Por Julio Tannus
Tudo indica que experiência e maturidade não têm mais vez em nossa atualidade. O “aqui e agora” parece ser prevalente. É o que nos diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. Um dos teóricos mais importantes da atualidade, Bauman dedica os seus estudos, ensaios e obras à interpretação da modernidade e da época pós-moderna. Segundo o autor, vivemos um mundo cada vez mais fragmentado pelas paixões e confusão ética e cada vez menos afeito a unidade, razão e consciência ética.
Em Vida Líquida, seu mais recente livro, demonstrando uma impressionante capacidade de perceber e analisar a vida social, Bauman chama a atenção para os problemas que a atual estrutura social e econômica suscita no ser humano hoje, ou seja, entre a necessidade de se adequar ao ritmo “destrutivo-criativo” dos mercados e o medo de ficar defasado, tornar-se dispensável.
Para o autor o que importa na vida atual não é a duração; unicamente a velocidade. Bauman nos lembra de uma epígrafe, citando Emerson: “Quando patinamos sobre gelo quebradiço, nossa segurança depende da nossa velocidade”, outra vez como no jogo das cadeiras, onde a cada intervalo da música sempre sobra alguém sem lugar para sentar. Mas, por mais velozes que possamos ser nada nos garantirá que, na próxima música (que se dança agora mesmo), não sejamos passados para trás.
Além disto, a “vida líquida” não pode ter apenas uma direção, mas muitas. Trata-se de “ligar-se ligeiramente a qualquer coisa que se apresente e deixá-la ir embora graciosamente”. Segundo o sociólogo, a precificação generalizada da vida atual impõe uma condição humana onde predominam o desapego e a versatilidade em meio à incerteza, exigindo estar-se na vanguarda constantemente.
Dentro deste contexto, o autor considera que “as realizações individuais não podem solidificar-se em posses permanentes porque, em um piscar de olhos, os ativos se transformam em passivos, e as capacidades, em incapacidades”. Ou seja, as condições de ação e as estratégias de reação envelhecem muito rapidamente e se tornam obsoletas. Assim, aprender com a experiência a fim de se basear em estratégias e movimentos táticos empregados com sucesso no passado é pouco recomendável.
Trata-se de uma visão bastante interessante sobre os mecanismos atuais nos quais todos estamos inseridos. Vale a pena sua leitura!
Julio Tannus é consultor em Estudos e Pesquisa Aplicada, co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier) e escreve às terças-feiras no Blog do Mílton Jung
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