Caxias 1×1 Grêmio
Gaúcho – Centenário, Caxias do Sul RS

Tinha torcedor no alto do prédio vizinho ao estádio. Cheiro estranho de churrasquinho na porta. Alambrado no entorno do gramado. E se tinha alambrado, claro, tinha gente gente pendurada nele, se não para que serviria o alambrado. Tinha até dentadura arremessada para dentro do campo — só não ficou ainda muito claro se propositalmente ou por descuido na emoção do grito de gol. Mais do que a ‘chapa’ – nome próprio da dentadura para os gaúchos —, que aterrissou próximo da linha lateral depois de se chocar com o braço do repórter, havia buracos no meio do caminho por onde o futebol deveria passar, o que sempre faz a bola desviar ou ajuda a prender o jogo. Foi nesse cenário que o Grêmio deu início a mais uma final que pode lhe garantir o sexto título Gaúcho consecutivo.
Jogando no Centenário e diante do time da casa que está invicto desde a segunda rodada da competição — perdeu na estreia para o Grêmio —, encontramos todas as dificuldades que se pode querer em um campeonato estadual. A começar pelo próprio adversário, bem treinado, disciplinado e consciente de seu potencial, que cresce frente a sua torcida e não tem medo de cara feia como comprovou ao despachar o Inter na semifinal.
Sem contar que fomos a campo, pela segunda partida seguida, com um time meia boca. Titulares lesionados e com elenco sem muitas escolhas, recorremos até a jogador que estava praticamente descartado, caso de Lucas Silva, que, registre-se, esteve longe de comprometer e quase marcou o seu de fora da área. Claramente, porém, o entrosamento é diferente.
Tomamos o gol muito cedo, aos 8 minutos, após tropeço na bola e descuido do setor defensivo, o que faria tudo ficar ainda mais difícil. Por curioso, foi quando passamos a jogar melhor, colocando a bola no chão, trocando passes e pressionando a defesa adversária. Algumas tentativas de ataque e uma sequência de escanteios foram premiadas com o gol de Vina, nos acréscimos. O empate que levamos para o intervalo permaneceu até o fim da partida, mesmo tendo jogado a maior parte do segundo tempo com um jogador a mais. O time da casa teve uma expulsão, justa expulsão, aos oito minutos do segundo tempo.
Se sobrou paciência em alguns momentos para fazer a bola rodar de lá para cá, faltou repertório e sintonia nos movimentos, especialmente no tempo complementar quando tivemos de encarar uma forte e bem ajeitada retranca. Suárez bem que se esforçou, saiu da área, deu passes preciosos, chutou a gol mas não conseguiu marcar o seu. Bitello e Cristaldo também apareceram com frequência dentro da área, sem sucesso.
Ao fim e ao cabo, levamos a decisão para a Arena, onde temos 100% de aproveitamento nesta temporada, com arquibancada cheia, sem alambrado e, espero, nenhuma dentadura solta no gramado — a não ser a de Luis Suárez.
O Grêmio está um jogo do Hexa!