Por Armando italo
Ouvinte-internauta
Veja aqui o voo de um Constelattions
A nostalgia dos anos dourados da década de 50, inicio da década de 60, a elegância, o romantismo, tudo isso fazia parte da aviação. Voar nos Constelattions nesta época, para a tripulação era o auge da carreira. Para os passageiros, um privilégio para poucos afortunados. As mulheres perfumadas com Chanel numero 5, embarcavam nos Constelattions vestindo “chics” e caríssimos vestidos rodados godê ou os elegantes tailleurs com cores discretas, sempre acompanhando um camafeu, um colar de pérolas e um casquete na cabeça, Os homens, com seus finos bigodes no estilo Clark Gable, artisticamente aparados, extremamente bem barbeados com lâminas de barbear Gilette e perfumados com a famosa Água Velva, embarcavam vestindo sóbrios e elegantes ternos escuros com risca de giz, com um lenço cuidadosamente dobrado e colocado dentro do bolso ao lado esquerdo da lapela do paletó, estilo jaquetão, e o inseparável chapéu.
(Esse típico passageiro dos clássicos Constelattions, dos anos dourados, nos faz lembrar um “grande” famoso radialista e professor. Quem seria este homem?)
Uma passagem Rio-Nova York custava aproximadamente U$400, em 1955. Os pilotos literalmente pilotavam esses clássicos analógicos e com comandos acionados através de cabos de aço, com cartas de vôo (as ERC) sobre as pernas, seguindo rotas e aerovias com auxílio das agulhas indicadoras de direção do rádio compass o ADF, também orientando-se pela bússola, em vôo transoceânico a orientação era feita pelos astros, com auxílio do sextante, o navegador tendo que realizar cálculos e mais cálculos matemáticos, nada de computadores e sistemas eletrônicos auxiliadores de navegação a bordo como temos nas atuais e moderníssimas aeronaves “new generation”.
Não havia pressa para chegar ao destino, voar era “chic”, cada momento do voo era prazeroso, o passageiro era tratado como príncipe em primeiro lugar. Porém, apesar do glamour dos anos dourados, os Constelattions tinham o seu lado negativo como tudo na vida, os motores Wright R3350 TC18, com 3400 HP equipados com os famosos Turbo Compounds, compostos por 3 turbinas, cada um acionado por um grupo de 6 cilindros, que eram acoplados ao virabrequim, por um conversor de torque hidráulico e os hélices apresentavam alguns problemas técnicos, eram “temperamentais”, causadoras do o único acidente com um Super Constelattion da VARIG.
O primeiro dos Super Constelattion da Varig foi o PP-VDA, que voou de Congonhas para Nova York num voo que durou aproximadamente 24 horas, e com muitas escalas. Apesar de “apresentar algumas dores de cabeça e problemas” com motores e com os hélices, os Constelattions eram bastante dóceis, voar neles era muito agradável. Apesar do seu tamanho era um avião bastante ágil!
Em fevereiro de 1958, A REAL AEROVIAS BRASIL também adquiriu 3 Constelattions os L1049H , matriculados como PP-YSA, PP-YSB e PP-YSC,em 1960 chegaram mais novos Constelattions, os, PP-YSD. A REAL aproveitou-se da designação L1049H. Denominados pelas REAL como Super H, possuíam os tip tanks nas pontas das asas. Era o que diferenciavam dos Constelattions da VARIG.
Dentro das aeronaves clássicas e de outrora, o cheiro predominante era de perfume francês As refeições e o serviço de bordo em algumas companhias aéreas eram feitos por garçons.
Talheres de prata, pratos de porcelana, taças de cristal, toalhas de linho. As comissárias de bordo, aeromoças vestiam elegantes e discretos tailleurs.
O espaço entre poltronas! Tinham ainda 4 poltronas giratórias num local semelhante a uma sala de estar, um lounge. Era possível dar uma bela esticada nas pernas! O conforto e o serviço de bordo nos Constellation jamais foram igualados. E quem ficava feliz eram os afortunados 54 passageiros do Constelattion.
Fico feliz em poder também ter voado nesta época, nestes clássicos e guardo uma agradável recordação de me ver sentado com oito anos de idade na cabine de comando, olhando para traz, admirando os potentes motores turbochargers roncando e soltando labaredas pelos escapes, junto com o meu padrinho piloto da Real Aerovias Brasil.
A era inesquecível dos elegantes Constellations durou pouco. Esses aviões começaram a operar em um momento de transição: As aeronaves com motores a combustão chegaram ao cume do desenvolvimento no final da década de 50, início de 60, cedendo então seus lugares para os super velozes jatos que “de repente” invadiram os céus com os seus motores barulhentos.
Começam a voar no Brasil o Caravelle e o primeiro quadrireator Boeing 707 da VARIG matricula PP-VJA
Dados técnicos do Constelattion.
Fabricante Lockheed
Criador do Constelattion – Howard Hughes
Primeiro voo em 9 de janeiro de 1943
Desativado em 1967
Velocidade maxima 377 mph, 327 knots, 607 km/h.
Velocidade em cruzeiro 340 mph ,295 knots, 547 km/h
Alcançava até 5,400 milhas ou 8,700 km
Teto de serviço a 24,000 pés ou 7,620 metros
Até o nosso próximo voo
N.E.: Mais informações no AeroForum
