Dia Mundial Sem Carro é uma chance que temos

 

Cartaz dia mundial sem carro

O Dia Mundial Sem Carro motivou os alunos do CIEJA – Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos do Butantã – a refletirem sobre a mobilidade urbana, a qualidade do transporte público, a prioridade ao automóvel e o impacto destas políticas na saúde da população. O projeto é organizado pela professora Elisabet Gomes de Nascimento que enviou o material produzido durante o mês de setembro pela turma do módulo 4, que corresponde a 7a. e 8a. séries do ensino fundamental. Aproveito este dia 22 de setembro para publicar o resultado do trabalho, a começar pelo cartaz desenhado pela aluna Osmarina Soares de Carvalho que ilustra este post coletivo:

“MANIFESTO – DESABAFO” (alunos do módulo 4-O)

Nós que andamos por São Paulo, observamos e sentimos na própria pele, o quanto esta cidade é hostil para quem anda a pé e para o ciclista. A começar pelas péssimas condições de circulação das calçadas e sem falar no desrespeito a faixa de pedestre, além da falta de ciclovias e ciclofaixas. O poder público deveria investir prá valer em metrô, trem de superfície, corredores de ônibus em toda a cidade. Deveria também oferecer desconto no IPTU para as empresas, condomínios e prédios residenciais, que praticassem a carona solidária. Quantos amigos faríamos diminuindo a solidão motorizada? Quantos automóveis deixariam de circular e como melhoraria o trânsito na cidade? Sem falar na melhoria da qualidade do ar. Já pensou quanto tempo ganharíamos a mais com nossas famílias, descansaríamos mais, teríamos mais tempo para estudar, para ler, para o lazer? Quantas vidas pouparíamos? Estamos desabafando e sugerindo tudo isso, estimulados pela “Semana da Mobilidade e Dia Mundial sem Carro”. É uma chance que temos de nos fazer ouvir.

MEU DIA SEM CARRO
Por Mario A. Silva, 55 anos

Depois de muito tempo sem usar transporte coletivo e com meu carro no rodízio, eu precisava ir ao centro da cidade. Pedi o carro emprestado para minha filha, mas justamente neste dia ela levaria minha neta ao médico. Pensei, não tem outro jeito: o negócio é enfrentar este terrível transporte coletivo (só ouço falar mal dos transportes públicos).

Fui dormir já pensando no sofrimento do dia seguinte.

Saí de casa às 8 horas e depois de esperar por trinta minutos, embarquei e comecei minha viagem. Paguei a passagem com um tal de bilhete único com o qual a pessoa tem direito de trafegar durante três horas e usufruir de até quatro conduções pelo valor de uma passagem. Havia lugares vazios, me sentei e comecei a reparar, que à medida que as pessoas iam entrando, se cumprimentavam como se fossem velhas conhecidas. Uns aproveitavam para tirar um cochilo, sei lá, ou mesmo fingindo para não ceder lugar aos idosos e mulheres com crianças de colo.

Celulares e tablets não faltaram no ônibus, além do velho e bom livro e jornal. Alguns devoravam a leitura, até liam em pé.

Chegando na estação do metrô, vi centenas de pessoas se aglomerando e se apertando a espera do trem. Me perguntei, e agora? Apesar do empurra-empurra entramos todos, os mais ligeiros conseguiram se sentar. Tudo organizado. Trens modernos com serviço de informações anunciando as próximas estações, ar condicionado, tudo limpo.

Fiz várias baldeações e não avistei nenhum ambulante ou coisa do gênero. Cheguei ao meu destino: a Estação da Sé. Reparei que tem farmácia popular, lanchonetes, banca de jornal, balcão de informações e um aparato de seguranças para zelar pelo bem estar dos usuários. Quando estava retornando para casa, encontrei um amigo que me ofereceu carona. Agradeci e recusei pois fiquei tão entusiasmado com a ida que quis curtir a volta também de coletivo.

Sei que não posso negar para as falhas que ainda existem no transporte público. Não está no ideal, mas está caminhando no rumo certo. Parabéns aos governantes que tentam fazer o melhor para a população.

Gastei apenas R$6,00 reais. Andei um trajeto de uns 40 quilômetros ida e volta, num espaço de três horas, sendo que o que mais demorou foi o ônibus uma média de trinta minutos. Se tivesse ido de carro teria demorado bem mais e não teria aproveitado o passeio.

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