Por Carlos Magno Gibrail

Em boa hora o juiz José Henrique Prescendo, a pedido do Ministério Público Federal, suspendeu a resolução da ANAC sobre a cobrança de bagagens despachadas, possibilitando o debate vigoroso que temos assistido entre as partes envolvidas.
O princípio em decompor os preços dos serviços é salutar e imprime clareza ao sistema. Entretanto, se ontem valesse a nova regulamentação certamente teríamos prejuízos operacionais e financeiros à parte mais importante desta relação: o consumidor.
O passageiro que tivesse optado pela bagagem de mão teria pagado o valor cheio do tíquete, sem o desconto pela não utilização do serviço de despacho.
O passageiro que tivesse despachado a bagagem teria pagado o valor do despacho dobrado, pois o tíquete já incluía o serviço.
Estas são apenas algumas das consequências das novas normas, baseadas em pressupostos da ANAC.
Argumentar que a maiorias dos países adotam a cobrança é inaceitável, pois temos oferta em regime oligopolizado e até para algumas rotas, monopolizado.
Sabe-se que empresas estrangeiras de baixo preço vão além, cobrando pela marcação de assentos, embarque prioritário, check-in no aeroporto, correção de nome, fura fila no raios-X, e até mesmo pelo peso da pessoa. Trata-se, porém de mercados mais competitivos e de culturas diferentes.
O fato de nenhuma das companhias nacionais ter baixado o preço da passagem é significativo, pois contraria a lógica da formação de preço e comprova que a esperada competição considerada pela ANAC não virá naturalmente.
Hoje, a capacidade de armazenamento das malas de mão nos bagageiros acima dos passageiros, e a demora em ordená-las nos voos lotados, são problemas não solucionados.
Se considerarmos um voo lotado dentro da proposta da ANAC, certamente não haverá espaço suficiente para a bagagem de mão, o que exigirá transferir a excedente ao compartimento de carga. Os passageiros que se submeteram a espera maior para acomodação terão que arcar com mais este acréscimo.
As viagens aéreas, antes um luxo, mas pouco acessíveis, se tornaram mais populares, mas sem luxo.
Até agora um avanço.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.