Sou explosivamente Grêmio!

 

 

Por Cao Hering

 

 

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Já me perguntaram se eu sou gaúcho. Não, não sou. Está na cara, repare no meu jeito “catarina”. Sou gremista por osmose, ou sei lá como se chamam essas coisas do futebol. Amor gratuito à primeira vista? Pode ser. Saí de Blumenau torcendo pelo Grêmio Esportivo Olímpico, quem sabe esteja aí o elo. Torcer por um time é uma caixinha de surpresas, diz a filosofia. Torcer por um time é se apegar simplesmente a um escudo, pois todo o resto é volátil. Jogadores, técnico, ídolos, estilo de jogo, o corte da gola e das mangas, o estádio, até as cores, tudo em algum momento pode se desfazer, e você fica com seu escudo providencialmente no lado esquerdo do peito.

 

 

Pus os pés em Porto Alegre quando Falcão, Batista, Figueroa e outros tantos imbatíveis colorados botaram o tricolor da Azenha na roda por longos anos. Sem TV, na companhia do radinho de pilha, no silêncio das tardes de domingo meu quarto era preenchido pela narração vibrante, quase visível, de Armindo Antônio Ranzolin, os comentários de Lauro Quadros e Ruy Carlos Ostermann. O longo grito de goooooooooool era quase sempre para o Inter.

 

 

Nas discussões, puxávamos antigas derrotas do rival que em nada adiantavam para aplacar a frustração e as gozações nos almoços e aulas da faculdade nas segundas-feiras. Mas é aí mesmo que a gente se apega ao time do peito. Virei gremista de raiz, sem me meter em loucuras, fanatismo ou descer pela avalanche no estádio. Em Blumenau, sou torcedor à distância, não pego ônibus ou avião pra ver o Grêmio jogar na Cochinchina ou no Alegrete. Não me perguntes onde fica, não sei explicar direito.

 

 

Tivemos nossas redenções no Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores da América e um mundial no Japão. Há uma longa lista de feitos em ambos os lados, administrada atabalhoadamente pelos deuses do futebol. Não cabem aqui. Nos últimos anos, no entanto, é nossa vez. E na quarta-feira passada o apaixonado planeta azul pôde explodir novamente, agora em hostil território argentino. E também dentro de sua própria arena frente aos telões. “Soy loco por tri, America!”, dizia a faixa na arquibancada. É orgástico, é ver de novo e de novo e de novo Cícero, Fernandinho e Luan metendo a bola na rede do Lanús. Olha o gol! Olha o gol! Olha o gol! Ah, e os milagres do Grohe! É o mundial mais uma vez na porta. E seja lá o que os deuses do futebol programarem daqui pra frente, já tá tudo de bom tamanho.

 

 

É só futebol, mas é o Grêmio. Não sou gaúcho, assim como os flamenguistas da minha turma não são cariocas e muitos corintianos nem saberiam chegar a Itaquera. Não me acostumei à carne mal passada e o chimarrão é amargo demais. Música gauchesca, nem pensar. Não digo “tchê” e nem usaria uniforme gremista na rua. Mas sou explosivamente Grêmio! Grêmio, o Imortal!

 

O Cao Hering, que autorizou a publicação deste texto no Blog, é gremista, publicitário e colunista do Jornal de Santa Catarina.

 

O exemplo de Jaraguá e outras cidades

 

Antonio Knopf
Ouvinte-internauta do Jornal da CBN

Sou morador de uma pequena cidade do médio vale do Itajaí, Indaial, próxima de Blumenau, onde está ocorrendo uma das maiores festas da América Latina, a Oktoberfest simplesmente indiscritível. A discussão sobre a emenda parlamentar que permite o aumento no número de vereadores, teve repercussão nacional devido a manifestação das entidades organizadas da cidade de Jaraguá do Sul, no norte de Santa Catarina. Ali, a vontade das entidades e da comunidade foi atendida. O número de vereadores permaneceu o mesmo, pois se entendeu que havia outras prioridades: saúde, educação e segurança pública.

Com o sucesso alcançado em Jaraguá do Sul, as demais cidades próximas também se organizaram no sentido de se manifestar contra este aumento. Aqui na minha cidade, Indaial, onde vivem 54.794 pessoas, já tinha ocorrido a primeira votação, que autorizava o aumento de 11 para 15 vereadores. Efetuaram-se enquetes e a comunidade manifestou-se contrária – 92,8% disseram não. Na segunda votação, em 20 de setembro, os nobres vereadores decidiram ficar no meio do caminho: ampliaram para 13 vagas, na Câmara, contrariando a expectativa da maioria do povo indaialense.

O mais constrangedor foram os argumentos apresentados no sentido de justificar este aumento:

Que não haverá mais despesas. O que é inadmissível, pois ninguém trabalhará de graça. E os assessores? As despesas de ofício? O repasse para o legislativo, por tratar-se de município de até 100.000 habitantes é de 7% .

– Melhoria da representetividade. Outra enganação. Faço um paradoxo a cidade de São Paulo (capital) com mais de 11 milhões de habitantes. Seriam, então, necessários 2.946 vereadores? Inadmissível.

Na verdade, o que estes nobres parlamentares pretendem é reduzir o coeficiente eleitoral para que, com menor quantidade de votos, possam se eleger, contando então com os votos da legenda.

Alegaram, também, que o problema relacionado a contenção de despesa está vinculado aos cargos de confiança e/ou comissionados. Resta-me outro questionamento: por que não estabelecer regras claras na lei orgânica do município, quanto a estas contratações? Lei orgânica é de “exclusividade”do “Poder Legislativo”, mas sabem por que não o fazem? Simples, usam como moeda de troca para empregar, acomodar seus cabos eleitorais.

Em  tempo: Blumenau com seus 309.214 habitantes permanecerá com os atuais 15 vereadores; poderiam ser 23 mas atenderam a pressão popular.