À medida que o avanço tecnológico redefine as fronteiras do emprego e do conhecimento, a capacitação dos jovens nesse setor se torna indispensável, não apenas como meio de inserção profissional, mas também como estratégia crucial de combate ao desemprego. No Brasil, a questão do desemprego juvenil é particularmente premente, com taxas que destacam a necessidade urgente de ação. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 15% dos jovens brasileiros estão desempregados, um número que, embora menor do que nos anos anteriores, ainda representa um desafio significativo para o país e sublinha a importância de iniciativas como o Programa de Aprendizagem Impulso Digital.
Lançado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), nessa quarta-feira, em São Paulo, em parceria com Ada Tech, o Impulso Digital é um programa pioneiro com o objetivo de abrir até cinco mil vagas para jovens aprendizes no setor de tecnologia. Esse programa representa uma resposta concreta ao duplo desafio do desemprego juvenil e da demanda crescente por profissionais qualificados na economia digital.
Projetado dentro dos parâmetros da Lei da Aprendizagem, o Impulso Digital propõe uma formação integral que inclui desde competências básicas em língua inglesa até conhecimentos avançados em banco de dados e estatística, passando pela inclusão de aulas de português e matemática. Essa abordagem multifacetada não só atende às necessidades imediatas do mercado de trabalho, mas também fortalece as bases educacionais dos jovens, preparando-os para um futuro promissor no campo tecnológico.
O apoio do Movtech, uma coalizão de organizações dedicadas a fomentar investimentos sociais em educação e tecnologia, sublinha a importância de uma ação coletiva para abordar essas questões. Este grupo tem como meta mobilizar, capacitar e inserir um número cada vez maior de jovens no setor tecnológico até 2030, refletindo um compromisso com a sustentabilidade econômica e o progresso social.
Dessa forma, o Programa de Aprendizagem Impulso Digital, do CIEE, se estabelece como uma iniciativa fundamental não apenas para o enfrentamento do desemprego juvenil, mas também como um catalisador para o desenvolvimento de competências que são cruciais para o futuro do trabalho. Ao capacitar os jovens com as ferramentas necessárias para prosperar na economia digital, o programa joga uma luz de esperança sobre as estatísticas de desemprego e abre caminho para um futuro mais inclusivo e próspero para o Brasil.
“É a capacitação técnica que abre a porta para esse jovem entrar na empresa, mas é a responsabilidade comportamental, o engajamento, a responsabilidade dele, que o faz brilhar, que abre para ele as oportunidades de carreira — inclusive para as pessoas com deficiência”.
Kelly Lopres, Instituto de Oportunidade Social
A necessidade de educação digital se tornou evidente ao longo dos anos, à medida que a sociedade avançou tecnologicamente. Estar mais bem preparado para atender a essa demanda pode ser o grande diferencial para jovens e pessoas com deficiência que buscam espaço nas empresas. De olho nessa oportunidade foi que surgiu o Instituto de Oportunidade Social que tem como superintendente Kelly Lopes, entrevistada do Mundo Corporativo da CBN.
Instituto promove formação profissional
Kelly diz que o IOS tem desempenhado um papel fundamental na formação profissional e na empregabilidade de jovens entre 15 e 29 anos e pessoas com deficiência, a partir de 16 anos. Um aspecto que ela destaca é a ênfase na formação tecnológica. O Instituto aborda esse desafio fornecendo formação profissional extracurricular em tecnologia, que pode ser realizada simultaneamente ou após a conclusão do ensino médio. O objetivo é capacitar os jovens a conquistarem seu primeiro emprego ou obterem uma recolocação profissional no mercado de trabalho formal.
O Instituto, que completa 25 anos de existência, teve sua origem em uma iniciativa da empresa Totvs, que segue sendo sua principal mantenedora. No entanto, ao longo dos anos, o IOS estabeleceu parcerias com outras empresas, como Dell e 3M no Brasil, além de colaborar com órgãos governamentais municipais e estaduais em São Paulo e Minas Gerais, por meio de projetos de incentivo fiscal e fundos de defesa das crianças e adolescentes.
O desafio de jovens e pessoas com deficiência
Um dos principais desafios enfrentados pelos jovens na busca por emprego é a falta de preparação do ambiente escolar para o mercado de trabalho. A educação básica não costuma abordar as habilidades técnicas e comportamentais necessárias no mundo corporativo, avalia Kelly . Além disso, a maioria dos jovens não recebe orientação sobre suas opções de carreira ou mentoria. Por outro lado, as empresas enfrentam desafios relacionados à digitalização do processo seletivo, que pode tornar difícil identificar os verdadeiros talentos entre os candidatos.
“O nosso jovem brasileiro, ele é o jovem do corre, ele é o jovem que faz as coisas acontecer. Está faltando para ele referência, mentoria, cuidado e acolhimento. Principalmente, agora no pós-pandemia. No Instituto, a gente faz esse complemento, esse atendimento niversal do indivíduo. E aí é quase uma mágica”.
Taxa de desemprego entre jovens é enorme
Kelly enfatiza que o IOS se preocupa em promover a educação digital, preparando os jovens para lidar com as ferramentas tecnológicas usadas no ambiente corporativo. Muitos jovens estão conectados digitalmente, mas não possuem as habilidades necessárias para se destacarem no mercado de trabalho.
O público-alvo do IOS são jovens de 15 a 29 anos, com a maioria situada na faixa etária de 15 a 21 anos. Esses jovens frequentemente enfrentam altas taxas de desemprego, mesmo com incentivos existentes. Kelly destaca a importância de proporcionar oportunidades de capacitação e emprego para essa faixa etária.
Desafio é maior entre pessoas com deficiência
Quando se trata de pessoas com deficiência, a situação é ainda mais desafiadora. Muitas vezes, elas enfrentam dificuldades não apenas na educação formal, mas também no acesso à tecnologia e no entendimento do mundo corporativo. A falta de acesso à educação inclusiva e a falta de apoio adequado contribuem para a exclusão dessas pessoas do mercado de trabalho formal.
No entanto, o IOS está fazendo a diferença na vida dessas pessoas, oferecendo formação profissional e apoio psicossocial sob demanda, diz Kelly. Os resultados são impressionantes, com uma média de 65% de empregabilidade bem-sucedida para os jovens formados pelo Instituto e até 80% para pessoas com deficiência.
O IOS não se limita apenas à capacitação. Também trabalha com empresas para sensibilizá-las sobre a importância da diversidade e inclusão, ajudando a criar oportunidades para jovens e pessoas com deficiência. Além disso, o Instituto auxilia na preparação das empresas para receberem esses profissionais e promove a conscientização e o treinamento de lideranças sobre como apoiar e incluir esses colaboradores.
“É importante a gente também mostrar para as empresas que a gente pode apoiá-las na questão da diversidade, porque o nosso jovem é diverso. Estou atendendo jovem da escola pública, muitos em situação de vulnerabilidade, pessoas negras, pessoas com deficiência, o público LGBTQIA+. É um público diverso que a gente está atendendo e isso também traz valor para a empresa”.
Uma história inspiradora
Kelly compartilha uma história inspiradora de uma jovem chamada Beatriz, que superou desafios e encontrou sucesso profissional após participar dos cursos do IOS. Beatriz, uma jovem negra da periferia de Diadema, ingressou no Instituto, fez cursos de tecnologia e gestão empresarial e conseguiu se destacar em um processo seletivo em uma grande multinacional de tecnologia. Sua jornada de superação demonstra o potencial dos jovens quando recebem oportunidades adequadas.
No Brasil, a educação técnica de nível médio ainda é subutilizada, com apenas 11% dos jovens tendo acesso a esse tipo de formação. Kelly enfatiza a importância de levar a capacitação técnica para dentro das escolas, capacitando professores e promovendo o voluntariado corporativo para ampliar as oportunidades para os jovens.
Ao final da entrevista, Kelly destacou que a tecnologia não deve ser apenas uma ferramenta, mas também um meio para empoderar jovens e pessoas com deficiência. A capacitação e o desenvolvimento de habilidades comportamentais são essenciais para abrir portas para esses indivíduos no mercado de trabalho.
Assista à entrevista completa com Kelly Lopes no Mundo Corporativo
O Mundo Corporativo da CBN pode ser assistido ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã, no canal da CBN No You Tube. O programa tem a colaboração de Renato Barcellos, Larissa Machado, Priscila Gubiotti e Rafael Furugen.
“Todas as empresa que iniciam o programa, que gostam, não param mais, porque aqueles que já o fizeram, não encara mais como um problema, encara como uma solução no mundo do RH, no mundo do trabalho“ —- Humberto Casagrande, CIEE
O Brasil tem atualmente cerca de 420 mil pessoas beneficiadas pela Lei de Aprendizagem, que determina que empresas com 100 ou mais funcionários destinem de 5% a 15% das vagas a jovens de 14 a 24 anos. Humberto Casagrande, superintendente-geral do CIEE, calcula que se todas as empresas cumprissem a lei, o país teria 1,1 milhão de jovens aprendizes.
Em entrevista ao jornalista Mílton Jung, no programa Mundo Corporativo da CBN, Casagrande apresentou dados de pesquisa do Instituto Datafolha, com jovens que participam do programa Jovem Aprendiz, de responsabilidade do Centro de Integração Empresa Escola.
“É um programa transformador, porque o jovem neste momento da vida, ele tem pouca noção do mundo do trabalho, tem poucas perspectivas, normalmente não tem oportunidades, então está disponível para cosias que não são muito boas —- ele encontra uma razão muito forte no seu dia-a-dia, conhece como funciona uma empresa, a dinâmica de uma empresa, como a dinâmica empresarial se desenvolve e tem contato com instrutores para ter orientação de vida e de caráter —- as pesquisas que fazemos mostram que é transformador na vida do jovem fazer este programa, só lamentamos não termos mais vagas”.
Conforme pesquisa, 53% dos jovens seguem trabalhando depois do programa e 25% deles são contratados na própria empresa, que têm a oportunidade de formar seus quadros gerenciais do futuro. Além disso, lembra Casagrande, as empresas renovam suas ideias a partir da inserção de pessoas mais jovens, aumentando a diversidade geracional.
Os candidatos do Programa Jovem Aprendiz, do CIEE, participam de cursos de capacitação que focam noções de cidadania, relacionamento no mundo do trabalho e desenvolvimento de sua personalidade.
“Existem muitas oportunidades para aprender, estudar e melhorar. O mundo será daqueles que se capacitarem, tiverem visão de negócio. E entenderem que é possível. A autoestima deve ser elevada e todos nós podemos conseguir as coisas e chegar lá”
O Mundo Corporativo é apresentado, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas, na página da CBN no Facebook e na conta @CBNoficial do Twitter. O programa vai ao ar aos sábados, às 8h10, no Jornal da CBN e aos domingos, às 22 horas, em horário alternativo.
No desenvolvimento de talentos, as empresas têm papel fundamental e devem criar ambientes que incentivem à formação de seus executivos com planos de capacitação e carreira. É o que defende Luiz Gustavo Mariano, sócio da Flow Executive Finder, consultoria de seleção de executivos, em entrevista ao jornalista Mílton Jung, no programa Mundo Corporativo, da rádio CBN. Mariano fala das estratégias que estão sendo usadas pelas corporações para melhorar a performance de seus profissionais.
O Mundo Corporativo vai ao ar às quartas-feiras, 11 horas da manhã, ao vivo, no site da Rádio CBN (www.cbn.com.br), e você pode participar com perguntas no e-mail mundocorporativo@cbn.com.br e pelos Twitters @jornaldacbn e @miltonjung (#MundoCorpCBN). O programa é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN.