se você cometesse um facebookcidio eu iria continuar acordando ao som da sua voz e lhe desejando boas notícias em pensamento e sem dúvida isto reverbera de muitas formas.
Pessoas entusiasmadas não pensam em suicídio na vida real e quem pensa pode ser ajudado em sua solidão real ou psíquica pelos amigos virtuais . Penso que tudo é uma questão do que se procura e acessa .
Te mando esta resposta enquanto aguardo um cliente que gosta muito das redes socias e este comentário vai sair do virtual para o real.
Tive um professor de filosofia que dizia “TUDO PODE , PARA NÃO TER QUE” .
Olá Milton, sou seguidora da Malú e, por extensão te acompanho, quase sempre, quando o gremismo não é exagerado! Mas como ninguém é perfeito s um jornalista tão competente, pode ter sua paixão equivocada, rsrsrsrs… colorados , é lógico.Mas hoje teu texto está sensacional, excelente mesmo. Parabéns, abraços gaúchos Maryur Tedesco Silber
Gosto muito de seus artigos mais espontâneos. Grata, abraços, Dionnara.
Ola a todos
MSN, Orkut, Facebook, tweeter, entre outras redes sociais sinceramente procuro ficar longe.
“Essas coisas” viciam se não ficarmos atentos.
Nada contra aos que gostam, curtem e de certa forma até precisam destes meios de comunicação virtual.
Ainda prefiro email, skype para conversar com amigos distantes, prócimos, resolver problemas e assuntos profissionais, familiares.
Já trabalho com informatica na frente de pcs a semana inteira e até a noite se preciso.
Milton, acho que tudo depende do tempo que a gente gasta e como gasta com as redes socias. Eu estipulei um plano para mim: Gasto apenas 90 minutos (tempo de uma partida de futebol) para navegar pelas redes sociais. Se tenho algo mais importante para fazer às vezes acabo nem entrando. Mesmo porque eu não tenho nenhuma obrigação de entrar e responder a todos ou postar algo. Não ganho para isso. Entrei nas redes sociais para me divertir e não para tornar minha vida um tormento. Em 90 minutos vejo meus e-mais e respondo alguns, entro no face e leio e vejo o que me interessa, dou uma passagem pelo orkut e o restante do tempo dou um panorama geral nos blogs que eu curto e que vai me acrescentar algo. Eu gostei do Face porque através dele reencontrei vários amigos da minha cidade. Tem o grupo “Os Murtinhenses” (Porto Murtinho fica no Pantanal de Matogrosso do Sul) e através do Face fico sabendo das noticias que rolam por lá e vejo fotos antigas que o pessoal desse grupo publica. Isso me interessa. Porque o Jornal Nacional só vai falar da minha cidade se acontecer uma tragédia. Nesse ponto o Face me ajuda a ficar atualizado com o Povo de Porto Murtinho. Agora, saber que meu amigo da Facu ta pegando a professora nem leio. Sabendo filtrar o que se vê e o que se compartinha no Face não toma mais que 90 minutos. O Trânsito te rouba mais tempo. A televisão te rouba mais tempo. Pelo menos nas redes sociais vc deixa de ser passivo e passa a ser participativo. E da OFF no PC a hora que quiser. Por isso que sou apaixonado pelo Rádio. Hj arrumei toda minha casa ouvindo a CBN desde às 7hs até às 17hs e o serviço rendeu a beça. Não precisei ficar parado na frente de um computador ou televisão. O rádio me acompanhou pela casa toda. Sábado lavei e encerei meu carro curtindo CAminhos Alternativos. Nas redes sociais temos que nos divertir e não nos tornamos escravos. Isso vale para tudo na vida.
Estou no Face,no Orkut,no Tweeter e,talvez,em alguma outra rede social da qual nem sequer lembro o nome. Perco,porém,tanto tempo deletando spam que,se ainda ocupasse uma parte dele com as RSs,teria que desistir das minhas leituras. Essas estão sempre em primeiro lugar.Seja lá como for,não penso em cometer “redecídio”.
Tem aquela piada do fumante que diz: “Parar de fumar é fácil, eu mesmo já parei várias vezes!!!” Vamos ver quanto tempo sua amiga consegue ficar longe do Facebook! rs
Mas, voltanto à analogia com o fumante: tem ex-fumante que fuma escondido… rs