Assassinatos de Battisti não tiveram motivação política, diz Maierovitch

Cesare Battisti

Poucos brasileiros falam com tanta sobriedade e autoridade sobre a extradição – ou não – do assassino italiano Cesare Battisti como meu ex-colega de rádio CBN Wálter Maierovitch. Discutiu o tema no extinto quadro Justiça e Cidadania, tratou na coluna semanal na revista Carta Capital e aprofundou no site do Instituto Brasileiro Giovanni Falconi que mantém com o objetivo de debater o combate ao crime e o respeito aos direitos humanos. Chamou atenção do ministro da Justiça Tarso Genro para o caso que este tinha em mãos. Explicou as diferenças entre ações políticas e criminosas. Entre terror e horror.

Maierovitch relata em coluna escrita no ano passado:

“No dia 6 de junho de 1978, por volta das 16h50, Battisti e o parceiro Diego Giacomini, com barba e bigodes falsos, entraram no açougue de Lino Sabbadin. Perguntaram para a vítima se ela era Lino e, depois de um sim, mataram-no com quatro tiros.

Pouco antes, por volta das 15 horas e na cidade de Milão, Battisti idealizara outra execução, a do joalheiro de periferia Pierluigi Torrigiani. Quando a vítima abria a porta da joalheria, houve o surpreendente ataque a tiros. A vítima, depois de atingida, conseguiu puxar a sua arma. Ao cair no chão, a arma disparou e um projétil atingiu o filho adotivo Alberto Torrigiani, que ficou hemiplégico e utiliza uma cadeira de rodas. O joalheiro Torrigiani, como o açougueiro, não era militante político. Nos dois assassinatos não houve qualquer motivação político-ideológica. Torrigiani, certa ocasião, estava jantando num restaurante de nome Transatlântico e participou da reação a um assalto, que resultou na morte dos dois assaltantes. Não sabia que eram ligados a Battisti, que, em represália, urdiu e participou do projeto covarde de assassinato de Torrigiani.”

Não foi ouvido.

Resultado: Battisti ficará sobre a “proteção” brasileira, desde que Lula não reveja a decisão de seu comandado.

Em conversa por e-mail com Maierovitch, após anúncio de Genro, o presidente do IBGF disse que se envergonha do Brasil, neste caso, e lembrou que “durante a ditadura militar, os que torturaram e mataram os que lutavam contra o regime de exceção, devem ter se alegrado com a decisão de Genro. Afinal, eles podem dizer que foram crimes políticos”.

Leia o texto sobre o caso publicado hoje no site do IBGF:

Por que me envergonho do Brasil – 15 de janeiro de 2009

Outros textos de Wálter Maierovitch no IBGF:

“Extradição de Cesare Battisti. Um Noir para o Judiciário”  – 30 de junho de 2008

“O Desinformado de Berna e o caso Battisti” – 15 de outubro de 2008.

Direitos Humanos: Na mesma medida
– 17 de agosto de 2008.