América-MG 3×4 Grêmio
Brasileiro – Arena Independência, BH/MG

O Grêmio está de volta ao jogo. Não que tenha ficado longe dele em algum momento no campeonato. Mas havia perdido tração e corria o risco de deixar os principais adversários desgarrarem à frente na briga por vaga direta da Libertadores. As duas últimas vitórias nos devolveram à disputa — e é a esse jogo que me refiro na primeira frase desta Avalanche: o da classificação para a Libertadores.
Novamente, o Grêmio foi buscar o resultado depois de tomar o revés. No meio da semana, o feito foi muito mais difícil, considerando o potencial do adversário. Mas a vitória no início da noite deste sábado não deve ser desdenhada, mesmo que tenha sido contra o lanterna do Brasileiro. Por duas vezes atrás do placar, o Grêmio teve calma, brio e talento suficientes para chegar aos gols necessários. Um detalhe nada desprezível para a jornada gremista: duas viradas no mesmo jogo, disputado fora de casa, onde nosso desempenho tem sido pífio.
Diante da vitória em uma partida com sete gols e três viradas de placar, o comentarista Henrique Fernandes, da SporTV, foi perspicaz ao dizer que o Grêmio joga o “futebol entretenimento”. Na visão dele, fazemos a alegria dos apreciadores do jogo da bola, com a quantidade de gols que marcamos e levamos em uma só partida. Lembrou do 4 a 4 contra o Corinthians e do 3 a 2 contra o Flamengo.
Por curiosidade, conferi o placar das 30 rodadas em que o Grêmio participou no Campeonato Brasileiro. Em 19 delas foram assinalados três gols ou mais; em ao menos sete dessas, o resultado final teve cinco ou mais gols. As duas em que a rede mais balançou foram no empate contra o Corinthians, em São Paulo, oito gols no total, e na vitória por 5 a 1 contra o Coritiba, na Arena. Nessas estatísticas, também está registrada a goleada que sofremos do Palmeiras (4 a 1) no primeiro turno. Não por acaso o Grêmio tem o melhor ataque da competição (50 gols) e uma das piores defesas (45).
O que é entretenimento para os admiradores do futebol, é, na verdade, sofrimento para o torcedor gremista. O jogo de hoje foi uma montanha russa de emoções e sentimentos. Da certeza dos três pontos ao desespero por estar sendo superado por um dos adversários teoricamente mais fáceis da competição; da alegria de ver Suárez alcançar a marca de 550 gols na sua carreira, enquanto veste a camisa do Grêmio, à indignação pela facilidade com que os atacantes penetram na nossa área; do prazer da vitória à tensão pelo risco constante da derrota.
Ainda nos faltam oito partidas e quase dois meses até o fim da temporada, tempo suficiente para vivenciarmos os mais diversos sentimentos até garantirmos nosso retorno a Libertadores. O Henrique Fernandes, que foi meu colega no Sistema Globo de Rádio, quando fez parte da equipe de esportes da Globo/CBN BH — aliás, um ótimo comentarista —, e todos os demais admiradores do futebol terão muito para se divertir, assistindo ao Grêmio de Suárez e companhia. Quanto a nós, torcedores, resta lembrar de outro craque do microfone, Galvão Bueno: haja coração!