Por Carlos Magno Gibrail

Se perguntar para Patrícia Kogut da Globo, provavelmente dirá que ela terá que enfrentar sérios conflitos emocionais entre Paloma e Ninho, pais naturais, contra Bruno seu pai “verdadeiro”, mas terá um final feliz.
Se perguntar para a ministra Kátia Arruda do TST – Tribunal Superior do Trabalho provavelmente ouvirá que o trabalho na TV pode acarretar mudanças no comportamento de Klara Castanho, a menina de 12 anos que interpreta Paulinha. E o final feliz não estará garantido.
Ao assistir aos recentes capítulos de Amor à Vida e observando a interpretação de Klara Castanho como Paulinha, admiramos o desempenho teatral apresentado. Mais ainda ao assistir à entrevista que a premiada atriz mirim deu sobre a forte cena da descoberta da paternidade, quando foi aos prantos sem truques.
A questão é que este trabalho realizado de forma tão profissional e madura, não escapa à indagação sobre o reflexo à formação de uma criança. Ainda mais que o trabalho infantil é proibido para menores de 16 anos.
O problema é que há caminhos legais que permitem esta exposição de crianças. Principalmente baseadas no preconceito, pois a glamorização da atividade artística e principalmente televisiva endossa esta atividade, mesmo para menores de até seis anos de idade. Enquanto outros trabalhos menos “nobres” e mais braçais são demonizados.
No tênis, por exemplo, a formação de tenistas de ponta oriundos da atividade infantil de pegadores de bola, foi interrompida ao cumprir a lei do trabalho do menor. Maneco Fernandes, Givaldo Barbosa, Julio Goes, Edvaldo Oliveira e Julio Silva, meninos pobres, e campeões, não mais existirão. Os potenciais pegadores de bola de hoje terão que ingressar como aprendizes e somente dos 14 aos 16 anos, idades que os Givaldos já eram bons de bola.
Enquanto isso, Paulinha, que já foi Rafaela, a primeira menina vilã da TV brasileira, deverá enfrentar cenas mais dramáticas, com doença grave e sem cabelo.
Esperemos que Walcyr Carrasco amoleça um pouco a trama para Paulinha, antes que se repita o ocorrido com Rafaela, quando a Promotoria interveio.
É bem verdade que depois disso, Klara ganhou o Prêmio de Melhor Atriz Mirim de 2010 e Contrato de dois anos com a TV Globo.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.