Conte Sua História de SP: futebol na cabeceira da pista

 

Por Omar Ayub
Ouvinte-internauta da CBN

 

 

Em 1969 mudei da Alameda Barros, 164 (vizinho de fundos da Rádio Globo da rua das Palmeiras), para um bairro longe do centro: Jardim Aeroporto e me tornei o mais novo vizinho do Aeroporto de Congonhas. Para um garoto de 11 anos essa proximidade foi espetacular. Já adianto que apesar do fascínio pelos aviões  não me tornei aviador, piloto ou qualquer profissional ligado a área. Estudei na Escola Estadual de 1º Grau Congonhas (depois denominada Prof.ª Ilka J. Germano) e após na Escola Estadual de 2º Grau Padre Manuel de Paiva. Hoje, somente os edifícios existem, servindo a outras atividades pois as escolas foram fechadas, segundo as autoridades da época devido a baixa procura dos moradores do bairro. Passo pelos prédios e me lembro das salas de aula, dos colegas, da sirene, dos professores e das aventuras que vivíamos na década de 1970. Mas o que gostaria de contar mesmo é de outro lugar que não existe mais.

 

Vizinho a atual Av. dos Bandeirantes e bem “debaixo” da cabeceira da pista do aeroporto na Av. Washington Luís, existia um campo de futebol de várzea, sem um centímetro quadrado de grama, pura terra. Nós garotos que usávamos esse campo o apelidaram de Campão. Não sei se era grande mesmo ou se parecia enorme devido ao nosso tamanho. Acordávamos cedo, aos sábados, para sermos os primeiros a usá-lo, pois a procura era grande e a fila para jogar maior ainda. Enquanto corríamos atrás da bola parávamos de quando em quando para observar os aviões que passavam por cima de nossas cabeças. Parecia que bastava levantar as mãos para tocá-los. Sábados à tarde e aos domingos, o Campão recebia os times de várzea e ficávamos junto a uma torcida numerosa e animada observando e admirando aqueles jogadores uniformizados.

 

O tempo passou muito rápido, a demanda por voos também e a pista do aeroporto precisou ser aumentada. A ampliação custou os sonhos de muitos jogadores e o Campão deixou de existir. Passo todos os dias pela Av. Washington Luís, lembro-me do posto Shell, que já estava lá desde 1969 e foi atingido pelo avião da TAM. Lembro-me das chácaras do bairro que forneciam verduras e legumes e onde hoje existem casas e prédios, mas, principalmente, lembro daqueles garotos que corriam atrás da bola, vibrando, rindo, gritando, sorrindo, xingando…

 

Lá se vão mais de 40 anos e ainda hoje vejo o Wellington, o Antônio, o Paulo, o Claudio Bento, o Augusto, o Mauro Japonês, o Gladstone disputando a bola com a única preocupação de sermos felizes e aproveitarmos aqueles momentos mágicos no Campão, que já se foi.

 


Você pode participar do Conte Sua História de São Paulo enviando texto para milton@cbn.com.br ou agendado entrevista em áudio e vídeo no Museu da Pessoa pelo e-mail contesuahistoria@museudapessoa.net.

Atenção senhores moradores, voo chegando

 

Prédio na cabeceira de Congonhas

Esta é a imagem que o piloto tem ao se aproximar para o pouso na cabeceira 35 do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, pelos lados do bairro do Jabaquara. O ouvinte-internauta Armando Italo, nosso colaborador, chama atenção para o prédio que aparece no meio do caminho. Lembrou-se do fato ao ouvir entrevista com o comandante Carlos Camacho, diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, ao Jornal da CBN, na qual falou sobre os riscos nas operações em Congonhas. Disse, por exemplo, que é perigoso descer no aeroporto da capital, principalmente com chuva e à noite, pois não há área de escape suficiente.

Armando gostaria de saber quem permitiu a construção do prédio neste local.

A entrevista do comandante Carlos Camacho você acompanha aqui.

Conte Sua História de São Paulo: Lugares que conheci

 

Aparecida MassaUma quitinete em frente ao edifício Joelma e os aviões decolando no aeroporto de Congonhas estão entre as lembranças de Dona Aparecida Massa que há 30 anos mora em São Paulo. Natural de Bocaina, no interior, ela descreve em depoimento gravado pelo Museu da Pessoa como foi a chegada na capital paulista:

Ouça a história contada por Aparecida Massa, sonorizada pelo João Amaral

Você também pode participar deste quadro que vai ao ar aos sábados, logo após às 10 e meia da manhã, no CBN SP. Agende um entrevista pelo telefone 011 2144-7150 ou no site do Museu da Pessoa e Conte Sua História de São Paulo.

Cemitério de aviões da Vasp

 

Restos da Vasp

Dez aviões se desmancham em uma área reservada do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, e chamam a atenção da repórter Pétria Chaves todas as vezes que sobrevoa próximo do local com o helicóptero da CBN. As aeronaves são da Vasp e estão desativadas desde 2000, pelo menos. Existem mais quatro em Guarulhos e outras espalhadas pelo Brasil totalizando 27 aviões na mesma situação.

A jornalista Carolina Marcelino conversou com o advogado Alexandre Tajra, responsável pela massa falida da Vasp. Ele informou que um leilão foi realizado em junho do ano passado mas não houve interessados na compra. Em 2010, haverá mais uma tentativa e se a venda não for fechada é possível que todas estas aeronaves se transformem em sucata, disse o advogado.

Os equipamentos estão sendo depenados segundo descrevem ex-funcionário da empresa e a visão que se tem desses aviões não é nada animadora.

A Infraero está como depositária das aeronaves e a área em que estão “estacionadas” era da Vasp mas foi reintegrada à estatal responsável pelos aeroportos brasileiros. A dívida estimada da companhia aérea é de R$ 3,5 bilhões. A Vasp foi fundada em 1933 e parou de operar em 2005, quando já estava com sua imagem deteriorada – tanto quanto seus aviões.

Um porta-aviões em São Paulo

Estou de joelhos no milho, com o olhar voltado para a parede, mas duvido que o perdão me seja oferecido. Por motivo que não saberei jamais explicar, em lugar de dar autoria para o real autor do texto abaixo, o sempre atento e frequente ouvinte-internauta Armando Italo grafei nome de outro ouvinte-internauta de nossa programação. Somente agora à noite, deste sábado confuso, identifiquei o erro imperdoável. Minhas desculpas a quem sempre foi fiel a este espaço e jornalista. 

Por Armando Italo

Imagem área do Aeroporto de Congonhas em São Paulo

Assim é considerado o Aeroporto de Congonhas pelos moradores da cidade que mais cresce na América do Sul  e num paradoxo, não tem mais para onde crescer.

Antes do início das operações do aeroporto de Congonhas na década de 30, pousos e decolagens, eram feitas no Campo de Marte. Já naquela época, as cheias do rio Tietê, causavam um grande transtorno para os moradores do bairro de Santana, passageiros e tripulantes. Todo aquela área ficava inundada.

Devido aos transtornos causados pelas cheias do Tietê, foi inaugurado em 1936, o atual Aeroporto de Congonhas,  na antiga Vila Congonhas, de propriedade do Visconde de Congonhas do Campo, que foi presidente da província de São Paulo no período imperial. Uma aeronave da VASP, o trimotor Junker, realizou então o primeiro vôo para a cidade do Rio de Janeiro.

Após a inauguração do Aeroporto de Congonhas, ao longo dos anos, a cidade foi crescendo, se expandindo de forma desordenada, trazendo novos moradores ao redor deste importante aeródromo.

Culpar e responsabilizar a quem por Congonhas ser apelidado, atualmente, Porta-aviões de São Paulo? Os ex e atuais gestores  da cidade ? Os moradores sabedores da existência de um aeroporto “barulhento e perigoso” bem nos quintais de suas residências e varandas das janelas  dos seus apartamentos situados nos bairros do Campo Belo, Moema e Vila Olímpia? As construtoras e incorporadoras que construíram as suas “belas e grandiosas torres” com permissão das prefeituras passadas e “dentro da lei”?

E agora José?

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