Dono do Belas Artes acredita na manutenção do cinema

 

O cine Belas Artes deixa a Consolação, mas não deixa São Paulo. É a impressão que tive ao fim da entrevista com André Sturm, sócio proprietário da empresa que mantém as salas em um dos espaços culturais mais tradicionais da cidade. Ainda parece emocionado quando fala do encerramento das projeções de filmes no dia 27 de janeiro, mas se esforça para mostrar entusiasmo em vista da mobilização que ocorre na capital e fora daqui.

Ouça a entrevista com André Sturm, no CBN São Paulo

Hoje mesmo, iniciou-se mobilização pela internet convocando os paulistanos a participarem de ato em frente ao Belas Artes, no sábado, dia 15 de janeiro, às oito da noite. Nas redes sociais, corre petição pública contra o fechamento dos cinemas, também. Na Folha, Ruy Castro dedicou crônica ao tema na qual escreve:

Um cinema que fecha é uma calçada, um pipoqueiro e uma fila a menos numa cidade. É mais um quarteirão sem luzes, sem movimento noturno e sem possibilidade de encontros, amigáveis ou amorosos. É um lugar a menos para flanar, para fazer hora, até para paquerar. E é também um cenário a menos para que os jovens descubram e troquem ideias sobre cultura, história, comportamento.

O fim do cine Belas Artes é marcado por algumas ironias.

Ao contrário de tantas salas de cinema na cidade, não faltam público nem dinheiro. O dono do imóvel, Flávio Maluf (não confundam com o filho de Paulo Maluf), prefere entregar o local para uma loja, não quer mais ter o Belas Artes como inquilino.

Além disso, o encerramento das atividades será na mesma semana em que São Paulo estará comemorando 457 anos. Se um novo espaço não surgir, a festa terá um gosto amargo.