‘Roubo de boné’ no US Open transforma inocente em alvo de linchamento virtual

Reprodução de vídeo na internet

Foi um gesto rápido, quase instintivo. No último fim de semana, durante o US Open, o tenista polonês Kamil Majchrzak decidiu coroar uma vitória de virada presenteando um garoto, chamado Brock, que estava na plateia, com o chapéu que usara na partida. O menino, nas primeiras fileiras, esticou a mão, mas um adulto avançou antes dele e pegou o boné.

O vídeo do momento se espalhou como pólvora. O homem foi identificado como Piotr Szczerek, CEO da empresa polonesa Drogbruk. Bastaram alguns segundos de exposição para que ele se tornasse um dos personagens mais criticados da internet.

Pressionado, Szczerek pediu desculpas públicas, admitindo o erro e explicando que acreditava que o boné era para seus filhos. Devolveu o chapéu, enviou presentes para Brock e publicou uma retratação. O caso parecia resolvido — mas estava apenas começando.

A fúria da internet

A viralização do vídeo acendeu uma reação coletiva. Milhares de comentários, mensagens e avaliações negativas tomaram as redes sociais. Porém, num detalhe que passou despercebido, parte dessa fúria foi mal direcionada: os “justiceiros digitais” confundiram a Drogbruk, empresa de Szczerek, com a Drog-Bruk (com hífen) — outra companhia de pavimentação polonesa, sem relação alguma com o episódio.

O dono da Drog-Bruk, Roman Szkaradek, acordou no dia seguinte ao jogo com mensagens de estranhos o chamando de “ladrão de chapéu”. Em poucas horas, seus perfis pessoais e os canais da empresa foram inundados com ataques, xingamentos e até ameaças.

“Sou um empreendedor honesto. Construí minha marca por mais de uma década, e, em dois dias, ela foi destruída”, disse Szkaradek ao New York Times.

O bombardeio de avaliações negativas derrubou a reputação online da Drog-Bruk para 1,2 estrelas. Telefone e redes sociais ficaram incontroláveis. Mesmo explicando que não tinha qualquer ligação com o episódio, Roman viu suas tentativas de defesa apenas multiplicarem as ofensas.

Troca de identidades

O equívoco se deu por um detalhe quase imperceptível: Drogbruk e Drog-Bruk são nomes parecidos, separados apenas por um hífen, mas pertencem a empresas distintas, com sedes a mais de 160 quilômetros de distância uma da outra.

Enquanto Piotr Szczerek tentou contornar o erro e reparar o dano com o garoto, Roman Szkaradek segue tentando salvar sua própria reputação — atingida por algo que não fez.

Um especialista ouvido pelo NYT resume bem o fenômeno:

“A internet adora um pouco de caos. E adora ainda mais punir”, afirma Felipe Thomaz, professor da Universidade de Oxford.

O preço do tribunal digital

O episódio evidencia como a reação coletiva nas redes sociais pode atropelar fatos e transformar inocentes em vilões. Um gesto impensado de um adulto virou um incêndio virtual que consumiu duas reputações: a de quem errou — e se desculpou — e a de quem nunca sequer esteve lá.

O garoto Brock, por sua vez, recebeu o chapéu de volta, presentes do tenista e, provavelmente, um aprendizado precoce sobre a velocidade com que a internet transforma histórias simples em tempestades globais.

Até este momento não se tem registro de que os “justiceiros virtuais” tivessem assumido o erro dos ataques indevidos.

Chapéu, moda que supera o tempo

 

Por Dora Estevam

 

 

Para proteger dos raios solares, para aquecer no frio ou, simplesmente, para valorizar a roupa que você veste. O chapéu é peça distinta no guarda-roupa e, embora muitos não percebam, as lojas seguem vendendo o produto, mesmo que poucas pessoas tenham o hábito de usá-lo na cidade. Cada estilo pede um modelo, assim como cada ocasião e época.

 

Nesta semana, encontrei dois amigos que estavam usando bonezinhos lindos. Um deles, o jornalista Marcelo Tas, vestia um boné na cor vinho todo em veludo, muito quentinho e gracioso. O outro foi o DJ Lalá Moreira que se apresentou com modelo xadrez em preto e branco, um clássico moderno. Os dois trajavam roupas casuais e os bonés deram um toque de graça e elegância no visual. Além da parte funcional: aquecer a cabeça.

 

Aproveitando a aparência dos amigos, fui até a loja mais antiga de chapéus da cidade, a Chapelaria Paulista, na Rua Quintino Bocaiúva, centro de São Paulo, fundada em 1914. Além de fotografar alguns modelos, aproveitei para vestir um bem estiloso, anos 1930. A loja vende chapéus em diversas opções de tecido. Se não tiver o tamanho certo, eles encomendam, fazem sob medida.

 

 

Se o leitor não gosta da moda vintage e prefere algo mais moderno, a opção fica por conta da loja que encontrei no shopping Market Place, a UV Line, um quiosque que vende lindos chapéus. As estilistas se preocuparam em usar cores marcantes, tecidos leves, aliados à proteção contra os raios UV. Os modelos variam entre os de palha e os de tecido. A marca está sempre atenta às novidades e muito ligada aos esportes e à saúde.

 

O bom de tudo isso é que os chapéus, se comparados com roupas e sapatos, não são caros, além de durarem muito. De acordo com as meninas da UV, os de tecido devem ser lavados a mão e os de palha não podem ser molhados, deve-se passar um pano seco ou um lenço umedecido.

 

Para conhecer melhor esta história, encontrei vídeo produzido pelo repórter Rodrigo Leitão que entrevistou um dos donos da Chapelaria Paulista, Aldo Zucchi, hoje falecido, e descobriu muitas curiosidades sobre o acessório. Novelas, filmes, épocas, tudo influencia na venda do chapéu:

 

 

Informações:

 

Chapelaria Paulista
R Quintino Bocaiúva 94

(11) 3107-5803

 

UV.Line
www.uvline.com.br

 


Dora Estevam é jornalista e escreve sobre moda e estilo de vida, no Blog do Mílton Jung