Previsão de economista

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

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No final de 2012, quando já se sabia que Lula assumiria o poder no dia primeiro de 2013, em conversa com o economista Joaquim Eloi Cirne de Toledo, PhD pelo MIT, docente da USP e Diretor de Banco, ouvi uma surpreendente previsão. Dr. Toledo garantia que as incertezas econômicas inseridas pela mídia e absorvidas por parcela da população eram totalmente infundadas. O PT iria desenvolver uma ocupação do poder planejada para mais de 15 anos, e para isso abriria mão de algumas posições conceituais.
Como sabemos, o Dr. Toledo acertou na mosca. E, veio a corrupção, e a associação de trocas.
Previsão e tanta, que até me anima, a prospectar o próximo ano, pela identificação clara dos graves problemas de 2014. Os desastres deste ano: economia, Petrobrás, falta d’água, política e copa do mundo.

 

As recentes decisões tomadas para os ministérios identificam o mesmo sistema que originou a grave situação de 2014.

 

Os 39 ministérios serão mantidos. 25 com os nomes já escolhidos tiveram o mesmo critério partidário de troca de favores. Aldo Rebelo, comunista que defendeu um Código Florestal em beneficio dos latifundiários, sai dos Esportes para a Ciência e Tecnologia, tendo sido autor de projeto proibindo avanços tecnológicos que pudessem reduzir empregos. George Hilton, o pastor PRB/IURD que foi flagrado em MG com mala cheia de dinheiro (de esmolas), ocupará os Esportes. Os “Atletas Pelo Brasil”, de Ana Moser, Raí, Oscar Schimdt, Bernardinho, Kaká, Lars Grael, Rogerio Ceni, Hortência, etc. já se manifestou contra o novo ministro.

 

De outro lado a carga tributária estará subindo. No INSS as empresas arcarão com 30 dias iniciais, quando eram 15 e os trabalhadores perderão vantagens no seguro desemprego e na pensão por falecimento.
Mudança como vemos não deverá ocorrer, pois o PSDB que não dá conta da água, outrora se filiou com o PFL e inspirou a dobradinha PT e PMDB, agora nomeia o pastor Jean Madeira PRB/IURD para secretário dos esportes, como um congênere do Hilton.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.

Foto-ouvinte: Protesto contra Código Florestal

 

Código Florestal protesto na Ponte do Paraíso

Faixas foram estendidas nessa segunda-feira em três pontes paulistanas: a do Paraíso (foto), Sumaré e Cidade Universitária. Com a mensagem “No Dia das Mulheres, dê florestas. Deputados, não destruam o Código Florestal”, o movimento Brasil pelas Florestas associa a votação que deve ocorrer nesta semana, na Câmara dos Deputados, com a proximidade do 8 de março, dia internacional da Mulher.

Paulistano vai cuidar do ambiente nas cidades

 

Texto publicado, originalmente, no Blog Adote SP

 

Parque da Aclimação por Luis F Gallo

 

Um paulistano terá a responsabilidade de cuidar da qualidade de vida dos moradores das cidades brasileiras. O arquiteto Nabil Bonduki, 56 anos, professor de Planejamento Urbano da FAU/USP, mestre e doutor em estruturas ambientais, assumirá a Secretaria do Ambiente Urbano, do Ministério do Meio Ambiente. Dos grandes desafios que terá pela frente está a implantação da política de resíduos sólidos, aprovada e regulamentada no ano passado, que pode se transformar em enorme oportunidade para pessoas que vivem da reciclagem no Brasil, tema sobre o qual falamos no último post, aqui no Adote São Paulo.

Bonduki foi vereador na capital paulista e apesar de não ter sido reeleito deixou a Câmara Municipal com o título de o melhor parlamentar da cidade, de acordo com avaliação do Voto Consciente. Esteve envolvido até o pescoço na discussão do Plano Diretor Estratégico da cidade e terá de usar a experiência adquirida na nova função.

Como não cabe ao Ministério interferir nas decisões municipais, a secretaria terá o papel de incentivadora de políticas públicas na área ambiental. E, assim, Bonduki pretende contaminar os planos diretores com temas desta área, à medida que estudos mostram que até aqui habitação e uso do solo dominaram os textos que pautam as ações e o desenvolvimento dos municípios.

Seria importante, por exemplo, incluir instrumentos que viabilizem a transferência de uma área particular para outra, tornando a terra mais barata e permitindo a intervenção do Estado nos locais considerados estratégicos para a preservação do ambiente urbano. Esta ferramenta está prevista no Plano Diretor Estratégico de São Paulo.

A nova secretaria chega no momento em que o Congresso Nacional discute o Código Florestal, texto que tende a provocar debates voltados para a área rural, mas de grande interesse também para as cidades como explicou o geólogo Márcio Ackerman, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em entrevista que fiz na rádio CBN (leia e ouça aqui).

Nabil Bonduki sabe que das áreas de preservação apenas 1% do território nacional está nas mãos dos prefeitos, portanto a prioridade nas cidades é pela melhoria da qualidade de vida de seus moradores. Assim a abordagem tem de ser diferente da que se pretende dar no campo, pois nas áreas de preservação que estão dentro do território dos municípios é preciso criar uma função urbana. Transformá-las em parque, área de lazer e ciclovia, por exemplo, para eliminar o risco de serem ocupadas irregularmente para moradia.

É o que se busca com o projeto dos parques lineares que está em desenvolvimento na atual administração paulistana. No município há forte concentração de fontes poluidoras que precisam ser atacadas de forma séria, a começar pelo combustível queimado pelos automóveis, por isso a inspeção veicular – em vigor apenas na capital paulista – pode ser um dos programas a serem incentivados na secretaria. Há lei nacional que rege o tema, mas se faz necessário um empurrão oficial. Bonduki parece ainda ter dúvidas de qual o melhor modelo de gestão a ser implantado, porém tem consciência de que o controle da emissão de gases é vital.

A decisão do Ministério do Meio Ambiente de criar uma secretaria para cuidar do ambiente urbano chama atenção à medida que, desde o Governo Lula, existe o Ministério da Cidade, que surgiu com esta função. Hoje, contudo, essa pasta se transformou em uma tocadora de obras, com o programa Minha Casa, Minha Vida. E obras tocadas doa a quem doer, sem levar em questão o respeito ambiental e social, haja vista reportagens publicadas recentemente sobre a exploração de mão de obra irregular.

Sendo assim, é bem-vindo que as cidades voltem a estar na pauta ambiental. É nelas que moram, atualmente, 84,4% dos brasileiros, conforme Sinopse do Censo Demográfico 2010, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma população que cresceu em 23 milhões na última década e tem o direito de morar e viver com qualidade.

Preservando a galinha dos ovos de ouro

 

Por Carlos Magno Gibrail

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É o que os ambientalistas e os cientistas esperam que a Câmara Federal faça hoje, se efetivamente ocorrer a votação do novo Código Florestal.

Depois do alerta de São Pedro, quando vimos a natureza esbravejar nas encostas fluminenses, matando a população que se instalou inadvertidamente em suas áreas, parece que o comunista Aldo Rebelo, cedeu. Falou segunda à imprensa, em alterar o substitutivo aprovado em 2010.

Como se sabe, dentre as modificações propostas, a ocupação de encostas está contida nas prerrogativas a serem introduzidas no novo Código Florestal.

Agora, Rebelo informou, especificamente, que os 30 metros de mata ciliar preservada nas margens dos rios, com largura de 10ms ou menos, serão mantidos.

Resta saber se o mesmo tratamento será dado às reservas legais que hoje significam 80% na Amazônia, 35% no Cerrado e 20% na Mata Atlântica.

A questão da anistia aos criminosos ambientais também foi aprovada em julho na comissão especial. É um dos pontos mais polêmicos.

A tramitação prevê votação na Câmara para hoje, antes de ir ao Senado novamente, que deve proceder em sequência antes de ir à presidenta Dilma para sanção ou veto parcial. A previsão é que depois de votado pelos deputados, senadores e presidenta deverão executar rapidamente a análise e voto, pois está havendo entendimento prévio.

Entretanto, há uma discordância em relação a data de hoje escolhida para votação, pois a SBPC – Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência e a ABC – Academia Brasileira de Ciências pedem mais dois anos, até que estudos estejam terminados focando cientificamente os impactos do novo Código.

Reunidos, Marco Maia (Presidente da Câmara), Afonso Florence (Min. Desenvolvimento Agrário), Izabella Teixeira (Min. Meio Ambiente), Luiz Sérgio (Min. Relações Institucionais), Wagner Rossi (Min. Agricultura) e os líderes das bancadas não chegaram a um consenso sobre o alongamento ou não do prazo para votação na Câmara.

Evidencia-se a pressa dos ruralistas na rápida votação, antevendo que a reflexão maior levará complicações às suas pretensões. É incongruente, mas imediatista, que justamente os ruralistas não defendam o meio ambiente em que vivem e produzem. Estão dispostos a matar a galinha dos ovos de ouro.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.

A foto deste post é do álbum digital Flickr de Olhar Jornalístico

O Código Florestal é urbano, também

 

Uma pequena porção de árvores se mantém diante da janela de minha casa, na zona sul de São Paulo. É o que restou de uma rua de terra com muito verde que conheci quando cheguei aqui há 15 anos. Mesmo assim considero-me privilegiado, pois, no quarteirão de trás, a praça bem arborizada promete resistir ao avanço de prédios e casas.

É pouco, sem dúvida. Basta conferir as imagens aéreas feitas em 1958 pelo Departamento de Defesa e sobrepostas as captadas pelo Google, em projeto da empresa Geoportal, para percebermos a quantidade de mata e bosques derrubados nos últimos 50 anos na capital paulista (confira aqui).

A comparação ajuda a entender o que pretendo conversar com você neste artigo: a importância do Código Florestal para o ambiente urbano.

Erroneamente, muitas pessoas – autoridades e formadores de opinião, inclusive – ainda relacionam o texto apenas com a situação da Amazônia, Caatinga ou Pantanal, por exemplo. Há quem desdenhe do debate por imaginar que falamos somente da preservação de florestas – como se isto por si só fosse pouca coisa.

O Código, apesar de batizado Florestal, é, também, Urbano e, desde que surgiu em 1934, impõe regras à ocupação das cidades, pois seu objetivo era controlar o uso dos recursos naturais. Em 1965, o texto modificado definiu as áreas de preservação permanente e assim como oferecia garantias no campo também o fazia no meio urbano.

A lei em vigor prevê que são os Planos Diretores que põem ordem nos municípios, porém estes têm de respeitar os princípios do Código Florestal, conforme destacou o geógrafo Márcio Ackermann, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em conversa que tivemos nesta semana, no programa CBN SP.

O respeito às áreas de encosta e as várzeas de rios está previsto no Código e fosse levado ao pé da letra talvez não assistíssemos às tragédias de Blumenau, em 1983 e 2008, da Favela da Nova República-SP, em 1989, ou da Região Serrana do RJ, em 2011 – apenas para lembrar algumas das mais chocantes.

Aqueles são terrenos sensíveis à erosão, desabamento e alagamento e precisam ser preservados. Viver neles impõe risco às populações. Somente na cidade de São Paulo existem 407 áreas com estas características de onde parte das famílias terá de ser removida se quisermos impedir novos dramas.

O secretário do Verde e Meio Ambiente do município, Eduardo Jorge, disse ser prioridade a retirada dessas pessoas e a criação de sistemas de segurança e alerta. A preocupação dele de não permitir que a vida do cidadão seja exposta às áreas de risco, porém, aumentou desde que teve acesso ao texto da reforma do Código Florestal que está no Congresso Nacional: “Decidi que ao invés de flexibilizar, vou fiscalizar ainda mais” – falou em debate promovido no CBN SP.

A intervenção do município pode ir além com a adaptação das áreas de preservação ambiental que foram indevidamente ocupadas ao longo da história, como as margens dos rios Pinheiro e Tietê e a Paulista. Sim, a avenida que orgulha paulistanos se enquadra no conceito de APP, é topo de morro.

Lá em cima a água caía e parte dela se infiltrava no solo, ajudando na reposição do aquífero e contendo o volume que iria chegar aos pontos mais baixos da cidade. Coberto de cimento e asfalto, a APP da Paulista perdeu função, a chuva que chega corre pela superfície e desce em alta velocidade sem dar tempo para absorção pelos córregos e rios, facilitando a ocorrência de enchentes.

Colocar abaixo os prédios não é mais solução neste caso. Em lugar de remover, reabilitar as funções, explica Márcio Ackermann. Nas edificações já construídas, exigir caixas de retenção para águas que podem ser liberadas fora do pico da chuva ou reutilizadas seria uma opção. Novas construções na capital paulista já são projetadas para oferecer esta compensação.

Conhecimento e tecnologia não faltam, é preciso lei ou políticas públicas que incentivem esta mudança. Ackermann lembra que as prefeituras oferecem isenção de IPTU para quem tem imóveis prejudicados por enchentes, deveriam conceder benefícios fiscais a quem se compromete a oferecer contrapartida ambiental.

Em Extrema-MG, é o que ocorre com os produtores de leite que estão em nascentes de rio. Se não usarem estas APPs como pasto e conservarem estas áreas, importantes produtoras de água, serão premiados pelos serviços ambientais.

O Código Florestal tem de pautar estas ações, deve impulsionar a construção de uma consciência cidadã e impedir que o avanço sobre as áreas de preservação se acelere, no campo e na cidade. Transformá-lo em uma peça frágil na defesa do meio ambiente é um crime contra a humanidade.

As enchentes e o Exterminador do Presente

 

Enchente em Camburiu - SC

Por Carlos Magno Gibrail

Topos de morros, encostas e beiradas de rios, são áreas que hoje, os brasileiros minimamente informados sabem tratar-se de zonas de risco.

Aldo Rebelo, é maximamente informado, mas aparenta não saber.

Problema e tanto para o Brasil, pois além de ser ex-presidente da Câmara, Rebelo atualmente é o relator e defensor intransigente do novo Código Florestal em tramitação na Câmara Federal, que deixa de considerar os topos como área de preservação, libera construção nas encostas e reduz as margens de rios.

Diante da catástrofe que ora perturba os nossos brios, nada tão oportuno quanto interrogar e questionar o representante desta proposta de interferência no meio ambiente, nos pontos que geraram as enchentes. Foi o que fez o jornalismo da Folha, que, surpreendentemente, ouviu que o proposto para o Código Florestal não envolve áreas urbanas. Como se áreas rurais tivessem seus topos e encostas com solidez para chuvas e trovoadas, e não fossem habitadas. E, pior, como se fosse verdadeira a separação entre campo e cidade.

Certamente não foi á toa que a SOS Mata Atlântica no ano passado chamou-o de Exterminador do Futuro. Não exagerou.

Quem exagerou foram os governos municipais, estaduais e federal, pois tiveram incompetência de prever e reverter as intempéries da natureza, a ponto da ONU cifrar o Brasil como incapaz de administrar oscilações naturais incomparavelmente menores do que erupções, terremotos, tornados, maremotos, etc.

Pela contundência dos estragos humanos causados pelas enchentes de hoje, pela repercussão extensa e intensa, acreditamos que haverá mudanças na votação no Código Florestal. E, que as mortes não evitadas possam se tornar alerta para votos manipulados por interesses menores e individuais.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.