Avalanche Tricolor: a dança do Tonhão na terra de Padre Reus

Aimoré 1×2 Grêmio

Gaúcho – estádio Cristo Rei, São Leopoldo-RS

Rodrigues comemora o gol, em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

São Leopoldo fica logo ali. Coisa de meia hora, ou um pouco mais, de Porto Alegre. Cidade de Padre Reus, o quase santo de quem somos devoto por parte de pai. Todo ano, visitávamos em família o santuário onde o corpo de João Batista Reus está enterrado. Forma de agradecer pelas graças alcançadas.

Foi lá a partida desta noite pelo Campeonato Gaúcho. Não no santuário, é claro. No Cristo Rei, estádio do time da cidade, em que cabem cerca de 14 mil torcedores. Local acanhado como costumam ser os estádios em que são disputados os jogos no Rio Grande do Sul. De gramado descuidado e esburacado, incapaz de aceitar que a bola role de forma natural. 

Para este cenário, o Grêmio levou tive misto. Para não dizer reserva. Deixou alguns titulares no banco, que poderiam ser chamados em situação de emergência. A emergência se fez depois de tomar o primeiro gol. Bastou colocá-los em campo e o talento superou a marcação pesada e o gramado impróprio para jogo.

O primeiro gol foi de uma perfeição rara. Benitez, com qualidade no passe e visão de jogo, colocou a bola entre os marcadores e ao alcance de Nicolas, o lateral esquerdo, que foi à linha de fundo e cruzou na cabeça de Villasanti. Nosso volante paraguaio estava dentro da área. Teve o trabalho precioso de cumprimentar e fazer o gol.

O segundo gol veio novamente pela esquerda. Mais uma vez pelos pés de Nicolas, que cruzou para aproveitar a presença de Diego Souza. Nosso goleador não tocou na bola, mas foi fundamental ao levar com ele a marcação de dois adversários, abrindo caminho para Rodrigues dominar e marcar. 

Sim, Rodrigues, o zagueiro temido por muitos e acreditado por Vagner Mancini, que decidiu aproveitá-lo pela lateral direita, posição em que pode impor seus prazer de chegar ao ataque. Cá entre nós, nunca vi um zagueiro que gosta tanto de atacar como ele. Vamos lembrar que foi de Rodrigues, o gol que nos classificou na fase de grupos da Libertadores de 2020. 

Contra o Aimoré, é o segundo jogo em que Rodrigues é escalado nessa posição. Hoje, saiu jogando como zagueiro e portando a braçadeira de capitão. Não é pouca coisa. No segundo tempo, Mancini o deslocou para a direita e Tonhão, ops, Rodrigues não decepcionou. Já havia aparecido dentro da área outras vezes. Aos 41 minutos, quando Nicolas cruzou e Diego Souza arrastou os marcadores, foi ele quem surgiu para fazer o gol da vitória  e convidou o torcedor a dançar a dança do Tonhão.

Avalanche Tricolor: Brenno, simplesmente, Brenno do Grêmio!

Grêmio 2×0 Aimoré

Gaúcho – Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

Brenno em foto de Lucas Uebel/Grêmio FBPA

Em uma partida resolvida ainda no primeiro tempo, na qual levamos a campo um time com idade média de 22,4 anos de idade, que alçou o Grêmio à liderança do campeonato e com 100% de aproveitamento, foi nosso goleiro quem mais se destacou. 

Brenno Oliveira Fraga Costa foi assim batizado em Sorocaba, cidade que fica logo depois da Região Metropolitana de São Paulo, a quarta mais populosa do estado, e há pouco mais de uma hora de viagem daqui onde moro, desde 1991.  Ele tem a idade do meu filho mais novo. Nasceu em 1º de abril de 1999. Em algumas semanas completará 22 anos. E, a partir de hoje, é considerado a principal esperança do torcedor gremista que, desde a saída de Marcelo Grohe, aguarda por um grande goleiro.

Com olhar sereno, semblante tranquilo, sorriso largo e cara de bom moço, Brenno —- assim mesmo com dois enes —- conseguiu um feito no jogo desta noite de sexta-feira. 

No primeiro momento, ensaiou o movimento de Gordon Banks, na defesa que consagrou o goleiro inglês, após a cabeçada de Pelé, na Copa do Mundo de 1966 — a defesa do século 20. No segundo, lembrou Marcelo Grohe, no milagre contra o Barcelona de Guayaquil, do Equador, na semifinal da Copa Libertadores, em que nos consagramos campeões, de 2017 — a defesa do século 21.

Exageros à parte, Brenno já havia se apresentado bem na sua estreia forçada, no Grenal 418 de 2019, em que vencemos por 1×0. Na segunda partida da Libertadores deste ano, na vitória por 2×1 contra o Ayacucho, no Equador, foi menos exigido mas sempre que precisamos dele, se fez presente e preciso. Hoje, foi magistral.

Ao longo da partida, ouvi Gustavo Millani da SporTV  chamá-lo de Brenno Banks. Em seguida, o repórter de campo, lendo as redes sociais, disse que um dos torcedores digitais havia lhe batizado de BreNeuer —- o que certamente deve ter soado bem aos ouvidos do guri que declarou, em 2020, ao site Minha Torcida:

“Meu maior ídolo é Neuer, pois quando eu comecei no futebol em 2014, nas categorias de base, ele arrebentou na Copa do Mundo”

Nem Banks nem Neuer. Nem mesmo Marcelo Grohe — por mais que tenha trejeitos dele em campo. Brenno é, por enquanto, um goleiro em ascensão, disposto a ser titular no Grêmio o mais breve possível, e, se tudo der certo, demonstrar autoridade e talento suficientes para entrar para a nossa história como Brenno, simplesmente, Brenno do Grêmio — o único time do mundo a dedicar seu hino a um goleiro.

Quantos ainda vão morrer por causa do futebol?

 

Por Milton Ferretti Jung

 

É inconcebível que alguém tire a vida do seu próximo mesmo que por uma razão muito séria:em defesa da própria vida ou a de outrem etc. O motivo tem de ser dos mais fortes e seria ocioso enumerá-los. Imaginem a futilidade de uma briga provocada por um jogo de futebol. E,me desculpem os que se acharem ofendidos em razão da futilidade da disputa,mas o que levou as pessoas as vias de fato não foi uma partida entre times de grandes torcidas,esses que possuem equipes famosas,embora isso não sirva de motivos para que alguém ou alguns ponham a vida dos adversários em perigo.

 

Imaginem,a bronca foi entre os torcedores do Novo Hamburgo e do Aimoré,dois times vizinhos,do chamado Vale dos Sinos. Fosse de torcedores da dupla Gre-Nal e, ainda vá lá,mas nem assim a briga se justificaria. Afinal – mais uma vez peço desculpas a esses dois vizinhos nanicos — mas,quanto menores são,menos razões podem encontrar para que se engalfinharem.

 

Como é normal acontecer quando uma briga eclode,PMs são chamados para o que der e vier,de preferência,para apaziguar os brigões. Entre os que se envolveram na disputa estava o jovem Maicon Douglas de Lima,de 16 anos. Como tardasse para voltar à casa paterna, o pai saiu a sua procura. O pior acontecera:o seu filho fora vítima dos disparos de arma de fogo. Um dos brigadianos confirmou “ter feito fogo com medo de ser morto”. O caso,até agora,está sob suspeita. O policial disse que disparou em legitima defesa… Na verdade,o pai de Maicou,Vitor,que retirou o corpo do filho do hospital,afirmou que o menino tinha duas perfurações nas costas. Disse que saiu de bicicleta atrás do filho que não aparecera em casa e o encontrou morto.

 

Histórias como essa se repetem. O PM pode perder o seu cargo. O Pai perdeu o filho,estudante e trabalhador em construção civil. Quantas já foram as mortes provocadas por desavenças estúpidas tendo o fubebol como mote?

 

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

Avalanche Tricolor: confesso, eu insisti!

 

Aimoré 2 x 1 Grêmio
Campeonato Gaúcho – São Leopoldo/RS

 

 

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Confesso que insisti. Era tarde demais para quem, como eu, acorda cedo demais. E, convenhamos, não era nada muito instigante a programação na TV. Partida na simpática cidade de São Leopoldo e no acanhado estádio do Cristo Rei, onde lembro ter visitado algumas vezes como torcedor e repórter. O morro atrás de um dos gols no qual os torcedores assistem à partida em pé, lembrando a velha (nem sempre tão boa) várzea, segue por lá. O alambrado frágil separando os torcedores, também. Mais simples ainda são os espaços destinados aos jogadores reservas feitos de cimento, pouco confortáveis, que devem deixá-los ainda mais deprimidos pela posição que ocupam no time. Vi várias vezes, ontem à noite, Felipão sentado na mureta à frente do banco com um olhar um pouco desolado – nem tanto pela infraestrutua oferecida a dois times profissionais, muito mais pelo desempenho do seu time em campo.

 

 

Mesmo diante de tudo isso, confesso, eu insisti. Fiquei diante da TV a espera de motivação para me manter acordado e justificar o sacrifício na manhã seguinte. Não precisei de muito tempo para enfrentar o choque de realidade. Assim como o estádio e a importância do espetáculo (se é que você me entende), a perfomance era medíocre. Passes errados, iniciativas individuais, cobranças de falta que iam parar lá no barranco atrás do gol e uma certa dose de azar, que geralmente acompanha os mais frágeis – o primeiro gol deles foi um exemplo, pois a bola bater nas pernas do zagueiro para encobrir o goleiro, é azar; dar um passe errado permitindo o contra-ataque, não é.

 

 

Mesmo assim, confesso, eu insisti. Imaginei que com dois atacantes em campo, as chances de gol aumentariam com uma disputa particular entre os dois para saber quem é mais capacitado para ocupar o cargo. O problema é que a bola precisava chegar até eles. E isto aconteceu pouco. E quando aconteceu … Bem! Uma bela jogada do adversário antes de se encerrar o primeiro tempo e um chute de causar inveja, ampliou nossa desvantagem. E invejoso, confesso, desisti. Fui dormir, pois lembrei do que me ensinou Enio Andrade: tem dia do sim e tem dia do não. Ontem à noite, era o dia do não. Que sejam raros!