Por Julio Tannus
Queda de raio, tempestade, mau tempo…? ou Incompetência, falta de preparo técnico, terceirização de mão de obra, falta de planejamento, falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas, sistema de manutenção inadequado, falha na operação do sistema…?
Claramente o grande aumento da demanda por energia elétrica e o crescente número de interligações entre os sistemas elétricos existentes no país tornam a operação e o controle destes sistemas uma tarefa complexa. Claramente também se faz necessário um aumento nos investimentos visando melhorar o fornecimento de energia para evitar falhas ou má operação. Entretanto, nada que as tecnologias disponíveis não possam evitar os “apagões”.
Além de soluções técnicas tradicionais do tipo Sistema de Rejeição de Carga, que corresponde a algo como “impedir o efeito dominó” do sistema interligado (que desliga equipamentos ao longo da linha de transmissão em virtude de um desequilíbrio sério que põe em risco a rede e os equipamentos dos usuários nas casas), fala-se hoje em uma proposta que tem sido estudada em todo o mundo: é o de redes elétricas inteligentes, ou seja, fazer uma gestão melhor das redes para diminuir incertezas, evitar problemas de pico de tensão e falhas, com um sistema de controle ponto a ponto ao longo das redes.
Outra possibilidade é a descentralização da geração e da transmissão de energia elétrica para evitar novos apagões generalizados, como o que deixou 18 estados às escuras na terça-feira, 10/11/09. Assim, uma alternativa seria investir em pequenas e médias empresas capazes de produzir regionalmente energia alternativa como a biomassa, aeólica (dos ventos), e de outros recursos naturais. Mesmo que essa energia esteja ligada ao atual sistema de transmissão interligado, esses pólos geradores seriam capazes de assumir sozinho o abastecimento de uma determinada região, evitando um apagão geral.
Outro ponto que pode ser considerado como fundamental para explicar o apagão é a falta de gestão pública. Em tese o sistema interligado de transmissão é extremamente positivo, mas é preciso planejar, construir e operar adequadamente. É preciso saber se quem está operando o nosso sistema sabe o que está fazendo. Ou seja, é preciso saber se não está existindo um problema de gestão. Mesmo admitindo que acidentes possam ocorrer, o sistema é projetado para perder um dos equipamentos e seguir funcionando sem causar o efeito dominó. Dessa forma, jamais deveríamos ter um apagão como o de 10/11/09.
Julio Tannus é consultor em Estudos e Pesquisa Aplicada e co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier). Às terças-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung
Sem apagão, mas com os “apaguinhos” locais. Existem bairros em SP que nas primeiras pancadas de chuva aparecem os cortes de energia.
Carlos Magno, mesmo os “apaguinhos” refletem a falta de planejamento no sistema de distribuicao de energia. Muitas vezes causados pela falta de poda de arvores, entre outras causas.