Homem tapa buraco da Telefônica – apelidado de ‘buraco nota 10 ‘ – no cruzamento da avenida Carlos Lacerda com Estrada de Itapecerica, no Capão Redondo, zona sul de São Paulo – texto e foto Devanir Amâncio
Por Devanir Amâncio
ONG EducaSP
Dona Zulmira dos Santos é um exemplo de vida. Simpaticíssima, de fala pausada e cheia de otimismo; baixa, de corpo franzino -, o seu semblante é sereno e profundo, lembra a freira baiana, Irmã Dulce. Dona Zulmira tem 80 anos, coleta recicláveis e pensa no futuro. No domingo, 03/4, subia a ladeira Modelar, no Capão Redondo, zona sul, onde mora, carregando na cabeça uma banheira plástica com quinze quilos de jornais e revistas :
“Não é porque sou de idade que vou ficar o dia inteiro dentro de casa, criei os meus oito filhos com muita garra. Trabalho todos os dias e sou feliz. Vou ao ferro velho bem cedo, vender tudo. Com a banheira vai dar uns dois reais e cinquenta. Vou comprar meia dúzia de bananas e um pacote de bolacha.
Minha casinha é simples ,bem arrumadinha, vale uns quarenta mil . Penso em vendê -la e dividir o dinheiro com os filhos e netos, para não dar briga quando eu morrer.”
Dona Zulmira mostra com orgulho um quadro pequeno que acabara de encontrar no lixo : a imagem de um pescador recolhendo a rede , sem nenhum peixe .
A mineira de Teófilo Otoni , manda um recado : ” O importante é não parar, não esmorecer.”

Por Devanir Amâncio
ONG EducaSP
Para o desespero dos profissionais da reciclagem e dos ambientalistas , o lobby do incinerador trabalha a todo vapor para limpar a cidade de São Paulo. Enquanto isso,há muito tempo, a queima de parte do lixo doméstico já é feita na Rua Modelar,no Capão Redondo, Zona sul. As chamas e a fumaça preta que saem do “crematório”, no espigão da Cohab Adventista , podem ser vistas da Subprefeitura de Campo Limpo.
Devanir Amâncio
Por Devanir Amâncio
ONG EducaSP
Tarcísio Magalhães é mais conhecido como Seu Mandioca no Capão Redondo, Zona Sul. Vende mandioca há 30 anos na região. Há muito tempo, para vender , teve que puxar carroça, agora tem uma charrete e conta com a agilidade da égua Princesa e a potência de um alto-falante . Está animado e diz que logo logo vai comprar um carro.


Por Devanir Amâncio
ONG Educa São Paulo
A mini montanha de entulho, em frente ao Metrô Capão Redondo,na avenida Carlos Caldeira Filho com Estrada de Itapecerica, Zona Sul, tem até um fusca. O entulho ainda tem um morrinho de chão batido – cercado pelo conformismo – que é usado por crianças em suas brincadeiras com pipas em dias de sol e vento. Agora eleva o nome de um candidato que, no cavalete, se apresenta como Ficha Limpa. O local goza de grande visibilidade. O importante é aparecer!
Recebi o seguinte recado, via Devanir Amâncio, do seu Antônio Ventura, que abrilhantou o blog ao discursar contra o despejo de entulho em uma das esquinas da Cohab Adventista, no Capão Redondo, zona sul:
Sabe aquele sofá que eu subi em cima pra falar umas verdades, a Prefeitura levou embora ,assim que falou na rádio. Levou só o sofá, o entulho ainda tá lá … falei sobre isso até com o pessoal de um vereador que pinta lâmpadas em muro, mas não adiantou nada.
Por Devanir Amâncio
ONG Educa SP
Antônio Ventura, de 77 anos, morador da COHAB Adventista, região do Capão Redondo, Zona Sul, subiu no sofá de um lixão – na esquina da rua Modelar com a Integrada – para pedir mais atenção da Prefeitura, e também fez um pedido ao povo: “É hora de reagir contra a politicagem, reagir contra si mesmo e parar com esse hábito feio de sujar o bairro”.
A redução dos recursos destinados à limpeza urbana está sendo danosa à cidade, e isso terá consequência maior assim que começar o período de chuvas. Tirar dinheiro de um serviço tão essencial como o da varrição (53,9%) é atentar contra a boa qualidade de vida da população e, além do mais, é uma grande demonstração de descaso com a cidade. A Prefeitura deveria colocar em prática a proposta de construir mais ecopontos e deixá-los abertos 24 horas, inclusive aos sábados e domingos, se assim quiser diminuir a quantidade de entulho na rua.
Policias militares foram mobilizados para retirar cerca de 800 famílias que ocupavam terreno na região do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, conforme decisão da Justiça. Houve resistência, a polícia invadiu o local e barracos foram incendiados, a princípio pelos próprios moradores. A repórter Cátia Toffoletto registrou a ação.
(16:37)
Tem novidade aqui no post: além de outras imagens disponíveis com as famílias retiradas do terreno, você pode ver vídeo gravado pela Cátia Multimedia Toffoletto.