Por Deborah Pereira
Em 1965, minha família se mudou para a Rua Albuquerque Lins no trecho entre a Praça Marechal Deodoro e a Brigadeiro Galvão. O bairro era ótimo, tranquilo e residencial. A rua era de paralelepípedos e andávamos de bicicleta com tranquilidade até a praça.
De repente começaram a aparecer uns engenheiros da prefeitura, mediam aqui, ali e só diziam que haveria uma obra enorme que mudaria o bairro. São Paulo não podia parar e isso, na época, era sinal de progresso, valorização dos imóveis e crescimento econômico. Nada foi perguntado ou informado aos moradores.
Depois dos engenheiros chegaram os trabalhadores e o minhocão começou a subir. E foi rápido. Se me lembro bem, coisa de um ano. Na véspera da inauguração deixaram as bicicletas curiosas subirem sob os olhares surpresos dos adultos.
Nossa que obra! Isso sim é um país que cresce!
E cresceu, e se tornou um problema para os vizinhos que moravam em frente e que aos poucos foram se mudando. A rua foi se deteriorando, meu pai foi transferido para uma cidade do interior e nós também partimos.
A vida me trouxe para morar na Rua Albuquerque Lins de novo, agora entre a Alameda Barros e a Rua Baronesa de Itú e daqui observo agora o destino que se quer dar ao elevado Presidente Costa e Silva.
Do meu modesto ponto de vista, ele deve ser demolido e o seu entorno recuperado. O sol deve voltar a iluminar a praça Marechal para que as crianças possam voltar a andar de bicicleta.
Deborah Pereira é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Você pode contar a sua história da nossa cidade, escrevendo para milton@cbn.com.br