
“A gente tá muito pautado hoje em dia para construir esses novos futuros em posturas diferenciadas, mas posturas que não vão conseguir fugir de processos de escuta, de processo de empatia e de um trabalho colaborativo”
Adriana Martinelli, Bett Brasil
Em um país em que sites de apostas proliferam e muitas vezes são vistos como a esperança para um futuro melhor de parcela da população — mesmo que isso seja apenas uma ilusão, triste ilusão —, preciso começar este texto fazendo o seguinte esclarecimento: Bett Brasil, nome da empresa que nossa entrevistada no Mundo Corporativo representa, é “bett” mas não tem nada a ver com aposta. Seu nome remete a origem britânica de uma série global de eventos voltados para o setor educacional que tem versão brasileira e se realiza nesta semana, em São Paulo, com o tema “Educação e trabalho para novos futuros”. Portanto, aqui não falaremos de aposta mas de investimento no futuro. Ou nos futuros, como explica Adriana Martinelli:
“Educação e trabalho para novos futuros indica que existem vários caminhos para que a gente possa chegar lá e não só um. Mas para isso é necessário a conversa, o diálogo para que a gente consiga articular todos esses agentes e desenhar atitudes eficientes e práticas hoje, porque senão a gente nunca vai chegar na realização desse futuro”.
A diretora de conteúdo da Bett Brasil entende que a despeito do futuro que se apresente é preciso voltar a conjugar educação e trabalho, temas que se distanciaram por uma série de preconceitos e prepotências dos mais diversos setores da sociedade. O resultado desse abismo que existe entre os dois mundos é que a falta de engajamento e interesse leva 45% dos jovens a ficarem distantes do trabalho e dos estudos.
“As pessoas estão saindo formadas das universidades e se deparam com o mundo real diferente do que foi ensinado dentro da sala de aula .. a gente ainda tem uma educação superior muito pautada em teorias, muito pautada no que está no livro; e pouca prática, pouca realidade”.
Apesar de olharmos o ensino superior até aqui, é preciso esclarecer que a ideia de pensar educação e trabalho em trilhas comuns e não antagônicas precisaria ser considerada desde os primeiros anos das crianças na sala de aula. Não necessariamente ensinando um emprego ou uma atividade, mas preparado-as nas habilidades socioemocionais que se farão essenciais no futuro.
Outro aspecto que deve servir de reflexão aos que se dispõem a pensar na educação é o da ampliação de horizontes para os alunos que geralmente são “preparados” para o vestibular quando há uma quantidade enorme de oportunidades no ensino técnico.
Considerando isso que Adriana Martinelli falou no programa, lembro da conversa que tive com Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil, no episódio anterior do Mundo Corporativo. A empresa ao abrir vagas para mulheres em uma usina eólica encontrou candidatas com cursos de pós-graduação e mestrados buscando emprego em funções que exigem o ensino técnico. Isso ocorre em vários setores da economia. No agronegócio, por exemplo, operadores de máquinas conseguem salários bastante superiores a advogados, engenheiros ou arquitetos.
Voltando a entrevista com a Adriana. Um ponto interessante lembrado por ela foi ensinamento de Jacques Delors, economista e político, que apresentou o que entendia ser os quatro pilares da educação, na época em que atuou na Unesco: o aprender a ser; o aprender a conviver; o aprender a conhecer; e o aprender a fazer.
“Quando a gente começa a entender essa visão mais completa e integral do ser humano, tanto na perspectiva da educação quanto na perspectiva do trabalho, consegue talvez ajustar — eu gosto dessa palavra, principalmente em relação à proposta do novo ensino médio que ela é necessária, ajuste sempre — em relação ao nosso propósito maior”.
Tem muito mais para aprendermos e pensarmos sobre a relação educação, trabalho e futuro na entrevista que você assiste agora com a Adriana Martinelli, da Bett Brasil.
A Bett Brasil se realiza entre os dias 12 e 19 de maio, no Transamerica ExpoCenter. No site é possível fazer a inscrição e participar gratuitamente de uma série de atividades.
O Mundo Corporativo tem as participações da Priscila Gubiotti, do Rafael Furugen, do Renato Barcellos e do Bruno Teixeira.