Por Carlos Magno Gibrail

O novo salário mínimo de R$ 724,00, a vigorar em seis dias, traz um indicador que reflete um desfavorecimento significativo aos aposentados que contribuíram acima da base. Em 10 anos o teto passou de 10 vezes para 6 vezes o menor valor. Ou seja, hoje o teto do INSS será fixado em R$ 4 392,00 enquanto em 2004 equivalia a R$ 7 240,00. Enquanto as aposentadorias são reajustadas pela inflação, o salário mínimo ainda recebe o incremento da economia de dois anos antes.
Aparentemente é um mecanismo justo sob o aspecto social. Em 10 anos o teto será de 5 vezes o piso, e se mantido chegará à igualdade . Entretanto este sistema deverá inibir as contribuições acima do piso, reduzindo a arrecadação e gerando desequilíbrio. É tema a ser definido em 2015. Mesmo porque os valores não correspondem à realidade de parte dos pensionistas.
A situação é agravada pela longevidade alcançada hoje, a ponto de se questionar se viver, que indubitavelmente é a melhor coisa da vida, é indefinidamente um bem. A esse respeito o portal UOL divulgou segunda feira matéria de Richard Lilash no New York Times que aborda debate com especialistas em envelhecimento cujo tema vai fundo no ponto crucial: “Viver mais é uma benção ou uma maldição?”
Sarah Harper, gerontóloga britânica e fundadora do Instituto do Envelhecimento Populacional da Universidade de Oxford, observou a transição demográfica que não foi prevista, apresentando queda acentuada da taxa de natalidade, ao mesmo tempo em que a longevidade surgida também não foi considerada no grau que ocorreu. Segundo Harper, isto gerou quatro pontos a serem analisados.
1. O conceito de sucessão geracional, isto é a transmissão de posse, poder, riqueza e status de uma geração para outra. O alongamento das vidas irá modificar a validade destes valores.
2. O período dos estudos e do trabalho será menor que o período da aposentadoria. Como equilibrar estas fases?
3. O contrato geracional que estípula que você cuida dos filhos que cuidarão de você no futuro, poderá estar prejudicado, se considerarmos uma longevidade acentuada. Se você tiver 80 anos e seus pais 100 anos quem cuida de quem?
4. O sistema de saúde precisará se adaptar ao fato da morte estar sendo postergada, ao mesmo tempo em que será preciso manter todos saudáveis.
À questão recorrente “Existe coisa melhor do que viver?” respondemos “Sim, viver bem”.
FELIZ NATAL
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.

