Mundo Corporativo: César Bochi e Moacir Niehues, do Sicredi, defendem que o cooperativismo de crédito fortalece a economia local

Bastidor da entrevista on-line do Mundo Corporativo

“A cooperativa só existe a partir do associado e para o associado.” — César Bochi

César Bochi, Sicredi

O cooperativismo vem ganhando espaço como alternativa ao sistema financeiro tradicional, reforçando vínculos locais e colocando o associado no centro das decisões. Ao contrário dos bancos convencionais, o foco não está apenas no lucro, mas no desenvolvimento econômico e social das comunidades. Este foi o tema da entrevista com César Bochi, Diretor-Presidente do Banco Cooperativo Sicredi, e Moacir Niehues, Diretor Executivo do Sicredi Vale do Piquiri ABCD PR/SP, no programa Mundo Corporativo.

Bochi destacou que o modelo cooperativista “só existe a partir do associado e para o associado”, ressaltando a importância da participação democrática na gestão. Segundo ele, “o resultado, sim, é importante, mas tem que ser relevante, perene e de longo prazo”. Para o executivo, o papel da cooperativa vai além de oferecer produtos financeiros, servindo como instrumento de fomento ao desenvolvimento local.

Modelo participativo e impacto social

Niehues enfatizou que o engajamento dos associados nasce do vínculo de confiança e da proximidade. “O associado não quer apenas um cartão na carteira; ele quer relacionamento, proximidade e alguém em quem possa confiar”, afirmou. Para ele, a transparência no processo decisório e o foco no bem-estar financeiro dos associados são os principais fatores que alimentam a confiança no modelo cooperativo.

O movimento cooperativista também tem um forte componente social. Bochi explicou que as cooperativas destinam parte do resultado para projetos locais definidos pelos próprios associados, como reformas em escolas e hospitais. “É o associado quem decide para onde vão os recursos. Isso gera pertencimento real e impacto direto na comunidade”, comentou.

Outro ponto central abordado por Bochi foi a modernização das operações sem perder a essência. “Hoje, 96% das transações do Sicredi são digitais, mas as pessoas ainda precisam de atendimento humano nos momentos críticos”, disse. A tecnologia é vista como um meio de ampliar o alcance e não como um fim em si.

Niehues complementou que, mesmo com o uso intensivo de tecnologia, o Sicredi busca manter a essência de proximidade. “Nós somos modernos no tipo societário. Falamos de capitalismo consciente e economia compartilhada, mas sem abrir mão do relacionamento humano”, explicou.

Desafios e futuro do cooperativismo

Sobre os desafios futuros, Bochi apontou a necessidade de manter o foco no relacionamento e na essência do cooperativismo, mesmo com o crescimento acelerado. “Crescemos quase 30% ao ano, mas nosso maior desafio é não perder as raízes”, afirmou. Para ele, a tecnologia será sempre um instrumento importante, mas “a cooperativa está lá para ajudar o associado a refletir sobre a melhor decisão”.

Na visão de Niehues, a principal oportunidade está na expansão contínua do modelo, mantendo o equilíbrio entre crescimento e proximidade. “O modelo de negócio é muito bem recebido, e o maior pedido dos associados é: ‘não mudem o jeito de vocês fazerem negócios'”, destacou.

Ao fim, ambos concordaram que o cooperativismo é para todos, mas exige disposição para estabelecer uma relação de longo prazo, baseada em confiança, educação financeira e apoio mútuo.

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O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Guilherme Marconi, Priscila Gubiotti e Letícia Valente.

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