Dinamarca, voto e ajuda social: a verdade que ninguém te conta!

Trabalho com a ‘caverna do diabo’ aberta à minha frente. Enquanto converso com os ouvintes pelo microfone, na tela do meu computador, centenas de mensagens são despejadas pelo WhatsApp. Entre uma entrevista e outra, chegam informações de todo tipo: agradecimentos, críticas e sugestões de pauta, tanto quanto ofensas pessoais, denúncias infundadas e as correntes que prometem revelar “a verdade escondida” sobre algum assunto.

O que me chama a atenção não é o volume de mensagens — que já faz parte da rotina —, mas a confiança com que muitas delas são enviadas. Ouvintes, pessoas que nos acompanham há anos, repassam informações falsas com a mesma segurança de quem anuncia a previsão do tempo: “Vai chover amanhã, pode se preparar.”

Outro dia, recebi uma mensagem afirmando que, na Dinamarca, toda pessoa que recebe ajuda social perde o direito de votar. O texto ainda sugeria: “Compartilhe se quiser que o Brasil faça o mesmo!” Essas mensagens não apenas espalham desinformação. Elas revelam preconceitos guardados: a ideia de que quem precisa de auxílio social não saberia votar com autonomia ou de que os problemas do país se resumem a um “voto comprado”.

A realidade é que, na Dinamarca, quem recebe assistência do governo não só pode votar como participa ativamente da vida democrática. O país investe em proteção social justamente para garantir dignidade e participação de todos.

Mas por que tantas pessoas continuam acreditando nessas histórias?

Uma das razões é o viés de confirmação. Quando alguém já acredita que programas sociais servem para manipular votos, qualquer mensagem que alimente essa visão será rapidamente aceita. É como se cada um de nós tivesse um filtro invisível que escolhe o que confirmar e o que descartar, conforme nossa conveniência.

Outro ponto é o formato: textos curtos, diretos, carregados de emoção e indignação. Ao provocar raiva ou medo, aumentam a chance de serem repassados antes mesmo de qualquer reflexão.

Há também o recurso de citar países tidos como exemplares — caso da Dinamarca ou da Suécia — para dar um ar de credibilidade. Quem vai verificar se isso realmente ocorre? Quase ninguém. Talvez um jornalista.

Para conter o avanço dessas mentiras, temos três ações à nossa disposição:

Desconfiar. Antes de encaminhar qualquer mensagem, vale perguntar: quem escreveu? Existe alguma fonte oficial? A informação aparece em veículos de imprensa reconhecidos? Ah, você não confia na “grande mídia”? Quem sabe, então, pesquisar nas milhares de fontes disponíveis na internet?

Conversar. Em vez de ironizar quem compartilha, é mais eficaz explicar, com calma, onde está o erro e mostrar a informação correta. Ou seja, despender um tempo do seu dia para ajudar na disseminação da verdade.

Apoiar projetos de checagem. Hoje, várias iniciativas se dedicam a verificar fatos e disponibilizam o resultado gratuitamente.

Receber mensagens faz parte do meu trabalho — muitas nos pautam, e tantas outras nos levam a refletir sobre como estamos praticando o jornalismo. Corrigi-las, também. Mais do que desmentir boatos, é preciso convidar o público a cultivar a curiosidade, questionar, buscar outras fontes. Neste cenário em que a verdade disputa espaço com versões fabricadas, cada um de nós se torna guardião da boa informação.

Em tempo: Sim, o título deste texto foi escrito no melhor estilo “corrente de WhatsApp” — daqueles que gritam para chamar sua atenção. Afinal, se funciona para espalhar boatos, por que não usar para espalhar a verdade?

Ajude-me a construir a nova sede da Cáritas Santa Suzana

 

 

Conheci o trabalho da Cáritas Santa Suzana pelas mãos do Padre Manoel, que reza as missas na Capela da Imaculada Conceição, local que frequento aos fins de semana como já devo ter contato em outras oportunidades neste blog. A ação pedagógica e de formação que os voluntários desenvolvem há mais de dez anos é contagiante. São cerca de 350 crianças de famílias carentes que passam pela instituição e recebem apoio socioassistencial, no bairro Monte Kemel, zona oeste de São Paulo. Muitos desses jovens já foram para a universidade ou encontraram oportunidade no mercado de trabalho, graças ao apoio de empresas que investem neste projeto. Outros tantos, levaram o conhecimento, adquirido nas muitas atividades realizadas, para dentro de suas casas e compartilharam com parentes, amigos e colegas. A obra que se realiza neste espaço é transformadora pois atende jovens e suas famílias que moram em algumas das maiores favelas das zonas sul e oeste da capital paulista, tais como Paraisópolis, Real Parque e Vila Praia.

 

Durante todo esse tempo, a Cáritas recebeu as crianças e adolescentes em conteiners adaptados para serem salas de aula. Agora, chegou a hora de mudar este cenário. Aproveitando o terreno próprio, um grupo de voluntários iniciou trabalho de captação de recursos para erguer uma nova sede, muito mais moderna, confortável e digna, que ampliará ainda mais o alcance deste projeto. As novas instalações terão um edifício principal, com 1.700 m2 de área construída, ladeado por um pátio externo de 1.000 m2, estacionamento multiuso, com 3.100 m2 área construída – que também será fonte de renda para a Cáritas -, e espaços para hortas e jardins.

 

Eu estive no local onde o prédio está sendo erguido e aproveitei para fazer uma transmissão, através do Periscope, oportunidade em que conversei com várias pessoas que assistiram ao vídeo, ao vivo, e enviaram perguntas pelo aplicativo. Um resumo deste vídeo está publicado aqui no blog e você poderá ver que a obra está avançando, principalmente devido a ajuda de um fundo do governo da Itália destinado a projetos de caridade em países do terceiro mundo. Apesar da colaboração, ainda são necessários cerca de R$1milhão para sua conclusão, e você está convidado a nos ajudar com qualquer quantia que estiver ao seu alcance.

 

As doações devem ser feitas em dinheiro na conta bancária da Cáritas Santa Suzana:

 

BANCO BRADESCO
AG 2403-1
CC 28573-0

 

CÁRITAS SANTA SUZANA
CNPJ 64.033.061/0016-14