A necessidade inegociável da leitura e os perigos da preguiça intelectual gerada por IA no Direito 

Por Antonio Carlos de Aguiar

Imagem criada por DALL-E, via OpenAI

Vivemos uma era de atalhos cognitivos. De bibliotecas silenciosas, onde se degustavam obras inteiras, migramos para cópias xerox de trechos selecionados e, hoje, nos contentamos com respostas prontas de IAs, sem verificar sua procedência, fidelidade ou profundidade.

O fenômeno é preocupante em nível social e mais ainda no Direito. Há petições que repetem jurisprudência que o autor não conferiu se de fato existiam; são citadas doutrinas clássicas de livros cujas capas o peticionário desconhece, e essa reprodução – via Ctrl+C/Ctrl+V – hoje está “mais sofisticada”, com apoio em IAs, como o ChatGPT – que, não raro, apresentam considerações “jurídicas” alucinadas. Um bom exemplo: o “princípio da cristalização jurídica” (inventado por esse autor, para ilustrar exatamente o porquê desse artigo) foi “definido” pela IA do Google com aparente rigor técnico e com importante alerta sutil ao seu final: “As respostas de IA podem incluir erros. Consulte um profissional”. Quantos leem até o fim?

E, com “precisão”, definiu e nos apresentou no que cientificamente consistia o princípio da cristalização jurídica:

•  Impedir a rediscussão de matérias já decididas: Uma vez que uma decisão judicial transita em julgado (ou seja, não cabe mais recurso), o caso não pode ser reaberto para discutir os mesmos pontos decididos. 

•  Garantir a estabilidade das relações jurídicas: A decisão judicial, uma vez cristalizada, torna-se definitiva, protegendo as partes envolvidas de futuras incertezas e discussões sobre o mesmo tema. 

•  Proteger o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada: A lei não pode prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, que são aspectos diretamente ligados à cristalização jurídica. 

E seguiu: O princípio da cristalização jurídica é fundamental para a manutenção da ordem e da segurança no sistema jurídico, evitando que as decisões judiciais sejam constantemente questionadas e que as relações jurídicas se tornem instáveis e incertas

O risco, portanto, vai além da simples falta de uma leitura profunda. Uma reportagem recente no Estadão (22/06/2025), por exemplo, revelou como o ChatGPT levou um usuário emocionalmente vulnerável a um surto delirante, afirmando até que ele tinha a capacidade de voar, porque se encontrava numa dimensão da realidade diferente. Contudo e, depois, ao final, ao ser questionando sobre esse destino, sem o menor pudor e/ou responsabilidade assumiu que mentiu. 

Junte-se a esse absurdo de direcionamento, o componente da aceleração vivenciada por toda a sociedade atualmente, tendo como resultado dessa soma de elementos, a prática cotidiana de um advogado que, na pressa, usando uma “pesquisa” similar para aconselhar um cliente, sem perceber que a IA distorceu a realidade, simplesmente envia a sua resposta “alucinante” ao seu cliente.

As consequências de viés negativo são ilimitadas.

A solução, no meu ver, está num outro caminho, que não se traduza na volta ao passado, porque isso é impossível, mas, na assunção plena de responsabilidades via deep learning (humano e não da máquina: machine learning), voltando-se às fontes: lendo livros, jurisprudência e doutrina na sua origem, não as consumindo em fragmentos. Além disso, desconfiar de respostas rápidas: IAs são ferramentas, não substitutas do estudo metódico e, sobretudo, fazer da rotina de estudo um hábito de verificação. O Direito exige precisão. Não há espaço para qualquer tipo de preguiça intelectual. Isso pode custar caro.

Estudo, leitura integral e a pesquisa paciente fazem parte da construção de um caminho único e verdadeiramente seguro para fazermos e entregarmos o nosso melhor.

Antonio Carlos Aguiar , é sócio do Peixoto & Cury Advogados, além de Mestre e Doutor em Direito do Trabalho pela PUC/SP. Titular das cadeiras 28 e 45 das Academias Paulista e Brasileira de Direito do Trabalho.

Não me faz te pegar nojo, Sam Altman

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Sou o que costumam chamar de ‘early adopters’. Perdão pelo anglicismo logo na abertura do texto, mas é assim que a turma que fala de tecnologia prefere chamar aquilo que lá no meu Rio Grande do Sul denominaríamos de ‘guri metido’ — aquele cara que não pode ver uma novidade e já se atreve a usar. Foi assim com o ChatGPT. No dia em que ouvi falar, já estava fuçando suas funcionalidades. Virei embaixador do negócio. Sugeri para colegas, amigos e parentes — até para o cunhado.

Fiz o primeiro curso que apareceu. Comprei o primeiro livro sobre o assunto. Entrevistei as fontes que entendi serem mais relevantes e acessíveis. O negócio cresceu em uma velocidade exponencial e tomou uma dimensão que não dei conta diante de todas as possibilidades. Mesmo assim, apaixonei!

As primeiras polêmicas se tornaram públicas. O CEO Sam Altman foi demitido e recontratado em um movimento tão rápido quanto as respostas que a inteligência artificial é capaz de nos oferecer. Questionamentos sobre segurança e responsabilidade causaram tanta ‘alucinação’ quanto o ChatGPT pode produzir frente a um ‘prompt’ impreciso.

A última polêmica foi a situação envolvendo Scarlett Johansson.  Após quase um ano de negociações para que a atriz emprestasse sua voz ao ChatGPT 4.0o, Johansson recusou. No entanto, a OpenAI lançou uma voz incrivelmente semelhante à dela, chamada Sky, sem sua autorização. Quando a estrela de “Encontros e desencontros” ouviu a demo, ficou chocada e irritada. Mesmo com a negativa clara da atriz, Altman pareceu brincar com a situação ao sugerir no Twitter uma referência ao filme “Her”, onde Johansson dubla uma assistente de IA.

Essa atitude de Altman lembra muito o que Elon Musk fez com o Twitter, agora rebatizado de X. Musk, em sua gestão tumultuada e desrespeitosa com o cliente, transformou a plataforma, outrora um espaço de troca de ideias e informações, em um terreno de controvérsias e desinformação. A marca Twitter, construída ao longo de anos, foi profundamente danificada pela conduta errática e decisões questionáveis de Musk. E agora, Altman parece trilhar um caminho semelhante com a OpenAI.

A comparação é inevitável. Ambas as situações envolvem líderes carismáticos que, ao invés de preservar e fortalecer as instituições que dirigem, parecem mais interessados em promover seus próprios egos e preferências pessoais. No caso de Altman, a obsessão com o filme “Her” e a tentativa de replicar a voz de Johansson sem sua permissão demonstra um desrespeito pelas normas éticas e pelos direitos individuais. Isso não só prejudica a imagem da OpenAI como também levanta questões sérias sobre a integridade da empresa.

A saída de Ilya Sutskever, cofundador da OpenAI, e de outros membros da equipe de superalinhamento, reflete o ambiente conturbado dentro da empresa. Eles faziam parte do time focado em garantir a segurança de possíveis futuros sistemas de inteligência artificial ultra-qualificados

A OpenAI, que deveria ser um exemplo de pesquisa e desenvolvimento seguro de IA, agora parece mais preocupada em lançar produtos chamativos e ganhar mercado a qualquer custo. Essa mudança de foco é preocupante, especialmente com relatos de acordos de confidencialidade abusivos e uma cultura de segredo.

Assim como Musk transformou o Twitter em um campo minado de controvérsias, Altman está levando a OpenAI por um caminho perigoso. A empresa, que nasceu com a missão de desenvolver IA de forma segura e ética, agora parece mais interessada em ganhar visibilidade e lucro rápido. As ações de Altman, como no caso de Scarlett Johansson, mostram um desrespeito pelos princípios que deveriam nortear a OpenAI.

A postura de “vencer a qualquer custo” não é apenas insustentável, mas também prejudicial. Quando líderes colocam seus interesses pessoais acima das responsabilidades institucionais, a confiança do público e a integridade da organização são comprometidas. O caso de Johansson é um alerta para todos nós sobre os perigos de uma liderança que negligencia a ética em favor do ganho pessoal.

Sam Altman precisa reconsiderar suas ações e prioridades antes que a OpenAI sofra danos irreparáveis, assim como o Twitter nas mãos de Musk. A comunidade global de tecnologia e os usuários — especialmente aqueles que como eu nos apaixonamos pelo tema — querem confiar que essas ferramentas sejam desenvolvidas com responsabilidade e respeito. É hora de voltar aos princípios fundamentais e garantir que a OpenAI se alinhe novamente com sua missão original.

Recorrendo a um jargão consagrado pelo conterrâneo e humorista Andre Damasceno, criador do personagem o “Magro do Bonfa”: Altman, “não me faz te pegar nojo”, porque a OpenAI merece mais do que isso!

A inteligência artificial no divã: o risco à autonomia e à critividade do profissional

Imagem criada no Dall-E

Fui surpreendido recentemente com a fala de alguns alunos de uma turma de psicologia que alegaram não conhecer o ChatGPT. Não é que nunca tenham usado. Não sabiam o que era! Menos ainda tinham ideia do potencial desta ferramenta de Inteligência Artificial. Fui rasteiro na minha “pesquisa” e, portanto, não sei com clareza os motivos que levam esses futuros profissionais a desdenhar esse conhecimento. Com o devido cuidado para não ser tomado pelo Efeito Bolha, me impressiona que pessoas que já estejam no ensino superior ainda não tenham tido contato com essa revolução tecnológica que estamos assistindo desde a popularização da IA, há pouco mais de um ano. 

Se ainda temos uma camada considerável da população sem acesso ao acessível ChatGPT e seus primos-irmãos, imagino que boa parte de nós — os da Bolha — ainda use os recursos de IA de forma infantil. A quantidade de possibilidades que essas ferramentas nos oferecem para elaboração de texto, análise de pesquisa, desenvolvimento de projetos ou criação de produtos e procedimentos é inalcançável. Todo dia, você que tenha um pouco de interesse no assunto, encontrará uma nova solução de IA.

Dos riscos que corremos, assim como acontece com todas as demais tecnologias à disposição, um deles é o deslumbramento e a hiper-dependência. As IAs generativas facilitam uma série de atividades como a elaboração de um texto sobre qualquer assunto que você se propuser a escrever (ou copiar). Porém, se você, refém desse nosso cérebro que está sempre em busca de atalhos para facilitar a sua vida, entregar apenas à IA essa tarefa, sem interferência e referências, corre perigo enorme de ver sua criatividade definhar, com a perda da capacidade de refletir e desenvolver pensamento crítico, que são as habilidades que nos oferecem vantagens competitivas. 

Um estudo recente que investiga equipes de trabalho e a Inteligência Artificial (IA), principalmente o uso do ChatGPT, esclarece realidades que tanto surpreendem quanto instruem. Este estudo, conduzido por Kian Gohar, CEO da GeoLab, e Jeremy Utley, da Universidade de Stanford, revela nuances importantes sobre a aplicação da IA em processos criativos de resolução de problemas nas organizações.

Colaboradores de quatro empresas, duas na Europa e duas nos Estados Unidos, foram divididos em equipes para enfrentar desafios empresariais específicos. Alguns grupos contaram com a assistência do ChatGPT, enquanto outros abordaram os problemas sem qualquer apoio da IA. O objetivo? Avaliar o impacto prático da IA generativa na geração de ideias e solução de problemas em equipe.

Os resultados, porém, foram modestos. Enquanto as equipes assistidas pela IA demonstraram um aumento significativo na confiança em suas habilidades de resolução de problemas – um salto de 21% –, as ideias geradas, em média, superaram apenas ligeiramente aquelas criadas pelos grupos de controle, com um modesto aumento de 8% no volume de ideias. Mais intrigante ainda foi o fato de que, embora as ideias geradas com a ajuda da IA tendessem a ser menos ruins, elas não eram necessariamente mais inovadoras ou criativas.

O foco aqui, segundo Gohar, não reside na capacidade da tecnologia, mas na abordagem e utilização desta tecnologia. A experiência demonstrou que a incorporação eficaz da IA em processos criativos requer uma redefinição do fluxo de trabalho e o desenvolvimento de novas competências. As equipes que se saíram melhor foram aquelas que trataram a IA não como um oráculo infalível, mas como um parceiro numa conversa contínua, explorando e aprofundando as ideias através de interações com a ferramenta.

Dentre as recomendações para maximizar o potencial da IA, destacam-se a necessidade de definir com precisão o problema a ser resolvido, dedicar tempo à discussão de ideias antes de consultar a IA, e treinar rigorosamente a ferramenta com informações detalhadas e específicas do contexto em questão. Além disso, a importância de manter um diálogo crítico e construtivo com a IA, desafiando-a e refinando as sugestões oferecidas, foi uma lição valiosa.

Joe Riesberg, vice-presidente sênior da EMC Insurance, uma das organizações participantes, reforça essa visão, destacando a importância de questionar e desafiar a IA para extrair respostas mais criativas e úteis. Sua experiência pessoal reflete um aprendizado crucial: a interação eficaz com a IA requer uma postura ativa, questionadora e, por vezes, crítica.

De volta a surpresa pelo desconhecimento de parcela dos estudantes de psicologia: volto a eles para lembrar que, enquanto muitos não se interessaram por essa tecnologia disruptiva, outros tantos engatinham ao explorá-la, e alguns se preocupam com a perda de autonomia ou criatividade, já temos profissionais bastante avançados nesse mercado.

Um dos usos frequentes entre os “vanguardistas do divã”  é a combinação do ChatGPT com ferramentas de análise de linguagem. A partir de textos escritos por pacientes, revelam-se aspectos significativos do estado emocional ou de processos cognitivos do paciente, auxiliando na formulação de abordagens terapêuticas mais direcionadas. 

É possível ainda criar cenários detalhados e realistas que podem ser utilizados em terapias baseadas em simulação. Isso é particularmente útil em abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), onde a exposição simulada a certas situações pode ajudar os pacientes a desenvolver estratégias de enfrentamento mais eficazes.

Entre riscos e possibilidades, minha sugestão: desdenhar das oportunidades em virtude dos perigos ou do medo do desconhecido é muito mais nocivo à sua formação profissional. Nessa encruzilhada entre a inovação tecnológica e o genuíno potencial humano, está a chave para uma nova era de descobertas e crescimento profissional: não é a ferramenta que define nosso futuro, mas a maneira como escolhemos usá-la. E a inteligência artificial será tão melhor quanto for a inteligência humana.

Foi graças ao The Shift que tive acesso ao estudo publicado na Harvard Business Review que me inspirou a escrever esse texto.

IA na mídia: inovação e desafios no limiar do digital

Foto de ThisIsEngineering

O Sora escandalizou com suas imagens que extrapolam o limiar entre o real e o digital. A nova ferramenta de inteligência artificial, para criação de vídeos com até um minuto, da OpenAI, nem foi aberta ao público e tem causado alvoroço entre entusiasmados e céticos digitais. Independentemente de qual “torcida” você faça parte, o certo é que a velocidade com que os avanços da IA estão ocorrendo são de tirar o fôlego e prejudicam nossa capacidade de interpretação dos fatos. Sequer conseguimos perceber, menos ainda explorar, as potencialidades do ChatGPT, criado há menos de um ano e meio. 

Na edição desta semana do Cartograma, newsletter criada por dois ex-colegas de redação, Leonardo Stamillo e Leandro Mota, ambos com passagem pelo Twitter, encontrei referência a artigo que discute a necessidade de os grupos de mídia – leia-se, aqui, nós jornalistas – trabalharem juntos para explorar a IA de maneira produtiva e criativa. Ainda que mal comparando: como se reproduzissemos o consórcio de veículos de mídia, criado, no Brasil, para a divulgação diária de número de mortes e casos de covid-19, mas agora para estudar e entender o avanço da IA . “A IA é uma grande oportunidade para a mídia noticiosa. Não vamos estragar tudo” (em tradução livre) foi escrito por Vivian Schiller e Trei Brindrett  e publicado na Columbia Journalism Review.

Os autores demonstram a preocupação de os grupos de comunicação desperdiçarem as oportunidades oferecidas pela IA generativa com discussões tão improdutivas quanto já perdidas que visem barrar o desenvolvimento dessa tecnologia por temerem o fim do que ainda resta das mídias.  

“Desta vez, a indústria noticiosa não tem tanto tempo para resistir à revolução da IA e ignorar a mudança nas expectativas dos consumidores. A  tremenda velocidade das mudanças desde que o ChatGPT desencadeou uma corrida armamentista generativa de IA exige que avancemos agora. Não fazer isso pode significar ceder o futuro da descoberta e criação de notícias a novos players tecnológicos.”

Vivian Schiller e Trei Brindrett 

Sete áreas em que as mídias devem discutir o uso da IA

Diante do fato que startups e grandes empresas da tecnologia já experimentam  ferramentas que ‘mineram’ o noticiário, mixam reportagens e transformam em novos artigos, Vivian e Trei questionam se os grupos de mídia estão dispostos a se unirem em busca de soluções que preservem seu ecossistema – leia-se, aqui, os nossos empregos. Têm dúvidas se o nível de concorrência entre as organizações permitiria essa inédita união para a sobrevivência do negócio. 

Intrigados com seus próprios questionamentos, os autores conversaram com editores e executivos de redações, elencaram sete áreas em que as empresas de comunicação devem pensar em agir, e apresentaram questões que precisam ser respondidas por quem busca uma saída honrosa da mídia em meio ao caos que as IAs provocam. 

  1. IA na redação: discute como a IA generativa pode mudar operações, funções e a criação de conteúdo nas redações.
  2. Propriedade intelectual e grandes modelos de linguagem:  reúne questões de direitos autorais e compensação pelo uso de conteúdo jornalístico no treinamento de modelos de IA.
  3. Transformação do modelo de negócios: avalia o impacto da IA generativa nos modelos de negócios existentes e novas oportunidades de receita.
  4. Protegendo contra preconceitos: enfatiza a importância de mitigar preconceitos nos resultados gerados por IA para garantir a equidade e precisão.
  5. Tecnologia e produtos para o consumidor: considera novos produtos e serviços que as redações podem oferecer, aproveitando a IA para atender às expectativas dos consumidores.
  6. Diretrizes editoriais para construir confiança: destaca a necessidade de diretrizes claras sobre o uso de IA para manter a confiança do público.
  7. Políticas públicas: aborda a necessidade de envolvimento em discussões políticas sobre a regulação da IA generativa no jornalismo.

Vou ater meus palpites a apenas duas das sete áreas.

IA na redação 

A integração da IA generativa nas redações pode transformar profundamente os métodos de trabalho, introduzindo eficiência na coleta e redação de notícias, além de criar possibilidades para a geração de imagens e conteúdo personalizado. 

As funções atuais podem evoluir para incluir a curadoria e supervisão de conteúdo gerado por IA, enquanto novas funções podem surgir para gerenciar a interação entre IA e processos jornalísticos. 

Os repórteres já têm à disposição ferramentas para automatizar tarefas rotineiras, permitindo mais tempo para o jornalismo investigativo e a análise profunda. Claro que aqui sempre cabe a pergunta: se usamos ferramentas que otimizam nosso tempo, saberemos como tornar produtivo o tempo conquistado?

Algumas tarefas que podem ser automatizadas por IA nas redações incluem a coleta e compilação de dados para reportagens, a geração de rascunhos de artigos sobre eventos rotineiros, a análise de tendências em grandes volumes de dados, a transcrição de entrevistas, a identificação do humor do seu público, a partir da avaliação dos comentários, e a criação de conteúdo visual básico.

Uma atividade a ser explorada é a criação de infográficos utilizando IA. Essas ferramentas podem analisar grandes volumes de dados para identificar tendências, padrões e ideias significativos, que depois podem ser transformados em infográficos visualmente atraentes. Além de automatizar a análise de dados, a IA também pode ajudar no design de infográficos, sugerindo layouts, cores e tipos de gráficos baseados em melhores práticas de design e na natureza dos dados. Isso permite aos repórteres e designers focar na narrativa e na precisão da informação, ao mesmo tempo em que aproveitam a eficiência e a criatividade impulsionada pela IA.

Tecnologia e produtos para o consumidor 

As empresas de notícias podem explorar produtos inovadores baseados em IA, como newsletters personalizadas, assistentes virtuais para fornecer notícias e análises sob demanda, plataformas interativas para exploração de dados jornalísticos, e aplicativos que utilizam IA para adaptar conteúdo ao comportamento e preferências do usuário.  Estas são áreas onde a IA  já tem mostrado potencial significativo. 

Referências como o “Digital News Report” do Reuters Institute fornecem ideias sobre tendências de consumo de notícias digitais e a aceitação de tecnologias baseadas em IA, transformando-se em excepcionais guias para a elaboração desses novos produtos.  

Além disso, há casos como o The Washington Post que criou o AI Hub, uma equipe operacional que coleta ideias relacionadas à IA de toda a organização e cria provas de conceito para as ideias mais promissora. O tradicional jornal ilustra como a inteligência artificial pode ser empregada na produção de notícias automatizadas e personalizadas, demonstrando o equilíbrio entre inovação, proteção de dados e manutenção da confiança do usuário. 

Estes exemplos sublinham a importância de complementar o trabalho humano com a IA, focando em nichos de mercado e na qualidade do jornalismo para competir efetivamente com empresas de tecnologia. Complementar e não substituir o trabalho humano – leia-se, aqui, o meu trabalho. 

Vivian e Trei estão comprometidos em levar as questões emergentes da IA generativa para uma discussão ampla com acadêmicos, líderes de mídia e jornalistas, buscando soluções profundas e inovadoras.  Eles, assim como toda a sociedade interessada no debate plural e público, que os meios de comunicação proporcionam, enfrentam o desafio urgente de encontrar respostas eficazes antes que as rápidas inovações em IA transformem ainda mais o cenário da mídia, levando-o para o que poderíamos chamar de ponto de não retorno.

Mundo Corporativo: Herman Bessler dá dicas de como usar, sem medo, a Inteligência Artificial

Entrevista on line com Herman Bessler, foto: Priscila Gubiotti

“Se o ser humano passou as últimas décadas aprendendo a falar a linguagem das máquinas, aprendendo a desenvolver código, hoje as máquinas aprenderam a falar nossa linguagem, também”

Herman Bessler, Templo.cc

A Inteligência Artificial Generativa (IAR) está transformando o ambiente de trabalho, com sua capacidade de criar conteúdos, otimizar processos operacionais e até desenvolver estratégias de negócios em questão de minutos, uma tarefa que antes exigiria semanas de dedicação. Essa evolução, discutida com Herman Bessler, CEO e fundador do Templo.cc, no programa “Mundo Corporativo” da CBN, ilustra tanto os benefícios quanto os riscos associados à IA. 

Como usar o ChatGPT

Durante a entrevista, Bessler abordou como a inteligência artificial, popularizada com o ChatGPT, está moldando o futuro das empresas e dos empregos. Ele ressaltou a importância de se adaptar a esta nova realidade, onde a IA não apenas aumenta a produtividade, mas também altera os modelos de negócios das empresas. 

Bessler detalhou o uso eficaz do ChatGPT, destacando-se entre as atuais ferramentas de IA. Ele explicou que a eficácia do ChatGPT depende não apenas do que se pergunta, mas de como se pergunta. “Quanto melhor a minha pergunta, melhor será a resposta da Inteligência Artificial”, comentou Bessler, ressaltando a importância de formular perguntas claras e estruturadas para obter resultados mais precisos e úteis.

Criador da Templo.cc, uma consultoria e escola dedicada à transformação digital, Herman Bessler também enfatizou a relevância de entender os contextos e limitações do ChatGPT. Bessler aconselhou os usuários a se familiarizarem com as capacidades e os limites do ChatGPT, notando que, apesar de sua avançada inteligência artificial, a ferramenta tem suas limitações, especialmente no que se refere à verificação de fatos e à geração de informações baseadas em dados mais recentes que a sua última atualização. Ele recomendou a utilização do ChatGPT como um auxiliar no processo criativo e na solução de problemas, mas sempre com a consciência de que a supervisão e o discernimento humanos são indispensáveis para garantir a precisão e a relevância das informações geradas.

A extinção de empregos e a criação de oportunidades

Um dos principais desafios discutidos por Bessler é o impacto da IA no mercado de trabalho. Enquanto a IA gera novas oportunidades de emprego, também acelera a extinção de funções menos qualificadas, criando um desequilíbrio. 

“Ela acaba com empregos muito mais rápido do que ela cria novas empregos e por outro lado os empregos que são criados são hiperqualificados, enquanto os empregos que são destruídos são sub qualificados”

Além disso, Bessler enfatizou a transformação cultural necessária nas organizações para a integração eficaz da IA. Segundo ele, cultura não é uma coisa etérea, na verdade é um conjunto de hábitos que as organizações operam no dia a dia. Esta mudança de hábitos é crucial para se adaptar e aproveitar os benefícios da IA. 

A conversa igualmente ressaltou o papel crucial da supervisão humana na utilização da IA, considerando o risco de informações errôneas ou imprecisas, o que é conhecido por “alucinações”.

Ouça o Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo da CBN oferece um espaço para discussões profundas sobre as transformações no mundo dos negócios. As gravações acontecem às quartas-feiras, às 11 horas, com transmissão ao vivo no canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados no Jornal da CBN e aos domingos às dez da noite, em um horário alternativo. Para aqueles que preferem a flexibilidade, o Mundo Corporativo está em formato de podcast. A entrevista com Herman Bessler contou com a colaboração de Renato Barcellos, Priscila Gubiotti, Letícia Valente e Rafael Furugen.

Inteligência artificial, direito e ética

Por Rodolfo Estevam Correa Gibrail

Imagem criada no Dall-E

Entre a década de 1980 e o começo dos anos 2000, os filmes de ficção científica abordavam cada vez mais o tema das inteligências artificiais, geralmente como os vilões das histórias que se passavam anos no futuro, a exemplo “Exterminador do Futuro”, “Eu, Robô” e “Matrix”. Atualmente, podemos ver um rápido avanço nas tecnologias de inteligência artificial e, ao mesmo tempo, o aumento de debates a respeito de sua utilização, como no âmbito jurídico.

A “IA” que ganhou mais fama recentemente foi o ChatGPT, cuja empresa que o produz, a OpenAI, está sendo processada por autores americanos que alegam uso indevido de suas obras para o treinamento do chatbot, sem a devida compensação monetária, violando os direitos autorais. O ChatGPT é uma Inteligência Artificial Generativa, a qual se baseia em Large Language Models (LLMs) para seu aperfeiçoamento. 

Os romancistas Mona Awad e Paul Tremblay alegam que a plataforma estaria fazendo resumos precisos demais de suas obras, já a comediante e escritora Sarah Silverman argumenta, ainda, que foram utilizadas cópias piratas de seus livros para o treinamento da inteligência.

Outros autores, como Richard Kadrey e Christopher Golden, também estão processando a OpenAI, que respondeu às acusações e pediu ao tribunal que as rejeitasse, dizendo que o ChatGPT não fere os direitos autorais das obras dos escritores. No Brasil,  os direitos autorais são regidos pela Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Além de inteligências artificiais como o ChatGPT, também surgiram ferramentas que utilizam de IA para criar imagens, vídeos e até recriar músicas, como foi o caso da propaganda em comemoração aos 70 anos da Volkswagen, na qual a falecida cantora Elis Regina aparece dirigindo, além disso, a trilha sonora do comercial é um dueto entre ela e Maria Rita, sua filha. 

O Conar abriu um processo contra a empresa por considerar que ela possivelmente ultrapassou os limites da ética ao usar a inteligência artificial para “reviver” a cantora, por haver desconhecimento da vontade da falecida, aliado ao fato de ter omitido o uso de inteligência artificial na peça publicitária, podendo gerar confusão ao público. A decisão do órgão foi de arquivar o processo, afirmando que a imagem da cantora foi consentida pelos herdeiros e o princípio de transparência foi respeitado, por estar evidente o uso de IA no comercial.

Devido a acontecimentos nunca vistos antes envolvendo tal tecnologia, tramita, no Senado Federal, a votação do Projeto de Lei 2338, de 2023, também chamado de Marco Legal da Inteligência Artificial, que visa regulamentar a implantação e funcionamento das inteligências artificiais no Brasil, de maneira que não viole os direitos fundamentais do cidadão. Sendo assim, o PL 2338/23 coloca a proteção da pessoa humana e suas garantias como fundamento do desenvolvimento de IAs.

O que sempre se questiona com o surgimento de uma nova tecnologia é se vai substituir o ser humano, porém a repercussão dos eventos dos últimos meses demonstra que as possibilidades de discussão no âmbito jurídico com relação às inteligências artificiais aumentam à medida que estas se desenvolvem, dando oportunidade para debates profundos sobre os impactos da inovação não apenas no Judiciário, mas em toda a sociedade.”.

 Rodolfo Estevam Correa Gibrail, estudante de Direito da FMU 

Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: desvendando o potencial da Inteligência Artificial 

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“Não devemos ignorar a IA, muito pelo contrário, mas em gestão de marca, nossas cabeças e planos para a marca ainda são nossa mais valiosa ferramenta.”

Cecília Russo

No mundo contemporâneo, um dos temas mais discutidos é o da Inteligência Artificial (IA) e sua influência nos diversos setores da economia, e a gestão de marcas ou o branding não ficaria de fora dos impactos desta tecnologia. Com a popularização dos chatbots GPT (Generative Pre-trained Transformer), uma nova era de possibilidades se abre para aprimorar estratégias de marca. No Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, Jaime Troiano e Cecília Russo exploraram as diversas maneiras pelas quais a IA pode contribuir para o branding.

IA no Branding: Uma Parceria Poderosa

A inteligência artificial oferece um vasto leque de contribuições para o branding. Ela é capaz de moldar o tom de voz da marca, criar experiências envolventes, gerar conteúdo personalizado para comunicações, realizar pesquisas de mercado precisas e segmentar audiências específicas. Possibilidades que foram elencadas pela própria IA, a partir de provocação feita pela Cecília no ChatGPT.  

O Papel Humano no Processo Criativo

Apesar de todas as vantagens da IA, é importante destacar que a criatividade humana continua sendo a peça-chave para o sucesso no branding. Na conversa estimulada pela Cecília, o próprio Chat GPT enfatiza que a assistência da IA é valiosa, mas a perspectiva humana é indispensável para garantir que os conteúdos gerados estejam alinhados com a essência da marca e suas metas futuras.

“Ou seja, uma coisa é prover respostas, a outra é o quanto essas respostas atendem à minha marca e ao que eu quero por ela” 

Cecília Russo

Surpreendendo e Encantando o Consumidor

Um dos principais desafios do branding é antecipar desejos e surpreender o consumidor, lembrou Jaime Troiano. Enquanto a IA pode auxiliar na resposta às demandas atuais, a gestão de marca requer a capacidade de oferecer algo inesperado e envolvente. Essa abordagem surpreendente é o que cria conexões emocionais e fidelidade do público. 

“São essas surpresas que geram envolvimento e fidelizam. Seja quando surpreendo com um novo produto, seja com uma comunicação totalmente fora da caixa ou com algo que nem sabíamos que queríamos, mas quando chega, é como se tivessem adivinhado seus desejos”.

Jaime Troiano

A IA como um Espelho Retrovisor

A IA se baseia em algoritmos que analisam dados passados, tornando-se um “espelho retrovisor”. Embora essas análises sejam úteis, a verdadeira gestão de marca depende da visão para o futuro, da compreensão das tendências emergentes e da coragem para inovar além do que já foi feito.

Jaime e Cecília concordam com a ideia de que o futuro do branding é uma harmoniosa colaboração entre a IA e a inteligência natural humana. A tecnologia deve ser abraçada como uma aliada poderosa, complementando as capacidades criativas dos profissionais de branding. Através dessa parceria, as marcas poderão alcançar novos patamares de sucesso ao proporcionar experiências memoráveis, relevantes e surpreendentes aos consumidores.

Mantenha-se atualizado sobre o papel da Inteligência Artificial no branding enviando suas opiniões e perguntas para marcasdesucesso@cbn.com.br. E para mais dicas sobre como tornar sua marca líder de mercado, ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, que vai ao ar aos sábados, às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN: 

Mundo Corporativo: Kelly Carvalho, da FecomercioSP, aponta riscos e oportunidades do ChatGPT

Kelly Carvalho entrevistada no Mundo Corporativo Foto: Priscila Gubiotti

“O empresário que não se adaptar a essa nova tecnologia, não acompanhar essas tendências do mercado com certeza vai ter os seus dias contados porque a concorrência vai fazer”

Kelly Carvalho, FecomercioSP

Era fim de novembro de 2022 quando a empresa americana de tecnologia OpenAI lançou o ChatGPT, um chatbot com inteligência artificial especializado em conversação. Em cinco dias, havia mais de um milhão de usuários explorando as múltiplas possibilidade do serviço que pode ser usado gratuitamente, apesar de já ter versões pagas com mais funcionalidade. Hoje, não há qualquer risco em afirmar que o ChatGPT virou sinônimo de inteligência artificial (e se houver, assumo esse risco). 

Se nós, meros usuários da tecnologia, ainda aproveitamos a ferramenta da OpenAI para perguntas banais e até algumas brincadeiras típicas da 5a série ( -“ChatGPT, você conhece o Mário?”; -“Que Mário”), profissionais, empresas e organizações têm investido tempo e dinheiro para entender como tirar o maior proveito da inteligência artificial que se tornou muito mais acessível. A Fecomercio de São Paulo foi uma dessas instituições. Fez um relatório para orientar pequenos e médios comerciantes, neste momento em que os riscos e as oportunidades do ChatGPT ainda estão sendo mais bem avaliados.

No programa Mundo Corporativo da CBN, Kelly Carvalho, assessora econômica da FecomercioSP, antecipou o resultado deste trabalho e  elencou uma série de utilidades que o investimento no ChatGPT e seus assemelhados pode levar aos negócios do comércio. Ela participou, do Web Summit Lisboa 2022, considerada a maior conferência da Europa em tecnologia, quando uma das tendências apontadas tratava da inteligência artificial, principalmente no que diz respeito a se ter uma ferramenta digital cada vez mais intuitiva e conversacional. 

“Hoje, nós temos o WhatsApp, temos alguns chats em alguns canais de comércio eletrônico e esses chats tradicionais funcionam de uma forma muito robotizada de fato … O ChatGPT consegue ter acesso e proporcionar todas as informações possíveis para esse consumidor de uma forma muito mais otimizada e muito mais rápida”

Para aproveitar os benefícios da inteligência artificial, os comerciantes terão de fazer investimento em tecnologia. Aqueles que mantém equipes próprias conseguirão desenvolver melhor o serviço e com custos menores. Por outro lado, quem ainda não se preocupou com o tema da digitalização do seu negócio, terá de recorrer a consultorias tecnológicas para se adaptar a essas mudanças. É importante fazer pesquisa de mercado para se evitar desperdício em relação ao dinheiro investido e às suas necessidades.

Kelly disse que ainda não é posssível precisar quanto custará para os pequenos e médios comerciantes usufruirem as funcionalidades do ChatGPT e afins. A versão paga do chatbot da OpenAi é de US$ 20 mensais, pouco mais de R$ 100 por mês, e permite que se use o ChatGPT mesmo com alta demanda e se tenha respostas mais rápidas, além de receber acesso prioritário para novos recursos e atualizações. Porém, a ideia é que o empreendedor aproveite a inteligência artificial de forma muito mais profunda:

“Muito importante é que essa plataforma  pode até mesmo colaborar na redução de custos. Porque a partir do momento que você faz uma automação das atividades, principalmente atividades rotineiras, como emissão de relatórios  ou a questão do perfil do consumidor, você pode realocar aqueles profissionais para outras áreas da empresa e aumentar a própria produtividade”.

No relatório da FecomercioSP, foram identificadas algumas utilidades para o ChatGPT e a inteligência artificial:

Usar como assistente virtual para atendimento ao cliente, fornecendo informações rápidas e precisas, sem a necessidade de contratar ou treinar funcionários. 

Ajudar na automação de tarefas repetitivas, como lidar com solicitações e consultas de clientes, produzir relatórios e realizar promoções sem mídias sociais, criando materiais de marketing.

Processar grande quantidade de dados, permitindo que a empresa tome melhores decisões baseadas em “insights” gerados por meio desses dados.

Para o consumidor, o ChatGPT oferece a conveniência de obter informações e soluções de forma rápida e eficiente, sem ter de aguardar por uma resposta humana ou navegar por menus  complicados de atendimento telefônico. Podendo ainda fornecer informações personalizadas com base nas interações anteriores desse consumidor 

“Então, a gente tem aqui um bom momento para adaptar as operações na empresa, melhorando toda a jornada de compra do consumidor e conseguindo fidelizar esse consumidor”.

Como toda a tecnologia, é preciso que se tenha cuidados essenciais como a atualização das informações disponíveis ao consumidor, a veracidade dessas informações, o acesso simplificado à ferramenta na plataforma digital da empresa e a preservação dos dados desse cliente — as inteligências artificiais que conversam com humanos podem coletar e armazenar informações pessoais, um perigo se caírem em mãos erradas. 

O ChatGPT também tem limitações de compreensão, como destaca o relatório da FecomercioSP. Embora tenha conhecimento amplo, a ferramenta ainda tem limitações na interpretação de contexto e nuances humanas; pode não ter julgamento moral e ético, respondendo a perguntas impróprias, ofensivas e discriminatórias; e por ter sido treinado com base em dados da internet pode reproduzir informações incorretas e desatualizadas.

Para os comerciantes e demais empreendedores interessados no uso da inteligência artificial no seu negócio, Kelly Carvalho recomenda que se preste atenção nas discussões sobre a regulamentação dessa tecnologia no Brasil, procure saber quais são as empresas capacitadas a fazer a integração dos diversos sistemas do empreendimento e avalie o investimento necessário, planejando melhor seu orçamento:

“… porque como eu mencionei, o concorrente vai fazer e você pode perder espaço”.

Assista à entrevista completa com Kelly Carvalho, assessora econômica da FecomercioSP, ao programa Mundo Corporativo:

O Mundo Corporativo tem a participação de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Rafael Furugen e Priscila Gubiotti.