Por Valéria Dantas Machado do Nascimento
Ouvinte da CBN

Viva a vida em São Paulo. Viva a flor no asfalto.
Quando penso em São Paulo, afirmo: logo eu existo.
Nasci e cresci aqui, então me sinto parte deste todo, deste mundão.
Hoje quase cinquentona, tenho muitas histórias pra contar.
Na infância, a Praça da Árvore foi meu berço, lá nasci, mas aos dois anos de idade fui para Vila Gumercindo.
De mãos dadas éramos quatro, papai, mamãe, maninho e eu, e hoje somos mais, irmãos, cunhada, sobrinho e afilhada. O ritmo é este crescer, conhecer, surpreender-se, com este São Paulo, com este mundão.
Passeios com mãos dadas, os primeiros passos, a natureza no asfalto. Mamãe de Salvador e papai do interior de Jabuticabal, já aqui afeiçoados, nos ensinavam que havia sim flor neste asfalto. Então seja no Zoo, no Ibirapuera, no Horto ou na Cantareira, e até no ponto zero, na Praça da Sé alimentar pombos era prazer de casa aos domingos.
Aqui vemos de tudo, e tudo com potência máxima. Do caos, ao crime, a paz, a evolução.
Sim, São Paulo tem e é a pura satisfação. E quem aqui não nasce se torna cidadão de coração.
Como destino ou de passagem, quem passa por São Paulo, leva consigo esperança, agito e o acreditar!
De manhã em oração quem me acompanha são as maritacas, os beija-flores que se reúnem em cima dos fios e dos postes de eletricidade. Totalmente adaptados a cidade grande. Vão e vem sem casa fixa, transformam seus ninhos em momentos de paz neste caos.
E é no Museu do Ipiranga que acontece a magia, a conexão com a natureza!
No jardim frontal onde as palmeiras se transformam nas primeiras horas do dia, em verdadeiros pés de pássaros. O jardim enche nossos olhos e nos dão a impressão de simetria nem sempre percebida por pessoas que na pressão cumprem suas metas sem se dar conta da vida ao redor.
Na pista de Cooper as folhas, os galhos, os diversos cantos e os passos de corredores anônimos marcam o início de mais um dia. No “story” registro o momento em que carros param, buzinas cessam e me conecto com a natureza em meio ao agito. Por instantes, a pressão se torna calmaria, o tempo não marca as horas, o agito se acalma dentro de nós.
Ao voltar para casa, meus pés pisam no asfalto da avenida, um carro freia, o pedestre reclama e o ciclista a tudo isso continua seu trajeto. Mas algo dentro de mim mudou, renovou e percebo que ao voltar não integralmente mais a mesma dentro de mim ainda me conecto aos minutos vividoa e sei que tudo já deu certo!
Nas estações que se mesclam e não seguem o calendário, já aprendi que reclamar do tempo ‘w como se queixar da “previsão” não assertiva dos meteorologistas. Então, é assim viver aqui, rezar para ir e voltar, agradecer e acreditar que amanhã será ainda mais bonito do que hoje. E de geração para geração a CBN faz parte do meu dia a dia.
Viva a vida em São Paulo. Viva a flor no asfalto.
Ouça o Conte Sua História de São Paulo
Valéria Dantas Machado do Nascimento é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Ouça a sua história aqui na CBN. Escreva agora o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Outros capítulos da nossa cidade, você tem no meu blog miltonjung.com.br e no podcast do Conte Sua História de São Paulo.