Conte Sua História de São Paulo: deleitaram-se lançando asfalto no meu leito

Por Expedito Peixoto

Ouvinte da CBN

Avenida e Rio Aricanduva, na zona leste de São Paulo: Foto Marcos Santos/Jornal da USP

No Conte Sua História de São Paulo, o ouvinte da CBN Expedito Peixoto da Paz faz poesia que tem como título ‘O Grito’ e inspiração o Aricanduva

Aricanduva 

Lento silencioso calmo sinuoso

Entre morros morrinhos igarapés 

Nasci lá na Leste. Éh!, sou majestoso

Natureza rodeia beija meus pés

Meu percurso é longo e grandioso 

Sereno límpido arborizado por ipês. 

Quanta vida!, que vida eu vivia

Animais peixes índios pássaros 

Se e me alimentavam noite e dia

E quando vinham temporais, não raros,

Ahh! como eu brincava ah! como eu sorria;

Papagaios sabiás piabas algas ágaros

Assim vivi infância e juventude 

Tempo correu e junto a maturidade

Enquanto sonhava ser plenitude

Dos humanos me faltou humanidade,

Ao encontrá-los me tornei cruel, rude

Roubaram-me o brio a serenidade.

Logo na 2′ curva me jogaram a ‘Choff, Ragueb’

Na 6′ curva um porre me cortaram na ‘Itaquera’

‘Jd.do Carmo, Sesc’! minh’água já não bebes

Caí no choro, roubaram-me o melhor amigo, ‘Rio das pedras’ 

Implantaram Aps, Igrejas e suas sedes

Quebraram meus mimos alegrias e  regras  

Deleitaram-se lançando asfalto no meu leito

Me cuspiram seus restos, sobras

Me injetaram prédios e seus efeitos

Jogaram-me no lodo à sombrias sombras

Hoje só transita esgoto no meu peito

De dor choro a invasão de suas obras 

Por nascer numa metrópole 

Meu destino é súbito, induzido 

Enquanto pensava ser prole

Nas Trilhas, Avenidas, Marginais; fui traído

Me encharco me encachaço quando chove

Sonhos e esperanças foram-me subtraído

Me assolaram desatolaram sem dó 

Ao avesso e travesso fui revirado

Sem amor, perdi a cor, vivo na dor

Quando chove piro, deságuo ira irado

Engulo animal, gente até automotor 

De agonia golfo vômito catarrado.

Violência!!?, Não nunca quis ser bravo 

Mas o desencanto surrou min’alma

Ao ver minha foz ‘Alberto Badra’

Meu único desejo, amigo, é correr feliz e calmo

Não! não me entrego a lutas que me trava

Meu grito é de alerta,

Quero vida, me socorre me acalma.

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Expedito Peixoto é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Escreva o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade você visita agora o meu blog miltonjung.com.br ou vai lá no Spotify e coloca entre os seus favoritos o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: comprava meia bengala na padaria do Aricanduva

 

Por Carlos Humberto Biagolini
Ouvinte-internauta da rádio CBN

 

 

Ouvia o programa na CBN e escutei a história de um ouvinte que comprava meia bengala. Pois bem, eu também sou dessa época. A padaria onde minha mãe comprava pão ficava no Jardim Aricanduva, na avenida Rio das Pedras, na zona leste. Além da meia bengala, lá comprávamos, também, meio litro de leite. Você levava a garrafa de vidro e o balconista tirava uma tampinha feita em alumínio, e despejava meio litro de leite na sua garrafa. Tudo no olho, colocava uma garrafa ao lado da outra e dividia o leite.

 

Outra lembrança que tenho daquela época: onde temos o piscinão do Aricanduva havia uma linda lagoa. Linda mas perigosa pois a garotada da época, inclusive eu, gostava de dar uns mergulhos por lá. E o risco era grande: infelizmente, lembro de alguns que morreram afogado.

 

No córrego Aricanduva, nos anos de 1960 e começo de 1970, havia pequenos peixes que pegávamos com uso de peneiras. Todo o lado ali da Avenida Aricanduva, onde está o shopping, era uma enorme área verde. O bairro desenvolveu primeiro o lado oposto ao shopping. Então, nesta área verde tinham muitas espécies de aves. Passarinhos lindos eram vistos por lá. Depois com o crescimento do bairro, essa reserva verde foi se acabando até chegar no que é hoje.

 

Sem dúvida, muita coisa mudou por lá. Até o rio Aricanduva. Acredite: ele corria exatamente onde é a pista sentido São Mateus e foi refeito ao lado para permitir a construção da avenida.

 

Se até o rio muda, porque eu não mudaria, também.

 

Carlos Humberto Biagolini é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Conte você também a sua história: escreva para milton@cbn.com.br. sg

Olhar de Pétria: Aricanduva em risco

 

Deslizamento em Aricanduva Foto Pétria Chaves

O deslizamento de terra interrompeu parcialmente a avenida Aricanduva, na zona leste de São Paulo. A Pétria Chaves que sobrevoou o local, nesta manhã, ficou preocupada com a situação das residências que estão no topo do morro. Além do risco de que a chuva que se avizinha, nesta quinta-feira, possa causar ainda mais estrago no local.

Foto-ouvinte: Fim de tarde paulistano

São Paulo sábado à tarde

Foi preciso desviar da congestionada Avenida Tiradentes que não tem folga para os motoristas mesmo em um sábado. No caminho até o Viaduto Aricanduva, zona leste da capital paulista, mais carros: “as pessoas correm de um lado para o outro”, diz o colaborador do blog Marcos Paulo Dias. Parece, porém, que tudo valeu a pena depois que ele conseguiu, sobre o viaduto, registrar esta imagem do fim de tarde no outono paulistano.