Uma das metrópoles menos verdes do mundo, São Paulo perdeu nos primeiros quatro meses do ano 12.187 árvores. É como se quase um Ibirapuera inteiro tivesse sumido entre 1.º de janeiro e 30 de abril – o parque tem 15 mil árvores – para dar lugar a prédios, conjuntos habitacionais e obras de infraestrutura. Os números fazem parte de um levantamento da Comissão do Verde e Meio Ambiente da Câmara Municipal, obtido com exclusividade pelo Estado.
O texto acima abre reportagem publicada no fim de semana pelo Estadão e mostra situação complicada para a capital que se esforça para se transformar em referência mundial como cidade ambientalmente correta.
Os cortes ocorreram devido a obras públicas e privadas, pedidos feitos por moradores e doenças. De acordo com o levantamento, 621 árvores morreram, nesse período.
Na CBN, o secretário do Verde e Meio Ambiente Eduardo Jorge disse que, às vezes, a retirada das árvores é inevitável e quando isto ocorre é exigida a compensação ambiental, mas que ele tem feito o possível para impedir a derrubada: “Realmente, a gente tem de ter corte, infelizmente. Eu digo, não, não, não, as pessoas ficam até bravas comigo, mas às vezes é preciso dizer sim”.
Sem levar em consideração que os números se referem ao ano de 2011, o secretário comentou à rádio que um dos motivos que levaram ao aumento no corte de árvores foi a obra da Marginal Tietê, ocorrida entre 2009 e 2010. Ele calcula que havia cerca de 4.900 árvores na região e cerca de 1.000 tiveram de ser removidas, mas que para autorizar a derrubada, o Governo do Estado foi obrigado a plantar 160 mil árvores.
Ouça aqui a reportagem de Guilherme Salviatti e a entrevista com o secretário Eduardo Jorge
A justificativa não ameniza a crítica de Heitor Marzagão Tommasini, do Defenda São Paulo, que tem relatado as perdas ambientais sofridas pela cidade nas últimas décadas. Em e-mail que me encaminhou, o arquiteto lembra que “o Atlas Ambiental (2001) demonstrou que durante 1991 e 2000 foram suprimidos 5.345,64 hectares de área verde na cidade, equivalente a 35 Parques do Ibirapuera”.
Marzagão considera um equívoco a ideia de a compensação ambiental ser feita, na maioria das vezes, em áreas distantes do local que foram retiradas. Apesar de concordar com a proposta de se privilegiar regiões que não têm árvores, comenta que “onde foram suprimidas áreas verdes e vegetação arbórea há efetiva perda ambiental – por isso os impactos são chamados de vizinhança”.
Além disso, reclama da forma como a reposição é realizada: “A prefeitura informa que plantou milhares de mudas, mas o que vemos são milhares de mudas morrendo. São plantadas muito próximas, sem fazer a cova de forma correta, não fazem a rega necessária. Considero que simplesmente plantar mudas sem a técnica devida é condená-las à morte”.

