Avalanche Tricolor: o Grêmio está na disputa, sim senhor!

 

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Grêmio 2 x 1 Atlético PR
Brasileiro – Arena Grêmio

A Arena era destaque na Porto Alegre que via lá da janela do avião, assim que partimos da cidade. Até pouco antes, enquanto aguardava a decolagem, assistia ao jogo na tela do meu celular, que se parecia minúscula diante do futebol que jogávamos contra o líder do campeonato.

 

Marcação na saída de bola, pressão no meio de campo e defesa firme se uniam a velocidade na troca de passe e deslocamentos pelos lados com a entrada em diagonal na área. Chegávamos à linha de fundo e de lá disparávamos cruzamento ou passes para quem viesse de trás, conforme a conveniência.

 

Foi em uma dessas investidas, com bola aberta pela direita, boa condução até a proximidade da área e cruzamento forte e rasteiro para o meio que saiu o primeiro gol, de Giuliano, e único que consegui assistir dos três marcados na partida desse domingo à tarde.

 

Por força dos compromissos, e algo que o destino insiste em fazer comigo, afastar-me da Arena em dias de jogos, precisei deixar a capital gaúcha em meio a partida. Havia aproveitado muito bem os dias anteriores – cheguei à cidade no fim da tarde da sexta-feira – com a família. Matei a saudade dos irmãos e sobrinhos, colocamos os assuntos em dia, relembramos os bons momentos em que crescemos unidos e sentamos entorno do pai para aproveitar o carinho que ele transpira por todos nós, mesmo quando os filhos defendem restrições para que ele preserve sua saúde.

 

As curtas caminhadas em volta da casa de infância, o cumprimentar dos vizinhos que resistiram às investidas imobiliárias e a visão do estádio Olímpico, que fica logo ali ao lado, sendo colocado à baixo, tijolo por tijolo, ofereceram um ar de nostalgia à visita. Porto Alegre sempre me faz bem, especialmente quando para comemorar conquistas como o aniversário da minha sobrinha Vitória.

 

Quando o avião partiu, fui obrigado a desligar o celular e fiquei com a imagem da Arena na janela. Dali pra frente, tudo ficaria por conta do Grêmio e sua capacidade de suportar a pressão adversária que, inevitavelmente, ocorreria. Somente conseguiria manter contato com o time e saber de seu desempenho quando tudo estivesse decidido. Sem nenhuma condição de secar as investidas contra nossa defesa e menos ainda de torcer por um placar mais tranquilo. Naquela altura, em meio as nuvens, meu desejo é que nada mais acontecesse em campo e de lá saíssemos com os três pontos.

 

O avião acabara de taxiar na chegada a São Paulo quando voltei a ligar o celular e descobri que muitas coisas aconteceram depois daquele gol. E, felizmente, a nosso favor. Mesmo com o empate na cobrança de falta, conseguimos retomar a vitória com uma bola lançada dentro da área e o desvio de cabeça de Rhodolfo. Mais do que isso, se é que fosse necessário, enfrentamos um jogo disputadíssimo e de alto nível. E fomos fortes o suficiente para vencer.

 

O resultado desse domingo contrastou com o do fim de semana anterior. E nos aproximou do que havíamos feito duas rodadas antes. Os altos e baixos na competição se explicam pelo rejuvenescimento do elenco e o amadurecimento do time sob nova direção. Ao contrário do que disseram e li, o Grêmio está sim, na disputa!

 

A foto que ilustra este post é reprodução feita da tela do meu celular

Magia ao Luar: um Woody Allen para esquecer o desconforto do voo

 

Por Biba Mello

 

FILME DA SEMANA:
“Magia ao Luar”
Um filme de Woddy allen.
Gênero: Comédia Romântica
País:USA

 

 

Um mágico viaja pelo mundo desmascarando falsos médiuns. Um belo dia é chamado para desmascarar a bela Sophie ….Tenta de todas as maneiras fazê-lo mas suas tentativas se frustram e o mais cético dos céticos se rende ao talento da moça.

 

Por que ver: É um filme leve e divertido. Diálogos interessantes com uma boa dose de sarcasmo, como sempre, nos filmes do Woody Allen.O cenário ao sul da França é lindíssimo.

 

Como ver: Vou contar como vi…Estava eu, na classe econômica da American Airlines, em uma aeronave absurdamente velha, suja, quase sem comida(isto me deixa em um insuportável mau humor), a televisão era daquelas lá na frente e não no banco da frente, a outra televisão era bem acima de minha cabeça me fazendo alternar o olhar para uma que eu mal enxergava e para outra que me dava torcicolo. Por um momento de mais ou menos 120minutos, esqueci de tantos incômodos e me dediquei a me divertir assistindo a este filme gostosinho do Woody Allen. Ai o Cinema nos tira de nossas realidades frugais nos transportando por histórias bem longe de nossas realidades…

 

Quando não ver: Se você estiver em uma companhia aérea decente, na classe executiva ou primeira classe; se fosse você aproveitaria para dormir, pois só existe uma coisa melhor que cinema…Viagem! Boas férias.!!!!

 


Biba Mello, diretora de cinema, blogger e apaixonada por assuntos femininos. Toda semana faz boas indicações de filmes aqui no Blog do Mílton Jung

Avalanche Tricolor: sofrendo no ar, sofrendo em terra, nosso destino é sofrer até a vitória

 

Grêmio 1 x 2 Cruzeiro
Campeonato Brasileiro – Arena Grêmio

 

O dia começou para mim muito cedo, em São Paulo, como sempre começa, mesmo sendo feriado para a maior parte da cidade, nesta quinta-feira. Não contente com a carga de trabalho diária, acrescentei viagem a Florianópolis, onde fui convidado para falar sobre comunicação para os principais dirigentes da indústria catarinense e algumas dezenas de assessores. É da capital catarinense, cenário de muitas das minhas férias na adolescência, que estou retornando esta noite, abordo de um avião que leva a marca Gol – registre-se, apesar da minha escolha ter se dado pela conveniência do horário, gosto de pensar que tenha sido uma premonição.

 

Deveria ter saído do Aeroporto Hercílio Luz muito mais tarde, atendendo a marcação do voo feita pelos organizadores do evento, mas me apressei em chegar a tempo de uma troca de avião. Por mais que minha cabeça consiga se concentrar nos compromissos assumidos em São Paulo e Florianópolis, confesso-lhe, caro e raro leitor desta Avalanche, que o coração passou o dia batendo em Porto Alegre. E agora bate ainda mais angustiado, pois sem acesso às informações em tempo real, aqui do alto, fico imaginando o clima em torno da Arena Grêmio.

 

Vejo as arquibancadas lotadas e tomadas pelo nosso azul em tom que se sobrepõe ao do adversário. Faz alguns dias que penso em cada momento deste jogo, mesmo porque meus colegas paulistanos não passaram um minuto sem me lembrar do grande desafio que tínhamos pela frente: a melhor campanha deste segundo turno diante da melhor campanha do campeonato até agora. Todos esperando nada mais do que uma vitória contra o líder, pois provocaria uma reversão de expectativa na competição: uma esperança pequena, é verdade, mas uma esperança. Mal sabem que estava pouco me importando com as intenções deles, pois para mim, para nós gremistas, a vitória tinha outras motivações: seria a certificação para a Libertadores, nosso sonho maior.

 

A partida vai começar em instantes e quando isto acontecer ainda estarei chegando de volta a São Paulo. Talvez ainda consiga descer em tempo de ouvir os locutores de rádio transmitindo os primeiros minutos ou ao menos o primeiro tempo do jogo. Talvez não. Nunca se sabe o que as viagens de avião podem nos proporcionar de atraso. Na dúvida, sofro sozinho pensando como estará nosso time em campo. Partimos para o ataque desde o início no embalo do torcedor, fórmula que tem funcionado nos últimos compromissos? Ou resolvemos respeitar o adversário e chutar a bola lá de atrás, o que torna o drama desta decisão ainda maior? Fico na expectativa de que a defesa volte a demonstrar segurança, sua marca neste novo momento do time. Torço para que o meio campo e o ataque estejam inspirandos, trocando bola rápido, driblando, chutando, quem sabe marcando gol logo cedo. Tenho vontade de descer aqui mesmo apenas para saber o que está acontecendo em Porto Alegre.

 

Sei que minha presença diante da televisão tanto quanto no estádio não mudaria uma vírgula do nosso destino, pois mais que eu sofra, vibre e grite, não jogo. Dependo exclusivamente do desempenho do time e da luz irradiada por Luis Felipe Scolari. Mas quero estar ao lado do time com a ilusão de que sou capaz de ajudá-lo.

 

O piloto pede para colocarmos o cinco de segurança, pois vamos enfrentar uma área de turbulência. Será que ele está sabendo de alguma coisa da partida que eu não sei? Será que nossa situação se complicou diante do mais forte adversário que poderíamos enfrentar nesta competição? Daqui a pouco, todas estas minhas dúvidas serão dirimidas. O comissário de bordo passa ao meu lado e pede para desligar o computador, estamos praticamente chegando ao Aeroporto de Congonhas. Assim que aterrisar, ligo meu celular, acesso a primeira rádio que conseguir de Porto Alegre, e passarei a sofrer pelos ouvidos.

 

Pés na terra, ouvidos ainda sob a pressão do voo, rádio ligado, descubro que saímos na frente com um gol de Riveros, ainda na primeira parte do jogo; o árbitro irritou mais uma vez; o adversário foi maior do que tudo isso; e acabamos derrotados. Perdemos essa batalha, mas temos mais três pela frente. E em cada uma delas, assumo o compromisso, estarei ao lado do Grêmio, onde o Grêmio estiver. Talvez não faça muita diferença para o desempenho do time, mas para mim faz. Sofrer à distância é muito pior do que apenas sofrer.

Eduardo Campos e a imprevisibilidade da vida

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A queda de um helicóptero, no litoral paulista, foi a primeira notícia que chegou à redação. No Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, um dos nossos repórteres avisa que o governador Geraldo Alckmin havia abandonado às pressas a cerimônia da qual acabara de participar. Sem confirmação, surge a suspeita: Eduardo Campos estaria envolvido no acidente. Assessores diretos do líder do PSB foram procurados por telefone. Os celulares não atenderam. De Brasília, soube-se que Campos não voava de helicóptero. Era a esperança de que tudo não passaria de boato. A Aeronáutica envia a primeira informação oficial sobre o acidente: não era um helicóptero, era um Cessna, jato executivo, mesmo modelo do usado pelo ex-governador. No local do acidente, nenhuma informação  e repórteres mantidos à distância. No hospital, notícias desencontradas sobre quantas pessoas feridas estavam sendo socorridas. De volta à Brasília: deputados e colegas de partido perplexos já sinalizavam o drama. Havia pessoas chorando e assustadas ao telefone. Todos tentavam saber a verdade. A mãe de Eduardo Campos deixa o compromisso que estava, no prédio do TCU, onde é conselheira. No seu gabinete, pouco tempo depois é vista aos prantos.  O pior cenário se desenhava: Eduardo Campos, 49 anos, estava morto.

 

Eleito duas vezes Governador do Estado de Pernambuco, três vezes deputado federal, deputado estadual, ministro do Governo Lula e candidato à presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, havia transformado-se na maior novidade desta corrida eleitoral ao fechar aliança com Marina Silva, assim que a ideia da criação da Rede Sustentabilidade foi frustrada, no ano passado. Quando todos se voltavam para as estratégias da batalha publicitária que se iniciaria no rádio e na TV e ainda repercutiam sua presença no Jornal Nacional, Campos volta a nos surpreender, agora definitiva e tristemente. Uma tragédia que abortou a jovem carreira de um político que parece ter surgido para viver intensamente, pois teve pressa para ascender, assumiu compromissos e foi protagonista em todas essas etapas. Ninguém perde mais do que sua família, mas se é verdade que sua morte impacta a política e, mais diretamente, a eleição que está em andamento, muito mais nos choca por despejar sobre todos a dura lição da imprevisibilidade da vida.

Programas de milhagem não estão à altura do luxo a bordo

 

Por Ricardo Ojeda Marins

 

Asa de avião

 

A primeira classe em aeronaves é um mundo repleto de benefícios e mimos a bordo. Um luxo, vale lembrar, acessível a uma minoria de consumidores exigentes e dispostos a desembolsar alguns milhares de reais por seus bilhetes. Tudo pelo conforto, boa gastronomia, amenidades especiais e, é claro, boas noites de sono em um espaço muito maior do que as demais classes de voos.

 

As companhias aéreas não medem esforços em exceder as expectativas de seus clientes. Algumas se superam quando o assunto é a excelência do atendimento a bordo, oferecendo requintes como cabines particulares, menus assinados por chefs renomados, bebidas premium, lençóis de seda, pijamas, travesseiros e amenidades com assinatura de grifes renovadas.

 

Porém, muitas vezes, o luxo proporcionado a bordo infelizmente não se estende no relacionamento com o cliente. Se falarmos especificamente sobre os programas de fidelidade, onde os clientes acumulam pontos que podem ser trocados por viagens no Brasil e no exterior, nota-se que há um verdadeiro desafio para muitos clientes, independentemente da classe em que voam, poderem efetivamente trocar as milhas por viagens. Os programas de milhagem estão cada vez mais restritos quanto ao uso dos pontos e com mudanças em suas regras. Há muitos períodos em que não compensa para o cliente emitir bilhete com pontos, pois a quantidade exigida é exacerbada.

 

Outra questão, digamos, antipática das companhias aéreas são as cobranças por remarcações e cancelamento de bilhetes emitidos com pontos (e emitidos sem pontos, também). Chega-se a pagar perto de 200 dólares, dependendo da companhia, para remarcar um bilhete. Lamentável, pois o cliente percebe sua pontuação (ou deveria perceber) como um dos principais benefícios que ele obtém ao usar a empresa aérea. Porém, benefício que está cada vez mais difícil de ser usufruído e gera frustrações para muitos consumidores. O cliente, independentemente de ser um consumidor AAA, certamente sente desconforto ao ter que desembolsar valores apenas para remarcação de uma passagem. O encantamento adquirido pelo atendimento a bordo pode ser levado por água abaixo, e até mesmo alterar a imagem da empresa perante seu consumidor.

 

Ricardo Ojeda Marins é Professional & Self Coach, Administrador de Empresas pela FMU-SP e possui MBA em Marketing pela PUC-SP. Possui MBA em Gestão do Luxo na FAAP, é autor do Blog Infinite Luxury e escreve às sextas-feiras no Blog do Mílton Jung.

A Copa da Hospitalidade

 

Por Ricardo Ojeda Marins

 

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Como muitos disseram nessa semana pós-Copa, o ano começou. Finalmente. Não há como negar que o Mundial e a ansiedade de esperar por ele tenham se parecido com um “carnaval depois da hora”. Um carnaval pra lá de divertido. E caro, mesmo para os privilegiados que conseguiram comprar ingressos para as partidas. Caro para os que sofreram assaltos e outros tipos de violência. E caro para os que viajaram, se hospedaram e consumiram nas 12 cidades que sediaram os jogos. Diante de muita alegria e festa, não podemos deixar de mencionar aqui o pessimismo pré-Copa do brasileiro. Frases prontas que escutávamos no dia a dia: “imagine na Copa”, “não vai ter Copa” e outras tantas que alertavam para os riscos de um fiasco.

 

Apesar de todos os problemas sociais e políticos do Brasil, e da seleção não ter sido a vencedora, a Copa foi um sucesso. Dentro desse sucesso, inevitável falarmos e elogiarmos a hospitalidade do Brasil. A hospitalidade não apenas como ferramenta de marketing, na qual os convidados desfrutam dos melhores lugares no estádio e de recepções exclusivas e personalizadas em áreas privativas, mas principalmente na hospitalidade do povo brasileiro que, ao redor do mundo, é conhecido por seu jeito alegre, pronto a ajudar, festejar e colocar-se no lugar do outro, seja para entender o seu idioma (mesmo sem muitas vezes ter a menor noção sobre este) ou para colaborar em uma situação difícil.

 

Elogios à parte, é inegável também que os serviços ainda precisam ser melhorados, e muito. Com ou sem Copa. A estrutura dos aeroportos, o atendimento de companhias aéreas, a prestação de serviços em restaurantes, hotéis e resorts de luxo ou não. Por mais que muitos estabelecimentos sejam renomados e considerados de luxo, ainda pecam no atendimento. Afinal, não basta boa vontade. É preciso conhecimento e estratégia das marcas e empresas de não apenas atenderem, mas entenderem cada cliente e, principalmente, encantá-los. O desafio está na mão das empresas, para recrutar, capacitar e motivar seu pessoal para oferecer a excelência em serviços.

 

Ricardo Ojeda Marins é Professional & Self Coach, Administrador de Empresas pela FMU-SP e possui MBA em Marketing pela PUC-SP. Possui MBA em Gestão do Luxo na FAAP, é autor do Blog Infinite Luxury e escreve às sextas-feiras no Blog do Mílton Jung.

Conte Sua História de SP: a seleção jogava e eu corria atrás do balão

 

Vagner Osmar Boneto
Ouvinte-internauta da CBN

 

 

Tudo acontecia na época de férias do Grupo Escolar. Eu nasci em Valinhos, interior, e até hoje estou por aqui. Porém durante as férias, e isso foi na década de 1960, eu passava férias da metade do ano na casa da minha tia Floripes, que morava no prédio “Treme Treme” ao lado do Mercadão, na rua Pagé e, também, na Paula Souza.

 

Minha tia tinha um filho, Álvaro, mas ele não gostava de andar a pé, e isso era o que eu mais fazia nas férias em São Paulo. Com idade entre oito e 12 anos cheguei a passar horas andando pelo Parque Dom Pedro sozinho e sem nenhuma preocupação. O transito para quem morava no interior era fantasticamente “pesado”. Eu andava muito pela cidade sem ao menos ter ideia onde estava, mas fazia isso sempre marcando pontos de referência para poder voltar. Me perdi várias vezes, mas bastava perguntar: onde fica o Mercadão? E já me davam todas as direções.

 

Me lembro em 1962, a seleção jogava naquele dia e eu estava pelo parque Dom Pedro seguido um balão verde e branco formato Santos Dumont que estava caindo. Me parecia logo ali e não havia ninguém por perto. Corri desesperado achando que iria pegar o balão, mas de repente o balão se escondeu por trás de um prédio e desapareceu. Hoje eu sei que a noção de distância dentro de uma cidade grande faz muita diferença.

 

Dentro do Mercadão eu passava um bom tempo, era conhecido por alguns vendedores, pois meu pai transportava figo de Valinhos direto para a Mercadão. O cheiro característico ainda está na minha memória e quando ainda hoje passo por lá, vem à tona toda uma doce lembrança.

 

Na rua Pagé, minha tia morava no décimo andar do edifício, se não me engano no número 106, e, às vezes, eu ficava só no apartamento e, claro, na janela observando todo o charme da cidade. Por vezes fazia avião de papel e jogava lá de cima. Um dia descobri uma coleção de gibis do
meu primo e comecei a fazer um avião atrás do outro e soltar para ver qual iria mais longe. Depois de algum tempo quando olhei lá embaixo a rua com muitos papéis me assustei, fechei as janelas e passei o resto da tarde com muito medo. Achava que alguém viria reclamar para minha
tia e ela não me deixaria passar mais as férias ali. Ainda bem que nada aconteceu de ruim.

 

Quando minha tia morava perto da gravadora RCA Victor, na Paula Souza, cheguei a ver os membros do conjunto The Fivers subindo a rua correndo. Nossa! Como fã da Jovem Guarda me senti super feliz. No interior ver um artista de perto nunca aconteceria. Foi um momento do qual eu fazia parte e muito gratificante. Boas lembranças sem dúvidas.

 


Vagner Osmar Boneto é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Quem sabe você conta a sua história aqui na CBN. Escreva para milton@cbn.com.br. Pode, também, registrar tudo isso no Museu da Pessoa, em áudio e vídeo. Marque pelo e-mail contesuahistoria@museudapessoa.net e depois você ainda ganha um DVD com tudo gravado.

Companhias oferecem luxo a bordo e esquecem do atendimento em terra

 

Por Ricardo Ojeda Marins

 

 

A primeira classe de um avião ainda é um mundo restrito a passageiros privilegiados. Um mundo para poucos e cobiçado por muitos. Ali, uma minoria encontra espaço, conforto, boa gastronomia, amenidades especiais e, é claro, boas noites de sono.

 

Cada vez é maior o desafio para as companhias aéreas em exceder as expectativas de seus clientes. Algumas se superam quando o assunto é a excelência do atendimento a bordo. O conforto oferecido a seus passageiros não tem limite e pode chegar a requintes como cabines particulares com portas deslizantes, proporcionando uma privacidade invejável durante o voo. Os benefícios incluem ainda menus assinados por chefs renomados, bebidas premium, lençóis de seda, pijamas, travesseiros e amenidades com assinatura de grifes do peso da Bvlgari e Ferragamo, por exemplo.

 

 

O luxo proporcionado a bordo pode ser, digamos, incontestável. Porém, esse atendimento personalizado e exclusivo ainda deixa a desejar nos serviços em terra prestados por companhias no Brasil, sejam brasileiras ou não. Os atendimentos por telefone e aeroportos ainda demonstram falhas graves: falta de conhecimento sobre destinos e produtos oferecidos pelas companhias, além da falta de educação. Por telefone, por exemplo, todo cliente, independentemente da classe de seu voo, pode ficar na espera por intermináveis minutos para obter qualquer tipo de informação. Os programas de milhagem, aliás, cada vez mais restritos quanto ao uso dos pontos e com mudanças em suas regras, são os que mais causam insatisfação. Falta conhecimento por parte dos funcionários, o que significa falta de treinamento,que gera informações incorretas e deixa os clientes insatisfeitos.

 

Clientes da primeira classe em geral possuem o cartão de milhagem mais elevado da companhia, são chamados de cliente preferencial, pagam valores altíssimos para voar, mas esbarram em falhas a princípio grosseiras e em situações onde se espera no mínimo rapidez, eficiência e gentileza, especialmente no mercado brasileiro; sem contar, com a falta de estrutura de alguns aeroportos no país.

 

Ricardo Ojeda Marins é Administrador de Empresas pela FMU-SP e possui MBA em Marketing pela PUC-SP. Possui MBA em Gestão do Luxo na FAAP, é autor do Blog Infinite Luxury e escreve às sextas-feiras no Blog do Mílton Jung.

No caminho da Copa

 


Por Milton Ferretti Jung

 

Toda vez que,como se dizia antigamente,preciso dar tratos à bola a fim de encontrar assunto para este blog,antes de mais nada,passo os olhos pelos jornais. A expressão que usei acima não tem nada a ver,explico aos mais jovens,com a bola de futebol,objeto muito em moda nesta primeira metade de 2014 por força da Copa do Mundo. Não é,porém,por aí que vou começar o meu texto,não sem antes lembrar que o posto sempre ou quase sempre,nas terças-feiras. Alguns dos temas que elejo ficam,às vezes,sujeitos a chuvas e trovoadas,isto é,podem perder atualidade.

 

Chamou-me a atenção – e como! – nos jornais desta terça,a notícia de que a gasolina vai subir. Segundo a presidente da Petrobras,Graça Foster,o aumento se justifica,eis ser necessário o reajuste visando ajustar os preços internos aos do mercado externo. Será,entretanto,conforme a executiva,um aumento moderado. Acredite quem quiser na tal de moderação. Mesmo com o aumento da gasolina,graças a uma iniciativa governamental,veículos poderão ser comprados com financiamentos menos pesados. É fácil imaginar-se que o número de carros em circulação,depois de pequeno hiato,voltará a crescer e,por óbvio,a entupir as vias urbanas e as rodovias,as primeiras porque é nas cidades que os engarrafamentos tendem a ficar piores. Esse tipo de problema que as metrópoles enfrentam faz já muito tempo,está se estendendo agora até para cidades menores e não sofrerá solução de continuidade enquanto o transporte público não contribuir,de verdade,para que sirva, com qualidade, a maioria das pessoas. Estamos longe deste dia.Por enquanto, baderneiros de todo tipo estão tratando de incendiar coletivos,principalmente, no Rio e em Paulo.

 

Eu,particularmente,acredito tão pouco na melhoria do transporte público quanto na exigência da Anac – Agência Nacional de Aviação Civil – de que os voos,durante a Copa do Mundo,não sofram atrasos. A partir dessa terça-feira,empresas que não cumprirem a exigência receberão multas de R$ 12 mil a R$ 90 mil. Desculpem-me se me acham pessimista de carteirinha,mas também não creio que,aqui em Porto Alegre,a prefeitura conseguirá finalizar o viaduto da Pinheiro Borda e o corredor da Padre Cacique,antes do início da Copa.O prefeito Fortunatti garante que a data prevista para o término destas obras é 31 de maio. Faço votos que José Fortunatti possa cumprir o prometido.Ainda bem que a minha cidade sediará apenas cinco jogo do Mundial..

 

Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele).

Aeroporto são feitos para funcionar; quando não funcionam …

 

 

Aeroportos são feitos para funcionar, tanto quanto os aviões. Problemas técnicos ou falhas no gerenciamento de crise costumam provocar grandes prejuízos (até mortes, no caso dos aviões): negócios deixam de ser realizados, reuniões não ocorrem, agendas sofrem transtornos e sonhos não se realizam. Especialmente no período de férias, expectativas de famílias inteiras são frustradas, pessoas que se reencontrariam têm de estender a saudade, e planos, às vezes construídos por um ano inteiro, outros por toda uma vida, são adiados. Fora os momentos que nunca mais serão vividos (ou sentidos) pelos passantes.

 

Há situações, porém, inevitáveis, para as quais aeroportos e aviões têm de estar preparados. Nos Estados Unidos, onde estou nessas férias, turistas vivem um cenário de intranquilidade, para dizer o mínimo. Todo dia, milhares de voos são cancelados devido as nevascas que atingem parte do país, que enfrenta um dos seus mais rigorosos invernos. Algumas temperaturas beiram o absurdo, termômetros marcaram -40ºC, em Minnesota, e a sensação térmica pode chegar a -51ºC, em Chicago. Onde estou, mais ao leste, a neve foi intensa e curtimos um inverno de aproximadamente -20ºC, aulas não foram reiniciadas depois dos feriados de Natal e Ano Novo e muitos trabalhadores ficaram em casa. A possibilidade é que o frio permaneça intenso por mais alguns dias.

 

Domingo passado, a caminho do aeroporto La Guardia, em Nova Iorque, cruzamos por painéis eletrônicos anunciando o fechamento do aeroporto JFK, que fica um pouco mais à frente. Logo me solidarizei com as centenas de brasileiros sem condições de retornar para o Brasil, conforme havia lido em reportagens horas antes na imprensa local. Soube depois que um avião da Delta derrapou na pista sem causar danos, mas espalhou neve e medo na tripulação e nos passageiros. A mesma empresa domina os terminas C e D do La Guardia, aeroporto que tem voos mais curtos do que o JFK, e de onde pretendíamos seguir para Burlington, cidade que está a meia hora de uma estação de esqui, Stowe, no Estado de Vermont. Depois do check in feito, malas despachadas, bilhetes na mão e todos assentados na sala de embarque fomos informados que o voo estava cancelado. Mais informações no guichê à direita, orientou o funcionário da Delta. Não demorou muito para percebermos que a diversão ficaria adiada para as próximas férias. Não havia lugar nos voos para os dias seguintes e menos ainda a garantia de que estes conseguiriam decolar em direção à Vermont.

 

E agora você começará a entender porque iniciei este texto reforçando a ideia de que os aeroportos foram feitos para funcionar. Os daqui dos Estados Unidos costumam andar muito bem levando em consideração o número de passageiros e voos diários, além da complexidade de se atender um pais com essas dimensões e o trauma de atentados. É o que se espera de qualquer aeroporto do mundo: atendimento rápido, serviço de qualidade, conforto para o embarque, organização e segurança. O problema é que existem fatores que fogem do controle de seus administradores como as intempéries: vento forte, nevoeiro, chuva ou neve intensas. E para essas tem de se ter um plano de contingenciamento que ofereça o mínimo de respeito aos passageiros, vítimas de todo este processo e, afinal de contas, quem financia o negócio.

 

A experiência que encarei no La Guardia não me dá garantias de que os administradores estejam prontos para essas dificuldades. O valor da passagem, disseram os funcionários, será restituído, bastando fazer contato com a empresa por telefone. Tudo muito simples (e em 20 dias úteis, me parece). Tanto quanto seria para resgatar minhas duas malas que, soube depois, deveriam ser devolvidas em até uma hora e meia. A primeira apareceu uma hora depois em uma esteira rolante de outro voo no terminal em que eu pretendia embarcar. A segunda foi protagonista de uma aventura que me levou a visitar mais três terminais por mais de uma oportunidade, entrar na fila de reclamações quatro vezes – algumas enormes (as filas) – e perceber como é vulnerável o sistema de segurança. Vários passageiros a espera das malas assim como várias malas a espera de passageiros formavam um cenário caótico. A argentina soube que suas malas tinham seguido para Vermont, o polonês teve a garantia de que as suas estavam por ali, em algum lugar qualquer, provavelmente acompanhadas pela minha mala que a atendente, bastante simpática, tinha certeza de que permanecia no aeroporto, apenas não sabia onde. Foram cinco horas de espera até ser informado de que algumas malas teriam sido entregues em terminal próximo dali e, se eu tivesse a sorte, a minha estaria por lá. Dei sorte.

 

Aeroportos foram feitos para funcionar, mas quando não funcionam, têm de estar prontos para gerenciar crises e oferecer o mínimo de transtorno possível ao passageiro que, convenhamos, já teve frustração suficiente ao não alcançar seu destino.

 

PS: com as malas de volta e roteiro modificado, minhas férias vão muito bem, obrigado. E os patrícios estão mais tranquilos por saberem que não me arriscarei em uma pista de esqui, novamente. Ao menos, por enquanto.