Por Juliana Leonel

Dezembro é, para muitas pessoas, o mês mais aguardado do ano: celebrações, reencontros e descanso marcam a época. No entanto, para quem enfrenta transtornos mentais, este período pode ser marcado pela intensificação das dificuldades emocionais e aumento do estresse.
O fim do ano evidencia seus problemas de relacionamento, desamparo familiar e negligência, especialmente em momentos de confraternização. O impacto emocional provocado pela pressão social e pela expectativa de comemoração agrava o quadro psicológico, resultando em desequilíbrios emocionais significativos.
De acordo com um estudo da National Alliance on Mental Illness (NAMI), entre 24% e 40% das pessoas com transtornos mentais relatam uma piora nos sintomas durante o fim do ano.
São comuns, entre aqueles que vivenciam dificuldades emocionais nesta época, frases como:
– “A vida está sem cor, como comemorar?”
– “Fui abandonado pela minha família…”
– “As pessoas se afastaram quando souberam do meu transtorno…”
– “Eles não me querem por perto, dizem que eu estrago as festas…”
– “Ainda tenho tantas demandas a cumprir…”
Nesse contexto, os ambulatórios de saúde mental intensificam seus esforços preventivos, considerando o alto índice de piora nos quadros psicológicos e o aumento dos casos de suicídio nesse período. Sentimentos de medo, culpa, ressentimento, ansiedade e depressão podem se tornar mais intensos, transformando dezembro em uma fase de sofrimento emocional.
Outro fator agravante é o balanço anual de realizações e planos para o futuro. Frustrações por metas não atingidas, comparações entre progresso e estagnação, e a pressão por novos objetivos e cobranças são grandes gatilhos de ansiedade. A cobrança por mudanças imediatas, especialmente após um ano repleto de desafios, gera insegurança e medo.
Algumas práticas são indispensáveis para proteger o bem-estar psicológico:
- Evite o abuso de bebidas alcoólicas e substâncias – Elas podem agravar o quadro emocional e aumentar a sensação de vulnerabilidade.
- Controle o excesso de consumo (alimentar, financeiro, etc.) – A pressão para “consumir mais” pode gerar frustração e estresse.
- Fique atento ao isolamento social e aos sinais de tristeza, solidão ou desesperança – O afastamento das pessoas pode aumentar a sensação de desconexão.
- Estabeleça metas realistas e valorize pequenas conquistas – Evite criar expectativas irreais e pressionar-se de forma exagerada.
- Converse se estiver triste ou ansioso – Falar sobre seus sentimentos ajuda a aliviar a tensão emocional.
- Pratique a empatia consigo e com os outros – Lembre-se de que todos têm suas batalhas; a compreensão mútua é um importante alicerce emocional.
- Acolha quem está em sofrimento ou luto – Se souber de alguém enfrentando uma doença ou perda, ofereça apoio e presença.
Dezembrite pode, sim, ser uma fase desafiadora. No entanto, com atenção, apoio adequado e práticas conscientes, é possível atravessar este período com mais leveza e menos desgaste emocional. Reconhecer as próprias necessidades e as dos outros torna-se essencial para que todos encontrem um espaço de acolhimento e compreensão.
Juliana Leonel, psicóloga pela Universidade Paulista, mestre em Psiquiatria e Psicologia Médica pela Universidade Federal de São Paulo e professora universitária em tempo integral. Escreve a convite do Blog do Mílton Jung

