Por Abigail Costa
Não é de hoje que as comissárias, tirando uma ou duas, me incomodam. E muito. Não porque usam aquela maquiagem carregada, uniforme que de tão apertado parece ter sido emprestado pela irmã mais nova.
Elas me incomodam pela maneira como tratam as pessoas. Principalmente, as que amargam oito, dez horas no INPS – conhecido, também, como classe turística.
E isso não é privilégio das nossas moças ?
Somando as minhas horas de voo, fechei uma conta meio negativa no quesito educação. As internacionais também sofrem desse mal.
Outro dia numa companhia aérea americana, a viagem tinha como destino Roma, Itália. Pois bem, ao meu lado estava uma siciliana de uns 60 anos. Chega a aeromoça tão experiente quanto a passageira e vomita o cardápio em inglês
– “Ma che è sucesso? ”
– “Che parla?”
Repetia as frases e as complementava com as mãos.
Entrei na conversa sem ser convidada – eu me senti a desconfortável.
– “Pollo, pasta !?”
A americana entregou aquela bandeijinha de papelão recém-saído do microondas.
Caraca ! Conclui que má-educação não era regalia Made in Brazil.
Há pouco tempo meu conceito sobre elas mudou. Ou seria por que mudei de classe ?
A troca não foi só por mais conforto. Foi por mais educação, gentileza e paciência de parte delas.
Na hora de escolher o menu do almoço, uma jovem se ajoelhou ao meu lado.
– “Esqueci meus óculos” – gentilmente ela explicou prato por prato.
A outra chega:
– ” Com licença, Senhora …. champagne ?”
Caros, detesto ter que admitir isso… Mas é verdade.
Você pode não ter um pardal pra dar água, porém se estiver passeando com o cachorro esnobe da patroa, o tratamento será outro.
Viva as aparências !
Abigail Costa é jornalista e desde que escreve no Blog do Mílton Jung viaja de classe executiva