Fernando Haddad no Jornal da CBN: do controle de gastos nas BETs ao controle das contas do Governo

O ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou o bloqueio de até 600 plataformas de apostas e jogos eletrônicos que funcionam no Brasil e não pediram a regulamentação ao Governo Federal. “Se você tem dinheiro em casa de aposta (ilegal), peça restituição já”, disse o ministro na entrevista que fizemos na edição desta segunda-feira, no Jornal da CBN.

Tirar do ar esses sites é apenas parte do problema. Os números divulgados pelo Banco Central na semana passada mostram o tamanho do desafio: entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões foram transferidos via Pix de pessoas físicas para a jogatina eletrônica, neste ano. O que mais causou espanto: em agosto, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família destinaram R$ 3 bilhões para esses jogos online. 

Proibir aposta com uso do cartão dos programas sociais e com cartão de crédito, acompanhamento do CPF dos apostadores com alertas para gastos excessivos e limite no uso do Pix são algumas das medidas que o Governo vai anunciar nesta semana, segundo o ministro.

Ao mesmo tempo que tenta controlar os gastos abusivos de jogadores endividados e viciados, Haddad tem a tarefa de controlar as contas públicas do Governo. O ministro reforçou a necessidade de respeitar o arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso para controlar os gastos públicos e, assim, criar condições para a redução das taxas de juros e incentivar o investimento. Ele alertou que o descontrole das despesas pode levar ao aumento da dívida pública, comprometendo o crescimento econômico sustentável do Brasil.

A entrevista completa você assiste no vídeo acima.

Avalanche Tricolor: quando sequer Suárez resolve!

Grêmio 0x2 Cruzeiro

Brasileiro – Centenário, Caxias do Sul RS

Panamenhos assistem, no terraço do bar, à Copa América Foto: eu mesmo

Acompanhei pela atualização do Google a partida do Grêmio. Era meu primeiro dia de férias e acabara de chegar ao Panamá, onde tinha uma agenda intensa de atividades, considerando que só ficaria um dia por aqui, antes de partir para outro destino. Fui surpreendido pelo que vi. Não na tela do celular, mas nos passeios previamente planejados. Surpreendi-me ao conhecer lugares impressionantes e histórias curiosas deste país da América Central, que costumo usar apenas como ponto de passagem para a América do Norte ou o Caribe. 

É incrível como unir a capacidade da engenharia e o poder da natureza possibilitou o funcionamento do Canal do Panamá, inaugurado às vésperas da Primeira Grande Guerra Mundial, em 15 de agosto de 1914. É um país resiliente, também. Com sua importância geográfica, matas ricas e  ouro a ser extraído foi explorado por franceses, espanhóis e americanos, entre outras nações e povos. Foi vítima da ditadura e de políticos gananciosos. Mas resiste! 

Tem riqueza e diversidade na sua floresta, que se parece com a nossa Amazônia. Beleza em suas praias, especialmente as do lado do Caribe. E uma capital que se expressa por arquitetura pujante, mesmo que de gosto duvidoso, a partir de prédios intermináveis de tão altos. No centro antigo, Casco Viejo, a reforma de parte das estruturas e a transformação em patrimônio histórico fizeram do local uma atração à parte, seguro para passear e com culinária típica.

Panamá não é um país tradicional no futebol. O pessoal parece se dar melhor com tacos de beisebol nas mãos. Porém, deparei-me com uma curiosidade. Sem uma seleção local de prestígio, os panamenhos se divertem torcendo para seleções alheias, especialmente as sul-americanas. Adoram o Brasil e estavam decepcionados com nosso desempenho na Copa América. Vibram com a Argentina, especialmente por causa de Messi. E têm rixa com a Colômbia, contra quem já enfrentaram algumas batalhas violentas — e não foi nos campos de futebol. 

Na noite de ontem, enquanto ainda me refazia de mais uma chulapada que levamos no Campeonato Brasileiro, as atenções na cidade do Panamá estavam voltadas para a semifinal da Copa América, entre Colômbia e Uruguai. Não havia um restaurante que não tivesse com a televisão sintonizada no jogo. Em alguns bares, situados no topo dos prédios baixos do centro antigo, havia festa e muita gente reunida para torcer. Na praça principal algumas pessoas estavam sentadas ao lado da catedral de onde conseguiam acompanhar à distância o telão de um bar no alto do prédio.

Por motivos óbvios estava mais interessado na comida servida à mesa e na conversa divertida sobre o início das férias. Só fui me atentar à partida quando Suárez apareceu ao lado do gramado para entrar em campo e tentar salvar o Uruguai. Foi um momento de nostalgia. Que saudade de nosso atacante! Aquele que nos levou ao vice-campeonato brasileiro, ano passado, a despeito de todos nossos defeitos.

Comecei a imaginá-lo de volta ao Grêmio e chegando para nos tirar dessa situação vexatória que estamos enfrentando. Puro exercício de imaginação, porque é evidente que o atacante uruguaio não tem a menor pretensão de retornar ao Brasil. Para piorar, pelo que assisti nas telas dos restaurantes panamenhos, há algumas situações no futebol que sequer Suárez resolve. 

Conte Sua História de São Paulo: o mutirão do Alto da Vila Prudente

José Luiz Da Silva

Ouvinte da CBN

Foto de Mustafa ezz

Em 1947, meus pais compraram um terreno no Alto da Vila Prudente e logo começaram a construir num sistema de mutirão com irmãos, sobrinhos e cunhados. A primeira etapa a ser feita foi o poço que, quando atingiu 12 metros, nos deu a santa água! Foi uma alegria!!

Aos domingos, eu e o meu pai saíamos cedo, pegávamos o bonde aberto n° 32, Vila Prudente, na Praça João Mendes, e ali encontrávamos o tio Miro, esposo da tia Tica, Lídia por batismo e irmã do meu pai. Tio Miro era o nosso mestre de obras. Na ocasião, estavam construindo o Cine Marrocos, junto com o Antonio, o Tonhão, irmão do meu pai, e o Luizinho, cunhado do Tonhão. Com todos reunidos, seguíamos em direção à Vila Prudente. O bonde descia a Rua da Glória, Lavapés, e eu não via a hora da passagem pelo campo do Ipiranga F.C. Ficava na rua Silva Bueno, onde grandes craques jogavam: Ceci, Brandão, Rubens .… Lá vai o bonde na porteira do Ipiranga, parava para esperar outro carro, pois só tinha uma linha, e até vir outro a espera era por vezes longa, mas emocionante. 

O bonde parava em frente ao Cine Vila Prudente. Até o Largo da Vila Prudente o calçamento era de paralelepípedo. Já a rua do Orfanato era uma subida de terra, que em dias de sol era uma poeira só, e no de chuva, barro e lama. No cruzamento da rua do Oratório tinha um orfanato enorme: ao lado, um casarão antigo do Dr. Camillo e um trilho entre os eucaliptos que nos levava ao terreno em frente: um enorme morro. Do terreno avistava-se a cidade e a torre do Banco do Brasil e ao nosso redor, só mato, terra e céu. Subíamos a rua até chegar ao terreno, onde a tão sonhada casa era erguida. 

Os adultos assentavam os enormes tijolos que eu carregava um por vez, faziam a massa de barro, enquanto meu pai tirava água do poço. A casa subia devagar e assim foi até 1950 quando ficou pronta pra ser a nossa moradia.

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

José Luiz da Silva é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Você também pode ser personagem da nossa cidade. Escreva agora o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outras histórias, visite o meu blog miltonjung.com.br e o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Use o seu Imposto de Renda para ajudar crianças e idosos, no Rio Grande do Sul

No Brasil, os contribuintes têm a possibilidade de destinar parte do Imposto de Renda (IR) para fundos de assistência a crianças e idosos, com um potencial de arrecadação de R$ 11 bilhões. No entanto, até o dia 8 de maio de 2024, apenas 0,7% desse montante foi efetivamente destinado, alcançando R$ 89 milhões. Desse total, 59% foram direcionados a instituições que atendem crianças e adolescentes, e 40,5% para entidades voltadas a idosos.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lidera a campanha “Se Renda à Infância” para incentivar essas destinações, com a colaboração de diversas entidades, incluindo a Receita Federal e a Associação dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon). O prazo para a declaração do IR encerra-se em 31 de maio, mas foi estendido até 31 de agosto para os residentes do Rio Grande do Sul devido à calamidade pública causada pelas recentes tragédias climáticas.

Importância da Destinação

O juiz auxiliar da Presidência do CNJ, Edinaldo César Santos Junior, reforça a importância dessa destinação para os Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente (FDCA) no Rio Grande do Sul. Isso é válido tanto para contribuintes com imposto a pagar quanto para aqueles com direito à restituição. Quem já entregou a declaração pode acessar novamente o site da Receita Federal e destinar parte dos impostos para esses fundos.

Cezar Miola, vice-presidente de Relações Político-Institucionais da Atricon, ressalta que essa colaboração não implica nenhum custo adicional para o contribuinte. “Parte dos tributos que iriam para os cofres da União é revertida em benefício direto às populações atingidas pelas inundações, agilizando e ampliando o acesso a serviços essenciais, sobretudo aos vulneráveis”, afirma Miola.

Desempenho dos Estados

O levantamento revela que o Rio Grande do Sul é o estado com maior percentual de destinação, com 1,94%, seguido por Paraná (1,71%) e Goiás (1,65%). No outro extremo, Amapá (0,09%), Pará (0,13%) e Distrito Federal (0,10%) apresentam os menores percentuais. Estados como São Paulo (0,57%) e Rio de Janeiro (0,17%), apesar de terem alta renda per capita, apresentam percentuais baixos de destinação.

Como Destinar

Destinar parte do IR para fundos de crianças e idosos é um gesto de solidariedade que não implica em custos adicionais para o contribuinte. Através dessa ação, é possível contribuir diretamente para melhorar a vida de muitas crianças e idosos, especialmente em um momento de grande necessidade no Rio Grande do Sul.

Para outras informações sobre a campanha “Se Renda à Infância” e como realizar a destinação, visite o site do CNJ: Campanha Se Renda à Infância.

Assim, ao destinar parte do seu IR, você pode transformar tributos em esperança e dignidade para os mais vulneráveis.

Caxias do Sul: memórias e desafios na cobertura da tragédia no Rio Grande do Sul

Foto: Andréia Copini/Prefeitura de Caxias do Sul

A entrevista com o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, nesta manhã de segunda-feira, no Jornal da CBN, trouxe à tona memórias e emoções profundas. A cidade, ainda despertando de mais um pesadelo, teve sua área rural devastada pelas fortes chuvas e passou a madrugada sob o impacto de um tremor de terra que, segundo relato de moradores, durou cerca de meia hora.

Caxias do Sul não é apenas um ponto no mapa; é um lugar de recordações pessoais vividas quando criança, durante as férias escolares, sempre ao lado dos Ferretti. Foi lá que meu bisavô, Seu Vitaliano, viveu. Foi lá que nasceu minha avó, Ione, e para lá que ela voltou apenas para parir meu pai. Das muitas lembranças, recordo das Tias Ema e Olga, esta última residia no casarão de madeira da Nove de Julio. A avenida, famosa pelo desfile da Feira da Uva, é um símbolo de momentos felizes da minha infância.

Adolescente, retornei a Caxias para jogar basquete com os amigos do Recreio da Juventude, clube esportivo e social da cidade. Essas experiências construíram uma conexão forte e duradoura com a região, tornando a entrevista desta segunda-feira especialmente tocante.

Durante a conversa, vários sentimentos se misturaram. O prefeito lembrou que Caxias do Sul era o maior produtor de hortifrutigranjeiros do Rio Grande do Sul, e as recentes calamidades dificultaram o acesso aos centros de consumo devido aos bloqueios nas rodovias. Desde o início, áreas de risco foram evacuadas e passagens foram abertas nas regiões de deslizamento para permitir o trânsito de veículos e o transporte de mantimentos para as famílias ilhadas.

Ouça a entrevista completa com o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico

Cobrir essa tragédia em Caxias do Sul, mesmo à distância, é um desafio que vai além do profissional, evocando lembranças de tempos passados. Cada relato faz com que eu sinta a dor da comunidade como se fosse minha, reforçando a importância de uma cobertura empática e comprometida com a verdade e a solidariedade.

Manter o equilíbrio e a frieza jornalística em momentos como esse é uma tarefa complexa. Esforço-me para imaginar o que estão sofrendo os colegas jornalistas que presenciam a tragédia no “campo de batalha”. Muitos deles gaúchos como eu. A psicologia dessa cobertura exige um controle emocional que nem sempre é fácil de alcançar. É aqui que os ensinamentos de estudiosos do jornalismo se tornam particularmente valiosos.

Philip M. Seib, em “Broadcasts from the Blitz: How Edward R. Murrow Helped Lead America into War”, discute como jornalistas precisam equilibrar empatia e profissionalismo durante a cobertura de crises. Ele ressalta a importância de preservar a objetividade enquanto se reconhece o impacto emocional das histórias que estão sendo cobertas. Isso se aplica diretamente à minha experiência ao entrevistar o prefeito de Caxias do Sul, onde cada palavra e expressão trazia à tona uma mistura de sentimentos pessoais e responsabilidades profissionais.

Para abordar a necessidade de equilíbrio emocional no jornalismo, a obra de Anthony Feinstein, “Journalists under Fire: The Psychological Hazards of Covering War”, oferece uma análise detalhada dos efeitos psicológicos que os jornalistas enfrentam ao cobrir conflitos e desastres. Feinstein destaca a importância de intervenções psicológicas e de apoio profissional para ajudar os jornalistas a lidarem com o trauma e o estresse associados a essas coberturas.

Adicionalmente, os ensinamentos de Dan Harris, jornalista e autor do livro “Dez Por Cento Mais Feliz” — que já foi referência neste blog — são especialmente úteis. Harris defende a prática da meditação como uma ferramenta para melhorar a saúde mental e emocional, lição que aprendeu duramente após sofrer “panes” enquanto apresentava telejornais nos Estados Unidos. A meditação ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, proporcionando uma maior clareza mental e um senso de calma, fundamentais para jornalistas que cobrem crises. Incorporar essas práticas pode fazer uma diferença significativa na capacidade de manter o equilíbrio durante coberturas emocionalmente desafiadoras.

Essas referências sublinham a importância de buscar um equilíbrio psicológico durante a cobertura de tragédias. Técnicas como a respiração controlada, a meditação e o estabelecimento de limites claros entre o pessoal e o profissional são cruciais – não, infelizmente, eu não as pratico. Além disso, buscar apoio em colegas e profissionais de saúde mental, reconhecer e aceitar as próprias emoções, sem deixá-las dominar a cobertura, são passos essenciais para realizar um trabalho ético e eficaz.

Revisitar Caxias do Sul em meio a uma tragédia — e ressalto, mesmo que à distância — me trouxe à mente não apenas a responsabilidade jornalística, mas também a necessidade de cuidar de meu próprio bem-estar emocional. Assim, posso continuar a fornecer uma cobertura que não só informa, mas também honra a resiliência e a humanidade da comunidade que tanto significa para mim.

Conte Sua História de São Paulo: brinquei entre os cavalos da repressão e as moças do hotel

Dalton Giovannini

Ouvinte da CBN

Av. Casper Líbero em foto Wikipedia

Nasci no coração de São Paulo, na Avenida Casper Líbero, durante a década de 1960. Minha infância foi marcada pela necessidade de adaptar-me às escassas opções de lazer na sobreloja do prédio onde morávamos.  Não havia espaço de convivência e jogar bola nos estreitos corredores era um desafio, enquanto pedalar meu triciclo nas calçadas se tornava um espetáculo encantador, apesar dos transtornos causados aos pedestres.

Em uma ocasião memorável, enquanto passeava com minha tia Lucia, uma confusão repentina nos fez buscar refúgio no fundo de uma loja. As portas de ferro foram baixadas apressadamente, revelando uma cena de cavalos em disparada e pessoas fugindo—um reflexo dos desafiantes tempos que enfrentávamos.

Todos os dias, eu e minha irmã atravessávamos a magnifica Estação da Luz a pé, passando pelo parque em direção à escola estadual Prudente de Morais, que hoje faz parte da Pinacoteca. Admirávamos suas fontes, hoje secas, e brincávamos com os girinos que se reproduziam nas águas. 

Durante aquela época turbulenta, nossa escola, por vezes, recebia ameaças. Sem entendermos bem o que ocorria, vivíamos o inesperado prazer de sermos levados ao quartel da ROTA, situado em frente à escola. Ali, passávamos horas explorando os carros e equipamentos da polícia até que a situação se esclarecesse—momentos que se gravaram em minha memória.

Após as aulas, eu frequentemente visitava um pequeno hotel na rua Washington Luis, cujas funcionárias me recebiam com balas, doces e carinho. Embora na época eu não compreendesse exatamente o que elas faziam ali, essas visitas eram sempre um ponto alto do meu dia. Curiosamente, também me intrigava um bar na Avenida Cásper Líbero, que escondia pequenos “quartos” em seu interior. Sempre que tentava espiar, o dono do bar me repreendia carinhosamente, chamando-me de “mosquitinho elétrico”.

Outro momento inesquecível era a chegada dos primos que moravam nos bairros residenciais de São Paulo. Eles ficavam fascinados com o elevador do nosso prédio, que era cenário de muitas brincadeiras e frequentes reprimendas do zelador.

Apesar de ser um garoto tipicamente urbano, minha infância naquele cenário foi excepcional, permeada por garrafas de leite de vidro e emoções intensas. Naquela época, não era comum ter redes de proteção nas janelas, e brincar de se pendurar nelas era um passatempo recorrente.

Em 1970, aos oito anos, mudei-me para o bairro do Tucuruvi, na Vila Mazzei, onde vivenciei uma infância diferente, com algumas deficiências que trouxe do centro: nunca aprendi a empinar pipa e jamais avancei além da posição de goleiro. Mas foi lá que conheci Zé Grilo, um amigo que permanece ao meu lado até hoje e cuja memória fantástica guarda histórias que até eu duvido ter vivido. 

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Dalton Giovannini é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Seja você também um personagem da nossa cidade. Escreva seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos, visite agora o meu blog miltonjung.com.br e o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: passeio de aniversário da cidade

Iêda Lima

Ouvinte da CBN

Photo by Guilherme Gonu00e7alves Jaques on Pexels.com

Êh, São Paulo!

Foram doze anos muito intensos. Nos primeiros, muita correria. Já nem seria necessária uma agenda tão apertada; mas, o convite a superar novos desafios era tentador.

A recompensa veio com as amizades que fui conquistando. Umas, mais sólidas, me acompanharam com frequência e intimidade, fazendo-se presentes nos meus passeios de exploração cultural, gastronômica e ambiental dessa quatrocentona, que tem meu ritmo; e nas viagens mais longas, que serviram de teste e cola das nossas relações. 

Levarei saudades dos nossos encontros na casa de um de nós ou em restaurantes honestos em qualidade e preço, onde passávamos horas jogando conversa fora; o respeito mútuo e ao vinho que acompanhava nosso papo estimulava a troca de ideias, sem confundi-las com as pessoas que as defendiam, consolidando nossa amizade. 

Perdi a conta dos sítios onde também deixamos nossas pegadas: Sala São Paulo, Teatro Municipal, Casa das Rosas, Museus de Arte de São Paulo, do Ipiranga, da Imagem e do Som, da Língua Portuguesa e da Casa Brasileira, MASP, Pinacoteca, Japan House. Os parques Ibirapuera (“meu” Ibira), Villa Lobos e Água Branca. 

Ah aqueles cafezinhos no CCBB, na Bolsa de Valores, no Pateo do Colégio e na Casa Mathilde, no centro histórico da cidade; ou na Livraria Cultura da Paulista, Reserva Cultural, Instituto Moreira Sales!

Guardarei para sempre os passeios no dia do aniversário da cidade, 25 de Janeiro. Saía de casa com uma mochila e um bom calçado de caminhada, para explorar o centro histórico com amigos, com olhar fotográfico para cada marca deixada pelos que por lá passaram antes de nós. O ponto de partida era, sempre, o da fundação da cidade: o Pateo do Colégio. 

Nesse dia especial, sob proteção policial reforçada, até os bancos e coretos da Praça da Luz e da República ficavam seguros para uma parada de contemplação e fotos. 

A beleza dos prédios históricos e da cidade limpa para a festa contracenava com a feiura da chocante quantidade de moradores de rua e pedintes. Com a consciência tranquila de que nossa parte estava sendo feita, seguíamos no passeio. 

Descíamos pelo calçadão listrado da Rua General Carneiro, em busca de um pastel de bacalhau com cerveja bem geladinha no Mercadão (Mercado Municipal). Depois, subíamos a escada rolante que só os paulistanos conhecem, evitando a íngreme e lotada Ladeira Porto Geral, para tomar um café com pastel de Belém, na Doceria Mathilde.

Próximo passo era apreciar a cidade de cima do Edifício Martinelle e seguir pela Rua São Bento e Vale do Anhagabaú até oTheatro Municipal; de lá, seguir para tomar mais um café no SESC 24 de Maio, após um click em frente à Galeria do Rock. 

Depois, um passeio na Praça da República e uma chegada no Bar e Lanches Estadão, para repor as energias com um sanduíche de pernil e um chopp, após dar uma passadinha pela Biblioteca Mário de Andrade.  

Refeitos, seguíamos até o Parque Jardim da Luz, pela Av. Ipiranga, algo impensável pra mim, em dias normais. Incrível a beleza daquele parque, visto por dentro! 

Dali, adentrar a Estação da Luz e apreciar, do andar de cima, o sobe e desce de gente e o vai e vem dos trens vermelho e cinza da CPTM; depois tomar mais um cafezinho na Pinacoteca, finalizando o dia pegando a linha azul do Metrô de volta pra casa, com o coração agradecido por aquele dia de sol maravilhoso e o privilégio da liberdade de ir e vir, como pedestre, em boa companhia. 

Êh São Paulo! Você e os amigos que fiz por aí ficaram encrustrados na minha alma como as conchas na rocha! Até breve!

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Iêda Lima é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Escreva agora o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite o meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Conte Sua História de São Paulo: brincadeiras nos paralelepípedos da minha cidade

Gláucia Rosa

Ouvinte da CBN

Imagem criada no Dall-E

Nasci no Hospital Nove de Julho, na época em que meus pais moravam na Vila Mariana. Vivemos na rua Dona Avelina até os meus 5 anos de idade.

Os muros das casas eram baixos, bem como seus portões. Acreditávamos que o “velho do saco” levava, em seus enormes sacos apoiados em suas costas, crianças desobedientes. Sim, éramos constantemente ameaçados de sermos carregados pelo “velho do saco”. Mas, imagine você, aos quatro anos de vida, a menina travessa, com muita energia, corria e brincava na rua.  Rua de paralelepípedo. 

Será que os nascidos no século XXI sabem ou já pisaram numa rua assim?  Eu não só pisei como me ralei algumas vezes.

Digo sempre que estreei meus joelhos nos paralelepípedos da Vila Mariana. O primeiro tombo, inesquecível! Mesmo porque foi curado com mertiolate — o que arde, cura!. 

O progresso e as melhorias da pavimentação chegaram e, nos meus cinco anos de idade, mudamos da Vila Mariana para o Planalto Paulista. Sensacional! Ladeiras lisas. As ruas já com asfalto pareciam um escorregador. Brincávamos de pega-pega, esconde-esconde, queimada, pula-corda e os meninos mais velhos e descolados ousavam se arriscar, ladeira a baixo na “pilotagem” de um carrinho de rolimã “made in home”.

Que época interessante. Nós, crianças até a década de 1970, amávamos quando, à noite, a luz do interior de nossas casas e das ruas era, repentinamente, cortada, e não chovia. Claro, era a combinação perfeita para deixarmos de fazer nossas tarefas escolares, buscar as lanternas e correr para a rua, onde encontraríamos com nossos amigos e amigas e as brincadeiras começavam.

Nossos pais, com olhos a postos, nos vigiavam atentamente sobre os baixos muros, pois, a escuridão era algo assustador… Era mesmo?

Assim que a luz voltava, se antes das dez da noite, ok, poderíamos seguir mas, se já passasse meia hora que fosse, “stop”, parem tudo, vamos entrar e dormir. Amanhã é dia de aula e vocês têm que acordar cedo!

Esta história é uma pequena recordação de uma infância paulistana, vivenciada nas décadas de 60 e 70, que se passava, literalmente, na rua que tinha casas com portas abertas ou destrancadas. Época em que se podia encontrar cadeiras nas calçadas, sobretudo, no verão, ocupadas pelas moradoras das vizinhança, para aquele bate-papo.

Pensar que Sampa um dia já foi vivida com pouco ou quase nenhum medo nas suas ruas que, majoritariamente, eram palcos de brincadeiras e felicidade.

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Glaucia Rosa é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Seja você também uma personagem da nossa cidade. Escreva agora o seu texto e envie para contesuahistoria@cbn.com.br Para ouvir outros capítulos da nossa cidade, visite o meu blog miltonjung.com.br ou o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Fernando Nobre lança o livro “Homem Médico” que une coração, ciência e conhecimento.

Dr. Fernando Nobre, cardiologista e mestre na arte da comunicação, é a personificação do médico que todos almejamos ter. Convicto de que o conhecimento quando compartilhado pode salvar vidas, ele excede o papel tradicional do médico ao esclarecer e educar, fazendo da linguagem um instrumento de cura. Seu talento para transmitir informações de saúde de maneira compreensível tem o poder de prevenir doenças e de transformar o cenário médico como um todo. É o que chamo de médico comunicador!

No consultório, Nobre transforma complexidades médicas em diálogos claros, fortalecendo o vínculo entre médico e paciente e aumentando significativamente a eficácia do tratamento. Na CBN Ribeirão Preto, onde apresenta o quadro CBN Saúde, sua voz ganha novas dimensões e se espraia pelos diversos rincões alcançados pelas ondas do rádio. Nos livros, usa de sua escrita qualificada para traduzir a complexidade da medicina em palavras que encantam e informam. Foi um dos editores do “Tratado de Cardiologia SOCESP”, que ganhou o mais prestigiado prêmio de literatura do Brasil: o Jabuti, na categoria “melhor livro de ciências da saúde”, em 2006.

Agora, com “Homem Médico” (Novo Século), Dr. Nobre se aventura ainda mais profundo no tecido da existência humana. Mais do que um relato, o livro é uma odisseia que celebra a resiliência, a empatia e os valores éticos que formam a espinha dorsal da medicina. Acompanhamos a jornada de Dr. Reinaldo, um médico cuja vida e prática são um espelho da própria alma da medicina – cheia de desafios, mas também repleta de triunfos silenciosos.

A escolha de Dr. Reinaldo de tratar pessoas e não doenças ressoa com um apelo por uma medicina mais compassiva, que vê cada paciente como um universo único de necessidades e histórias. Através da narrativa de Fernando Nobre, somos convidados a entender que a medicina é tanto uma arte quanto uma ciência – um equilíbrio delicado que poucos conseguem sustentar com tanta graça.

Dr Fernando Nobre, seu personagem Dr Reinaldo e o livro esperam você na Livraria da Vila, do Shopping Eldorado, nesta quinta-feira (dia 21 de março), a partir das 18h30.

Impulso Digital: novo programa do CIEE capacitará jovens para o futuro do trabalho

Foto de Canva Studio

À medida que o avanço tecnológico redefine as fronteiras do emprego e do conhecimento, a capacitação dos jovens nesse setor se torna indispensável, não apenas como meio de inserção profissional, mas também como estratégia crucial de combate ao desemprego. No Brasil, a questão do desemprego juvenil é particularmente premente, com taxas que destacam a necessidade urgente de ação. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 15% dos jovens brasileiros estão desempregados, um número que, embora menor do que nos anos anteriores, ainda representa um desafio significativo para o país e sublinha a importância de iniciativas como o Programa de Aprendizagem Impulso Digital.

Lançado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), nessa quarta-feira, em São Paulo, em parceria com Ada Tech, o Impulso Digital é um programa pioneiro com o objetivo de abrir até cinco mil vagas para jovens aprendizes no setor de tecnologia. Esse programa representa uma resposta concreta ao duplo desafio do desemprego juvenil e da demanda crescente por profissionais qualificados na economia digital.

Projetado dentro dos parâmetros da Lei da Aprendizagem, o Impulso Digital propõe uma formação integral que inclui desde competências básicas em língua inglesa até conhecimentos avançados em banco de dados e estatística, passando pela inclusão de aulas de português e matemática. Essa abordagem multifacetada não só atende às necessidades imediatas do mercado de trabalho, mas também fortalece as bases educacionais dos jovens, preparando-os para um futuro promissor no campo tecnológico.

O apoio do Movtech, uma coalizão de organizações dedicadas a fomentar investimentos sociais em educação e tecnologia, sublinha a importância de uma ação coletiva para abordar essas questões. Este grupo tem como meta mobilizar, capacitar e inserir um número cada vez maior de jovens no setor tecnológico até 2030, refletindo um compromisso com a sustentabilidade econômica e o progresso social.

Dessa forma, o Programa de Aprendizagem Impulso Digital, do CIEE, se estabelece como uma iniciativa fundamental não apenas para o enfrentamento do desemprego juvenil, mas também como um catalisador para o desenvolvimento de competências que são cruciais para o futuro do trabalho. Ao capacitar os jovens com as ferramentas necessárias para prosperar na economia digital, o programa joga uma luz de esperança sobre as estatísticas de desemprego e abre caminho para um futuro mais inclusivo e próspero para o Brasil.