Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: o que explica a força das marcas que atravessam um século

Foto de Zak Chapman no Pexels

Algumas marcas não atravessam apenas décadas; atravessam histórias pessoais e familiares. Elas estão na gaveta da cozinha, na lembrança das grandes viagens ou nas primeiras experiências financeiras. Quando chegam aos 100 anos, não carregam apenas um número redondo: carregam o testemunho de que coerência e qualidade são escolhas diárias, não acasos. Esse movimento de resistência ao tempo motivou Jaime Troiano e Cecília Russo a analisarem o desempenho de empresas que alcançaram a condição de centenárias — marcas que seguem relevantes apesar das transformações culturais, tecnológicas e de consumo.

No Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, Jaime e Cecília trouxeram algumas das lições aprendidas com o levantamento feito para o Prêmio Marcas Mais, do Estadão. Na edição de 2025 foi criado um ranking com empresas que ultrapassaram os 100 anos de existência. Foram avaliadas 19 marcas — brasileiras e globais — com base em lembrança, preferência, conhecimento e associação a atributos de qualidade. O topo da lista reúne três nomes que despertam sensações distintas nos consumidores: Tramontina, Mercedes-Benz e Banco do Brasil.

Cecília Russo explica que, no caso da Tramontina, há um vínculo emocional profundo: “Tramontina é uma marca que gera muito orgulho para os brasileiros, sinônimo de qualidade e confiança transmitida por gerações”. Para ela, a combinação entre tradição e inovação ajuda a explicar por que a marca mantém sua identidade mesmo ao ampliar suas categorias de produtos.

Jaime Troiano destaca elementos que se repetem entre as líderes: “Começo por aquilo que vejo nas três marcas citadas: qualidade. Sem isso, nenhuma delas estaria aqui e nem seria tão longeva”. No caso da Mercedes-Benz, ele lembra que o consumidor sabe exatamente o que esperar: há previsibilidade, segurança e um claro componente aspiracional — o tipo de carro que simboliza trajetória e conquistas. Sobre o Banco do Brasil, Jaime observa o papel histórico da instituição, afirmando que “é a marca que quase se confunde com quem somos”, presente em diferentes momentos do país e referência para milhões de brasileiros.

A marca do Sua Marca

Coerência e qualidade aparecem como os pilares que sustentam a longevidade de empresas que atravessam gerações. Não se trata de um legado construído no fim da vida de uma marca; é um processo contínuo, iniciado desde seus primeiros passos.

Ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, logo após às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN. A apresentação é de Jaime Troiano e Cecília Russo.

Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: o que a história da Globo ensina sobre marcas centenárias

reprodução de imagem do acervo da exposição Globo 100 anos

Completar 100 anos é um feito raro para qualquer empresa. Mais do que celebrar a longevidade, trata-se de mostrar como uma marca consegue atravessar décadas mantendo relevância, propósito e conexão com o público. Esse foi o tema do comentário de Jaime Troiano e Cecília Russo no Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, do Jornal da CBN, a partir das comemorações do centenário do Grupo Globo.

Cecília destacou que a figura do fundador é central para entender essa permanência. “Quando o sonho do fundador permanece vivo nas decisões de marca, a presença dele e dos valores que estabeleceu se mantém, e isso é fundamental para construir uma marca que perdura pelo tempo.” Ela lembrou ainda que Roberto Marinho lançou a TV Globo aos 60 anos, um exemplo de que empreender não é exclusividade dos jovens.

Para Jaime, o segredo está na clareza de propósito. “Manter o essencial em busca do novo. Lembrar sempre do que é inegociável para a empresa e aquilo ser o norteador do futuro.” Segundo ele, esse propósito sólido ilumina estratégias, sucessões e grandes mudanças, garantindo relevância e viabilidade financeira ao longo de gerações.

A marca do Sua Marca

A longevidade de uma marca não se sustenta apenas no passado: ela exige equilíbrio entre tradição e renovação, com valores fundadores que continuam a orientar decisões e um propósito capaz de dar direção ao futuro.

Ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, logo após às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN. A apresentação é de Jaime Troiano e Cecília Russo

Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: os segredos de marcas centenárias, no Brasil

Uma das fábricas da Suzano que completou 100 anos Foto: divulgação

“Marcas não chegam aos 100 anos por acaso. Há muito compromisso e suor por trás da história”

Cecília Russo

Em um mercado no qual poucas alcançam, a Suzano celebra um século de atividade, em 2024. Esse feito é mais do que um número, é uma lição sobre sustentabilidade, qualidade e propósito. A história da indústria de papel e celulose, criada pelo imigrante ucraniano Leon Feffer, foi a referência usada por Jaime Troiano e Cecília Russo, em Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, na CBN, na busca de lições para explicar o que torna uma marca não apenas sobrevivente, mas vigorosa e relevante após 100 anos.

Cecília pondera sobre a possibilidade de outras empresas e ouvintes atingirem essa marca, ressaltando o orgulho que o país deve ter de abrigar marcas centenárias. Além da própria Suzano, lembrou a Tramontina, que de uma pequena ferraria fundada por Valentin e Elisa Tramontina, em 1911, no Rio Grande do Sul, deu origem a um grupo que hoje conta com nove fábricas no Brasil. 

“Eu acho que o que está por trás dessa longevidade da Suzano são os princípios da marca. É um compromisso autêntico com sustentabilidade que faz ela ser tão admirada”

Cecília Russo

A preocupação com a continuidade, característica de empresas familiares, é, para Cecília, um dos ingredientes para essa durabilidade. 

“As empresas familiares tendem a ter menos rupturas, menos quebras numa linha mestra da gestão, diferentemente de empresas com executivos que muitas vezes sentam por pouco tempo nas cadeiras e cada um direciona a empresa para um lado”.

Cecília Russo

Jaime identifica mais três aspectos para explicar a permanência dessas empresas por tanto tempo. A começar pela ideia de que “marca forte não resiste a produto medíocre”:

“Suzano e Tramontina, por exemplo, são muito comprometidas com entregas de qualidade. Tudo parte de uma qualificação de produto, sem isso as marcas são promessas vazias”. 

Jaime Troiano

Ele  também destaca a comunicação como vital para o sucesso de longo prazo, pois manter um diálogo constante com a sociedade é fundamental. Lembra não apenas a presença nas mídias como rádio, jornal e TV mas o fato de a marca entender que existem outros meios para criar conexão como os patrocínios esportivos — caso específico da Tramontina que mantém  o time de futsal da cidade gaúcha de Carlos Barbosa.

A terceira característica, citada por Jaime, é ser fiel a um propósito:

“Há uma razão de ser. E aqui a Suzano é mestre, faz um trabalho belíssimo trazendo a questão da sustentabilidade não como um discurso vazio, retórica apenas, mas como prática reconhecida mundialmente”. 

Jaime Troiano

A marca do ‘Sua Marca’

A lição que essas empresas centenárias ensinam é clara: atingir um século de existência exige mais do que sorte; exige dedicação constante e uma genuína conexão com os valores corporativos e sociais. As novas marcas podem olhar para Suzano e Tramontina e ver modelos de compromisso e adaptação, fundamentais para quem aspira a uma história tão rica e duradoura.

Ouça o “Sua Marca Vai Ser Um Sucesso”

O “Sua Marca Vai Ser Um Sucesso” vai ao ar aos sábados, logo após às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN. A apresentação é de Jaime Troiano e Cecília Russo e a sonorização é do Paschoal Júnior:

Conte Sua História no Rádio de São Paulo: a frustração no programa de auditório

Por Valdicilia C. Tozzi de Lucena

O rei do Rádio em foto de arquivo

Tenho uma história do rádio para contar. Aliás, a história não é minha. É, sim, da minha mãe. Minha mãe Ruth que faleceu em 2018 com 93 anos bem vividos. Uma pessoa de muita personalidade e corajosa. 

Dona Ruth nasceu em 1924, e, creio que essa história foi por volta de1950. Ela era a pessoa da família que saía para resolver todos os problemas de seus parentes. Então, era normal sair de Osasco — na época apenas um bairro de São Paulo — para o centro da cidade. Às vezes dava entrada em uma documentação e a solução seria no mesmo dia só que bem mais tarde. Então, o que fazer?

Enquanto esperava na cidade, minha mãe assistia aos programas de rádio que na época tinha auditório.  Ela sempre gostou muito disso, creio que se fosse jovem, hoje em dia, não perderia um show. 

Bem, mas voltando lá atrás. Coincidiu que estava num auditório e adivinha? O cantor a se apresentar seria Nelson Gonçalves. Ela adorava a voz dele, adorava suas músicas. Quando foi anunciado e Nelson Gonçalves apareceu no palco foi a maior decepção de sua vida. Como poderia alguém tão baixo, tão magro  nem tão bonito  ter uma voz tão maravilhosa!

Enfim, esse era o encanto do rádio naquela época. Você podia imaginar o seu ideal para  voz que ouvia.

Valdicilia C. Tozzi de Lucena e sua mãe, Dona Ruth, são personagens do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte você também a sua história da nossa cidade e envie seu texto para contesuahistoria@cbn.com.br

Conte Sua História no Rádio em São Paulo: nosso Grand Cathedral ainda acompanha as ondas do rádio

Claudia Signorini

Ouvinte da CBN

O rádio capela “Philco Grand Cathedral´´ foi manufaturado antes de outubro de 1936. Tem 11 válvulas e 15 bandas, três delas em ondas curtas. Foi comprado por meu pai no início dos anos 1940 para que pudesse ouvir as notícias da guerra. Oitenta anos de vida e ainda funciona. 

Esse rádio nos acompanhou por décadas. Enquanto para meu pai interessavam as notícias de guerra e para meu irmão mais velho as partidas de futebol transmitidas aos domingos, para mim e minha mãe o que nos mantinha coladas ao aparelho eram outras transmissões: a escolinha da dona Olinda, criação do incrível Nhô Totico, um gênio; o teatro aos sábados e domingos do Manuel Durães e Edith Morais; a primeira novela radiofônica a que ouvi foi “O Direito de Nascer” que se prolongou por meses.

Quando chegou a televisão, eu já tinha quinze anos mas nunca abandonei a escuta do rádio. Os aparelhos, hoje, já não tem o mesmo charme, pequenos, portáteis, com pilhas, sem pilhas, mas sou fidelíssima a sua escuta até hoje.

Tenho um rádio na cozinha e outro na minha cabeceira que deixo ligado a noite toda para acompanhar minhas insônias. Durmo e acordo ouvindo a mesma estação.

Sei que posso visualizar os jornalistas das novas emissoras mas prefiro imaginá-los através de suas vozes como fazia com o velho rádio ou como faço com os personagens dos livros que leio. O velho Philco está com meu irmão que mora nos Estados Unidos. Uma preciosa relíquia da família no meio de tantas outras.

Cláudia Signorini é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é de Cláudio Antônio. Conte você também mais um capítulo da nossa cidade: escreva para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outras histórias visite o meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História no Rádio de São Paulo: “cresci filho do rádio”

Ismael Oliveira

Ouvinte da CBN

Photo by cottonbro on Pexels.com

Sou nascido e criado na Penha nos idos de 1960. O primeiro aparelho de televisão da família só veio quando eu tinha 10 anos. Logo, minha infância era ilustrada pelo rádio e pelas imagens que ele me fazia tecer na mente. O som das músicas que meus pais ouviam, embalavam meus sonhos de menino pobre na distante periferia da cidade de São Paulo. 

Aos seis anos, por causa da Copa de 1970, eu descobri o futebol e nos anos seguintes as transmissões esportivas, foi uma festa! Quantas vezes não nos emocionamos com os gritos de gol de Fiori Giglioti, Oscar Ulisses, Dualcei Camargo, Waldir Amaral, Osmar Santos .… Também Cantamos com Chico, Caetano, Gil , Elis , Paulinho da Viola …

Comecei a ouvir a Rádio Nacional que anos depois viraria a Rádio Globo. Tinha a portentosa voz de Pedro Luís, que preenchia todos os espaços da sala. Achava o máximo ouvir as ondas curtas, que sintonizava o futebol do Paraná, do Rio Grande do Sul e de tantos outros lugares . 

Um dia ganhei um rádio de pilha de seu Bene, o meu pai . Aí era um desfile de comunicadores quando voltava da escola: música, informação, notícia e, claro, muito esporte bretão aos fins de semana.

Cresci filho do rádio, quando já adulto e com alguns anos de profissão, veio a CBN  Primeiras Notícias e Jornal da CBN. Como trabalhava o dia todo, só conseguia ouvir de novo na volta pra casa, mas eram vocês da emissora que como até hoje fazem me punham a par do que acontece no Brasil e no mundo. Sempre foram nossa janela para o mundo.

O rádio fez-se um de meus melhores amigos, e é como conhecêssemos cada um de vocês que estão sempre em nossos lares, nossos computadores, no rádio do carro: o Milton, a Cássia, o Paschoal, o Sardenberg, os meninos do Hora de Expediente, o PVC o Atala, o Rusty, a Andrea, a Natuza, o Lauro são nossa família estendida, com quem conversamos quando estão no ar, com quem nos preocupamos em saber se estão bem de saúde, quando voltam das férias, porque não estão no ar do dia de hoje. Aconteceu alguma coisa?

Somos sim uma grande família, nós os ouvintes somos gratos por vocês existirem e encherem nossas vidas de carinho e atenção. O rádio faz parte da gente, atentos ouvintes. 

Viva o rádio, viva todos os profissionais que não medem esforços no microfone, na redação, nas externas, nas análises para nos nutrir com as notícias nossas de cada dia. Muito obrigado ao rádio e a vocês que fazem o rádio para nós!

Ismael Oliveira é personagem do Conte Sua História de São Paulo, especial 100 anos de rádio. A sonorização é do Cláudio Antonio. A partir de outubro, voltamos a nossa programação normal. Então, aproveite e escreva agora mais um capitulo da nossa cidade. Envie seu texto para contesuahistoria@cbn.com.br 

Conte Sua História no Rádio de São Paulo: “me permito discordar de grandes comentaristas porque disso é feita a Democracia”

Por Maria Dusolina Rovina Castro Pereira

Ouvinte da CBN

Photo by Erik Mclean on Pexels.com

O rádio fez parte da minha vida desde muito cedo. Eu era criança, cursava o (antigo) grupo escolar e todas as noites, após o jantar, meu pai ligava o rádio na Rádio Nacional para ouvir o Repórter Esso.

Meu pai era metalúrgico nas Oficinas Dedini, em Piracicaba; cursou a escola rural só até o terceiro ano, mas gostava de ouvir as notícias e aprender. Ele me colocava sentada ao seu lado, abria um Atlas Geográfico que comprara e ficava a buscar os locais e a me ensinar quem eram as pessoas, onde ficavam os lugares e o que estava acontecendo.

E foi assim que, antes dos 10 anos, pude “conhecer” Patrice Lumumba, o líder anticolonial congolês assassinado em Catanga em 1961; aprendi também sobre Chiang Kai-shek, figura controversa que serviu como Presidente da República Popular da China e depois, de Taiwan. 

Foram muitas descobertas sobre personalidades ligadas à política, à Igreja e ao cinema. Mesmo sem entender do assunto, conhecia muitos nomes da política nacional: Carlos Lacerda, Jânio Quadros, João Goulart, Brochado da Rocha e tantos outros. 

Claro que eu e meu pai não sabíamos como era conduzida a linha editorial daquele jornal, mas era muito bom ouvir “Alô, alô, Repórter Esso” e “testemunha ocular da História”.

O tempo passou, cresci, vim de Piracicaba para São Paulo para estudar. Aqui conheci um gaúcho “do” Alegrete (RS), apaixonado pela Rádio Guaíba, onde ouvia pelas Ondas Curtas noticiário e futebol e torcia apaixonadamente pelo Grêmio! Imaginem, que ali conheci o “primeiro” Milton Jung!!!

Casamo-nos e ele trouxe consigo seu aparelho de Rádio Philips, com ondas curtas, médias e frequência modulada! Trouxe também um aparelho de rádio amador, sua outra paixão, onde conheceu muita gente e acompanhou jornadas como a de Amyr Klink.

Em razão do trabalho, mudamo-nos para Irecê, na Bahia, onde ficamos por três anos. Ali, o rádio era nosso maior contato com o mundo para saber as notícias; e o aparelho de rádio amador muitas vezes atendeu às necessidades de pessoas para falarem com suas famílias, principalmente os padres do local que, na época, eram italianos. Depois de mais algumas mudanças, retornamos a São Paulo, eu em 1998 e ele em 2000. 

Aqui, logo descobri a CBN e passei a ouví-la em casa e depois no carro, até chegar ao trabalho ou durante o dia enquanto rodava pela cidade, também a trabalho, ou retornava à casa. E sozinha, contestava alguns comentários ou esbravejava em voz alta com algumas notícias.

Na época, o Jornal da CBN era ancorado por Heródoto Barbeiro e uma das minhas comentaristas preferidas era Lúcia Hippolito: “porque você sabe, né, Heródoto, que o PMDB não é para amadores”… Saudades dela!!!! E, em 2000, também conheci o Milton Jung Jr., comandando o CBN SP e mais tarde, a partir de 2011, o Jornal da CBN. E continuo a acompanhar as notícias.

E continuo a ouvir, a concordar e a discordar de algumas análises, ainda contestando as falas em voz alta. Sim, me permito às vezes discordar de grandes comentaristas porque disso é feita a Democracia: da possibilidade e liberdade de discordar civilizadamente de conceitos, opiniões e análises.

Ouço Sardemberg, Dan, Teco Medina, José Godoy, Merval, Miriam Leitão e os excelentes comentários sobre Educação de Ricardo Henriques, além do  O mundo em meia hora. Não posso esquecer dos muitos outros comentaristas de política, saúde, esportes, tecnologia, agro, cozinha, etc. 

E há algum tempo, a possibilidade de ouvir todos esses comentários em podcast, tornou o rádio ainda mais companheiro.

O rádio está completando 100 anos e eu acompanho a evolução no Brasil há aproximadamente 60; creio ter sido uma grande jornada em ótima companhia

Maria Dusolina Rovina Castro Pereira é personagem do Conte Sua História de São Paulo, especial 100 anos do Rádio. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte você também mais um capítulo da nossa cidade. Escreva seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br

Conte Sua História de São Paulo: tal qual uma caixinha mágica, exerceu um encantamento sem igual

Por Samuel de Leonardo

Ouvinte CBN

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Chegamos na cidade em 1957, vindos de Inúbia Paulista. Meus pais, eu ainda bebê, meu irmão mais velho e meus avós paternos. Por muitos anos moramos em um local que não tinha ruas asfaltadas, saneamento básico, sequer energia elétrica: no bairro de São Domingos, no Butantã. Em meados de 1961, finalmente chegou a energia elétrica instalada pela Light. Daquele momento em diante tudo mudou. Até então não tínhamos sequer um radinho de pilha.

Com a instalação  da energia elétrica,  meu pai compra um extraordinário rádio, da marca Semp, em móvel de madeira envernizada, com 4 faixas de ondas,  via carnê na Mesbla da Rua Butantã, em Pinheiros. Assim começamos a ouvir rádio pela manhã, ao longo do dia, até a hora de dormir. Vale frisar que os aparelhos transmissores à época tinham válvulas, ao acionar o botão “on” demorava alguns segundos para esquentar e ligar o aparelho de fato.

Meu avô não perdia nenhuma edição do “Primeira Hora” e de “O trabuco” com o Vicente Leporace, ambos na Rádio Bandeirantes.  Já o meu  pai gostava de ouvir, na Rádio Piratininga, o jornalístico “Rotativa no Ar” e o “Grande Jornal Falado Tupi”, na rádio Tupi, com os comentários de Corifeu de Azevedo Marques. 

Desde então, o rádio faz parte do meu universo. Aquele aparelho sonoro, tal qual uma caixinha mágica, exerceu um encantamento sem igual, extrapolando a imaginação do menino de apenas seis anos.

Ao som de locutores extraordinários, grandes jornadas esportivas, eu acompanhei a alegria contagiante na conquista do bicampeonato na Copa do Mundo de 1962, no Chile, e as lágrimas pelo fracasso na derrota do Brasil contra Portugal, em 1966,  na Copa da Inglaterra.

Ao som do rádio, o garoto cresceu. Virou hábito acompanhar as jornadas esportivas, alternando no dial, entre uma  emissora e outra para comparar a precisão do narradores, sempre vibrando ou sofrendo com o tricolor. Acostumara, de madrugada, sintonizar emissoras de outras localidades, navegando nas quatro ondas, que o aparelho oferecia, como fazemos hoje navegando na internet. Mamãe também tinha seus momentos, novelas e mais novelas na Rádio São Paulo.

Chegara a adolescência, e com ela o prazer de ouvir músicas que atendiam o público jovem e, bem antes da disseminação das emissoras em FM, tenho boas lembranças da Excelsior — A maquina do som, com Antonio Celso, e da Difusora com o “Disco de ouro”, na voz de  Darcio Arruda.

Aos quinze anos consegui emprego em uma empresa do setor agropecuário, com sede em Santo André, com escritórios em Pinheiros. No período em que lá permaneci, conheci um grande apresentador de rádio daqueles tempos, Rubens de Moraes Sarmento, cujo programa na Rádio Tupi tinha o patrocínio da empresa. Eu cuidava do envio dos spots em disco vinil, no formato de um compacto, em 78 rotações, para a veiculação no seu programa, fazia a checagem das inserções comerciais e, pessoalmente, do pagamento do seu cachê. Isso, e mais a minha infância toda ouvindo rádio, exerceram forte influência na minha escolha profissional. 

Hoje, publicitário aposentado, continuo sem dispensar a companhia do Rádio, quer seja no carro, na cozinha, no quarto, no celular, no computador, na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapé. 

Samuel de Leonardo é personagem do Conte Sua História de São Paulo, especial 100 anos de rádio. A sonorização é do Cláudio Antonio.

Conte Sua História no Rádio de São Paulo: estar em casa era estar com o rádio ligado

Américo de Oliveira Matos 

Ouvinte da CBN

americo.matos@uol.com.br

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Tenho 70 anos e sou natural da Vila Guilherme, zona norte de São Paulo. Desde que me conheço por gente sou fascinado pelo rádio. Creio que por influência da minha família. Meu avô, em 1932, foi o primeiro proprietário de um aparelho de rádio da minha rua. Modernidade rara naqueles tempos !!! Ele queria acompanhar melhor os acontecimentos da revolução de 32, os jornais em papel, já não o satisfaziam, ávido por notícias.

Eu desde pequeno ficava ao pé da minha mãe, outra fanática por rádio. Enquanto ela costurava ou fazia outros afazeres, eu brincava. E através de um Philips ou em outro de marca Belmonte, aqueles de válvula e um olho mágico, para auxiliar na sintonia das emissoras, ela ficava ouvindo as novelas da Rádio São Paulo, ou o programa “Parada de Sucessos” da Bandeirantes, notícias na Rádio Piratininga ou Nacional, músicas na Rádio Cultura ou Tupi. Ah… E religiosamente todas as tardes, às 18 horas, reunia os filhos e ouvíamos “A hora da Ave Maria” na rádio 9 de Julho.

Já meu pai, outro fanático por rádio, além de ouvir programas que tocavam fados, afinal era um português saudoso da “terrinha”, costumava ficar com o radinho de pilha ouvindo futebol na Panamericana, Gazeta ou Bandeirantes.

Quando eu já era adolescente, estar em casa era estar com o rádio ligado. Ouvir as estações jovens da época: Difusora, Excelsior e até Mundial do Rio de Janeiro e aproveitar para gravar as músicas preferidas no gravador de fita cassete. Afinal, comprar long-plays ou compactos simples era proibitivo.

À noite, um dos meus maiores passatempos era sintonizar as rádios de outras cidades, tanto em ondas médias como nas curtas. Fazia planilhas listando as rádios e as frequências que eu conseguia sintonizar. Era enorme a emoção de captar em ondas médias rádios de Buenos Aires, Montevideo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e até Salvador. E nas ondas curtas, captar rádios das mais diversas línguas e em plena “Guerra Fria” ouvir a “A Voz da América” ou a ” Radio de Moscou”.

Desde que surgiu a CBN – A rádio que toca notícias, passei a ouvi-la diariamente, tornei-me praticamente um dependente da melhor divulgadora de notícias do país. Até hoje nada me dá mais prazer do que ouvir uma boa música ou saber das últimas, numa boa rádio!!!

Américo de Oliveira Matos é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio e a narração de Mílton Jung.

Na voz de Lima Duarte, minha homenagem aos operadores de rádio, que completa 100 anos

Nessa semana que se foi, comemoramos os 100 anos de rádio. Cada um a seu jeito, lembrou de histórias marcantes. Dos ouvintes da CBN, vieram lembranças do passado, memórias dos pais que tinham o veiculo como único meio de comunicação. Juntamente a essas memórias, surgiram nomes que construíram o rádio ao longo deste tempo no entretenimento, na música, no jornalismo e no esporte.

Por ouvintes que são, a maioria lembra do que ouve. E no rádio, ouve-se a voz dos locutores, apresentadores e repórteres . Pouco se sabe de quem é capaz de tornar tudo aquilo possível, levando o som até você. São técnicos dos mais variados tipos — hoje, inclusive, técnicos de vídeo, mesmo que o áudio ainda seja a vedete no espaço radiofônico. Uma gente que tem a habilidade de dominar uma sequência de botões, ponteiros, cabos e fios; e fazê-los funcionar de maneira harmônica para que a mensagem chegue até você sem nenhuma intereferência.

Dentre eles, há os que vão além. Interferem e muito no que fazemos diante do microfone. Valorizam a informação, com a sensibilidade dos maestros, sonorizam nossa fala e mexem com a imaginação do ouvinte, trazendo-o para dentro da mensagem. Sem eles nada da magia que dizem o rádio ter se realizaria. Seríamos músicos sem voz. Mensagem sem som.

Em homenagem a todos os radialistas que tornam possível essa magia, reproduzo aqui no blog um depoimento do ator Lima Duarte que conta como a função de operador de som em uma emissora de rádio o resgatou da zona do meretrício, aos 15 anos. Lima pensava ser locutor, mas foi desestimulado pelos donos da emissora diante da “voz de suvaco” com que se apresentou no teste … o resto da história você ouve no depoimento que foi descoberto por Paschoal Júnior — um daqueles maestros que citei no parágrafo acima — na página Operadores de Rádio e Áudio, no Facebook.

Ao Paschoal e ao Claudio Antonio (aquele do Conte Sua História de São Paulo e da Rádio Sucupira) que estão ao meu lado desde o início da minha jornada na CBN; assim como a todos os profissionais que como eles tornam o rádio algo fantástico de se vivenciar, e seria impossivel citá-los nominalmente neste texto; o meu agradecimento pela dedicação e carinho com que fazem rádio.