Lentes e vozes da mídia

 

Por Carlos Magno Gibrail

Na segunda feira, o ministro da saúde Alexandre Padilha respondeu ao Mílton Jung, que na reunião preparatória ao encontro com a presidenta Dilma sobre as últimas enchentes, realizada domingo das 18hs às 21hs, em nenhum momento se falou de Bezerra.

Ora, mais fácil e mais inteligente era ter respondido que não poderia entrar no assunto. Mas a sinceridade não tem sido muito usada. Por ausência de inteligência ou por desconsideração com ouvintes e eleitores.

A verdade é que a escola de Maluf está ultrapassada. Aquela velha técnica de ignorar as perguntas que não interessam. Grosseria e tanta. Todavia, menos maniqueísta e simulada do que o modelo de Kassab. O alcaide responde com avaliação que pode levar incautos à loucura, dando nota máxima para erros que considera acertos.

Tudo indica que será uma tendência. O ministro do interior, o pernambucano Fernando Bezerra, já a adotou. Acusado pelo Ministério Público de proteger seu nicho eleitoral levando 80% das verbas nacionais e também praticado fisiologismo, está negando tudo. Ao mesmo tempo em que avalia sua administração como de alta performance.

É uma nova escola política cujo antídoto não será a melhora da economia e nem da educação nacional, mas da ética e do controle pela mídia, com lentes e microfones. É o que nos diz o premiado jornalista Nicholas Kristof do New York Times, sobre os fatos políticos da maior economia do mundo e uma das nações mais bem formadas.

E Kristof desabafa: “Nós jornalistas, às vezes saímos de uma entrevista coletiva de um político sentindo a necessidade urgente de um banho”.

Enquanto Congressistas e demais figuras políticas não fazem nada produtivo, estudantes e astros de Hollywood têm dado exemplos de maturidade e conexão com problemas sociais globais da mais alta significância.

Angelina Jolie dirigiu e está apresentando um filme sobre as atrocidades na Bósnia. Bem Afleck é hoje um especialista sobre o Congo. George Clooney tem seguido o caminho de Darfur no Sudão assim como Mia Farrow tem feito viagens no deserto para atender e entender os aflitos da região.

Entretanto, as lentes e as vozes da mídia norte americana, segundo Kristof, tem preferido dar espaço a republicanos e democratas se acusarem diante de espectadores e ouvintes. Afinal sai mais barato e talvez dê mais audiência, do que cobrir as exemplares atividades dos astros. Quando não fazem pior, ao darem mais destaque a separação de George Clooney do que às suas proezas assistenciais.

Como vemos, lá como cá, a solução está nos leitores e eleitores, que através da mídia poderão pressionar a ética necessária.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.