Conte Sua História de SP: o dia em que Chico Buarque recebeu meu cravo branco

 

Maria Antônia Vargas de Faria
Ouvinte-internauta da Rádio CBN

 

 

Vinda de Socorro, estância hidromineral do Estado de São Paulo, de ônibus, sozinha, a convite das três irmãs mais velhas que já residiam na capital,  eu aos 13 anos estava mais feliz do que nunca, na expectativa de assistir a um show do meu grande ídolo Chico Buarque.

 

No show estariam todos os expoentes da Música Popular Brasileira daquela época, ano de 1967, e seria realizado no velho Teatro Paramount, na Rua Brigadeiro Luiz Antonio, que depois virou Teatro Abril e hoje é Teatro Renault.

 

Fomos de ônibus do pensionato onde elas moravam, no Bixiga, até o Largo São Francisco, onde havia uma floricultura enorme chamada Dierberger, em que uma das minhas irmãs comprou-me um cravo branco, dizendo: “quem sabe você oferece esse cravo ao Chico”.

 

Elas eram universitárias e para minha sorte bastante antenadas com a então efervescente MPB. Do Largo São Francisco até o teatro, fomos caminhando. 

 

Vale aqui um parêntese: meu encantamento por Chico Buarque já vinha desde os 11 anos quando o ouvi no rádio cantando ‘Olê olá’. Daí em diante, só foi crescendo a minha admiração por ele. E eu era a única fã de Chico Buarque no meio das amigas. Todas só queriam saber da turma da Jovem Guarda.

 

Ao chegar ao teatro, meu coração pulava e no início do show, já disparava. E vieram os outros cantores: Edu Lobo, MPB-4, Elis Regina, Elisete Cardoso, Nara Leão, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Márcia, Geraldo Vandré, Sérgio Ricardo, até que chegou a vez do Chico. Ele foi o último. Imaginem o meu deslumbramento. Estava em completo êxtase.

 

Chico cantou “A Rita” e “Pedro Pedreiro”. O público aplaudia muito. Nessa hora eu parei de bater palmas, me levantei e atirei, da sétima fila em que estávamos sentadas, o cravo pra ele. O cravo caiu na sua frente. Ele se abaixou e o pegou. Eu gritava: “Ele pegou meu cravo! Ele pegou meu cravo! Ele pegou meu cravo!”

 

As pessoas que estavam por ali riam de mim, de tamanha tietagem.

 

Depois que Chico Buarque cantou, voltaram todos os artistas para o palco para receber os aplausos finais de despedida e agradecimento e o Chico Buarque, sempre com o meu cravo na mão. Até fecharem as cortinas.

 

Na minha ilusão adolescente, eu respondia: “tomara que seja pra mãe dele: Dona Maria Amélia”.
 

 

Maria Antonio Vargas de Faria é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é de Cláudio Antonio. Conte você também mais um capitulo da nossa cidade: escreva para milton@cbn.com.br.

Campanha contra Marin tem apoio de Chico Buarque

 

 

O cantor e compositor Chico Buarque de Holanda não conseguiu assinar, mas autorizou incluir seu nome na petição pública ‘Fora Marin!, iniciativa Ivo Herzog, que teve seu pai, Vladimir, morto pela Ditadura Militar. Chico escreveu para Ivo dizendo ter encontrado dificuldade para incluir o nome dele no Avaaz, pela Internet:

“Pode divulgar Ivo, mas não consigo mesmo preencher este formulário. Deve haver outras 15 mil pessoas com a mesma dificuldade. O espaço do país simplesmente não funciona. Abraço, Chico

 

O pedido digital tem a intenção de impedir que Marin siga à frente da Confederação Brasileira de Futebol e seja o embaixador do País no evento com a importância da Copa do Mundo de 2014. Para Ivo, “ter Marin à frente da CBF é como se a Alemanha tivesse permitido um membro do antigo partido nazista ter organizando a Copa de 2006”. De acordo com a petição, Marin fez discursos públicos em favor do assassino, sequestrador e torturados Sérgio Fleury, além de ter apoiado o movimento que levou a morte e desaparecimento de centenas de brasileiros. Parte desta história foi contada pelo colega Juca Kfouri em seu blog.

 

Até à noite desta quarta-feira, havia mais de 25 mil e 600 assinaturas apoiando o pedido de afastamento do presidente da CBF: “Fora Marin”. Se quiser assinar, ou entender a petição, vá ao site do Avaaz e se tiver problema para incluir seu nome conte para a gente fazer um alerta, também.