Mundo Corporativo: Luiz Meyer, diretor de ESG, fala do desafio de cumprir os 16 compromissos públicos assumidos pelo Boticário

Com reciclagem, grupo quer impactar 1 milhão de pessoas (photo by Magda Ehlers on Pexels.com)

“Na velocidade que o mundo hoje avança o grande desafio também é manter esses compromissos atualizados; trazer uma grande governança para esses compromissos de forma que as mudanças da sociedade também possam estar refletidas dentro daquilo que a gente acredita”

Luiz Meyer, Grupo Boticário

“Está no DNA”. Clichê puro no discurso corporativo. Mas vou pedir licença para usá-lo porque me parece que cabe bem no assunto que vamos conversar agora? Sei que empresas não são seres vivos, mas têm nas suas estruturas elementos responsáveis pela transmissão de todas as suas características. No caso do Boticário, a relação com o meio ambiente é um desses elementos. Nem havíamos deparado com a ECO92 no Rio, marco do debate ambientalista, e a empresa que nasceu como uma pequena farmácia de manipulação no centro de Curitiba, capital paranaense, em 1977, já estava debatendo o impacto que gerava no meio ambiente. Isso se expressou quando no início dos anos de 1990, criou a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que nasceu com a intenção de atuar para proteger a natureza.

No último episódio da série sobre ESG do Mundo Corporativo, nós recebemos Luiz Meyer, diretor de ESG do Grupo Boticário, que falou, em especial, dos 16 compromissos socioambientais assumidos pelo grupo no ano passado que devem ser entregues até 2030. Ué! Coça a cabeça, agora, o caro e raro leitor deste blog. Se o grupo já nasceu com a ideia da sustentabilidade apenas quando completava 44 anos identificou essas metas?

“…  porque trazem por trás desses compromissos uma transparência. É um compromisso que a nossa organização assume perante toda a sociedade … Com certeza esses ideias já estavam dentro da empresa. O que a gente fez nesse momento, lá em 2021, foi empacotá-las em um formato muito claro e transparente para toda a sociedade de forma que a gente conseguisse ter uma comunicação mais efetiva”.

Pelo que entendi, a diferença é que agora não tem como recuar. Se prometeu zerar o balanço hídrico industrial até 2023, vai ter de zerar. Ou será cobrada pela sociedade. Para que esse compromisso seja cumprido, por exemplo, serão destinados cerca de R$ 14 milhões, explica Luiz Meyer:

“Desses 16 compromissos, sete tem um olhar ambiental, dentro das ações que nós vamos tomar para reduzir os impactos para a sociedade e para o meio ambiente que as nossas operações e todo o nosso ecossistema vão gerar. Cinco desses compromissos tem um olhar para a diversidade, inclusão: o que o grupo pode fazer mais, pode ir além. Dentro desses, dois temas de diversidade e de inclusão. Dois deles são sociais: então, de que forma a gente pode reduzir a desigualdade social do nosso país. E dois deles olham para a transparência”.

Por ter a transparência como compromisso assumido, as 16 metas estão explícitas no site “Uma beleza de futuro” Quem visitar o site verá que, até o ano que vem, o Grupo Boticário terá de aumentar em 40% a contratação de talentos negros, alcançando ao menos 50% de representatividade; e 25% de lideranças corporativas negras; e, em dois anos, ter ao menos 50% de mulheres na diretoria. No tema da diversidade são trabalhadas cinco dimensões: gênero, raça, Lgbtqia+ e PCDs:

“Já temos 25% de liderança negra presente dentro da nossa organização; 50% de liderança feminina já presente dentro da nossa organização e 29% das nossas diretoras, do nosso público de diretoria, hoje são mulheres. Então, acho que já é um grande avanço, já são números muito importantes, mas a gente tem a certeza que a gente pode ir além e a gente tem metas mais audaciosas”.

Nas transformações sociais propostas pelo Boticário, existe o projeto de reduzir a desigualdade através de ações de gestão de resíduos sólidos que podem alcançar cerca de 1 milhão de pessoas. Nesse item, busca-se desenvolver programas de capacitação para pessoas em vulnerabilidade social que estão em cooperativas de catadores. Inspirar o empreendedorismo é outro caminho para melhorar a qualidade de vida das pessoas mais vulneráveis. E isso acontece através de cursos que tanto preparam profissionais para o mercado de beleza como para o de tecnologia —- onde há carência de mão de obra no Brasil.

Para Luiz Meyer, em especial, o desafio é fazer com que aquilo que dissemos “fazer parte do DNA da empresa” contagie toda a cadeira produtiva. Antes de assumir a diretoria ESG, ele atuava na área de operação e, principalmente, no setor de compras de suprimento. Foi a experiência nesse relacionamento com os parceiros de negócio que fortaleceu o nome dele para o cargo:

“Trazer para eles também uma realidade que vai além do papel dessa área de suprimentos, mas um um papel transformacional que o grupo pode, através dos seus valores, das suas essências, do seu propósito, chegar também a uma rede de mais de quatro mil parceiros e propiciar essa transformação para lá”.

No último episódio do Mundo Corporativo ESG, Luiz Meyer também falou de oportunidades de emprego, vagas afirmativas e fabricação de produtos que reduzem o impacto ambiental:

Colaboram com o Mundo Corporativo: Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Débora Gonçalves e Rafael Furugen.

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