Mundo Corporativo: Lara Folster, da Lanche&Co, ensina como criar uma empresa a partir de propósitos e oportunidades

Reprodução do vídeo da entrevista no Mundo Corporativo

“A Lanche&Co surgiu dessa vontade e dessa certeza para mim de que é possível mudar várias coisas no nosso planeta e no mundo através da alimentação” 

Lara Folster, Lanche&Co

“Mamãe, quero ficar com a boca laranja como a minha coleguinha”. Foi a fala do filho de três anos que motivou Laraa criar um negócio próprio, em 2012. O menino estava entusiasmado com o efeito provocado por “salgadinhos de presunto” que a amiga levava para o lanche da sala de aula. Enquanto a mãe dele ficou preocupada com o tipo de alimento que os alunos tinham à disposição na cantina da escola. Diante dessa situação, Lara, teve a ideia de unir a habilidade com a cozinha e seu desejo de oferecer refeições saudáveis às crianças. Lara Folster, entrevistada do programa Mundo Corporativo, na CBN, hoje comanda a Alimento&Co que têm cozinhas que produzem e fornecem “alimento de verdade” em 11 escolas do estado de São Paulo. 

Na entrevista, Lara compartilhou sua jornada desde a dor materna que a impulsionou até a criação de um negócio de sucesso baseado em seus valores e propósito: 

“Vi essa fragilidade e eu falei: ‘acho que a gente pode juntar as duas coisas, o que eu amo fazer que é cozinhar — hoje, cozinho bem menos do que eu gostaria —, levar a cozinha para dentro da escola, e fazer da parte do refeitório escolar um momento de aprendizado, um momento de levar também conhecimento dentro da escola”

Comida de Verdade na Escola: Transformando o Cardápio Escolar

Lara diz que a Lanche&Co oferece “comida de verdade”, feita diariamente nas escolas e faculdades. Com uma abordagem inovadora, a empresa monta cozinhas industriais dentro das instituições de ensino e prepara refeições frescas e saudáveis, evitando alimentos superprocessados. A fundadora enfatizou a importância de ensinar às crianças a fazerem escolhas alimentares saudáveis desde cedo.

Da Dor Materna ao Empreendedorismo com Propósito

O ponto de partida para a criação da Lanche&Co, como dissemos, foi a angústia de ver seu filho exposto a alimentos ultraprocessados na escola. O que sentiu foi potencializado pelo conhecimento que havia desenvolvido em institutos de culinária, em Nova Iorque, e na participação do projeto Food Revolution, de Jamie Oliver. Diante da necessidade de mudar aquela realidade, ela decidiu montar uma equipe que compartilhasse seus valores e conhecimentos, neste que foi seu primeiro empreendimento. A vivência com seus pais, que trabalham na área da educação, também colaborou para a iniciativa.

Da Cozinha à Liderança Empresarial

Lara contou como passou da atuação na cozinha para se tornar uma empreendedora. Ela enfatizou a importância de formar uma equipe diversificada, que seguisse sua visão e pudesse transmitir os valores da empresa para as escolas e clientes. Sem experiência na área de gestão, juntou-se a profissionais com conhecimento: “gente que conhece mais do que eu”, comentou. Começou com um plano de negócio bastante simples que foi ganhar robustez logo depois da pandemia quando percebeu que o negócio poderia se expandir. A parceria com uma rede de ensino fez com que ela criasse uma segunda empresa, a Garden.

Ao adotar uma abordagem inclusiva, Lara valoriza mães e mulheres em sua equipe, reconhecendo a importância de criar um ambiente de trabalho acolhedor e empoderador. Sua equipe tem 70 pessoas majoritariamente mulheres. E se em muitos locais de trabalho ser mãe se transforma em uma barreira, na Alimento&Co passa a ser um bônus:  

“Eu tenho muitas mães solo que trabalham com a gente. A independência delas, a autonomia — muitas que sofreram relacionamentos abusivos — é importante para que elas se sintam acolhidas dentro da nossa empresa. Eu sou mãe e vou sempre puxar sardinha para o meu lado, para essa (questão da) maternidade e o quanto elas precisam ser reconhecidas, serem admiradas e serem independentes com todas as escolhas que elas quiserem fazer”.

Desafios e Futuro da Lanche&Co

À medida que a LancheCo continua a expandir, Lara enfrenta o desafio de manter seu propósito e valores em um cenário de crescimento. Ela destacou a importância de ter uma equipe sólida e treinada, capaz de transmitir a cultura da empresa para diferentes escolas. A fundadora também falou sobre os desafios de equilibrar propósito e lucratividade, especialmente em um mercado onde alimentos mais saudáveis podem ter um custo inicial mais elevado.

O Caminho pela Frente

Lara compartilhou seus planos para o futuro, incluindo a expansão para outras regiões do Brasil, além do Estado de São Paulo. Ela reforçou seu compromisso em seguir oferecendo alimentos de qualidade e conscientização alimentar, mesmo que a empresa cresça como prevem nos planos que estão discutindo neste momento.

A entrevista com Lara Foster trouxe à tona a importância de unir propósito, paixão e conhecimento em um negócio. Através de seu empreendedorismo centrado na alimentação saudável para crianças, Lara está fazendo uma diferença duradoura na vida das famílias e no futuro da saúde infantil.

Assista à entrevista completa, no Mundo Corporativo, que tem as participação de Renato Barcellos, Letícia Valente, Débora Gonçalves e Rafael Furugen:

Volta às aulas: comportamento e sentimentos de alunos, pais e professores

Por mIA Codegeist  

Foto de Max Fischer


A volta às aulas é um momento aguardado por alunos, pais e professores após as férias de inverno. Um período importante para refletirmos sobre os diversos comportamentos e sentimentos que permeiam essa retomada do calendário escolar, bem como a importância do acolhimento e colaboração para uma adaptação bem-sucedida.

Comportamento e Sentimentos dos Alunos


Após as férias de inverno, os alunos retornam à escola com uma mistura de emoções. Alguns estão animados e ansiosos para reencontrar amigos e professores, além de mergulhar em novos conteúdos e atividades escolares. Outros podem sentir resistência, devido à quebra da rotina descontraída das férias. É essencial entender essas variações de comportamento para promover uma integração harmoniosa.

O Papel dos Pais na Adaptação


Os pais desempenham um papel crucial na adaptação dos filhos à volta às aulas. Alguns se sentem aliviados por retomar a rotina escolar, mas outros podem estar preocupados com a adaptação dos filhos e suas dificuldades acadêmicas. A comunicação aberta entre pais e educadores é essencial para oferecer suporte aos alunos e garantir uma transição tranquila.

O Desafio dos Professores


Para os professores, a retomada após as Férias de Inverno pode ser um desafio, mas também uma oportunidade. Preparar-se para o restante do ano letivo, inovar nas estratégias pedagógicas e engajar os alunos são metas importantes. Entender a diversidade de reações dos estudantes ajuda os educadores a criar um ambiente estimulante e inclusivo.

A Importância de um Ambiente Acolhedor


Para que a volta às aulas seja bem-sucedida, a escola deve proporcionar um ambiente acolhedor para todos. Atividades de integração entre os alunos fortalecem os laços e facilitam a adaptação. Além disso, a parceria entre pais e professores é fundamental para apoiar o desenvolvimento acadêmico e emocional dos estudantes.


A volta às aulas após as férias de inverno é um momento repleto de emoções e comportamentos variados. Compreender e respeitar os sentimentos de alunos, pais e professores é essencial para criar um ambiente saudável e propício ao aprendizado. A colaboração entre todos os envolvidos na jornada educacional é a chave para garantir uma adaptação positiva e enriquecedora para a comunidade escolar.

mIA Codegeist abusa da inteligência artificial para compartilhar conhecimento sobre temas relevantes à sociedade (e alguns nem tão relevantes assim).

Como apresentar uma aula pelo rádio e ganhar a audiência do seu aluno

O rádio é transformado em sala de aula na pandemia (Foto: Pixabay)

 

Tem em Osório, no Rio Grande do Sul; tem em Pindamonhangaba, em São Paulo; tem em Mulungu; no Ceará; e tem também em Ruy Barbosa, na Bahia. Tem aula sendo apresentada no rádio em várias partes do Brasil, desde que as escolas fecharam devido ao risco de contaminação dos alunos com a pandemia.

Sem a tecnologia mais avançada à disposição, sem sinal de internet na região e sem celulares na mão, alunos recebem o conteúdo possível sintonizando emissoras locais ou comunitárias. Prefeituras, professores e gestores de educação tiveram de se adaptar diante das carências de cada região. Com o material didático e uma dose grande de resiliência os alunos tentam absorver o conhecimento através de um veículo no qual a maioria só ouvia música.

Com a preocupação de reduzir o prejuízo no aprendizado desses jovens —- e mesmo de adultos que se alfabetizam no EJA —-, o Núcleo de Estudos de Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) elaborou um guia para que os professores tirem proveito dos recursos que o rádio oferece.

São 10 dicas que podem ajudar o professor, beneficiar os alunos e fornecer a você, que imagina um dia trabalhar com o veículo, na área da educação ou não, um conhecimento básico sobre como transmitir da melhor forma a mensagem pelo rádio. São dicas para situação de emergência, porque o rádio pode ser ainda mais bem explorado. Mas deixemos esses outros recursos para quando a situação se acalmar.

O guia leva a assinatura dos professores Luiz Artur Ferraretto, doutor em comunicação e dos maiores entusiastas do rádio que conheço, e Fernando Morgado, mestre em economia criativa. O trabalho se inicia inspirado por frase de Edgar Roquette-Pinto, pai da radiodifusão brasileira, criador da primeira emissora no Brasil:

“Ensine quem souber, o que souber, a quem não souber”

Com “Dez passos para o ensino emergencial no rádio em tempos de Covid-19”, o NER trata de elementos que estão ao alcance dos educadores, e não cai na tentação de querer ensinar o professor a dar aula, mesmo que algumas das dicas a seguir sejam muito úteis para o dia a dia na escola —- quando isso se tornar possível novamente.

O trabalho completo vale a pena ser baixado. O arquivo está disponível no site do Núcleo de Ensino de Rádio. A seguir, um resumo de cada passo e a minha recomendação: faça essa caminhada junto com o seu aluno:

1 — Conheça como funciona o rádio

“Do final do século passado até a atualidade, o rádio não mudou e, ao mesmo tempo, mudou muito”. Muitas mudanças no campo da tecnologia e transmissão do sinal; e a perseverança na ideia de que a relação apresentador e ouvinte ou professor e aluno se baseia em um diálogo que se altera “entre uma espécie de palestra e algo próximo de bate-papo”. Nessa conversa, um desafio para quem precisa da atenção do aluno “o caráter sonoro da mensagem permite que o ouvinte realize outra atividade em paralelo à escuta”.

2 — Não tenha medo de falar ao microfone

Todo mundo estranha quando ouve sua voz pela primeira vez em uma gravação. Não se preocupe. É apenas a falta de costume de ouvir a si mesmo. Seus alunos já o conhecem pela voz e vocabulário que usa. O NER chama atenção para que ninguém se intimide por não ter aquilo que se consagrou no passado como voz de locutor de rádio: “falar claramente é muito mais importante do que possuir um vozeirão”. 

Outra sugestão que entendo ser relevante. Sua fala vai além da sua voz, inclui gestos, expressões e postura, portanto “se na sala de aula e no dia a dia você gesticula, faça o mesmo ao falar em rádio”. A palavra ganha vida.

3 — Não fale sozinho

Formem duplas ou trios de professores, assim o que seria um monólogo vira conversa e a mensagem chega mais agradável ao ouvinte. Um recurso pode ser a entrevista com pessoas que ajudem a ilustrar a temática abordada.

4 — Bata papo com a turma

“Como fazem os comunicadores, vocês precisam fingir que conversam com o seu público, criando uma espécie de bate-papo imaginário com alunas e alunos” e para que isso funcione é preciso conhecer bem o público para o qual se destina o conteúdo.

5 — Explore o ambiente dos alunos

Como já dito, no rádio você disputa a atenção do ouvinte com outros estímulos que estão à sua volta. Entre no cotidiano do seu aluno. Use expressões tais como: “você que está escutando a gente em sua casa, cuidando do irmãozinho menor enquanto a mãe foi para o trabalho …” etc

6 — Vá direto ao assunto

A mensagem no rádio é altamente fugaz ou volátil, lembra o guia. Então, vá direto ao assunto, descrevendo-o com começo, meio e fim. Se me permitem os autores do texto, dou meu pitaco: “seja simples, direto e objetivo” — é o mantra da boa comunicação.

7 — Ensine em módulos

A transmissão no rádio é a simulação de uma conversa. Não se trata de um bate-papo de mesa de bar. Precisa ser uma comunicação planejada, não necessariamente escrita —- recomenda-se que não o seja. Faça um roteiro dos temas e separe o conteúdo em blocos de 5 a 10 minutos, crie novos estímulos e volte ao assunto em seguida para manter a atenção do aluno.

 

8 —  Pare e pense

A cada passo é necessário analisar o que foi realizado e quais os resultados obtidos. Faça uma autoavaliação do lado de quem emitiu o conteúdo.

9 — Seja redundante

Com bom senso, é claro. No começo da aula explique o que será tratado e, no meio do caminho, retome alguns pontos de forma resumida. Sempre que tiver alguma informação que precisa ficar na memória do ouvinte, não se reprima: repita a sentença.

10 — Comece tudo de novo

A cada novo programa como a cada nova aula, saiba que você vai precisar recomeçar. Se os passos anteriores foram dados com sensates, o recomeça será apenas uma consequência, ensina o guia.

Bom programa, ótima aula e se cuide!

Conte Sua História de SP: o primeiro dia de aula, no Rio Pequeno

 

Por Samuel de Leonardo

 

 

“II Grupo Escolar do Bairro do Rio Pequeno”

 

“São Paulo, 11 de fevereiro de 1963”

 

Após nos posicionarmos em fila e ter entoado o Hino Nacional defronte ao prédio localizado na antiga Estrada Quatro ainda sem asfalto, atual Avenida José Joaquim Seabra, no Bairro do Rio Pequeno – Butantã, adentramos a sala de aula. Com o giz branco Dona Lurdinha (Maria de Lurdes Reis da Costa – nunca esqueci o seu nome) desenhara essas letras no quadro negro. Assim, numa tarde de verão, teve início o meu primeiro dia de aula naquela escola. Na verdade até então não sabia ler, mas a dedicada mestra explicou em detalhes às crianças o que traçara no quadro negro.

 

Ainda assustado com a novidade, trajando camisa branca, calça curta azul-marinho e calçando o novo Conga azul chegara a minha vez e, todo nervoso e sem jeito, apresentei-me balbuciando meu nome, confundindo-me com o Tute, apelido dado pelos meus avós paternos e o meu legitimo nome, Samuel.

 

A estrutura do prédio era todo de madeira. Dois galpões em tom azul desbotado pelo tempo, sobrepostos em pequenas colunas de tijolos à vista que comportavam duas salas de aula. O teto não tinha forro e podiam-se notar as robustas vigas cruzadas sustentando o telhado de amianto e as janelas enormes apresentavam algumas vidraças quebradas, talvez por pedradas.

 

Dispostas em fileiras carteiras duplas de madeira já desgastadas pelo tempo acomodavam a todos. À frente uma pequena mesa e uma cadeira destinada à professora, ao fundo dois armários que um dia foram envernizados completavam o mobiliário. Nota-se que o desmazelo das autoridades com a educação já se fazia presente.

 

Naquele dia nossa primeira atividade foi desenhar pequenos círculos até completar a folha. Caderno aberto sobre a carteira, lápis na mão e as “bolinhas” irregulares iam se distribuindo sobre as linhas. Então com toda a paciência do mundo nossa professorinha passou pelas carteiras elogiando a arte de cada um.

 

De repente ouve-se o tilintar da sineta tocada pelas mãos da servente, assim era denominada aquela que ainda não chegara a bedel. Hora do recreio, algazarra em profusão no enorme terreiro empoeirado a céu aberto que circundava o imóvel. Não havia muros para delimitar onde terminava a escola e começava o imenso matagal morro acima. Uns corriam para os banheiros situados nos fundos da escola, outros devoravam a lancheira. Para os que não trouxeram merenda era só descer até a pequena cozinha, única edificação de alvenaria posicionada à entrada daquela construção rústica, e apanhar um kit.

 

Enquanto os meninos corriam de um lado a outro no pega-pega, as meninas brincavam de roda ou pulavam amarelinha.

 

Novamente o tilintar da sineta, hora da segunda parte.As crianças voltaram ofegantes, suados e descabelados, alguns com os uniformes manchados por algum alimento. Eu não poderia ficar para trás, sujara a camisa branca de terra e com certeza seria repreendido pela minha mãe.

 

Agora na outra folha do caderno Dona Lurdinha pedira que desenhássemos um sol, depois uma árvore e uma casinha. Barbada, desenhar era comigo mesmo.

 

Antes que tocasse pela última vez a sineta daquele dia, ela escreveu na lousa “lição de casa”. Os meninos deveriam trazer uma folha de alguma planta qualquer, enquanto que as meninas uma flor de acordo com a preferência de cada uma.

 

Anos mais tarde após os dois galpões serem criminosamente incendiados, naquele lugar o governo construiu um belo complexo educacional com classes modernas, uma quadra e um ginásio poliesportivo coberto. Durante o dia fora batizado de Escola Estadual Daniel Paulo Verano Pontes.À noite funcionava o Ginásio Estadual Ministro Américo Marco Antônio, onde conclui o antigo ginasial.

 

Da “lição de casa” e daquela primeira vez eu nunca me esqueci, pena que aquele dia passou como um bólido, assim como rápidos foram as semanas, os meses, os anos.

Empreendedorismo: desenvolva a consciência empreendedora nos estudantes

 

 

Nesta quarta-feira, tive oportunidade de entrevistar no Mundo Corporativo, Wilson Risolia, líder da Falconi Educação, que se dedica a desenvolver projetos de gestão em instituições de ensino, públicas e privadas. A conversa vai ao ar em breve, no Jornal da CBN, mas quem teve oportunidade de assistir ao vivo pela internet, seja no site da CBN ou na transmissão pelo Facebook, deve lembrar que uma das últimas questões foi relacionada ao currículo escolar.

 

Risolia, que foi secretário estadual de Educação no Rio de Janeiro por quatro anos, lembrou-me que um dos grandes desafios dos gestores de educação é incluir as 12 matérias obrigatórias em uma grade com apenas 4 horas de aula por dia, ou seja, 20 horas semanais. Por isso, sempre que alguém sugere impor algum novo tema aos alunos, devemos pensar como incluir o assunto sem sobrecarregar ainda mais a grade escolar.

 

A resposta de Risolia foi ao encontro do que eu havia falado durante o Papo de Professor, do projeto Pronatec Empreendedor, realizado pelo Sebrae. Em uma das perguntas que tive de responder, o tema proposto era a possibilidade de as escolas, com o apoio de instituições financeiras, privadas e públicas, inserirem a cultura empreendedora para que os alunos se transformassem em protagonistas de sua história.

 

Minha resposta completa você assiste no vídeo acima. Se quiser acompanhar outras questões tratadas no Papo de Professor, clique aqui.

No Conte Sua História de SP: minha primeira redação na escola

 

Por Maurício de Oliveira

 

 

Nasci em 1960, no Bairro de Vila Brasilândia, na rua Virajuba, num cortiço chamado Catimbó. Um bairro marcado pela violência e a criminalidade.

 

Sou o quinto filho numa família de seis: cinco meninas e um menino. Meus pais eram pessoas simples e analfabetas. Minha família era muito pobre e apesar das dificuldades, nunca nos faltou amor.

 

O amor foi determinante na minha criação e educação. Estudei o primário na Escola Municipal Raul Fernandes iniciando em 1968. O Brasil vivia em plena Ditadura. Não existia liberdade de expressão e até o pensamento era censurado.

 

A maior lembrança que tenho da minha escola, aconteceu no 2 º ano primário. A professora disse que aprenderíamos uma lição nova: redação. Podíamos escrever qualquer tema, desde que tivesse começo, meio e fim. Olhei para uma colega de classe e escrevi:

 

“Vera Lúcia, você vai crescer, namorar, casar e ter filhos”.

 

Estava completa a minha redação. Li várias vezes em pensamento antes de entregá-la. Será que isso é redação? – pensei comigo. O aluno da carteira de trás, levantou-se pegou a minha redação e disse em voz alta: – professora, ele terminou a redação!

 

A professora leu e ficou chocada com o texto. Eu não tinha a menor consciência do que havia escrito: – levante-se e me acompanhe até a diretoria.

 

As crianças tinham uma fantasia naquela época. Imaginavam que na escola haviua um quartinho onde vivia uma cobra, quando alguém fazia algo proibido era colocado de castigo lá dentro. A cobra picaria o aluno e a pessoa morreria.

 

O diretor da escola era um tirano, um ditador. Comecei a chorar desesperadamente de tanto medo. Na minha cabeça, imaginava o terror ao qual seria submetido e meus pais não teriam conhecimento. Havia assistido ao filme Cleópatra e me lembro quando ela tirava uma serpente de um cesto cheio de morangos e se suicidava. Pensava que a mesma cobra que matou a Cleópatra iria me matar na escola.

 

Perguntei ao diretor:
– Por que estou aqui na diretoria?
– O que eu fiz de errado?

 

Ele respondeu:
– Você escreveu uma redação de fundo sexual.

 

Para mim, toda linguagem que não fosse compreensível era língua de médico. O diretor me disse que ele não poderia responder a minha pergunta porque eu não tinha idade e capacidade para entender o que era fundo sexual. E me advertiu:

 

– Você ficará em observação por um ano e se escrever outra redação como essa, será expulso dessa escola e não estudará em nenhuma outra escola do bairro, da cidade e do país.

 

Conclui que a professora e o diretor se formaram na faculdade da inquisição. Se eu escrevesse: Vera Lúcia, você irá crescer, envelhecer, ficar doente e morrer, não estaria errado. O erro foi escrever que ela teria filhos.

 

Ainda bem que esse fato não bloqueou a minha capacidade de escrever redação, a ponto de eu estar hoje aqui escrevendo esta história de São Paulo.

 

Maurício de Oliveira é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte você também a sua história de São Paulo. Escreva para milton@cbn.com.br

A complexa tarefa de um professor que precisa dar nota aos alunos

 

Cadeira cativa no Canindé #DalheGremio

 

Jornalista não é bom de número (ao menos a maioria de nós). Preferimos as letras e, por isso, na escola, nos dedicamos às humanas. Isso não significa que no cotidiano da profissão estaremos livres de manipular dígitos e tratar das desumanidades que as notícias contam. Digo isso, desde início, para deixar claro que qualquer análise errada que faça sobre o fato que irei relatar agora talvez esteja relacionada a esta minha incompreensão da matemática.

 

Um estudante, desde o primeiro ano na escola, foi merecedor de medalhas de honra ao mérito, título oferecido àqueles que conseguem, no mínimo, nota 8 em todas as matérias, ao fim da temporada. Este ano, porém, ao concluir o ensino médio – que eu teimo em chamar de 2o. Grau – após 12 anos na mesma instituição de ensino, não se capacitou para a honraria, pois, em uma das matérias ficou com média 7,87. Apesar de todas as demais terem ficado acima do 8 exigido nas regras internas da escola, a falta de 0,13 ponto em uma delas o impediu de voltar a receber o prêmio.

 

Quando estive na escola, nas décadas de 1970 e 1980, as notas não eram números, eram letras. Se ainda lembro bem, os conceitos variavam entre Ótimo, Bom, Regular e NS – sigla do temido Não Satisfatório, que insistia em aparecer no meu boletim escolar. Num ano em especial, o NS dominou a grade, o que me levou a repetir. Foi na 7a. série do Primeiro Grau, hoje Ensino Fundamental. Foi duro contar em casa a notícia, apesar de todos já estarem esperando-a pois acompanhavam de perto meu (mau) desempenho. Conto hoje essa história com muito mais tranquilidade pois tantos anos depois sei que aquela reprovação não deixou sequelas.

 

Os conceitos em forma de letras parecem mais subjetivos, mesmo que sejam baseados em notas tiradas nas provas e no desempenho em sala de aula. Existem muitas variantes para incluir um aluno na categoria dos ótimos, assim como taxá-lo de regular, por exemplo. Parece-me mais justo para os estudantes e mais simples para os professores que podem trabalhar com uma margem de erro aceitável, afinal estamos falando de seres humanos que tem sua diversidade e são tomados de emoção.

 

Já os números são objetivos e cruéis: imagine a dificuldade para o mestre diferenciar um aluno 6,5 de um 6,75, ou saber quando um merece 8 e o outro 8,1. O que representaria 0,1 décimo (ou 0,13) de sabedoria a mais para um jovem? Conhecer o nome de todas as capitais brasileiras em ordem alfabética, sem pestanejar – se pestanejar vira 8, piscou duas vezes 7,9; ou fazer as equações mais rapidamente do que os outros; ou usar ponto e vírgula em seus textos, enquanto os colegas se limitam ao ponto e a vírgula. Sei lá como os professores se saem diante desse desafio. Ainda bem que decidi ser jornalista e não ter de resolver situações complexas como essas. De vez em quando até somos obrigados a dar notas para o desempenho de jogadores de futebol ou de gestões públicas, mas nossa falta de precisão não costuma causar muitos estragos.

 

Coloque-se agora diante da situação enfrentada pelo professor que teve o dever de julgar o desempenho de um aluno que por 11 anos foi honra ao mérito na escola e, no último, havia alcançado notas que superavam a média 8 em todas as matérias, menos na dele. Deixar-se levar pela frieza de um número – no caso 0,13 – que tiraria de um jovem a satisfação do prêmio ou reavaliar o desempenho geral do aluno, pesar seu histórico e lhe oferecer a oportunidade da conquista final? Prezar pela precisão das exatas ou cultivar a subjetividade das humanas?

 

O professor, calculista, apesar de ser da área de humanas, preferiu o caminho reto dos números. Para ele não havia dúvida, seu aluno era um 7,87, jamais um 8. O estudante, pelo que soube, sequer reclamou pois já havia aprendido a lição: para a sua história, que está apenas começando, tudo isso era muito insignificante – quase um 0,13.

Entre os muros da escola: “todos fomos alunos um dia”

 


Por Biba Mello

 

FILME DA SEMANA:
“Entre os Muros da Escola”
Um filme de Laurent Cantet .
Gênero: Drama.
País:França

 

 

François Marin é um professor de literatura que dá aula em uma escola da periferia para alunos de 13 a 15 anos de diferentes etnias.Os conflitos entre alunos e professores é constante pois existe um abismo cultural entre eles, os alunos possuem uma agressividade e indisciplina por motivos diversos, a escola não ajuda pois tem uma estrutura que não proporciona o desenvolvimento de suas potencialidades, mas este professor vai surpreender.

 

Por que ver: O filme é de um realismo tão absurdo que me fez parar para pesquisar no Google e ver se não se tratava de um reality, apesar das cenas terem evidência de construção cinematográfica, com posicionamento de câmera, distância focal e angulação. A interpretação apresenta uma verdade absoluta com ausência, ou total presença de interpretação, sendo estes atores excelentes e muito bem dirigidos e em nenhum momento perdem o timing e a verdade da cena.

 

Além de tudo isto, ele não é um filme só “cult” ou só de “entretenimento”. É um filme completo, que nos diverte, enquanto nos leva à discussões importantes. O assunto é universal; todos fomos alunos um dia. Algumas discussões serão abertas e dificilmente fechadas…Lições de tolerância e amor aprendidas…
Atenção amantes de “Transformers”: este NÃO é um filme chato!!!

 

Como ver: Acho que a melhor resposta seria, QUANDO ver… Logo que receber o boletim com notas vermelhas de seu filho… Assim, como este professor, você poderia se aceitar como um herói com falhas ao se perguntar: “meu Deus onde eu errei?”.

 

Quando não ver: bom, não existe este “quando não ver”…Veja com seu filho, logo que receber o fatídico boletim, abra a discussão, jogue a bola para ele e tente entender o porquê o amado idolatrado salve salve filho, não estuda, ou não entende a porcaria da matemática, português, geografia…etc…etc…etc…

 

Até semana que vem querido leitor!
Boa Sorte!

 


Biba Mello é diretora de cinema, blogger e apaixonada por assuntos femininos. Aqui no Blog do Mílton Jung, nos ajuda a programar a vida a partir do cinema

Mensalidades das escolas particulares estão assustadoras

 

Por Mílton Ferretti Jung

 

Esta manchete do jornal gaúcho Zero Hora é assustadora:

 

“Mensalidade escolar aumenta até 12%, o dobro da inflação”.

 

É claro que o título se refere a colégios particulares,mas nem todos os pais, cujos filhos estudam nos educandários citados na reportagem de Zero Hora,devem ter-se dado conta de que estão pagando preço tão acima da inflação. Muitos deles,sem dúvida,fazem das tripas coração para quitar,em dia, a importância contida nos boletos bancários mensais. Convém prestar atenção para o que se lê em ZH logo abaixo da manchete:

 

“Levantamento de Zero Hora em 10 colégios particulares aponta elevação média de 8,73%,enquanto em 10 universidades gaúchas reajuste ficou em 6,69%,diante da inflação de 5,91% em 2013”.

 

Uma das explicações – eu prefiro dizer desculpas – para “justificar” a alta,por mim classificada no início do texto como assustadora,foi dada por Osvino Toillier,vice-presidente do Sinepe – Sindicato das Escolas Privadas – segundo o qual essas são surpreendidas por gastos imprevistos,”assim como as pessoas”.

 

Na minha adolescência, estudei em dois colégios que estão entre os 10 privados do Rio Grande do Sul com maior número de alunos: o Anchieta,que na época tinha sua sede na Rua Duque de Caxias,e o Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário. O meu pai podia se queixar do meu aproveitamento escolar,mas jamais ouvi dele uma palavra sequer sobre o quanto lhe custava me manter nessas duas instituições de ensino. Talvez,ele pagasse mensalidades bem menos altas do que as atuais. Para não dizer que jamais fui matriculado em colégio público,lembro-me que fiquei uma semana no Souza Lobo,mas voltei logo para o Sagrada Família,sãs freiras franciscanas. Estive internado por um ano e meio no São Tiago,escola marista,em Farroupilha-RS. Apelidaram-me nessa de fugitivo,tantas vezes tentei escapar do educandário. Só fiz essa digressão,porque os meus netos,todos em colégios particulares,não se espelharam no avô e,provavalmente,não leem os meus textos neste blog,ancorado pelo pai do Gregório e do Lorenzo.

 

Os meus três filhos também estudaram somente em escolas particulares. Aliás, os três – a Jacque,o Mílton e o Christian -concluíram sua escolaridade no Rosário,no qual,agora, está o Fernando,filho do Christian. Pego o fio da meada,quase perdido,para lembrar que enfrentei época de vacas magérrimas na Rádio Guaíba e nunca atrasei o pagamento das mensalidades escolares. Gostaria de ter cabeça tão boa que me permitisse recordar quanto custava,por mês,manter três filhos no Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário. Seja lá como for,só posso imaginar que não tivesse de pagar mensalidades muito acima da inflação. Tenho muita pena dos pais menos abonados que se matam trabalhando para conseguir segurar os seus filhos em colégios particulares.

 

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

Curitiba terá alunos no Adote um Vereador

 

A participação de jovens na política pode ser o início de um processo de transformação e conscientização, por isso saber da iniciativa de uma escola em Curitiba, no Paraná, em lançar o projeto “Adote um Vereador”, envolvendo os alunos, me deixa bastante satisfeito. Para entender como vai funcionar, publico
o texto que encontramos no site Bonde:

 

A professora Sônia Regina Cordeiro Silva apresentou à Câmara Municipal de Curitiba, na sessão da última segunda-feira (1º), a campanha “Adote um vereador”. Implantada com alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual João Paulo II, a iniciativa integra o projeto “Manifestações políticas nas ruas e praças da cidade: um ato público de cidadania”, elaborado pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do governo estadual.

 

“A cidadania não nasce com a gente. Precisamos aprender a ser cidadãos, e a escola é espaço para isso”, destaca a docente, que participou da sessão a convite da vereadora Professora Josete (PT). “O projeto pretende motivar a reflexão crítica do papel do aluno como cidadão. Também envolve a participação política”, complementou. O trabalho desenvolvido por Sônia tem a orientação do professor Dennison Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e integra a disciplina de História do Colégio Estadual João Paulo II.

 

Os estudantes vão acompanhar, por meio da campanha “Adote um vereador”, o mandato de cada um dos 38 parlamentares da Casa. A atuação será avaliada com base em proposições protocoladas, assiduidade, entrevistas nos gabinetes, informações divulgadas no site da Câmara de Curitiba e notícias veiculadas pela imprensa, dentre outros critérios. Os dados coletados serão publicados em página criada na rede social Facebook, intitulada “Terceirão da cidadania”, e os alunos têm visita agendada ao Legislativo no próximo dia 10.

 

Clique aqui para acessar a página “Terceirão da cidadania”