Desde às 8h45 de ontem quando entramos no ar com a notícia desta tragédia – e ainda não tínhamos a dimensão exata do acontecido – até agora cedo, estamos ouvindo especialistas, acadêmicos, cidadãos; gente da pedagogia, da psiquiatria, da segurança pública; doutores e professores; estamos numa busca sem-fim a resposta que explique o ataque na escola em Realengo.
Já se pensa em mais um funcionário na porta, alguém pedindo identificação – como se a demência estivesse no RG -, muro mais alto, porta de ferro, tranca e cadeado; alguns mais ansiosos e outros aproveitadores logo se anteciparão a enviar propostas pedindo detector de metal na entrada da sala de aula; vigia nos corredores; e mais uma parafernália mágica para reduzir a dor da nossa consciência.
São medidas que tomamos para não admitirmos o quanto somos pequenos diante deste fato; e quanto somos frágeis à bestialidade humana. Não sabemos nos prevenir; nem mesmo identificar com exatidão; e, às vezes, ainda bem que isto ocorre apenas às vezes, nos deparamos com situações como essa.
Na escola, com raridade. Mas essa se revela, também, dentro da família, contra os pais, os irmãos. Na rua, no trabalho. Em algum momento, o ser humano se revela. E a violência explode. Nos choca, choramos e queremos buscar uma resposta, uma explicação, uma justificativa por que não aceitamos esta condição.
Infelizmente, somos nada aqui. Temos de nos indignarmos, sem dúvida, mas admitir que o ser humano também é isso que assistimos nessa quinta-feira, no Rio de Janeiro. E agradecer porque dentre estes existe ainda muita gente boa, disposta a melhorar a vida, fazer pelos outros, se solidarizar e agir.