
“Nunca podemos perder as pessoas de vista, a lição é repetir nosso mantra – só constrói marcas fortes quem entende de pessoas. O SXSW, ao lado de ver o que é novo, cabe nosso olhar para aquilo que é permanente, a alma humana”
Jaime Troiano
Nenhuma viva alma que se dedica à criação e inovação deixou de bisbilhotar os acontecimentos em Austin, nessa última semana. A capital do Texas, de vocação musical, transformou-se em ponto de encontro de pensadores, pesquisadores, futuristas, artistas, intelectuais e todo tipo de gente que está interessada em descobrir o que pode haver de mais novo no mundo. A SXSW — South by SouthWest — surgiu da necessidade de os artistas locais se abrirem para o mundo e da percepção de que o mundo poderia se abrir para todos, inspirado pela riqueza cultural de Austin.
Desde 1987, quando cerca de 700 pessoas se reuniram por lá — número bem acima da expectativa inicial que era de apenas 200 —, a SXSW construiu a imagem de ser o palco de apresentação das grandes tendências mundiais. Sabe o Twitter, esse que Elon Musk está se esforçando para acabar? Foi apresentado pela primeira vez em Austin, em 2007. O mesmo aconteceu com o Foursquare, em 2009; o GameSalad, em 2013; o Waymo, carro autônomo do Google, que ainda não tinha sido assim batizado, em 2016.
Diante desse fenômeno é claro que a turma do branding não poderia ficar de fora. Com base nas informações enviadas pela colega Jacqueline de Bessa Santos — que passou a semana em Austin e trabalha com Jaime Troiano e Cecília Russo —, nossos comentaristas do Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, elencaram três lições que precisam ser bem entendidas pelas marcas, a partir do que aconteceu na SXSW, neste ano.
A primeira é que nada substitui o clima de interação humana. Mesmo que todo o conhecimento da SXSW esteja exposto ao mundo através das informações publicadas e acessíveis, o evento presencial tem o propósito de fazer com que as pessoas troquem ideias, vejam outras pessoas e construam relacionamento
“Interação humana, é isso que marcas devem sempre buscar, mesmo quando estão no digital”
Cecília Russo
A segunda lição vem da atração das pessoas por celebridades. A futurista Emy Webb, a atriz de Bollywood Priyanka Chopra, e a modelo Miranda Kerr, que tem a marca Kora de cosméticos, tiveram suas salas lotadas, com filas intermináveis. O curioso é que esse fascínio é atemporal, pois mudam-se os temas, os ambientes, as formas de exposição, mas as pessoas correm atrás dos nomes badalados. Não à toa marcas gastam fortunas para contratá-las. É preciso, porém, saber escolher qual celebridades tem ou não sintonia com a marca que representarão.
O terceiro ponto destacado por Jaime e Cecília é a forma como o debate sobre a inteligência artificial ganhou nova dimensão, mesmo não sendo algo novo. O ChatGPT, lançado no fim do ano passado, tornou esse conhecimento acessível às pessoas e Austin repercutiu as inúmeras possibilidades que surgem. Na análise dos nossos comentaristas, surgiu um paradoxo, considerando a ideia de que devemos conhecer pessoas para alimentar marcas fortes:
“Vemos uma tendência de algumas iniciativas de IA tornarem alguns processos mais humanos, ou seja, mesmo parecendo um paradoxo, é a tentativa de humanizar as máquinas, trazendo conforto para as pessoas, por exemplo, com procedimentos médicos menos invasivos”.
Cecília Russo
Já que nosso aqui é marcas, não dá pra deixar de perceber na foto que ilustra este post — feita pela Jacqueline em Austin — a presença de uma marca bem brasileira, o Itau, um dos patrocinadores do evento internacional. Qual a razão disso? Pense que a maior delegação estrangeira da edição deste ano é a brasileira, com cerca de dois mil inscritos.
Ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso que tem a sonorização do Paschoal Júnior: