Mundo Corporativo: quais são os ativos intangíveis da sua empresa

 

“A marca, evidentemente, é o ativo intangível mais conhecido, mais comentado. A marca, na verdade, não existe como ativo porque a marca existe na mente do consumidor. Cada consumidor vê a marca de uma maneira diferente … então elas são ativos porque pertencem a uma determinada empresa e porque se comunicam adequadamente com determinados segmentos da população que gostam dessas marcas “. A afirmação é de José Roberto Martins, presidente da Global Brands Consultoria, empresa especializada em gestão de marcas e avaliação de ativos intangíveis. Nesta entrevista ao programa Mundo Corporativo, da rádio CBN, Martins apresenta algumas práticas para avaliar ativos intangíveis de uma empresa. Ele é autor do livro Capital Intangível, editado pela Intregare.

 

 

O Mundo Corporativo vai ao ar às quartas-feiras, 11 horas, no site da rádio CBN, com participação dos ouvintes-internautas pelo e-mail mundocorporativo@cbn.com.br ou pelo Twitter @jornaldacbn. O programa é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN

 

Seleção brasileira de ativos

 

Por Frederico Mesnik

Quando perguntaram a Albert Einstein qual era a força mais poderosa do universo, ele respondeu: “os juros compostos!”. A alocação inteligente de ativos traz a oportunidade de ver nossos investimentos crescendo com a mágica dos juros sobre os juros.

Durante anos, grandes fortunas foram perdidas porque gestores ignoraram os preceitos básicos de uma boa alocação de ativos: diversificação, rebalanceamento e análise de riscos. No longo prazo é preciso dar atenção a cada uma destas variáveis.

Na sua base, alocação de ativos é buscar aplicações que não só podem se valorizar como também se comportar de uma maneira diferente das outras aplicações na carteira. Quando um ativo está perdendo seu valor por algum evento econômico-financeiro, é bom ter outro na carteira que sobe de valor no mesmo cenário. Chamamos isto de não-correlação. No fundo, a essência da diversificação é a busca pela não-correlação. A boa diversificação é aquela que envolve várias classes de ativos que têm resultados diferentes nos diversos cenários de mercado.

Vamos pensar em uma seleção de futebol: para vencer no mundo dos investimentos precisamos de um time forte e balanceado. Precisamos de bons atacantes quando o tempo está favorável e de bons defensores que protegem o nosso campo quando as coisas não vão bem. Do mesmo jeito que um time precisa ter um goleador, nossa carteira precisa de ativos que entregam resultados constantes acima da média, independentemente das condições de mercado.

Um técnico monta sua equipe avaliando cada jogador. Seus pontos fortes e fracos, histórico de desempenho e acima de tudo sua integração com a equipe. O técnico precisa saber o que cada jogador pode e não pode fazer, quais são os seus limites e sua posição ideal. Construir uma carteira é a mesma coisa. A combinação de ativos precisa ter harmonia e integração para atacar no momento propício e defender em momentos de turbulência. Desta maneira, teremos um retorno consistente com os nossos objetivos e sem surpresas.

De tempos em tempos devemos olhar nossa carteira para realizar os lucros daqueles investimentos que subiram acima da média e comprar aqueles que estão abaixo. O rebalanceamento faz com que a carteira mantenha suas alocações originais. O famoso mantra “Compre na Baixa e Venda na Alta” é alcançado com esta atividade. Conforme os ativos vão se valorizando e ocupando uma porção grande da carteira, a boa alocação manda vender e reinvestir em ativos que não estão indo bem, e assim por diante, pois o cenário é dinâmico.

Um bom técnico está sempre atento ao jogo pensando em coisas que podem dar errado, e é assim que devemos pensar. Analisar o risco não é nada mais do que avaliar o quanto estamos dispostos a perder. Devemos sempre estar atentos aos tipos de risco que estamos correndo e como eles podem afetar nosso portfólio para tomar medidas e reduzí-los ou até anulá-los.

Não há muito segredo para se ter sucesso na alocação de ativos. O processo exige muita arte, paciência, perspicácia, curiosidade e inteligência profissional. Como um terno feito sob medida: em alocação de ativos todos temos o mesmo tecido, mas cada um tem seu gosto e seu corte. Para os bons ternos busquemos um bom alfaiate para nossa carteira, um bom gestor!

Obrigado leitor pela atenção.

Frederico Mesnik é gestor de recursos, mestre em Administração de Empresas pela London Business School, tem especialização em Finanças pela Universidade de Chigago, GSB, e escreve no Blog do Mílton Jung